“Política e religião são as verdadeiras "bombas atômicas" que podem aniquilar a humanidade”
AGUIRALFRE FURTADO
Por Edson Rodrigues
Se em 2020 tivemos eleições municipais atípicas pelos mais variados motivos, 2021 já começa com eleições mais atípicas e estranhas ainda: os pleitos que definirão os novos presidentes da Câmara Federal e do Senado.
Primeiro, que os interesses envolvidos nas duas eleições são praticamente incontáveis, que vão do andamento da “CPI da Toga”, passando pelos interesses de empresas multinacionais, interesses governamentais, classistas e políticos.
O Brasil passa, neste momento de eleição no Parlamento, pela tempestade indigesta da pandemia de Covid-19, que já ceifou mais de 200 mil vidas no País e que deveria ser a prioridade número um em qualquer discussão, com hospitais sem oxigênio, sem macas, sem leitos de UTI, sem equipamentos de proteção individual para os profissionais da saúde, em que o presidente do Brasil e o governador de São Paulo transformam em disputa sangrenta a “paternidade” das vacinas contra esse mal e, finalmente, em que o mundo está em ebulição na guerra contra a Covid-19.
Mas, nessa eleição, nada disso conta, nada disso é prioridade. O que vale, mesmo, é vencer ou vencer, para todos os envolvidos, afinal, a presidência do Senado e da Câmara Federal significam, mais que nunca, poder e influência política.
O QUE ESTÁ EM JOGO
Antes de mais nada, Mesa Diretora é um grupo de parlamentares eleitos pelos pares para administrar a Casa. É uma espécie de gestão interna que reúne muitos interesses.
Além da cadeira de presidente, a Mesa da Câmara dos Deputados e do Senado também abrange seis cargos especiais. Nele, os parlamentares ganham poderes que outras centenas de representantes não têm no Parlamento.
São de responsabilidade dos deputados da Mesa, por exemplo, a autorização do reembolso dos gastos dos deputados federais, dos pedidos de licença, a cessão do auxílio moradia, a concessão de passaportes diplomáticos, entre outras demandas.
É também pensando nesses poderes internos que as alianças são formadas. Partidos que anunciam apoio ao candidato que tem potencial para vencer a eleição negociam posições na Mesa. O cargo prometido varia de acordo com a força da sigla na Casa, e dos interesses na composição da ala administrativa do Parlamento.
Além do presidente, há o posto de primeiro-vice-presidente, segundo-vice-presidente, primeiro-secretário, segundo-secretário, terceiro-secretário e quarto-secretário. Além de quatro suplentes dos secretários. Cada um deles possui uma função de maior ou menor relevância. Cada posição demonstra força, por isso é tão importante o momento em que as candidaturas fortes procuram os partidos por apoio. É nesse instante que as promessas são feitas.
SEM FAVORITOS
Diante do acima exposto, e sem entrar no mérito na possibilidade de negociação de cargos com a presidência da República em troca de apoio em votações, podemos afirmar com tranquilidade que ainda não há favoritos nessa disputa.
Muitas concessões e entendimentos estão em andamento. Vários fatos já ocorreram e ainda estão ocorrendo na disputa pelas duas cadeiras de comando do Parlamento Nacional e a traições deverão ser o “fiel da balança”. Ninguém arrisca apontar um vencedor, pois, até agora, tudo é “chute no escuro”.
Quem vence e quem perde, só se saberá após a apuração dos votos. Basta observar o que aconteceu no microssomo da Câmara Municipal de Palmas. O que aconteceu aqui, na nossa Capital, é um grão de areia em relação aos ingredientes que decidirão os presidentes da Câmara Federal e do Senado.
Até lá, convidamos nossos leitores a acompanhar os fatos.
Só o tempo dirá.