AS REGRAS DO JOGO SUCESSÓRIO JÁ ESTÃO VALENDO E O ARTISTA PRINCIPAL, O ELEITOR, AINDA ESTÁ EM BUSCA DA PRÓPRIA SOBREVIVÊNCIA

Posted On Terça, 28 Julho 2020 06:56
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Enquanto os pré-candidatos a prefeito e a vereador nos 139 municípios tocantinenses começam a montar suas chapas, a negociar secretarias e cargos nas futuras gestões e outros ingredientes que são “penduricalhos” em todas as tratativas para a configuração de uma candidatura, algo parece estar sendo esquecido – ou ignorado – pelos postulantes, inclusive pelos que brigam por uma reeleição: a abstenção.

 

Por Edson Rodrigues

 

Esse fenômeno que foi recorde nas últimas eleições, este ano ganha ainda mais força com a pandemia de Covid-19 e certamente vai influenciar no resultado das eleições de muitos municípios, principalmente nos 10 maiores colégios eleitorais do Tocantins, passando a ser o maior e mais perigoso inimigo de quem pretende concorrer a uma cadeira no Executivo ou no Legislativo.

 

RISCO MAIOR QUE O BENEFÍCIO

Analisando as últimas pesquisas de consumo interno, que apontam uma altíssima rejeição da população em relação aos políticos, em tempos de pandemia nada será motivo para tirar os eleitores de suas casas e enfrentar filas e aglomerações nos locais de votação, principalmente os eleitores das classes A e B, os mais abastados, detentores de contracheques gordos.

Muitos vão preferir o fim de semana da eleição para dar uma esticada até a chácara ou a fazenda para aproveitar momentos de convivência familiar, uma cervejinha, um churrasco e, depois, pagar os três reais de multa, pouco se lixando para a classe política e seus esforços para se eleger. 

O risco de ir votar é infinitamente maior que o de não comparecer à cabine de votação.

 

QUEM NÃO TEM CHANCES

Já o povo sofrido, das classes C, D e E, obrigadas a enfrentar o Sistema de Saúde Pública, que está descontente com o que tem recebido em troca dos impostos pagos com o suor de seus rostos em subempregos e que é a mais sacrificada pelos governos, esse sabe bem como vai agir no dia 15 de novembro. 90% deles estão profundamente desencantados com a classe política, com a inépcia dos prefeitos, com a atuação dos atuais vereadores, que preferem trocar o legislar por negociar (porque não existe o verbo “negociatar”) com o Executivo e aprovar aumentos extorsivos e maléficos à população.

Esses são os apelidados de “baba-ovo”, “linguiça fraca”, “jumento sem cangalha”, “língua de sogra”, “chupa cabra”, “alto-falante” e outros termos pejorativos impublicáveis, mas conhecidos por todos, principalmente pelos vereadores que agem assim. Esses sabem que nem adianta tentar, pois não têm mais chances de eleição.

 

EPICENTRO

Trocando em miúdos, a abstenção será o grande “bicho-papão” de diversas candidaturas.  Em nossas andanças pelo interior, percebemos que o povo do sertão está cada vez mais arredio, velhaco, esperto e consciente, e sabe que se deslocar até a cidade em novembro, levando-se em conta que o Tocantins corre o risco de ter, nos meses de agosto e setembro, o pico de contaminações por Covid-19 e virar o epicentro da doença no Brasil, significa ser um potencial vetor de contaminação para suas comunidades e, se está ruim para quem está na cidade grande, imagina para quem mora no interior...

 

POLÍTICA X SAÚDE

Se nada for feito em termos de integração dos Poderes, sob a coordenação do governo estadual, pelas mãos do digníssimo secretário de Saúde, que até hoje jamais apresentou um projeto que seja para o enfrentamento efetivo da pandemia, agindo apenas por reação, de nada vão adiantar os 700 milhões de reais que estão nas contas do governo, especifica e brilhantemente garantidos pela bancada federal do Tocantins e pelos deputados estaduais, para que se combata o Covid-19.

Neste momento, não se trata apenas de política.  O secretário estadual da Saúde, Edgar Tollini, tem por dever – e obrigação – apresentar um plano plausível e sério de combate ao avanço da pandemia no Tocantins, e de maneira urgente, antes que o sistema público de saúde entre em colapso.

