Por Jarilson Azevedo
1992. O Carnaval de Gurupi estava em um de seus anos mágicos. Grupos de amigos reuniam se em blocos pra se divertirem. Toda excentricidade era permitida. Um com uma caçamba basculante cheia d’água. Outro com um jumento a tiracolo onde quer que fosse. Outro com uma bandinha de música em cima de um jeep. Vários ao redor de um “jirico” puxando uma carretinha cheia de cerveja. E tome cerveja. Vários trios elétricos se encontravam na avenida Goiás, fervilhando de gente. Todos tinham sedes próprias, onde serviam se caldos, diuturnamente.
Um bloco, porém, monopolizava a atenção de todos, quando estava na avenida: As Caridosas. Cidadãos sérios e trabalhadores vestiam se de mulheres e se permitiam ao desbunde naqueles cinco dias épicos. Zé Reis, o alfaiate, era facilmente confundido com a quenga mais esculachada do cabaré do Babão. Cinei Miranda (in memorian), dono do laboratório de análises clínicas, era patrocinador e cedia a casa para a concentração, onde as maquiagens eram feitas. Esposas, filhas e netos ajudavam aqueles homens desajeitados nos trajes femininos, a se vestir, maquiar, colocar a peruca e calçar seus tamancos. Janio Fontoura, o mecânico, mal se equilibrava no salto 15. Divino, da O Rei das Meias, era só alegria. Sambaíba (in memorian), do antigo bar da Goiás com a 4, um dos mais animados. João Boca de Risco, Toim do Incra, Hélio Amorim(in memorian), Edinaldo Reis e muitos outros, se entregavam ao bundalelê inocente, que o reinado de Momo permitia. Velhos tempos, belos dias. Eu, amigo de muitos ali, me arrependo hoje de não ter vestido o vestido oferecido, por vergonha. Acompanhava a folia em todo o trajeto, extasiado com a ousadia daqueles senhores. Aqueles senhores ajudaram fazer a história do carnaval de Gurupi. São parte importante dessa epopéia de alegria e prazer. Eu tava lá, eu vi isso. Ah, quanta saudade...
Por Edson Rodrigues
Se há um político emblemático para a esquerda brasileira, o nome dele é Leonel Brizola. Apesar do seu posicionamento político, foi um dos maiores executores de obras – foi o governador que mais construiu escolas no Brasil, nos dois estados que governou – e um dos poucos que teve coragem de dar broncas homéricas nos esquerdistas e anunciar que votaria ou apoiaria um direitista “por não ter coisa melhor na esquerda”.
É isso que o cineasta Silvio Tendler, tenta mostrar em seu documentário feito pela Caliban – produtora de Tendler que já produziu outros filmes políticos sobre personagens como Juscelino Kubitschek e João Goulart – e que estreou no Festival do Rio em outubro deste ano. Agora, o Sesc coloca o documentário à disposição de todos os brasileiros, no link que segue ao fim desta análise.
Tendler que já dirigiu o documentário de maior bilheteria do cinema nacional – O Mundo Mágico dos Trapalhões, de 1981 – começa a narrativa na infância pobre de Leonel Brizola em Carazinho, no interior do Rio Grande do Sul, até sua ascensão como um dos principais líderes trabalhistas e suas contribuições para a democracia brasileira. No filme, descobrimos que Brizola só teve a primeira certidão de nascimento aos 11 anos de idade e foi engraxate e mensageiro em um hotel até formar-se engenheiro civil e engajar-se na política estudantil.
Caso Único
Brizola é um caso único de político eleito pelo povo que foi governador de dois estados brasileiros: seu Rio Grande do Sul natal (1959-1963) e o Rio de Janeiro (1983-1987 e 1991-1994).
No primeiro, nacionalizou empresas estrangeiras, criou bancos regionais, fez centenas de escolas no Rio Grande do Sul. Liderou a campanha pela posse de João Goulart. Enfrentou quinze anos de exílio depois do golpe de 1964 e articulou a resistência do exterior.
De volta ao Brasil, fundou o PDT. Lutou pelas Diretas Já. Sempre peitou elites, políticos e a mídia. A presença de Darcy Ribeiro a seu lado assegurou a marca de ousadia em seus governos. Criou os CIEPs, o Sambódromo e a Linha Vermelha.
No material de apresentação do filme, a produtora diz que Brizola, Anotações para uma História traz o legado de um dos mais importantes expoentes do Trabalhismo “por meio de imagens de arquivo garimpadas em diversos acervos, a fala inconfundível de Brizola, com a eloquência que marcou uma trajetória identificada com o povo e não com o capital”.
Assista o documentário no link: https://sesc.digital/conteudo/filmes/cinema-em-casa-com-sesc/brizola-anotacoes-para-uma-historia
Há algo único e profundo na metáfora do voo solitário. Ele representa um estado de introspecção e incerteza que, muitas vezes, reflete as jornadas pessoais que todos enfrentamos. Na vastidão do céu, no isolamento das alturas, o viajante se encontra diante de sua fragilidade, exposto ao vácuo onde nem a razão nem a resistência podem oferecer abrigo. Resta apenas a incerteza: chegará ao destino?
