Porto Nacional, aos 14 dias de novembro de 2020
Por Edson Rodrigues
Ao que parece, a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, não quis pagar para ver. Sem a presença de populares nem de lideranças partidárias, Cinthia entregou, na noite da última terça-feira (12), uma obra antes que ela ficasse pronta. Estamos falando da Avenida Palmas Brasil – Norte, que apresenta falta de acessibilidade e iluminação pública em vários pontos, além de outros complementos essenciais.
Um cadeirante, entrevistado por um veículo de comunicação, deu uma declaração contundente sobre a obra. "Na faixa de pedestre, tem que ser de três a quatro pessoas para me ajudar a pular o meio-fio. (Preciso de ajuda) para ir à rua, ir à fisioterapia, porque eu só ando de coletivo, eu não dou conta de entrar em carro. Os motoristas me ajudam a entrar no ônibus, mas tem essa luta da acessibilidade. Estão vendo aí a avenida sendo inaugurada e já falta esse tanto de coisa".
Foto: Reprodução/TV Anhanguera
A pressa na entrega da obra inconclusa colocou um ponto de interrogação e outro de exclamação na cabeça de quem acompanha política há algum tempo, pois na maioria das vezes em que uma obra foi entregue antes do tempo, tanto em administrações de Palmas quanto do Estado, a mesma foi palco de uma série de aditivos e “complementos” de pagamento, após serem dadas como concluídas.
Esperamos que esse não venha a ser o caso, pois o único item em que Cinthia aparece bem nas pesquisas de intenção de voto, encomendadas por partidos para consumo interno, é o que trata da lisura do seu governo, porém, o discurso que ecoa do Paço Municipal já fala em “dentro do previsto”, “fora do previsto” e “fizemos mais do que o prometido”.
Se “fez mais que o prometido”, o dinheiro já acabou, e ainda faltam equipamentos urbanos na Avenida, será necessário gastar “mais que o previsto” para concluir a obra.
COMPLICAÇÃO POLÍTICA
Agora, politicamente, a situação de Cinthia Ribeiro está complicada sob todos os prismas. Dificilmente ela conseguirá apoio das lideranças dos principais partidos, lideranças ou dirigentes de expressão em sua candidatura à reeleição.
Essa afirmação baseia-se em conversas reservadas com os principais líderes e dirigentes partidários, que têm a figura da prefeita de Palmas como uma incógnita política, uma vez que cultivou a fama de “ingrata”, após assumir a prefeitura.
“A fama de Cínthia é de que nunca cumpre 100% de um compromisso político. Por isso não tem musculatura política, não tem uma base sólida em que se apoiar, nem partidária, nem na Assembleia Legislativa, nem no Congresso Nacional, muito menos dos partidos políticos”, declarou uma fonte.
“Até agora, ninguém declarou apoio ou solidariedade às suas pretensões de se candidatar à reeleição. Ela é candidata dela mesma. Nem de Palmas ela é. Veio de Brasília para cá e recebeu a prefeitura no colo”, declarou outra fonte.
Sustentando essas teorias aparece o fato de que Cinthia tem algum apoio pontual na Câmara Municipal, mas nenhum vereador se manifestou, pelo menos publicamente, a favor da sua candidatura.
Isso pode levar o seu palanque eleitoral a ser uma fotografia desfigurada, sem a participação de grandes lideranças partidárias, sem expressão política, e composto, apenas, por membros fiéis do seu governo.
E esses membros, por serem “terceirizados” – uma das críticas mais contundentes à Cinthia, a terceirização do seu governo, a entrega da tomada de decisões vitais para pessoas de fora de Palmas, sem DNA tocantinense – não agregam nada à sua caminhada eleitoral e podem, ao contrário, pesar negativamente.
BOMBA RELÓGIO
Por ser uma cidade administrativa, Palmas concentra um grande número de servidores públicos federais, estaduais, municipais e dos demais poderes – além de muitos aposentados -, todos descontentes com o congelamento de seus salários e com os vários e vários casos de corrupção em solo tocantinense.
Juntem-se aos descontentes os milhares de servidores exonerados pelo governo do Estado, as centenas exoneradas pelo governo de Cínthia Ribeiro e os desempregados das prestadoras de serviço a essas duas administrações, e temos uma potencial “bomba relógio”, pronta para explodir nas urnas, em outubro de 2020, com o poder de decidir as eleições para este ou aquele candidato.
Os pré-candidatos à prefeitura de Palmas terão que se submeter, todos, à avaliação desses eleitores, independente de cor ou ideologia partidária. É por essa razão que a chegada de uma candidatura vinda do iniciativa privada pode surpreender e virar a válvula de escape desse camada do eleitorado.
