Com palavras como “fascista” e “traidoras”, documento do PT ofende deputadas Dulce Miranda e Josi Nunes e enfurece família Miranda
Por Edson Rodrigues
A nota publicada na imprensa tocantinense, assinada pelo presidente do PT estadual, Júlio César Ramos Brasil, trazendo duras críticas às duas deputadas federais do PMDB, Josi Nunes e Dulce Miranda, onde se diz traído pelas duas representantes do PMDB na Câmara Federal, traz indício claros de que o PT estadual pretende desembarcar do governo Marcelo Miranda.
A nota chama as “nobres deputadas” de “traidoras que preferiram abraçar o golpe” e, em outro momento é ainda mais contundente, associando a imagem das duas deputadas à palavras como “fascistas, conservadoras e hipócritas, que usaram o nome de Deus e de suas famílias para cravar um punhal e ferir de morte a democracia”.
Um membro do núcleo duro do PMDB palaciano afirmou, ressaltando não estar falando em nome do partido, mas como membro do partido, que seria “uma grande demonstração de caráter e vergonha, e um favor, que o presidente do PT estadual tivesse a iniciativa de solicitar aos seus companheiros que entreguem os cargos que ocupam no governo Marcelo Miranda “o mais breve possível”.
“Os incomodados que se mudem, mas aconselhamos que antes que se retirem das pastas que ocupam, façam uma prestação de contas do que fizeram pelo Tocantins, o que trouxeram de verbas do governo federal – não vale verba carimbada nem obrigatória. Até agora estão todos em silêncio”, continua exaltado.
Segundo esse membro do PMDB, o silêncio dos petistas, Paulo Mourão, Amália Santana, Zé Roberto e do Senador Donizete Nogueira, é um sinal de que a nota teve a aquiescência e aprovação de todos eles: “isso é muito bom, pois cumpriremos com tranquilidade a orientação do PMDB nacional de exterminar do governo estadual todo e qualquer resquício de PT”, completa.
Os petistas, talvez, apostem no fato de o governador Marcelo Miranda sempre ter sido uma pessoa humilde e de bom coração, mas, ao que parece, não será o caso desta vez. Afinal, uma das atacadas na nota, além de deputada federal é sua esposa, primeira-dama do estado e mãe de seus filhos, Dona Dulce Miranda. A mesma pessoa que, ao ver e ouvir o deputado federal Vicentinho Jr. atacar o seu marido nos 15 segundos que tinha para dar o seu voto – contrário – ao prosseguimento do impeachment, quase foi às vias de fato com o parlamentar, sendo contida pelo deputado federal Carlos Gaguim.
RESPOSTA DURA E DURADOURA
Esse mesmo membro do primeiro escalão do governo Marcelo Miranda completa suas informações, afirmando que “ as deputadas Dulce Miranda e Josi Nunes, e o governador Marcelo Miranda sempre foram preteridos pelo Palácio do Planalto, pela presidente Dilma Rousseff e pelos seus ministros. As duas parlamentares, inclusive, nunca conseguiram liberar nenhum recurso, nem mesmo carimbado, em seus nomes, ao contrário do que aconteceu com a senadora Kátia Abreu que sempre teve as portas abertas dos cofres federais e que, agora, vai morrer afogada, abraçada ao PT”, concluiu.
O PMDB do Tocantins, na figura do seu presidente, Derval de Paiva, ressalta que foi o primeiro diretório estadual da Região Norte do e o segundo do Brasil a defender o rompimento do partido com o PT do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff.
Mais incisivamente, defendeu o desembarque do governo e a entrega dos cargos em Brasília e nos Estados.