O que o governo de Mauro Carlesse tem feito em relação à pandemia, até agora, é louvável, mas é apenas um paliativo.  Cestas básicas e kits de higiene pessoal ajudam, mas não resolvem.  A ação efetiva, por enquanto, está sendo feita pelos congressistas e deputados estaduais que, junto com o governo de Jair Bolsonaro, disponibilizaram recursos na casa das centenas de milhões de reais, mas que não animaram o secretário de saúde a tomar uma medida eficaz que seja, enquanto o dinheiro “dorme” nas contas do Estado.

Enquanto isso, são milhares de tocantinenses infectados, dezenas que tiveram suas vidas ceifadas, inclusive profissionais da Saúde que doaram suas vidas para ajudar ao próximo, e o senhor secretário da Saúde continua “sentado” sobre os recursos que poderiam – já – estar salvando vidas.

 

SUGESTÕES

Esses 700 milhões de reais à disposição da Saúde tocantinense, graças aos esforços dos nossos congressistas, deputados estaduais, do próprio governador Mauro Carlesse e do presidente do Tribunal de Justiça – que tem liberado recursos de multas para serem aplicados no combate à covid-19 – como O Paralelo 13 é testemunha, poderiam estar sendo usado em ações de testagem em massa da população, na contratação de laboratórios particulares para agilizar os resultados da testagem, aquisição de equipamentos e EPIs para os profissionais da Saúde que estão na frente de batalha, melhoria das condições de trabalho desses heróis, a formação de uma força-tarefa com a participação do secretário de Segurança Pública, do comandante da Polícia Militar para missões diárias de desmanche de aglomerações em bares, praias, balneários, ilhas particulares, chácaras, residências e pontos turísticos, respaldados por um decreto que permita a apreensão de embarcações, freezers, churrasqueiras, material de consumo – bebidas, carnes etc. – e multas pesadas aos proprietários dos locais ou organizadores dessas festas regadas à ignorância, imbecilidade e irresponsabilidade.

 

ECONOMIA X VIDAS

Se ainda há alguém temendo um desastre econômico por conta das medidas restritivas, essa pessoa deve ser alertada que o desastre já aconteceu.  Que já há milhões de desempregados no Brasil, milhares no Tocantins e uma onda de fechamento de comércios e empresas que jamais terá recuperação total, e cujo processo de retomada será lento e gradual, exigindo ações dos governos federal, estadual e municipais, para o fortalecimento do comércio, das indústrias e dos trabalhadores autônomos, incluindo a classe cultural.

Por outro lado, esse desastre econômico é fruto da única medida comprovadamente eficaz contra a pandemia, que é o isolamento social.  Foi esse “desastre” que evitou a perda de milhões de vida pelo mundo afora.

O aviso real, que tem que ser dado imediatamente é que o desastre econômico pode ter sido em vão, se não houver medidas imediatas das autoridades de saúde.  E a maior autoridade em saúde, no Tocantins, é o secretário estadual da Saúde, Edgar Tolini.

É de Tolini e sua equipe que devem partir as ações que irão impedir um desastre ainda maior que o econômico, que é a perda de milhares de vidas para a pandemia, mesmo depois de todo o sacrifício que já foi exigido da população.

Entre salvar a economia e salvar vidas, a segunda opção é, de longe, a mais correta.

 

SAÚDE X POLÍTICA

Agora, daremos a “alinhavada final”, que explica o título deste Panorama Político.

Se toda essa miríade de ações para paralisar o avanço da pandemia no Tocantins não for executada com urgência, a eleição de 15 de novembro entrará para a história política do Tocantins como a de maior índice de abstenção já registrado, podendo chegar a uma média de 40%.

Poucos eleitores votando significam eleitos sem representatividade popular. Prefeitos e vereadores sem representatividade popular significam governos e legislativos frágeis e, por outro lado, pode significar a presença no poder de políticos que não serão do agrado da população.

Se não houver uma resposta rápida para o avanço da pandemia, as consequências políticas podem gravíssimas para o povo tocantinense.  E essa questão está totalmente nas mãos das autoridades em saúde.

Qualquer pesquisa feita hoje, não pode ter seus resultados levados em consideração. A situação social não permite que haja favoritos ou descartados.  Todos os postulantes estão na dependência da quantidade de eleitores dispostos a comparecer ás zonas eleitorais. Vitória ou derrota vão depender da capacidade do candidato em convencer seu eleitor a ir para a rua no dia 15 de novembro.  E ir para a rua no dia 15 de novembro só será uma opção para a população se houver medidas eficazes de combate à pandemia.

Neste exato momento, enquanto os políticos buscam condições para se eleger, os eleitores buscam condições para se manterem vivos.

Como será a eleição de 15 de novembro, só Deus sabe!