Ao denunciar hipocrisia e corrupção no Brasil, Cazuza mostrou que "transformam o Brasil em puteiro"

 

Cláudio Humberto Cláudio Humberto

 

O líder do governo no Congresso Nacional, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), afirmou neste domingo (24) ao Diário do Poder, ao comentar os desabafos do presidente Jair Bolsonaro durante a reunião ministerial de 22 de abril, que “vivemos em um País onde, em alguns momentos, a verdade só pode vir em palavrões”.

 

Bolsonaro e seu líder no Congresso

O senador se referia aos palavrões de Bolsonaro no vídeo da reunião ministerial que somente veio a público por decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), apesar de essa divulgação não ser útil ao inquérito aberto para apurar suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.

 

Eduardo Gomes lembrou os versos de uma canção que tratava da hipocrisia e da corrupção no País, cujo autor ele imaginou por um instante ser Bolsonaro, mas é de autoria do falecido Cazuza: “Te chamam de ladrão/ De bicha/ Maconheiro/ Transformam o Brasil/ Em um puteiro/ Pois assim se ganha/ Mais dinheiro”.

 

O líder do governo lembrou ainda que a música tem um arremate clássico: “Tua piscina está cheia de ratos, Suas ideias não correspondem aos fatos/ Porque o tempo não para”.

 

 

Posted On Segunda, 25 Mai 2020 06:21 Escrito por

Mais uma vez reafirmamos que a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro segue caminhando para uma virtual reeleição sem muitos percalços, mesmo com o desgaste desnecessário causado pela decretação da Lei Seca, derrubada pela Justiça

 

Por Edson Rodrigues

 

Cinthia tem demonstrado equilíbrio e determinação m sua administração, principalmente nas áreas que envolvem planejamento, finanças, infraestrutura e saúde.

 

 

Prefeita Cinthia Ribeiro e  o secretário Carlos Braga

 

Politicamente, conseguiu fechar uma ótima frente de pré-candidatos a vereador, tanto novatos quanto em mandato, além de ter se aproximado de vários partidos com boa representatividade política, graças ás ações de alguns de seus auxiliares e, principalmente,  ao poder de articulação e à habilidade do seu secretário de governo, Carlos Braga, uma político que sempre age com muita humildade e mansidão, e que tem trânsito e credibilidade nos mais diversos segmentos políticos de Palmas, principalmente na Câmara Municipal.

 

EDUARDO MONTOAN

Outra pessoa que vem contribuindo para a construção de um alicerce sólido para a reeleição de Cinthia Ribeiro é seu noivo, Eduardo Mantoan, com ótimo trânsito junto ao segmento religioso, com amizades concretas com vários pastores, além de líderes comunitários, e ajudou a formar um bom grupo de candidaturas a vereador pelo PSDB.

 

A cada dia que passa fica mais claro que a vitória de Cinthia Ribeiro na eleição deste ano só depende dela própria. E, justamente por isso, ainda faltam algumas arestas a serem aparadas, para não deixar nenhum motivo pelo qual seus adversários possam atacá-la, como foi o caso da implantação da Lei Seca, cheia de boas intenções, mas muito mal formulada pela sua equipe jurídica.

 

HORA DE CONCRETIZAR

Tirando esse pequeno deslize de sua equipe jurídica, Cinthia deve, agora, iniciar as conversações com seus aliados, parceiros, correligionários e simpatizantes.  Chegou o momento do “olho no olho” e essa hora não pode ser “terceirizada”.  Cinthia tem que estar pessoalmente com cada um, com vistas a garantir o seu futuro político.

 

Esse tipo de interlocutor, o destinatário final da mensagem de compromisso da prefeita em relação ao seu próximo mandato, não aceitam ouvir de alguém o que querem ouvir da própria prefeita.

 

A forma como fará esses contatos e com quem começará a fazê-los também é uma decisão que só cabe à própria Cinthia Ribeiro, pois será fundamental, no convencimento, para evitar possíveis contaminações que venham de outros candidatos e de outras “conversas”,

 

OPOSIÇÃO ANIMADA

Todos aqueles que pretendem se candidatar à prefeitura de Palmas, contra Cinthia Ribeiro, precisam estar cientes de que só com união será possível vencê-la.

