Presidente disse que discurso do "fica em casa" não deu certo e que governo federal "ultrapassou" a capacidade de endividamento com auxílio
POR MAYARA OLIVEIRA
Opresidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta sexta-feira (4/12) que, caso estados e municípios optem por um novo fechamento de comércio e estabelecimentos em razão da segunda onda da pandemia do coronavírus, o governo não terá mais como socorrê-los com o pagamento do auxílio emergencial.
De acordo com Bolsonaro, o “fica em casa e economia vem depois” não deu certo. Ele disse que as consequências só não foram mais “danosas” porque o governo realizou o pagamento do benefício, mas que a União “ultrapassou a capacidade de endividamento”.
“Os números agora apontam que o Brasil está voltando à normalidade. Mas não podemos fechar de novo tudo. Se fechar, o governo não tem mais como socorrer a esses necessitados [beneficiados pelo auxílio emergencial]. Ultrapassamos a nossa capacidade de endividar”, afirmou o presidente.
A “normalidade” à qual Bolsonaro se refere foi confirmada no dia anterior, depois de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 7,7% no 3º trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, confirmando a saída do país da chamada “recessão técnica”.
A expansão da economia foi recorde no terceiro trimestre, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas vistas no ápice da pandemia de coronavírus no país. Em valores correntes, o PIB do terceiro trimestre totalizou R$ 1,891 trilhão.
Vacina eficaz
Durante o evento, Bolsonaro ainda disse que pessoas mais idosas e que possuam alguma comorbidade “devem se cuidar até que apareça uma vacina confiável e certificada” pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou, ainda, um “remédio cientificamente comprovado como eficaz”.
Apesar de a hidroxicloquina não ter a eficácia comprovada contra a Covid-19, o presidente voltou a defender o medicamento.
Na quarta (2/12), ao conversar com apoiadores, Bolsonaro disse que após a compra de uma vacina contra a Covid-19, se alguém tiver algum efeito colateral decorrente da vacinação, não poderá cobrar dele.
“Vamos supor que em uma das cláusulas da vacina que eu vou comprar […], vamos dizer que lá no meio tá escrito o seguinte: ‘Nos desobrigamos de qualquer ressarcimento, de qualquer responsabilidade com possíveis efeitos colaterais imediatos ou futuros. E daí, vocês vão tomar a vacina?”, indagou o presidente aos simpatizantes, no Palácio da Alvorada.
“Eu vou mostrar todo o contrato para vocês. Quem tomar, vai saber o que está tomando e as consequências. Se tiver um problema, um efeito colateral qualquer, já sabe que não vão cobrar de mim porque eu vou ser bem claro”, prosseguiu.
Atualmente, quatro vacinas estão na fase 3 de testagem em humanos no Brasil. São elas:
AstraZeneca + Universidade de Oxford: 70% de eficácia, com uma variação de 62% a 90% de acordo com a dose aplicada.
CoronaVac: ainda sem a taxa de eficácia divulgada.
Pfizer + BioNTech: 95% de eficácia e mais de 94% eficaz em idosos acima de 65 anos, segundo dados preliminares da fase 3.
Janssen: ainda sem a taxa de eficácia divulgada.
Plano de vacinação
Na terça (1º/12), o Ministério da Saúde divulgou os primeiros pontos da estratégia “preliminar” para a vacinação da população. Segundo a pasta, o plano será dividido em quatro etapas:
Primeira fase: trabalhadores da saúde, população idosa a partir dos 75 anos de idade, pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência (como asilos e instituições psiquiátricas) e população indígena.
Segunda fase: pessoas de 60 a 74 anos.
Terceira fase: pessoas com comorbidades que apresentam maior chance para agravamento da Covid-19 (como pacientes com doenças renais crônicas e cardiovasculares).
Quarta fase: professores, forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e população privada de liberdade.
Uso emergencial da vacina
Nesta quarta, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou que vai aceitar que empresas desenvolvedoras de vacinas contra a Covid-19 solicitem o “uso emergencial” no Brasil. De acordo com a agência, o uso emergencial será restrito a vacinas que já estão em testes no país.
Veja os principais pontos:
Cada pedido deve ser feito pela empresa desenvolvedora e será analisado de forma independente;
Decisão será tomada pela Diretoria Colegiada da Anvisa;
Serão considerados estudos não-clínicos e clínicos (em humanos);
Serão itens avaliados: qualidade, boas práticas de fabricação, estratégias de monitoramento e controle, e resultados provisórios de ensaios clínicos;
Empresa interessada deverá comprovar que a fabricação e a estabilidade do produto garantem a qualidade da vacina;
Estudo clínico na fase 3 – última etapa de testes – deve estar em andamento e conduzido também no Brasil;
Vacina com uso emergencial liberado não pode ser comercializada, ela só pode ser distribuída no sistema público de saúde;
Liberação de uso emergencial pode ser revogada pela Anvisa a qualquer momento.