As madrugadas nesses voos são especialmente frias e melancólicas. A escuridão parece mais densa, e o tempo, mais lento. Cada instante se prolonga, permitindo que os pensamentos divaguem em busca de respostas que o silêncio não entrega. E, enquanto o mundo lá embaixo fervilha de vida, com seus ritmos e ruídos cotidianos, o solitário viajante continua sua rota invisível, sem ser notado, sem deixar rastros.
Esse contraste entre o fervor da vida no solo e a solidão do voo nos ensina sobre a complexidade das nossas trajetórias. Muitas vezes, passamos por cima de tantas histórias, tantas vidas, sem nos darmos conta de que também somos invisíveis para elas. É a natureza do voo: silencioso, anônimo, sem testemunhas.
Contudo, é justamente nessa solidão que buscamos sentido. De lá do alto, tentamos traçar nossa estrada, determinar nossa proa, discernir nosso destino. É uma luta interna entre o que desejamos alcançar e o que nos amedronta pelo caminho. Não há mapas precisos nem garantias de chegada. Há apenas o movimento contínuo, impulsionado pela fé, pelo desejo de encontrar algo maior do que o próprio vazio.
E é nesse momento, quando o peso do silêncio e da incerteza se torna quase insuportável, que seguramos na mão de Deus. Sua presença, invisível mas tangível, é o que nos sustenta. Nas asas do vento, seguimos. Não porque temos certeza de onde vamos, mas porque confiamos que, em algum lugar desse céu infinito, existe um propósito.
Assim, a solidão do voo é, paradoxalmente, uma lição de conexão. Conexão com nós mesmos, com o divino e com o mundo ao nosso redor, mesmo que ele nos pareça distante. É um lembrete de que, por mais solitária que seja a jornada, não estamos verdadeiramente sozinhos. Há sempre uma força maior nos guiando, nos sustentando, até que possamos pousar em terra firme novamente.
Enquanto isso, seguimos. Com coragem, fé e a certeza de que, ao final, o voo terá valido a pena.
Tom Lyra
Orion Milhomem, Múcio Breckenfeld, Francisquinha Laranjeira e Luciana Aglantzakis compõem a nova diretoria da APL, que realizará a solenidade de posse aberta ao público no início de fevereiro de 2025
Por Ana Carolina Monteiro
A Academia Palmense de Letras (APL) elegeu a chapa "APL Participativa" para liderar a instituição durante o triênio 2025/2027. O grupo, formado pelo escritor Orion Milhomem (presidente), Múcio Breckenfeld (vice-presidente), Francisquinha Laranjeira (tesoureira) e Luciana Aglantzakis (secretária), foi escolhido por unanimidade pelos acadêmicos em eleição realizada virtualmente.
A diretoria tomou posse formalmente no dia 12 de dezembro e, posteriormente, organizará uma solenidade aberta ao público, prevista para o início de fevereiro de 2025, com data e local ainda a serem definidos. O evento marcará o início de um ciclo de ações e projetos voltados ao fortalecimento da literatura no Tocantins.
O processo eleitoral, realizado no último dia 9, foi tradicionalmente marcado pelo consenso entre os membros e registrou 22 votos, que representaram a totalidade dos acadêmicos participantes. Todo o pleito foi conduzido pela Comissão Eleitoral, composta pelos acadêmicos Dídimo Heleno Póvoa Aires, Luís Otávio de Queiroz Fraz e Márcio Gonçalves Moreira.
Segundo o secretário da Cultura Tião Pinheiro, a eleição da nova diretoria da Academia Palmense de Letras e iniciativas como o I Seminário do Livro, Leitura e Escrita do Tocantins reforçam o compromisso do Governo do Estado em promover a universalização da cultura literária na região: “As academias têm papéis importantes no fomento e fortalecimento de nossa cultura e essa renovação da diretoria executiva da Academia Palmense de Letras (APL) comandada pelo escritor Orion Milhomem enseja novos tempos para a nossa literatura. O Governo do Tocantins, através da Secretaria da Cultura, parabeniza a nova cúpula diretiva da APL e se coloca à disposição para juntarmos forças nessa missão de devolver o protagonismo aos nossos fazedores de cultura”.
De acordo com Orion Milhomem, a prioridade é ampliar a visibilidade da APL, aproximar a produção literária palmense do público, com ações como a inclusão de obras dos acadêmicos em escolas e bibliotecas públicas e sua exigência em vestibulares das universidades locais. “Queremos trazer para perto da academia os escritores palmenses, além de estimular os jovens escritores. Precisamos fortalecer a nossa identidade cultural e mostrar que temos qualidade em nossa produção literária. A literatura é capaz de promover o ser humano e a APL tem esse compromisso", disse o presidente.
