O fundador da Qualicorp, José Seripieri Filho, assinou na quinta-feira (26) um acordo de delação premiada junto à Procuradoria-Geral da República (PGR)
Com Agências
O ex-diretor-presidente de um dos braços da Qualicorp no setor de planos de saúde, Elon Gomes de Almeida, fechou um acordo de delação premiada com a Justiça Eleitoral de São Paulo e admitiu o pagamento de aproximadamente R$ 5 milhões em caixa dois para a campanha do tucano José Serra ao Senado em 2014. É a primeira delação premiada que envolve o setor de planos de saúde.
A delação de Elon foi a base para a operação da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira que, com autorização da Justiça Eleitoral, realiza busca e apreensão em endereços ligados a Serra e prendeu o ex-presidente do grupo Qualicorp, José Seripieri Filho.
Fundador da empresa Aliança, controlada pela Qualicorp, Elon era pessoa de extrema confiança de Seripieri Filho e responsável por operacionalizar os repasses a políticos.
Elon afirmou em sua delação premiada que o repasse de caixa dois para Serra foi acertado por Seripieri, responsável no grupo Qualicorp por manter relações com políticos. O ex-diretor disse que, após o acerto feito por Seripieri, coube a ele realizar o repasse, por meio de contratos fictícios com empresas que posteriormente abasteceriam a campanha de Serra.
Em seu depoimento, Elon disse que não houve acerto de contrapartida a ser dada por Serra ao grupo empresarial. Segundo Elon, o caso seria estritamente de caixa dois, sem nenhum benefício prometido pelo tucano durante seu mandato.
De acordo com investigadores, o conjunto de provas entregue por Elon incluiu os comprovantes das transferências de recursos e contratos fictícios, sem prestação de serviços.
Seripieri sempre teve relações próximas com políticos. Em 2014, recebeu em seu casamento, em Bragança Paulista (SP) recebeu nomes como o então governador Geraldo Alckmin, José Serra e Gilberto Kassab, além da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Elon Gomes de Almeida havia sido alvo da Operação Acrônimo, deflagrada em dezembro de 2015 e que investigou o governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT). No curso das investigações, ele cenfessou ter pago caixa dois a uma das campanhas eleitorais de Pimentel. Com isso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu o reconhecimento de sua confissão e a redução de sua pena.
Depois disso, o empresário procurou a Justiça Eleitoral de São Paulo e fechou um acordo envolvendo o caixa dois para José Serra.
Elon fundou a empresa Aliança Administradora de Benefícios de Saúde, que era controlada pela Qualicorp. Em 2017, a Qualicorp comprou o restante da participação societária na Aliança e passou a deter 100% da companhia. Na ocasião, Elon deixou o cargo de diretor-presidente da Aliança.
A Qualicorp também havia sido citado na delação premiada do ex-ministro petista Antonio Palocci. No seu acordo fechado com a PF, Palocci afirmou que a Qualicorp fez pagamentos a uma empresa de um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em troca de obter benefícios na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Réus na Justiça Eleitoral
No último dia 4, o senador José Serra e os empresários José Seripieri Filho, da Qualicorp, Mino Mattos Mazzamati e Arthur Azevedo Filho se tornaram réus na Justiça Eleitoral em São Paulo. Eles são acusados de caixa dois, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O caso tramita em sigilo até o próximo domingo (28), quando acontece o segundo turno das eleições municipais, para que as informações não sejam usadas nas campanhas.
A defesa do senador José Serra afirmou em nota que "repudia com veemência a denúncia oferecida contra ele pelo Ministério Público Eleitoral na noite desta quarta-feira (4), formulada com base em uma investigação vazia, sobre a qual ele nunca teve nem mesmo a oportunidade de ser ouvido".
