A prerrogativa da indicação dessa para o TCU cabe ao presidente do Senado Rodrigo Pacheco, mas o Palácio do Planalto tem força para influenciar decisivamente
Por Edson Rodrigues
O Observatório Político de O Paralelo 13 detectou, em Brasília, que o embate do Palácio do Planalto para a aprovação do nome do ex-ministro da Justiça, André Mendonça para o STF, que vinha sofrendo atrasos e “pequenas sabotagens” nos mais diversos níveis, principalmente por ser “extremamente evangélico”, enfraqueceu as pretensões da senadora tocantinenses, Kátia Abreu, em ser indicada para a vaga no Tribunal de Contas da União, a ser aberta pela ida do ministro Raimundo Carreiro, indicado para a embaixada do Brasil em Portugal.
O Planalto teria identificado um “forte atuação” de Kátia Abreu contra a ida de André Mendonça para o STF e, com isso, arrefeceu seu apoio à senadora tocantinense para a vaga no TCU, passando a ter no senador Fernando Bezerra, seu novo “favorito” na votação que terá palco no plenário do Senado Federal.
Vale salientar, que a escolha do senador para a vaga no TCU, quando há, tende a ser por consenso. Na última vez que houve a necessidade de votação no plenário, também havia um tocantinense na disputa, o ex-senador Leomar Quintanilha, que acabou perdendo a vaga para o pernambucano José Jorge, em 2008.
Senador Fernando Bezerra Coelho, MDB-PE
Nossa fonte em Brasília cita, também, que houve indícios da participação de Kátia Abreu no levantamento da questão que está tirando da disputa pela vaga no TCU o Líder do Governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), por conta de uma decisão do próprio TCU, por ser réu em ação de improbidade administrativa no Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Mesmo assim, uma decisão do STJ anulou a ação de improbidade contra Bezerra, deixando o líder do governo livre para concorrer a vaga e, por conta da desconfiança do Planalto sobre Kátia Abreu, Bezerra passou a ser o favorito, com o apoio do presidente da ala tradicional do MDB e de membros da base política do governo no Senado Federal.
Mesmo assim o Planalto ainda guarda um “plano B” na manga que, confirmadamente, não é Kátia Abreu.
FUTURO POLÍTICO DE KATIA ABREU
Senadora Kátia Abreu PP-TO
A senadora Kátia Abreu tem se mantido em sua vida pública como uma espécie de “imortal”, sem jamais saber como é o sabor de uma derrota política. Não ser a indicada para a vaga no TCU, como almeja, pode significar uma catástrofe para seu futuro político.
No Tocantins, Kátia se aproximou do governador em exercício, Wanderlei Barbosa que, mesmo fazendo um bom governo, pelo tempo que puder permanecer no cargo, não terá a mesma oxigenação financeira por parte do governo federal, justamente por conta da presença de Kátia Abreu como sua aliada.
Resta saber se Wanderlei irá aceitar negociar um “casamento político” com alguém que pode lhe trazer não um dote, mas um prejuízo econômico que pode afetar sua imagem pública.
Em um momento de grande turbulência política interna, no Tocantins, em que a assembleia Legislativa debate o acolhimento ou não de um pedido de impeachment do governador afastada, Mauro Carlesse, que se encontra em análise na Procuradoria da AL, com entrega marcada para a próxima terça-feira, o aconselhável a Wanderlei é que não tome nenhuma decisão que comprometa seu futuro político.
Governador Wanderlei Barbosa e senadora Kátia Abreu
O certo é que a senadora Kátia Abreu não entra nesse hipotético “casamento político” de mãos vazias, afinal, é presidente estadual do PP e seu filho, o também senador, Irajá Abreu, presidente estadual do PSD. Na gestão do próprio Wanderlei Barbosa, há a presença do presidente estadual do PDT, e aliado dos Abreu, Jairo Mariano, além de vário prefeitos filiados nessas três legendas.
Resta saber qual será a frente política escolhida pela senadora, se virá como candidata á reeleição, com seu filho, Irajá, candidato ao governo, ou se a própria senadora encabeçará uma chapa formada pelos três partidos que concentra à sua volta, como candidata ao governo e com seu aliado de primeira-hora, o empresário Edson Tabocão, como vice nos dois casos.
Seja qual a decisão for, o que se pode ter como certo é que Kátia já não tem mais a mesma força na indicação para a vaga no TCU e a decisão sobre seu futuro político só poderá ser tomada depois que todas as questões apontadas nesta análise estiverem resolvidas, ou seja, lá para o início de 2022.
A solução é dar tempo ao tempo...