O governador de Goiás falou sobre as declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que pregou uma união dos estados do Sul e Sudeste contra o Nordeste, principalmente. Para Caiado, Zema fez uma comparação infeliz, e as diferenças entre os entes da federação não precisam ser sinônimo de divergência
Por Cloves Reges Maia
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), falou sobre as declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), dadas ontem (05/08) ao jornal O Estado de São Paulo. O mineiro disse que os sete estados das regiões Sul e Sudeste estão organizados para buscar, além do protagonismo econômico, o protagonismo político em detrimento dos demais estados da Federação.
Zema prega uma espécie de secessão, especialmente em relação à região Nordeste. A ideia, segundo ele, é dominar o Conselho Federativo, órgão criado pela Reforma Tributária, e que será o responsável pela distribuição de recursos arrecadados por todos os estados brasileiros. Nas redes sociais, o mineiro foi chamado de xenófobo, fascista e supremacista. Políticos repudiaram as declarações de Zema, as quais classificaram de preconceituosas.
Para Caiado, o governador de Minas fez uma comparação infeliz, talvez, na sua visão, pelo estresse que as discussões em torno da Reforma Tributária está causando em todos os demais governadores. Caiado disse acreditar que Zema vai se explicar em breve.
“Sobre a polêmica a respeito de falas de colegas governadores neste final de semana, meu sentimento é que a Reforma Tributária está estressando todos nós. Quanto à fala do governador Zema: entendo que ele fez uma comparação, que não foi feliz, dando margem a todas essas interpretações que estão circulando. Mas acredito que em breve ele vai explicar este mal entendido”, disse Caiado no Twitter.
O governador goiano reforçou que tem alertado, desde o início da tramitação da matéria no Congresso Nacional, que as mudanças propostas no texto já aprovado na Câmara dos Deputados trazem mais divisões e problemas do que soluções ao País. Na sua avaliação, os estados brasileiros deveriam lutar juntos pela autonomia que a Reforma Tributária vai tirar dos entes subnacionais.
“O Conselho Federativo pode ser bom para alguns neste momento, mas amanhã o pêndulo muda de lado. Concentrar mais poderes na União vai acirrar o enfrentamento entre Estados e estimular uma judicialização sem precedentes”, avalia.
Caiado aproveitou, também, para firmar compromisso em defesa do Brasil e da federação, reconheceu as diferenças regionais e ponderou que essas questões não são motivos para suscitar movimentos separatistas.
“O Centro-Oeste, no que depender de Goiás, será sempre este elo forte para nunca deixar avançar nenhum sentimento separatista, o que é responsabilidade de todos nós, governadores e governadoras. Nossas diferenças não precisam ser sinônimo de divergência”, explicou.