"A acusação, oferecida às pressas e sem fundamento, constrói uma narrativa fantasiosa, que será devidamente desmentida pelos fatos. O episódio reforça o caráter espetaculoso de mais esta ação contra o senador, cuja reputação e carreira são destacadamente incompatíveis com as práticas que lhe foram atribuídas. José Serra reitera sua confiança na Justiça", disse a nota dos advogados Flávia Rahal e Sepúlveda Pertence.
Procurado, o empresário José Seripieri Filho, da Qualicorp, disse também por meio de nota que "o Ministério Público Eleitoral apresentou uma denúncia repleta de ilegalidades", onde "permanece ainda o ambiente de excessos, apesar das correções já feitas pelo Supremo Tribunal Federal".
"Ao apurarem uma doação eleitoral, os denunciantes conseguiram transmutar essa ação em crime típico de funcionário público, mas atribuído a uma pessoa de atividade privada, o que é vedado pela lei. E, ao que parece, levou a contradições inerentes à própria delação colhida anteriormente, que pode ter sido ou esquecida ou confundida. Difícil saber pela peça do MPE. Diante de tão frágil alegação e do pouco nexo probatório, a denúncia deve ter vida breve nos tribunais. Sim", disse Seripieri Filho.
Alíquota zero acabaria apenas no fim de dezembro
Por Wellton Máximo
O retorno da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre operações de crédito renderá cerca de R$ 2 bilhões em um mês, disse hoje (26) o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal. A alíquota zero, que acabaria no fim de dezembro, acabou ontem (25) por meio de uma medida provisória editada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Com a MP, quem pegou dinheiro emprestado numa operação de crédito voltará a pagar 3% ao ano (empresas) e 6% ao ano (pessoas físicas) sobre o valor contratado, mais uma alíquota fixa de 0,38% por operação. Zerada para baratear a concessão de crédito durante a pandemia do novo coronavírus, a cobrança de IOF foi retomada para custear a isenção da tarifa de energia aos consumidores atingidos pelo apagão de três semanas no Amapá.
Segundo Funchal, a antecipação da medida em um mês não estava planejada e ocorreu por uma contingência, porque o IOF, por tratar-se de um imposto regulatório, tem efeito imediato sobre a arrecadação quando é reajustado. “É claro que o ideal é você ter algo planejado, mas teve uma eventualidade que foi a questão do Amapá e, para as ações de novas despesas poderem ser feitas, pela LRF [Lei de Responsabilidade Fiscal] era necessária uma compensação", disse.
Também ontem, o governo editou medida provisória com crédito de R$ 80 milhões ao Ministério de Minas e Energia (MME). Funchal, no entanto, não explicou a divergência de valores entre os R$ 2 bilhões de arrecadação com o IOF e o valor repassado ao MME. Apenas disse que o governo agiu de forma conservadora, para evitar desrespeitar a LRF.
Inflação
Sobre o impacto da inflação sobre a gestão da dívida pública, Funchal disse que a recente alta no preço dos alimentos é transitória e não preocupa. “A gente tem confiança no time do Banco Central. Isso aí está bem controlado e claramente foi uma situação dessa inflação momentânea por conta de mudanças de padrão de consumo durante a pandemia”, declarou.
Segundo o relatório de dívida pública, divulgado ontem, cerca de 25% da Dívida Pública Federal é corrigida pela inflação. Essa é a proporção de títulos corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na dívida total.
Em relação aos elevados volumes de vencimentos da dívida pública em 2021, o secretário do Tesouro afirmou estar preparado. Ele reiterou que o órgão está recompondo o colchão da dívida pública, reserva financeira para pagar vencimentos caso as condições de mercado se agravem.
A despedida a Diego Armando Maradona se desenrolou numa quinta-feira que será lembrada nos livros de história. Velado na Casa Rosada desde as primeiras horas do dia, o corpo do ídolo argentino seguiu até o cemitério Jardin de Bella Vista no fim da tarde, a tempo de a cerimônia terminar ainda sob a luz do dia
Por Veronica Smink
Os últimos anos dele — e em particular os últimos dias — foram atormentados por problemas de saúde. Mesmo assim, a notícia da morte de Diego Armando Maradona, devido a uma insuficiência cardíaca aguda, causou um choque na Argentina.