A diretoria também planeja realizar concursos e saraus literários, palestras em escolas e incentivar jovens escritores a participarem das atividades culturais da academia.
Conheça os eleitos
Orion Milhomem Ribeiro é poeta, escritor e palestrante. É formado em Direito e pós-graduado em Direito Público. É autor dos livros Essência Poética (Editora Diplomata, 2007), Em Ritmo de Amor & Poesia (Editora Dialética, 2022) e No Embalo do Coração (Editora Dialética, 2024). Tem participação nas antologias poéticas Sarau Brasil 2016 e 2017 (Concurso Nacional Novos Poetas). Venceu o 1º Concurso de Poesias e Contos Dalva Lucas Kertesz, com o poema “Teus Olhos”. É membro da APL, cadeira 25, cujo patrono é Olavo Bilac. Já foi presidente do Diretório Central dos Estudantes da Unitins, Oficial de Justiça, Secretário de Juventude e Esportes da capital e Vereador na Câmara Municipal de Palmas. Atualmente é Analista Judiciário do Tribunal de Justiça do Tocantins.
Múcio José Breckenfeld Fernandes é médico, filósofo, advogado, poeta e escritor. É vice-presidente da Academia Tocantinense de Letras e fundador e idealizador da Academia Palmense de Letras. Escreveu Folhas de um vento espalhado, Caleidoscópio de Emoções, Poesia Peregrina e o Teatro de Múcio Breckenfeld, volume I. É membro efetivo da cadeira nº 01 da APL. Foi o primeiro presidente da APL (triênio 2002-2005).
Francisquinha Laranjeira Carvalho é historiadora, mestre, pós-graduada em gestão de cidades e especialista em Conservação de Patrimônio Histórico e Cultural da América Latina. Escreveu as obras históricas: Fronteiras e Conquistas pelo Araguaia -século XIX; Nas Águas do Araguaia - a hibridez e a navegação pelo Araguaia; Taquaruçu. É autora de vários artigos, dentre eles: Rio Araguaia: o caminho dos sertões. Cientista cultural e apreciadora das artes e das práticas culturais. É membro efetivo da cadeira n⁰ 7 da APL. Foi presidente da entidade (triênio 2019-2022), sendo autora do projeto Terça Literária, que promoveu apresentações teatrais das obras dos escritores da APL.
Luciana Costa Aglantzakis é poetisa e escritora. É formada em direito, em comunicação social e também graduada em letras e português. Possui diversas pós-graduações em direito, além de mestrado em Ciências Jurídicas pela Universidade de Lisboa. Atualmente, é juíza estadual do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins. É membro efetivo da cadeira nº 08 da APL.
Por Edivaldo Rodrigues, direto de Piratuba, SC Como já era esperado, dada a articulação dos principais membros da ABRAJET, na manhã do último dia18, dentro da programação do 39° Congresso da entidade, que acontece na cidade de Piratuba, Santa Catarina, o jornalista tocantinense, Luiz Pires, foi eleito, por aclamação, para presidir, no biênio 2025/2026, a Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo, uma das instituições classistas mais importantes do Brasil. A eleição ocorreu durante a Assembleia Geral da ABRAJET.
Posse
Já na noite do último dia 18, numa concorrida solenidade, num dos mais estrelados hoteis da cidade de Piratuba, o presidente eleito da ABRAJET, Luiz Pires, ao lado de todos os integrantes da dua diretoria, tomaram posse com as presenças dos prefeitos de Piratuba, Bile, e de Marcelino Ramos, Vanei Mafisonin, dentre outras expressivas autoridades estaduais e municipais.
Encerrando o evento, ao som elegante e competente dos cantores tocantinenses Chiquinho Chokolate e Mara Rita, foi servido um requintado jantar.
Perfil do novo presidente da ABRAJET
Luiz de Sousa Pires, conhecido como Luiz Pires, é natural de Floriano, no Piauí, e jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG).
Servidor público do Estado do Tocantins, Luiz Pires é também documentarista, escritor e membro da Academia Tocantinense de Letras (ATL). Sua trajetória profissional é marcada por uma atuação destacada na comunicação, no turismo e na cultura.
O jornalista foi vice-presidente da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo (Abrajet Nacional) e exerceu também o cargo de diretor administrativo da entidade. Além disso, presidiu a seccional do Tocantins da Abrajet (Abrajet-TO), promovendo a valorização do turismo regional.
Pires contribuiu significativamente para a gestão cultural no Tocantins, sendo membro titular do Conselho Estadual de Cultura por duas gestões. Atualmente, integra os Conselhos Municipal e Estadual de Turismo, o Fórum Estadual de Turismo e o Palmas Convention & Visitors Bureau, fortalecendo o diálogo entre turismo, cultura e desenvolvimento local.
Presidiu a Associação Tocantinense de Cinema, Vídeo e Televisão (ATCV) e, é diretor da Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas (ABD). Além disso, é editor do blog especializado Melhor Viagem LP, com sede em Palmas, que aborda temas relacionados a turismo, cultura e meio ambiente