Candidatos ao parlamento do mesmo partido em palanques diferentes e campanhas do “eu sozinho” são as marcas do pleito
Por Edson Rodrigues
Uma eleição marca o momento em que todos os cidadãos, do mais rico ao mais pobre, do analfabeto ao doutor, passam a ter o mesmo valor e o mesmo poder. O poder do voto, da escolha de quem estará no poder e quem estará como satélite do poder, nos parlamentos estaduais e no nacional.
A única diferença que vai separar os eleitores está na forma com que vão definir seus votos. Uns o trocarão por um botijão de gás, uma caixa de cerveja, uma conta de energia paga, um jogo de camisas para seu time de futebol, enquanto outros estão estudando os melhores nomes, analisando suas vidas pregressas e separando os potencialmente honestos dos que já tem processos judiciais.
A questão mostra que os partidos vêm perdendo força. No momento em que serão eleitos os cargos mais importantes para o comando do País e dos Estados, os eleitores, a população, está concentrada na história dos políticos e, não dos partidos. Os “pes” que iniciam e os adjetivos que terminam os nomes das legendas, pouco importam, muito menos suas ideologias.
A maior prova disso são os “matrimônios” eleitorais, com divórcio pré-datado que estão sendo “arranjados” entre os partidos, visando tão somente o “dote” do tempo de Rádio e TV gratuitos durante a campanha.
Partidos de esquerda se unem aos de direita, ideologias socialistas andam de mãos dadas com direitistas, comunistas com liberais...transformando as coligações em verdadeiras “casas da mãe Joana”, e, por conseguinte, afastando os eleitores que ficam desconfiados e enojados com a falta de vergonha com que os matrimônios são “acertados”.
Esse arranjos empurram por goela abaixo dos eleitores candidatos que, normalmente, estariam fora de suas opções de escolha, o que leva o cidadão mais precavido a precisar fazer uma lista de suas opções, sem olhar para as legendas, o que explica os níveis estratosféricos de rejeição que alguns políticos vêm apresentando nas pesquisas.
Logo, esta será, de longe, a eleição do “cada um por si e Deus por todos”. Quem ganhar será por mérito próprio, sem apoio dos “cabeças de chapa”. Quem perder será por escolhas erradas de alianças.
”AMORES DESFEITOS”
No Tocantins, todos sabem que o segundo turno é inevitável. Com três candidaturas bem posicionadas – Carlesse, Amastha e Márlon Reis – ainda é impossível cravar um prognóstico de qual deles vai focar de fora, pois, como dissemos, o voto não é vinculado e os casamentos são arranjados, com data certa para divórcio, como um casamento sem amor. Mero negócio, espalhado por coligações improváveis em todo o Brasil, com o Tocantins, é claro, incluído.
Temos o exemplo mais claro disso no PSDB do Tocantins, que terá candidatos a deputado estadual e federal distribuídos entre os palanques de Carlos Amastha e Mauro Carlesse, sem unidade nenhuma e nenhum compromisso com a ideologia , apenas com a preocupação de ter mais tempo no horário de Rádio e TV e mais recursos do Fundo Partidário, o que cria uma situação prá lá de inusitada que é o candidato aparecer no propaganda eleitoral de um candidato a governador no Rádio e na TV e no palanque de outro nos dias de comício.
Será que o eleitor engole mais essa prova de inconfiabilidade dos nossos políticos?
Tal qual as novelas e folhetins da televisão, caberá aos eleitores/telespectadores, escolher quem será o mocinho e quem será o vilão nessa história de “amores desfeitos” e casamentos arranjados.
SEGUNDO TURNO
Dentro de toda essa “salada mista” que está se configurando a eleição no Brasil e no Tocantins, aqui, pelo menos, temos uma certeza: se Márlon Reis chegar ao segundo turno, ele será inevitavelmente o novo governador do Tocantins.
Diante do quadro sucessório a ser apresentado no próximo dia cinco, após as convenções e coligações sacramentadas, em que 98% dos postulantes a cargos eletivos proporcionais querem, unicamente, seu registro de candidatura, seja por “chapão” ou por “chapinha”, esses candidatos terão a seu favor apenas suas estruturas de campanha.
As estruturas bem fundamentadas e com poderio econômico tendem a sair vitoriosas, enquanto que as candidaturas sem organização ou coordenação, não devem decolar, ficando o mérito de ser eleito ou não unicamente para o candidato.
Lembrando que uma boa infraestrutura de campanha só funciona se o candidato tiver serviços prestados ao Estado, não ser “ficha suja” e contar com apoio de prefeitos e deputados estaduais e federais e, o principal, ter uma plataforma com propostas consistentes e realizáveis.
E é justamente nesse contexto que Márlon Reis tem suas chances aumentadas, pois tem pouca ou quase nenhuma rejeição, não pertence a grupo ou família política e, como não tem alianças com candidatos ao Legislativo Estadual, pode, chegando ao segundo turno, ter condições de articular um pacto para a formação de um governo de coalizão, com deputados estaduais e federais eleitos pela chapa derrotada, criando uma situação que lhe permita ganhar a eleição no segundo turno.
Isso é cristalino.
SIQUEIRA E O ENIGMA DO SENADO
Já para as postulações ao Senado, a configuração é exatamente a mesma: quem tiver mais estrutura, leva, já que os votos não estão mais vinculados a partidos e os eleitores irão votar em dois senadores. Com seis nomes fortes na disputa, o diferencial será, exatamente a estrutura individual de cada um.
Nos 30 anos de Tocantins, esta disputa para o senado será a mais disputada de todos os tempos e colocará em evidência muito positiva o nome dos eleitos.
O grande enigma diz respeito à candidatura de José Wilson Siqueira Campos, que completa 90 anos no próximo dia 1º de agosto.
Com cinco mandatos de deputado federal, no último dos quais foi autor da Emenda Constitucional que criou o Estado do Tocantins, e três mandatos de governador, todos eleito pelo voto do povo tocantinense, que ainda nutre um grande apelo de gratidão pelo “velho Siqueira”.
A pergunta que não quer calar é se, aos 90 anos, Siqueira ainda terá a mesma vitalidade e atitudes que demonstrou durante toda a sua vida pública.
A lucidez e a inteligência ainda estão intactas. A grande dúvida paira sobre a saúde, em grande parte por conta de boatos que frequentemente circulam pelos bastidores políticos.
Neste próximo dia primeiro de agosto, como todos os anos, uma missa será celebrada em homenagem a mais um ano de vida de Siqueira Campos. Um evento especial que vai sanar as dúvidas sobre a saúde e a vontade de Siqueira em servir, mais uma vez, o povo tocantinense.
Sem sombra de dúvidas, será um evento disputadíssimo pela imprensa, no ensejo de, enfim, poder responder a essa pergunta.
Estamos de olho!
Até o próximo capítulo!