Resta saber se os dirigentes partidários estão realmente interessados em se eleger ou apenas em colocar as mãos no Fundo Partidário para financiar candidaturas de outras pessoas em cidades do interior, e pavimentar seus caminhos rumo à eleição majoritária de 2022, não apenas para o governo do Estado, mas para as vagas de deputado federal, estadual ou do Senado.

 

Essa intenção será automaticamente identificada a partir do momento em que fique definido quais serão os candidatos opositores á Cinthia Ribeiro.

 

Os que se unirem para tentar derrotar a atual prefeita, estarão, efetivamente, pensando no Paço Municipal de Palmas.  Aqueles que vierem por partidos pequenos e sem representatividade, arriscando tudo, certamente estarão mais interessados no Fundo Partidário que em uma vitória.

 

AINDA SEM FAVORITOS

Dito isso, podemos afirmar que a sucessão municipal de Palmas ainda não tem um favorito. Existe uma prefeita concorrendo à reeleição, com uma administração equilibrada, sem nenhuma denúncia de corrupção e com seus compromissos administrativos e financeiros em dia.

 

Porém, sabe-se que isso não é – nem nunca foi – o bastante para garantir uma reeleição.  Falta, ainda, à Cinthia, sentar à mesa para conversar com seus aliados, saber de suas demandas e “acertar os ponteiros” com cada um, para fechar uma coligação que seja forte o suficiente para enfrentar qualquer chapa oposicionista que se apresente em contrário.

 

Nesse movimento, ainda há o “acerto” com a Câmara Municipal que sobreponha o atual acordo por uma governabilidade.

 

Enquanto isso, os nomes de oposição ainda não se confirmaram nem se apresentaram em sua totalidade.

 

A desunião das oposições é um fator que conta em favor da atual prefeita, mas u nome forte, com propostas fortes e com um grupo político experiente e que reflita as principais demandas da sociedade, pode se transformar em um obstáculo intransponível.

 

MDB

Senador Eduardo Gomes 

O MDB sempre tem que ser considerado um fator preponderante em qualquer eleição.  Um partido histórico, que já teve governadores no Tocantins e que tem, hoje, o senador mais bem votado da atual legislatura, líder do governo federal no Congresso e relator setorial do Orçamento do Ministério do desenvolvimento Regional, que tem se transformado em um benfeitor-mór, alocando recursos e garantindo benefícios aos 139 municípios do Tocantins, sem olhar cor partidária, não pode ser ignorado pelos postulantes às prefeituras dos 10 principais colégios eleitorais do Tocantins.

O MDB tem vereadores em Palmas, deputados estaduais e uma deputada federal, mas, por outro lado, ainda não tem um candidato à prefeitura de Palmas e, assim como os demais grupos políticos da Capital, demonstrou interesse pelo apoio à Cinrthia Ribeiro.  Hoje, também como os demais, encontram-se afastados de qualquer engajamento na campanha pela reeleição da prefeita. E, dentre todos, o MDB é o que tem a maior possibilidade de transferência de votos.

 

Assim como ocorre com o MDB, Cinthia Ribeiro precisa rever, urgentemente com os líderes de algumas legendas importantes, os termos de apoio.  Muitos apenas aguardam um aceno da prefeita.  Outros precisarão ser mais “trabalhados”. Mas, o certo é que, no momento atual, nenhum desses partidos vai ignorar um convite da prefeita para uma possível aliança.

 

Logo, como afirmamos no início, o sucesso de Cinthia Ribeiro em relação á sua reeleição, depende apenas dela.  Pessoalmente. Sem terceirização.

 

E de mais ninguém!

Posted On Segunda, 25 Mai 2020 06:09 Escrito por

No Twitter, Bolsonaro ironiza jornalismo da Globo e di que telejornal "tenta manipular a notícia". Vídeo começa com repercussão da fala sobre Witzel

 

Por iG Último 

 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) compartilhou na manhã deste domingo (23) um vídeo em sua conta oficial do Twitter com ofensivas contra a edição da última sexta-feira (21) do Jornal Nacional. O presidente acusa o principal telejornal da rede Globo de "tenta manipular a notícia".

 

O vídeo começa com o apresentador William Bonner repercutindo a fala de Bolsonaro sobre o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel querer "a cabeça" do presidente. "E dá a entender que soube por amigos policiais do Rio de Janeiro que haveria operação contra o filho dele com provas que seriam plantadas", comentou o jornalista ao vivo em rede nacional sobre as falas de Bolsonaro.