O PMDB do Tocantins sempre foi transparentes quanto ao posicionamento pró impeachment e as deputadas Dulce Miranda e Josi Nunes, que são mães, devem ter pensado, mais que na unidade de ações do partido, no futuro de seus filhose dos filhos de todas as famílias tocantinenses e brasileiras, escolhendo votar a favor da continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, para pôr fim a esse governo que institucionalizou a própria corrupção, provocando a maior recessão econômica de todos os tempos, o empobrecimento das famílias brasileiras, mais de nove milhões de desempregados e os maiores índices de inadimplência da história.
Mesmo assim, os membros do PT tocantinense, que não merecem ter seus nomes divulgados, insistiram no apoio a esse governo corrupto e, mais ainda, publicam nota de repúdio, com palavras impróprias de serem associadas ás duas parlamentares do PMDB do Tocantins que, assim como milhões e milhões de brasileiras, são mães e querem o melhor para o futuro do Tocantins e do Brasil.
Confira, abaixo, a nota publicada pelo PT do Tocantins:
“O Partido dos Trabalhadores do Tocantins vê com tristeza e preocupação, o avanço do golpe. O dia 17 de abril de 2016 está marcado como o dia em que corruptos tentaram manchar a história de uma presidenta honesta, credenciada por 54 milhões de brasileiros, para dar continuidade a um projeto de governo que se difere pelo respeito a todos e todas.
Os fascistas, conservadores e hipócritas utilizaram o nome de Deus e de suas famílias para cravar um punhal e ferir de morte a democracia brasileira. Ironicamente, diziam “Tchau Querida”, se referindo a democracia, a liberdade, a ética e a vontade do povo, demonstrada nas urnas.
Porém convém relembrar que a luta e a caminhada não acabaram. Agora, mais do que nunca, haverá mais luta e resistência ao avanço do conservadorismo e da Direita Fascista. A Batalha agora será no Senado e no STF.
Ser militante em um momento difícil como este não é fácil, pois somos colocados a prova a cada minuto. Mas sabemos que a Luta nunca foi mais fácil para os companheiros do passado, e eles a fizeram e escreveram capítulos de muita honra e muito orgulho. Cabe a nós e a nossa geração fazer a resistência e o enfrentamento do agora. Resistir, enfrentar e avançar. Este será o nosso mantra. Ontem o mal saiu vencedor, mas não prevalecerá. Agora, mais do que antes, é preciso estarmos unidos e mobilizados, pois a Luta Continua!
Estamos igualmente entristecidos e decepcionados pela maneira como o PMDB do Tocantins se portou na Câmara: Como verdadeiro oportunista e aproveitador. Nós do Partido dos Trabalhadores do Tocantins, nos sentimos traídos pelos votos das deputadas Dulce Miranda e Josi Nunes, que preferiram abraçar o golpe, ao invés de ficar do lado do povo e da democracia.
Reafirmamos que o PT do Tocantins participa do governo do Estado, porque ajudou a elegê-lo. Sem nós, Marcelo Miranda não teria ganhado as eleições. Não estamos neste governo de favor.
Ressaltamos também, o apoio integral que a bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado deu ao Governo até aqui. Porém, iniciamos ainda hoje um debate com nosso partido para discutir a nossa permanência ou não, neste governo.
A luta continua. Vamos lutar até depois do fim. Pois, lutamos “pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo” (Olga Benário Prestes).”
Júlio César Brasil
Presidente Estadual do PT-TO
COLIGAÇÕES PODEM SER PROIBIDAS
Após tomar conhecimento do teor da nota, segundo um membro da cúpula do PMDB do Tocantins, o partido está ultimando os preparativos de uma reunião em que deve ser baixada uma normativa orientando os diretórios municipais do partido nos municípios tocantinenses a não firmarem coligações com o PT.
Essa é uma resposta rápida e contundente ao que foi considerado uma afronta direta à honra e ao respeito merecidos pelos parlamentares do PMDB do Tocantins.
Como dissemos no artigo anterior, os efeitos da votação que selou a continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma ainda terão muitos desdobramentos no Tocantins.
Aguardem as cenas dos próximos capítulos....