Mudanças são essenciais para o equilíbrio econômico, mas pressões podem colocar tudo a perder. É hora de abrir diálogo e conscientizar sobre necessidade de harmonia
Por Edson Rodrigues
O governador Mauro Carlesse aproveitou os dois mandatos anteriores, de tiro curto, para “pegar o jeito” da governança. Observou onde havia oportunidades para melhorar, o que precisava ser trocado e onde dava para cortar gastos sem comprometer o desenvolvimento do Tocantins.
Depois disso, montou uma equipe de notáveis, em uma verdadeira “força-tarefa” e iniciou a elaboração de um plano de governo que ao mesmo tempo em que precisa tomar medidas duras, não deixa de prestigiar sua base de sustentação política.
Esse plano de governo tem como premissa principal a estabilidade econômica e o enquadramento do Estado na Lei de Responsabilidade Fiscal, para que os investimentos voltem, empresas cheguem, empregos sejam gerados e, principalmente, o Tocantins possa voltar a contrair empréstimos junto à instituições financeiras públicas e privadas, nacionais e internacionais.
PRESSÃO
O problema é que na política, nem sempre 1 + 1 é igual a dois. Bastou 2019 iniciar para que as pressões começassem a aparecer – e de todos os lados. As bases do interior pressionam os parlamentares na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional e já causam um mal estar, um clima tenso, que pode fazer o caldo desandar, dentro do próprio grupo de apoio ao governo.
A boa notícia é que, por enquanto, tudo pode ser resolvido, mas, para isso, o governador Mauro Carlesse não pode recuar e precisa entender que isso faz parte do jogo político.
O caminho para que tudo se resolva é – e sempre foi – o diálogo, a atitude. Mostrar que o equilíbrio econômico buscado vai permitir investimentos nos 139 municípios, recuperação da malha viária, construção dos hospitais de Gurupi e Araguaína, da nova ponte sobre o Rio Tocantins, em Porto Nacional, melhorias nos serviços públicos de Saúde, Educação e Segurança, e, principalmente, evitar qualquer ruptura com membros da sua base política no Congresso e na Assembleia.
O papel do diálogo será conscientizar a base de apoio ao governo de que 2019 será um ano de muitas dificuldades, aperto financeiro e cautela. O alicerce para que tudo que foi prometido durante a campanha seja realizado é, justamente, o equilíbrio econômico.
PRIMEIRO PASSO
O primeiro passo para que se viabilize o equilíbrio financeiro do Estado é a reforma administrativa que deve ser anunciada ainda esta semana. Até essa reforma administrativa pode ser considerada uma promessa de campanha, feita aos representantes de entidades classistas, como FIETO e SEBRAE, empresários e industriais.
Logo, a base política do governo precisa entender que esse início de transição precisa ser meticulosamente apoiado, evitando-se grandes comoções, greves ou polêmicas, para que os salários continuem em dia e seja mantida a política da boa vizinhança com os cidadãos.
É certo que os companheiros precisam ter vez e voz, mas cada coisa a seu tempo. O mínimo que a sociedade espera da classe política é que tudo o que está sendo feito por melhorias, não seja atrapalhado por interesses pessoais ou intrigas.
O grupo político de Mauro Carlesse tem que demonstrar a mesma força, a mesma compreensão e a mesma humildade que o levou a três vitórias eleitorais consecutivas. Esse é o único caminho possível para que o Tocantins volte aos trilhos do desenvolvimento e do progresso.
Nossos congressistas e deputados estaduais, devem agir com sabedoria para não colocar os interesses pessoais acima dos interesses do Estado, pois a travessia exige renúncias e compreensão de todos, pois o êxito só virá com a união.
O apoio à reforma administrativa e à implementação do plano de governo são condicionantes para que o Tocantins possa, finalmente, deixar para trás as ameaças de inadimplência com o pagamento dos servidores, o rombo no Instituto de Previdência e as mazelas sociais da falta de infraestrutura.
O Brasil inteiro iniciou 2019 com uma grande reforma em andamento e isso já trouxe dividendos, com a volta dos investidores internacionais e bons índices econômicos. O Tocantins não pode perder o bonde da história e ficar para trás.
O destino do Tocantins é crescer sempre. Impedir que esse destino se concretize, será entrar para história como “vilão”, e acreditamos que nenhum político quer esse estigma em sua história.
Assim que forem anunciados o novo organograma e a nova estrutura de governo, Mauro Carlesse sabe que terá que abrir espaço aos companheiros de sua base que o loevaram a três vitórias eleitorais consecutivas e significativas, porém, sem comprometer o controle econômico necessário para que o Tocantins se enquadre na Lei de Responsabilidade Fiscal. Para isso, será necessário um diálogo franco e transparente sobre até onde o governo pode ir.
União e diálogo são as palavras de ordem do momento.Que Deus nos dê sabedoria e capacidade!