 

O tuíte do presidente, no entanto, ironiza a informação que é foco da reportagem. Na publicação, Bolsonaro agradece aos "amigos Policiais Civis e Militares do Rio de Janeiro " na tentativa de desmentir que haveria uma "rede" particular que o abastece com dossiês, como relata no vídeo da reunião ministerial compartilhado na última semana.

 

O vídeo editado e compartilhado nas redes de Bolsonaro também explora um erro de Bonner. O jornalista se retratou ao ter afirmado que o então ministro da Justiça, Sergio Moro , teria sido solicitado para "blindar" o presidente com informações.

 

“E uma correção: há pouco nós dissemos erroneamente que o presidente Bolsonaro tinha pedido ao ministro Moro para ser blindado. Mas, como nós mostramos na voz do próprio presidente, foi o contrário: ele disse a Moro que não queria ser blindado, mas que o ministro tinha a missão de não deixar que ele fosse chantageado”, diz Bonner, complementando que “está feita a correção”.

 

 

Posted On Segunda, 25 Mai 2020 06:04 Escrito por

Não há decisão para apreender o celular do presidente; STF apenas solicitou manifestação da PGR sobre um pedido feito pela oposição, o que é praxe

 

Por Agência O Globo

 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que “jamais” entregará seu telefone celular, mesmo que isso seja determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro disse que só faria isso se fosse um “rato” e classificou uma possível apreensão como “afronta”.

 

— Só se fosse um rato para entregar o telefone — disse Bolsonaro, em entrevista à rádio Joven Pan. — Jamais pegarão meu telefone. Jamais. Seria uma afronta ao presidente da República.

 

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou ao procurador-geral da República, Augusto Aras, um pedido apresentado por parlamentares de oposição de apreensão do celular de Bolsonaro.

 

Como é de praxe, quando “notícia-crime” é apresentada por qualquer cidadão, o caso é remetido para análise do Ministério Público Federal, a quem compete decidir se os fatos narrados devem ou não ser investigados.

 

Bolsonaro afirmou que Celso de Mello “pecou” porque poderia ter ignorado o pedido.

 

— O senhor Celso de Mello, lamentavelmente, pecou. Ele podia ignorar.

 

O presidente também disse ter “certeza” de que Augusto Aras não dará prosseguimento ao pedido.

 

Em nota, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, afirmou que a apreensão seria uma “afronta à autoridade máxima do Poder Executivo e interferência inadmissível de outro Poder” e que “poderá ter consequências imprevisíveis”.

 

Posted On Sábado, 23 Mai 2020 04:48 Escrito por

Empresário diz que governador montou esquema para cobrar propina de prestadoras de serviços

 

Por Thiago Bronzatto - de Veja

 

Há duas bombas sobre a mesa do procurador-geral da República, Augusto Aras. A primeira, que envolve Jair Bolsonaro, ganhou novos complicadores diante da acusação de que o então candidato a presidente foi informado antecipadamente de que haveria uma operação da Polícia Federal que resvalaria no gabinete de seu filho Flávio Bolsonaro, deputado estadual à época e hoje senador. A história, por enquanto, não traz evidências concretas de que o presidente tenha praticado algum crime, mas dá margem a uma série de indagações e suspeitas que precisam ser esclarecidas. A segunda bomba é contra Wilson Witzel, o governador do Rio de Janeiro. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) recebeu um pedido de instauração de inquérito para apurar a participação dele num esquema de corrupção nas obras de hospitais de campanha e na compra de respiradores para atender vítimas do coronavírus — o terceiro procedimento aberto em Brasília apenas neste ano para investigar supostas irregularidades que implicam o governador. Os casos abrangem crimes de corrupção, peculato, fraude em licitação, interceptação telefônica clandestina e organização criminosa — um rol de suspeitas já bastante constrangedor para alguém que se elegeu empunhando a bandeira da moralidade e tem a ambição de disputar a Presidência da República em 2022.