SEGUNDO TURNO NO HORIZONTE
Outro fato a ser levado em consideração na disputa pela prefeitura de Palmas, tanto por Cínthia quanto por seus adversários é que um segundo turno não está descartado pela Justiça Eleitoral, visto que com um ano até a realização da eleição, o número de novos eleitores, seja por transferência de título entre municípios do Tocantins ou de outros estados, seja pela questão do primeiro voto pela idade – 16 anos – pode aumentar exponencialmente e, dependendo do ritmo desse aumento, Palmas poderá, sim, ter um segundo turno em 2020.
Portanto, além da falta de apoio, Cínthia – e todos os demais pré-candidatos – devem atentar para o aparecimento de novos nomes, durante a corrida eleitoral, principalmente os que estiverem ligadas aos dez principais partidos e aos segmentos empresarial e do agronegócio, vez que, em um mundo em que o apoio conta tanto, dividir esses apoios só enfraquece a todos os pleiteantes.
PONTO POSITIVO
Uma coisa positiva em relação à prefeita de Palmas, é que todas as obras licitadas na gestão do ex-prefeito, Carlos Amastha, que abdicou do cargo em seu favor para tentar vôos mais altos, todas com recursos garantidos em caixa, algumas por finalizar, outras por iniciar, a todas elas Cínthia deu prosseguimento, algumas já foram entregues à população, outras estão em estado adiantado de execução e outras tantas foram iniciadas.
Nesse sentido, Cínthia Ribeiro tem todo o mérito, pois é praxe na política que sucessores não continuem as obras iniciadas por seus antecessores, e a prefeita de Palmas vem cumprindo fielmente o cronograma herdado de Amastha.
Embora não conte com o apoio popular, de lideranças políticas e classistas no momento, Cínthia tem a seu favor o fato de, em política, nada ser exato como a matemática e, com um ano, ainda, de seu governo pela frente, a prefeita de Palmas ainda pode fazer muita coisa mudar e angariar os apoios tão necessários à sua vida pública.
O futuro, a Deus pertence.
GOVERNO X DELEGADOS
A exoneração dos delegados da Polícia Civil do Estado e a liminar, em primeira instância, concedida pela Justiça, deixaram a sociedade com uma sensação de insegurança jurídica e injustiça.
Ao mesmo tempo em que ninguém sabe quem tem razão, é preciso que se saiba separar o joio do trigo. O atual secretário de Segurança Pública do Tocantins, Cristiano Barbosa Sampaio, é ex-delegado da Polícia Federal, com larga experiência como superintendente estadual em vários estados e no Distrito Federal. Afastou-se da corporação para assumir sua atual função no Estado e vem desempenhando muito bem suas atribuições, com praticamente todos os índices de criminalidade em baixa, desde o tráfico de drogas até assaltos a banco, passando por roubos, furtos de automóveis e homicídios.
Seu trabalho como secretário de Segurança não pode ser “colocado na mesma mesa” que a questão entre o Estado e os delegados da Polícia Civil, que é um fato político e nada tem a ver com a gestão de Cristiano Sampaio.
A disputa entre o governo e os delegados da Polícia Civil precisa de um mediador, urgentemente, antes que a sensação de insegurança jurídica não se transforme em insegurança pública. É preciso que a OAB Tocantins, entidade respeitada e ilibada, tome a iniciativa e interceda nesse caso, antes que fatos indesejáveis e desagradáveis aconteçam.
É preciso preservar tanto a autoridade do governador quanto o combate à corrupção desempenhado pela Polícia Civil, antes que um anule o outro, e só um mediador pode por fim a essa contenda.
OPERAÇÕES
Uma de nossas fontes em Brasília garante que novas operações de combate à corrupção tomarão corpo, em breve, no território Tocantinense e, taxativamente, afirma que “a rede terá malha bem fininha, pegando desde lambari até pirarucu”.
Será uma ou mais operações de combate à corrupção e em defesa do erário público, coisa que já se tornou rotina no Tocantins, mas, com o diferencial de mais agentes em campo, pois a Polícia Federal estará incorporando, nada menos que, 600 novos agentes em todo o Brasil, que atuarão no combate direto à corrupção e ao tráfico de drogas e, claro, o Tocantins estará na rota da instituição mais respeitada pelos cidadãos brasileiros.
Serão 600 novas mentes, distribuídas entre os cargos de agentes, peritos e delegados, formados agora, em 2019, que se juntarão a uma nova turma de formando, em 2020, com mais 600 colaboradores, mais que motivados para o combate à corrupção, que trazem como lema “a Lava Jato até as últimas conseqüências”.
Ai de ti, corrupto!