Esse choque revela o status divino que o astro do futebol tinha em seu país, onde seus torcedores o apelidaram de "D10S" em homenagem ao famoso número em sua camisa e em referência à palavra Deus em espanhol, Dios.
Ficaram para trás as muitas polêmicas que Maradona suscitou ao longo de sua vida, desde sua amizade com líderes questionados como o venezuelano Nicolás Maduro e o cubano Fidel Castro (que coincidentemente morreu no mesmo dia, em 2016), até seus excessos com comida, drogas, álcool e mulheres.
No dia 25, a maioria dos argentinos parece ter apagado, pelo menos momentaneamente, a memória daquele polêmico Maradona dos últimos anos e, em vez disso, o que se vive é uma espécie de catarse nacional em torno da figura do "Dez".
Não é segredo que o mundo vive uma corrida por uma vacina segura e eficaz contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2). Inclusive, há algumas candidatas prestes a divulgar os resultados oficiais sobre a imunização contra a COVID-19. Nesse cenário, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou que a CoronaVac — imunizante desenvolvido pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan — pode ser adotada mesmo sem a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Por Fidel Forato
“Os critérios que a Anvisa tem são os mesmos de outras agências de vigilância sanitária que também estão avaliando a vacina CoronaVac nos Estados Unidos, na Europa, sobretudo na Ásia. Se essas agências validarem a vacina, ela estará validada independentemente da própria Anvisa”, afirmou Doria, durante entrevista para o jornal Metrópoles. Na ocasião, o governador considerou o cenário em que a vacina CoronaVac obtivesse uma autorização de uso de alguma agência reguladora internacional, mesmo que isso não seja permitido.
Anvisa e a regulação da CoronaVac
Em resposta sobre as alegações sobre o uso de uma suposta vacina não autorizada pela Anvisa, a agência defendeu a importância da análise dos dados clínicos obtido no estudo de um imunizante para a eventual vacinação em massa dos brasileiros. "O registro de vacinas pela Anvisa tem como objetivo garantir à população brasileira que os requisitos técnicos necessários à fabricação e ao uso em massa da vacina sejam cumpridos", pontuou. Segundo a agência, ainda não há material disponível para a avaliação de eficácia e segurança da CoronaVac, por isso, esta não seria a hora de discutir a questão.
"Até o momento, a Anvisa recebeu somente dados pré-clínicos, que são dados anteriores aos testes com seres humanos, ao contrário do que foi afirmado de que dados referentes à fase 3 já haviam sido entregues", comentou a agência, em nota. Inclusive, explicou que "o pacote de informações necessárias para a avaliação da vacina ainda não foi concluído pelo Instituto".
Outro aspecto ressaltado pela Anvisa foi de que a "aprovação de uma vacina pela autoridade regulatória da China NÃO implica [na] aprovação automática para o Brasil", já que existem diferenças burocráticas nos processos entre os países. Além disso, a nota afirma que a CoronaVac não é usada em testes nos Estados Unidos e nem na Europa, contrariando o governador Doria. Os estudos clínicos da vacina só estariam sendo realizados na China, na Turquia, na Indonésia e no Brasil, segundo a nota.
"É importante esclarecer que o reconhecimento tácito da aprovação por outras agências para registro de vacinas aqui no Brasil não é previsto em lei e pode representar risco à população brasileira", completou a Anvisa. Em outras palavras, a agência defende que, mesmo aprovada por importantes órgãos internacionais, uma eventual vacina precisa ser aprovada também pelo Brasil.
Entre a análise da Anvisa, são considerados: dados laboratoriais; de produção; de estabilidade; e clínicos para garantir a segurança e a eficácia desses produtos. Nesse sentido, não há nenhuma vacina contra a COVID-19 aprovada e nem disponível para uso no Brasil.