 

Em paralelo, VEJA descobriu que existe uma acusação ainda mais grave contra o governador do Rio. Em março passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu uma proposta de acordo de delação que contém informações que empurram Witzel para o centro de um novo escândalo. Nela, o governador é apontado como o “chefe supremo” de um esquema montado para extorquir empresas prestadoras de serviço. O enredo da história segue a cartilha clássica dos manuais de corrupção: o governo alega que não tem dinheiro suficiente para quitar as dívidas com os credores, atrasa os pagamentos, acena depois com a possibilidade de uma negociação e, por fim, surge alguém com a solução mágica — quem concorda em pagar propina ganha a preferência na fila do caixa. O autor dessas revelações é o empresário carioca Arthur Soares, conhecido como “Rei Arthur”. Em menos de um ano, segundo ele, o esquema teria arrecadado cerca de 30 milhões de reais com a cobrança de 20% a 30% do valor de cada fatura paga.

 

DÍZIMO – Pastor Everaldo: o delator acusa o presidente do PSC de cobrar 20% a 30% de propina para liberar pagamentos a credores do governo Alice Vergueiro/Futura Press

Parceiro do ex-governador Sérgio Cabral, o novo candidato a delator era, até pouco tempo atrás, literalmente reverenciado como uma eminência em várias esferas no Rio de Janeiro. Nenhum grande negócio com o estado avançava sem o aval dele ou a participação de uma de suas empresas. Em duas décadas de governo do MDB, Rei Arthur se transformou num homem poderoso e milionário. Ele lucrava alto vendendo serviços e produtos superfaturados ao governo estadual. Ao mesmo tempo, reservava parte dos ganhos para financiar campanhas eleitorais e a boa vida de políticos e servidores públicos corruptos. Preso no ano passado em Miami, onde estava refugiado desde que teve a prisão preventiva decretada pela Operação Lava-Jato, o empresário, entre as muitas tramoias que patrocinou durante seu longo reinado, foi acusado de ter subornado membros do Comitê Olímpico Internacional para votar a favor do Rio como sede dos Jogos de 2016. Ele promete, em troca de redução de pena (que pode chegar a 200 anos), contar mais sobre as muitas traficâncias com as quais se envolveu. Seu maior trunfo encontra-se no capítulo intitulado “Anexo governador Wilson José Witzel”.

 

 

EM PARCELAS - André Moura: o chefe da Casa Civil estadual é apontado como o negociador e recebedor do dinheiro arrecadado ilegalmente Antônio Cruz/Agência Brasil

 

VEJA teve acesso ao documento, cujos principais trechos estão destacados na reportagem. Nele, o empresário descreve o funcionamento do esquema de corrupção montado pelo governador. Segundo ele, Witzel opera tudo por meio de dois personagens — o pastor Everaldo Pereira, presidente do PSC, o partido do governador, e o secretário estadual da Casa Civil e Governança, o ex-deputado federal André Moura, que é citado na narrativa como o responsável por intermediar as negociações para o recebimento da propina. Arthur Soares conta que teve certeza sobre a existência, a dimensão e os personagens envolvidos depois que foi alvo de um achaque. Ele diz que tinha cerca de 100 milhões de reais a receber do governo. Em julho, seu irmão, Luiz Soares, foi avisado de que a dívida seria integralmente quitada desde que ele concordasse em pagar 20% do valor. O empresário não aceitou, e o contrato de sua empresa com o governo foi suspenso.

 

A proposta, de acordo com Arthur Soares, teria chegado por intermédio de prepostos do pastor Everaldo, uma figura influente. Foi o presidente do PSC quem abriu as portas do partido ao então juiz Wilson Witzel, em 2018, quando o candidato tinha 1% das intenções de voto. Depois da vitória de Witzel nas urnas, Everaldo foi recompensado com vários cargos importantes no governo. Indicou, por exemplo, o filho Filipe Pereira para a assessoria especial do governador. Para a Casa Civil, escolheu o amigo André Moura, um antigo escudeiro do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Arthur Soares conta que todos eles estão na mesma empreitada. Na época da suspensão do contrato, Luiz Soares procurou um advogado ligado ao chefe da Casa Civil em busca da “solução”. Nesse encontro, André Moura teria reafirmado o pedido de propina e assegurado que, se o empresário topasse o acordo, o dinheiro seria liberado. As negociações se estenderam até o dia 27 de dezembro, quando Arthur Soares diz ter aceitado a proposta e recebido 8,6 milhões de reais para a empresa Cor e Sabor, que fornecia alimentação para o sistema penitenciário. Em troca, o empresário teria se comprometido a repassar ao secretário 20% desse valor, cerca de 1,7 milhão de reais, em seis parcelas. Moura afirma que nunca se encontrou com interlocutores de Arthur Soares e nega ter alguma participação no esquema de propinas. “Nunca vi esse cara na minha frente nem ninguém ligado a ele. Só ouvi falar das falcatruas dele através de empresas”, garante o secretário. O presidente do PSC, pastor Everaldo, defende a investigação de suspeitas de irregularidades e a punição dos envolvidos com base em provas. Em nota, ele reitera que “não responde pelo governo do Rio” e afirma “não ter relação com o empresário”.