Apesar dos critérios, a Anvisa ressaltou que a vacina só será liberada para o público previamente definido e testado nos estudos.
A última vez que o país havia contabilizado mais de 750 mortes em um dia foi em 18 de novembro. Desde o início da pandemia, 175.270 pessoas perderam a vida pelo vírus e 6.487.084 de brasileiros foram infectados
Por Maria Eduarda Cardio
O Brasil retornou nesta quinta-feira (3/12) ao triste patamar de 700 mortes diárias pelo novo coronavírus. A atualização do Ministério da Saúde registrou 755 óbitos por covid-19 e 50.434 novas infecções. Com os acréscimos, o país ultrapassou a marca de 175 mil vítimas do Sars-CoV-2. Desde o início da pandemia, 175.270 pessoas perderam a vida para a doença e 6.487.084 foram infectadas.
A última vez que o país havia registrado mais de 750 mortes em um dia foi em 18 de novembro. Com o aumento de casos e mortes vistos nas últimas semanas epidemiológicas, o país se aproxima da marca de 200 mil mortes. Atualmente, somente os Estados Unidos ultrapassaram a marca, ao somar 274.648 óbitos pela covid-19, segundo a Universidade Johns Hopkins.
De acordo com o Portal Covid-19 Brasil, iniciativa formada por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade de São Paulo (USP), o Brasil deve atingir 200 mil mortos na primeira quinzena de dezembro, no dia 11.
Com os acréscimos diários estabelecidos em um alto patamar novamente, a média móvel de casos e mortes segue crescendo. De acordo com análise do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), por dia, morrem 544 pessoas e há acréscimo diário de 40.409 casos. O acréscimo de casos diários na faixa de 40 mil era visto no final de agosto e início de setembro.
Segundo o Ministério da Saúde, 88,3% dos infectados, ou seja, 5.725.010 de pessoas, estão recuperadas da doença. Outras 586.804 pessoas, que correspondem a 9% dos diagnósticos positivos, ainda estão em acompanhamento.
Boletim epidemiológico
Nesta quinta-feira, em coletiva de imprensa, a pasta voltou a apresentar o boletim epidemiológico. “Quero lembrar que a gente ficou duas ou três semanas sem apresentar o boletim porque tivemos o ataque hacker por volta do final da 45ª semana. E, entre a 46ª e a 47ª, nós ainda estávamos com os dados muitos instáveis para ter uma segurança e esperamos estabilidade”, explicou o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros.
Segundo Medeiros, a queda vista da 44ª semana para 45ª e o aumento da 45ª para 46ª refletem a demora na estabilização da notificação dos dados. No entanto, ao falar sobre a última semana concluída, a 48ª, que abrange de 22 a 28 de novembro, o secretário indicou que houve aumento de 17% dos registros de novos casos em relação à penúltima. Também houve acréscimo de 7% no número de mortes de uma semana para outra.
"Houve um recrudescimento de casos nas últimas duas ou três semanas e isso ficou muito mais sensível em algumas regiões brasileiras, como na região Sul. Portanto, não acho que é uma segunda onda especificamente, mas o recrudescimento de casos em algumas regiões brasileiras", declarou Medeiros.
Dois homens foram presos, incluindo um policial militar de folga
Com Agência da PF
A Polícia Federal (PF), na noite de terça-feira (1/12), executou a maior apreensão de Cloridrato de Cocaína (forma mais pura e valiosa da droga) já realizada no Estado do Rio de Janeiro e uma das maiores do país: um montante de 2,5 toneladas de cocaína. A operação foi executada no município de Duque de Caxias/RJ.
Um galpão na Baixada Fluminense, assegurado por dois homens, guardava a droga sob a forma de cloridrato de cocaína, que, segundo os agentes da PF, é a forma mais pura. Os dois homens foram presos.
Um dos detidos é um policial militar, de 41 anos, que estava de folga e fazia a segurança do galpão. Com ele, foram apreendidos uma pistola, um revólver e um rádio comunicador. O outro preso estava com a droga no interior do galpão. A pena pode chegar a 15 anos de prisão.
Segundo as investigações da delegacia, as substâncias encontradas foram submetidas a uma perícia preliminar, e o resultado foi positivo para cocaína.
De acordo com a Justiça, cada quilo do entorpecente pode ser vendido por US$ 5 mil (R$ 26 mil, na cotação atual) no Rio de Janeiro, e entre € 25 mil e € 30 mil (entre R$ 157 mil e R$ 188 mil) na Europa.