Segundo informações, suspeita é de que os alvos comandem uma extensa rede de pedofilia em diversos países
Com Agência O Globo
Alvo de uma operação da Polícia Federal e das polícias Civil de diferentes estados, uma quadrilha é suspeita de sequestrar e vender crianças para serem exploradas sexualmente, inclusive por estrangeiros. Na ação contra o abuso e exploração infantil, batizada de Black Dolphin , foram cumpridos mais de 200 mandados de busca e apreensão no Rio, São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul. Até o início da noite dessa quarta-feira, 53 pessoas tinham sido presas em flagrante.
A investigação tem como alvo uma extensa rede de pornografia infantil que circula na chamada “deep web”, ambiente oculto da internet. A apuração teve início em 2018, quando foram descobertos os planos de um homem que pretendia vender a sobrinha para abusadores russos. Ele havia planejado levar a menina para a Eurodisney em Paris, na França. Lá, fingiria ter perdido a menina, que seria vendida aos estrangeiros. O homem foi descoberto pela Polícia Civil de São Paulo e acabou preso. A partir do caso, as investigações começaram e a suspeita é de que a rede de pedofilia seja extensa.
De acordo com a delegada federal Paula Mary, Chefe do Grupo de Repressão aos Crimes Cibernéticos, os investigadores agora vão se debruçar sobre todo o matérial apreendido - principalmente cenas de abusos e exploração sexual de crianças e adolescentes - no intuito de deliminar a função de cada um dos investigados na organização criminosa.
Preso sendo conduzido pela PF no Rio de Janeiro
"Há varios tipos de abusadores nesse grupo. Há aqueles que estupram as crianças, os que conseguem ter acesso a essas crianças, os que produzem os vídeos, aqueles que comercializam essas imagens, os que armazenam esse conteúdo e os que divulgam ou compartilham de alguma forma. E essas pessoas que conseguem as crianças, pode ser por venda ou sequestro, por exemplo. Temos uma gama de possibilidades e de crimes envolvidos", detalha a delegada.
No Rio de Janeiro, a força-tarefa prendeu um homem em flagrante no Cachambi, na Zona Norte do Rio. Foram encontrados com o suspeito materiais contendo cenas de abusos e exploração sexual contra crianças e adolescentes.
"O suspeito acabou por confirmar que frequentava esses ambientes virtuais e que alguns deles funcionam como pontos de encontro de homens e mulheres sobre práticas sexuais que têm mais preferência, como obter esse material e muitas das vezes compartilham dicas de como se esquivar da ação policial", afirmou Mary.
De acordo com a delegada, a investigação tem agora como uma de seus principais objetivos identificar as vítimas que aparecem em fotos e vídeos encontrados: "é fundamental que a gente consiga identificar essas vítimas porque são crianças que podem estar sendo feitas de escravas sexuais, sequestradas. Ou pode ser alguém também sofrendo abusos dentro do próprio ambiente familiar. São muitas possibilidades".
De acordo com a PF , o nome da operação foi escolhido em razão dos investigados afirmarem que as leis brasileiras "são ridículas e que não haveria prisão, no Brasil, capaz de segurá-los; e que em razão de suas habilidades, somente a Colônia 6 Russa, conhecida como Black Dolphin, seria capaz de detê-los". Essa prisão, localizada na fronteira com o Cazaquistão, é conhecida por abrigar presos condenados à epna perpétua e pelo rigor no tratamento dos detentos.
"Essa operação serve para mostrar que mesmo os crimes realizados no ambiente virtual deixam rastros. A investigação pode ser mais complexa, mas é possível chegar aos responsáveis nesses casos. E é importante ressaltar a importância das pessoas denunciarem quando presenciarem ou suspeitarem de algo. Deixar de denunciar só beneficia o próprio abusador", avalia a delegada Paula Mary.