Um pré-candidato ao governo que não visita lideranças religiosas e classistas, desconhece a tradição e a cultura do povo portuense
Por Edson Rodrigues
O pré-candidato governo do Estado, Ronaldo Dimas, fez uma visita à cidade de Porto Nacional que pode ser considerada de morna à fria. Não pela pessoa de Dimas, muito menos pelo respaldo de três grandes portuenses, que são o senador Vicentinho Alves, seu filho, deputado federal Vicentinho Júnior e o ex-prefeito, Otoniel Andrade, mas pelo fato de o postulante ter-se resumido meramente à esfera política da cidade, desconsiderando a importância de outras instituições portuenses, como o clero, as entidades classistas, os veículos de comunicação, a classe estudantil, a maçonaria e outros elementos que compõem os aspectos peculiares da Capital da Cultura do Tocantins.
Porto Nacional é a Capital da Cultura não por acaso. A participação de seus filhos na história libertária do Tocantins é fundamental e está em todos os livros que contam a história do nosso estado. O envolvimento da sua população, de seus estudantes, do clero e das lideranças políticas locais foi total e crucial para que o Tocantins se tornasse o Estado que é hoje. Logo, Porto Nacional precisa ser tratada e reconhecida pela sua importância e, não apenas como “mais uma cidade a ser visitada”.
DA APATIA À AUSÊNCIA
Ao concentrar – ou resumir – sua visita à líderes políticos de Porto Nacional, Dima esqueceu do total descrédito que a classe política brasileira, como um todo, vem enfrentando por parte da opinião pública e, mais que isso, trouxe à tona a apatia da atual administração municipal no cuidado com a vida dos portuenses, deixando ruas esburacadas, o mato tomando conta dos terrenos e outros deslizes comuns à falta de vontade para trabalhar, e a ausência do governo estadual, que, assim como o municipal, pelo menos a dois anos não ergue um tijolo, não entrega uma obra aos cidadãos de Porto Nacional.
PORTA DOS FUNDOS
Pode-se dizer que Ronaldo Dimas entrou na cidade pela “porta dos fundos”, pois apareceu apenas na abertura dos trabalhos do evento, acompanhado do deputado estadual Eduardo Siqueira Campos e sendo recebido pelo senador Vicentinho, pelo deputado federal Vicentinho Jr. e pelo ex-prefeito, Otoniel Andrade. Estavam presentes lideranças dos município de Pindorama, Ponte Alta e os prefeitos de Formoso, Nova Rosalândia, Oliveira de Fátima, Rio Sono e Ponte alta do Tocantins.
Ou seja, os grandes filhos de Porto Nacional, que tanto contribuíram para a história do Tocantins, que fizeram parte das grandes conquistas políticas, como secretários estaduais, presidentes da Assembleia Legislativa, legisladores, administradores, escritores, jornalistas, empresários, historiadores, seu corpo docente que formou pessoas que levam a qualidade do ensino portuense aos quatro cantos do Brasil, todos esses foram esquecidos na hora em que Ronaldo Dimas veio á cidade para ser apresentado como opção para o governo, numa clara demonstração de que sua equipe de campanha desconhece totalmente a história e a cultura de Porto Nacional.
RECONHECIMENTO
Porto nacional é o Berço da Cultura do Tocantins. Seu papel histórico vai desde a presença do Clero, com uma das dioceses mais antigas do Estado, até as atuais quatro faculdades e os milhares de estudantes que abriga em suas ruas. Porto é a quarta cidade em termos populacionais, em número de eleitores e em renda per capta, e precisa ser tratada e respeitada como tal, pois tem todo esse diferencial cultural que a transforma em pólo de disseminação de idéias, de cultura e de tendências políticas.
Foi esse reconhecimento que faltou à equipe de Ronaldo Dimas, que se desdobrou em formalidades, mas não previu o quão diferente seria se, antes do evento, tivesse visitado os demais líderes não políticos da cidade, desde os religiosos, como os da maçonaria, as famílias tradicionais, os presidentes de entidades classistas, associações e outras entidades que, no fim, sempre têm seu nicho de representação política.
Essa é a essência da recepção morna que Ronaldo Dimas teve em Porto Nacional: falta de conhecimento – e reconhecimento – histórico, cultural e das nossas tradições, por parte da sua equipe.
PERSONALIDADE FORTE
Junte-se a isso a personalidade forte dos eleitores portuenses, que não aceitam cabresto e vêm nutrindo uma profunda decepção com a classe política, começando pela administração local, que não entregou nada do que prometeu em campanha, deixando a cidade paralisada e mal administrada.
Eleitores que enfrentam a amargura de não ter um representante sequer participando do atual governo do Estado, quando, em passado próximo, já figurou com mais de quatro secretários estaduais. Eleitores que não viram obras, nos dois últimos anos, nem municipais nem estaduais, enquanto alguns deputados estaduais batem no peito para dizer que são “portuenses”, mas que não agem como tal, a não ser na hora de pedir os votos dos cidadãos.
Essa decepção dos eleitores portuenses, garantimos, só será aplacada quando surgir um candidato que demonstre respeito pelo Tocantins, por Porto Nacional e sua história de lutas, as famílias que doaram seus filhos em benefício da emancipação do Estado e que recebem a devida atenção e credibilidade que lhes é de direito.
Esse candidato pode até se Ronaldo Dimas, mas apenas quando as características e o reconhecimento necessários apresentados acima, sejam entendidos por ele e pela sua equipe, de forma que lhe seja permitido entrar pela porta da frente em nossa cidade.
Porto Nacional jamais se deixou enganar por aqueles que nunca colocaram um tijolo na criação do Estado e na construção da nossa Capital, que nunca participou das decisões históricas e não respeita nossas instituições. Os eleitores de Porto Nacional não se furtarão a dar um sonoro “NÃO” a candidatos que não são do Tocantins, chamam o povo de “burro” e os políticos tocantinenses de “vagabundos, corruptos e incompetentes” e que acham que no Tocantins não há pessoas competentes para formar uma equipe de assessores e “importa” apaniguados de outros estados para cargos-chave, especialistas em esconder dos cidadãos as reais intenções de uma administração “maquiadora” e demagógica.
O povo da Capital da Cultura do Tocantins merece ser tratado com atenção e respeito e ter seu diferencial histórico levado em alta conta por qualquer um que quiser colocar seu nome à apreciação popular.
Porto Nacional é uma cidade aberta culturalmente, seus habitantes não têm e nunca tiveram um “dono”, e seu território na política tocantinense está demarcado da forma mais concreta possível.
Para ter os votos de porto Nacional, é preciso reconhecer e respeitar sua História!