 

Arthur Soares não explicou como o dinheiro seria entregue ao secretário, mas disse que, àquela altura, já havia decidido colaborar com a Justiça. Aceitar o acordo era parte de uma estratégia para preparar um flagrante. No início do ano, ele apresentou a proposta de delação à Procuradoria-Geral da República. Acrescentou ao relato documentos, e-mails e mensagens para mostrar que havia uma negociação de propina em andamento. Numa das mensagens, o empresário Sérgio Serrano, um ex-sócio de Arthur Soares que negociava a liberação dos pagamentos junto ao governo, escreve sobre um tal “chefe supremo” — seria Wilson Witzel, segundo o delator. Soares também sugeriu aos procuradores que fosse feita uma ação controlada para monitorar a entrega da propina e rastrear o caminho do dinheiro, nos moldes do que a PGR fez quando Joesley Batista quis provar que estava sendo achacado pelo ex-presidente Michel Temer. As tratativas com o Ministério Público, porém, não avançaram. Os procuradores avaliaram que as provas apresentadas eram insuficientes, e suspenderam as negociações. Mas Witzel permanece na mira da PGR. Ele continua sendo investigado em três inquéritos no STJ. Em nota, o governador disse que se colocou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Witzel reitera o seu respeito às instituições e apoia as investigações que estão sendo realizadas pelos órgãos de controle. Cabe ressaltar também que a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) entrou com ação na Justiça e obteve o bloqueio de bens e valores de empresas e pessoas físicas envolvidas nas denúncias de irregularidades de compra de respiradores, cobrando o ressarcimento do que foi pago.

Ao mesmo tempo em que a procuradoria-geral aperta o torniquete sobre Witzel, o inquérito que apura a suposta interferência política do presidente Bolsonaro na Polícia Federal também ganhou novos contornos após o empresário Paulo Marinho ter afirmado que a operação que trouxe à luz os estranhos negócios do ex-policial Fabrício Queiroz foi antecipada à família presidencial antes do segundo turno das eleições. Queiroz, que trabalhou no gabinete de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual no Rio, é investigado por suspeitas de recolher parte do salário de funcionários em um esquema conhecido como rachadinha. As revelações de Marinho, feitas ao jornal Folha de S.Paulo, serviram para alimentar a suspeita de que o presidente tenta interferir na PF para proteger seus filhos e amigos de investigações indesejadas. Se no fim do inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) ficar comprovado que Bolsonaro queria obter algum proveito pessoal, ele poderá ser responsabilizado criminalmente e até afastado do cargo. Caberá a Augusto Aras a decisão de denunciá-lo ou arquivar o caso.

 

Em setembro do ano passado, logo depois de indicar Aras para o cargo, Bolsonaro comparou o procurador-geral à figura da rainha em um jogo de xadrez. A peça tem a maior capacidade de movimentação e, por isso, é, ao mesmo tempo, a mais potente arma de ataque aos adversários e o mais importante esteio de defesa do rei no tabuleiro. Antes da posse, Aras comentou com um amigo o tamanho da responsabilidade que estava prestes a assumir. “O PGR tem mais poder que o papa”, brincou. É fato. Um procurador negligente pode proteger amigos e perseguir adversários. Um procurador justiceiro pode fulminar carreiras e destruir a biografia de inocentes. Um procurador omisso pode favorecer criminosos. Oito meses depois da posse, Aras terá a oportunidade de mostrar que não é negligente, justiceiro nem omisso diante das bombas que estão sobre sua mesa. É apenas um PGR responsável e meticuloso.

 

Posted On Sexta, 22 Mai 2020 11:27 Escrito por
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