A PF apreendeu, na noite de ontem (1º), cerca de 2,5 toneladas de cocaína, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense/RJ. Trata-se da maior apreensão de Cloridrato de Cocaína (forma mais pura e valiosa da droga) já realizada no Estado do Rio de Janeiro e uma das maiores da país.
— Polícia Federal (@policiafederal) December 2, 2020
Foram registrados 52 mil casos de Covid em 24 horas; média móvel aponta alta de 35% em 2 semanas
Com Agências
Até agora, foram confirmados 6.386.787 casos acumulados e 173.817 vidas perdidas desde o início da pandemia. Já a média móvel de mortes, também verificada pelo boletim, foi de 529. A média móvel de casos continuou a subir ficou em 38.297.
A contagem de casos realizada pelas Secretarias Estaduais de Saúde inclui pessoas sintomáticas ou assintomáticas; ou seja, neste último caso são pessoas que foram ou estão infectadas, mas não apresentaram sintomas da doença.
O ranking de número de mortes segue liderado pelo estado de São Paulo, que tem 42.290 óbitos causados pela Covid-19. O Rio de Janeiro continua em segundo lugar, com 22.683 mortes, seguido por Minas Gerais (10.051), Ceará (9.629), Pernambuco (9.056).
Os estados que registram maior número de casos são: São Paulo (1.250.590), Minas Gerais (419.655), Bahia (406.189), Rio de Janeiro (357.982) e o Ceará (301.414).
Desde o início de junho, o Conass divulga os números da pandemia da Covid-19 por conta de uma confusão com os dados do Ministério da Saúde. As informações dos secretários de saúde servem como base para a tabela oficial do governo, mas são publicadas cerca de uma hora antes.
Mais de 63 milhões pessoas foram infectadas em todo o mundo. Do total de doentes, mais de 1,4 milhão morreram, segundo a Universidade Johns Hopkins. O Brasil segue como o terceiro país do mundo em número de casos de Covid-19 e o segundo em mortes, atrás apenas dos Estados Unidos.
Paulo Teixeira vê possibilidade de crime de corrupção na contratação do ex-ministro pela consultoria norte-americana
Por Ricardo Galhardo
O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) que investigue a possibilidade de crime de corrupção na contratação do ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro pela empresa norte-americana de consultoria Alvarez & Marsal.
Segundo o requerimento feito pelo deputado, a lógica da própria Lava Jato justificaria a investigação já que a Alvarez & Marsal é responsável por administrar a recuperação da Odebrecht e Moro, na condição de juiz, autorizou o acordos de leniência e delações premiadas que beneficiaram a empresa, seus sócios e executivos.
"Não há dúvida de que, segundo a lógica que inspirou os trabalhos da Operação Lava Jato, hoje assumidamente liderados pelo então juiz Sérgio Moro, situações dessa natureza seriam em tese caracterizadas como justa causa para investigação criminal pelo delito de corrupção, justificando-se a busca de elementos informativos sobre as vantagens ou promessa de vantagens supostamente solicitadas, recebidas ou aceitas em troca de atos praticados na condição de funcionário público", argumenta o deputado.
Em ofício à PGR, Teixeira pede que sejam apurados "valores e condições" tanto da contratação da Alvarez & Marsal pela Odebrecht quanto de Moro pela consultoria norte-americana.
"Diante desse cenário, é urgente que se apure as relações, as condições e os valores envolvidos nos contratos celebrados entre o Grupo Odebrecht, a consultoria norte-americana Alvarez & Marsal e, agora, o sr. Sergio Fernando Moro. As decisões proferidas pelo então juiz Sérgio Moro provocaram significativos impactos políticos, sociais e econômicos ao país. Sua atuação foi decisiva para que fossem celebrados acordos e concedidos benefícios ao Grupo Odebrecht, seus sócios e executivos. O mínimo que se espera é que os desdobramentos dessa operação sejam trazidos às claras e que haja transparência na conduta dos envolvidos", diz o ofício.
O deputado argumenta ainda que, na condição de juiz, Moro teve acesso a documentos da investigação contra a Odebrecht que ainda não vieram à tona, podem ser motivo de novas investigações e ser utilizados a favor da empresa.
"Além disso, é evidente que, durante o exercício do cargo de juiz federal da 13ª Vara Federal de Curitiba, o Sr. Sergio Fernando Moro teve amplo acesso a documentos e elementos de prova referentes ao Grupo Odebrecht, muitos dos quais ainda permanecem em sigilo e podem ensejar novas medidas investigativas, fato que poderá ser utilizado em benefício da atual administração", diz o documento.
Procurados, a Alvarez & Marsal e o ex-ministro responderam que não vão comentar o pedido do deputado.