Partido estuda tomar medidas judiciais cabíveis para reverter a decisão
Com Estadão Conteúdo
O WhatsApp bloqueou dez canais administrados pelo Partido dos Trabalhadores (PT) após envio de “mensagens em massa ou automatizadas”, que violam os termos de serviço. Segundo o PT, as contas desativadas são restritas a pessoas cadastradas para divulgar informações institucionais.
Entre elas, estão um canal administrado pelo gabinete da presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), e o principal grupo de divulgação de notícias do partido no aplicativo, o “Zap do PT”. O partido estuda tomar medidas judiciais cabíveis para reverter a decisão e, além disso, anunciou a migração do canal para o aplicativo Telegram. Em nota, disse ainda que “não divulga desinformação em seus canais e nem faz disparos em massa”.
Gleisi gravou um vídeo nas redes sociais em que diz ter seguido tanto as regras do WhatsApp quanto da Câmara dos Deputados ao contratar o serviço que faz os disparos de mensagens em seu grupo. Ela diz que o canal servia para divulgar ações de seu mandato de deputada e informações de interesse do partido.
“Essas pessoas estão cadastradas por livre e espontânea vontade. Os números não são aleatórios, são números de apoiadores, seguidores, meus eleitores”, disse a deputada no vídeo. “Para realizar esse trabalho, eu contratei um serviço que segue as regras do WhatsApp, exatamente as recomendações, e fiz isso através do meu mandato, o que é autorizado pela Mesa Diretora da Câmara.”
Segundo o partido, a desativação ocorreu após “reclamações”. No vídeo, Gleisi diz que a suspeita é que oponentes políticos tenham se infiltrado e feito reclamações em massa para provocar os bloqueios.
O PT diz que o lançamento do canal foi divulgado publicamente, inclusive por meio de outros canais oficiais de WhatsApp. “Só recebe mensagens quem se cadastrou voluntariamente para ter informações oficiais do partido e de seus dirigentes”, afirma. “O bloqueio das contas desde 25 de junho foi feito sem informar qual seria o motivo. Mesmo tendo solicitado informações diretamente aos administradores do aplicativo, não recebemos nenhuma resposta. O PT não tem nada a esconder e aguarda o restabelecimento das contas do Whatsapp.”
Em nota, o WhatsApp explicou que os produtos “não foram projetados para enviar mensagens em massa ou automatizadas, que violam nossos termos de serviço”, e que essas atividades são identificadas automaticamente. Segundo a empresa, mais de 2 milhões de contas são banidas por mês em todo mundo por desrespeitar essas regras.
“Estamos comprometidos em reforçar a natureza privada do serviço e manter os usuários protegidos contra abusos”, disse a empresa. “Continuaremos a banir contas usadas para enviar mensagens em massa ou automatizadas e avaliaremos mais profundamente as nossas opções legais contra empresas que oferecem esses serviços, como fizemos no passado no Brasil.”
* Com informações do Estadão Conteúdo
Além de não apresentar eficácia comprovada contra a Covid-19, medicamento pode causar arritmia
Do site Forum
O presidente Jair Bolsonaro tem realizado exames de eletrocardiograma duas vezes ao dia para monitorar possíveis efeitos colaterais da hidroxicloroquina, medicamento que está utilizando para tratar sua infecção por coronavírus.
Além de não apresentar eficácia comprovada contra a doença, o remédio tem como possível efeito colateral a alteração na frequência cardíaca. A Organização Mundial da Saúde (OMS) havia suspendido seus testes com a cloroquina após estudos apontarem o risco de arritmia.
A quantidade de exames cardíacos realizados por Bolsonaro, no entanto, é superior ao recomendado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) para pacientes que usam a cloroquina como tratamento para a Covid-19. A entidade pede para que sejam realizados exames no primeiro, terceiro e quinto dias do tratamento com o medicamento.
De acordo com reportagem do jornal O Globo, quatro funcionários que trabalham no Palácio do Planalto também estão com suspeitas de Covid-19. Dois tiveram febre, sendo um deles a secretária que cuida da agenda do presidente.
Propaganda
Um dia depois de seu diagnóstico positivo para Covid-19, o presidente publicou um vídeo na tarde de terça-feira (7) tomando hidroxicloroquina. O ex-capitão disse ainda que tem remédios melhores, mas que confia no medicamento.
“Sabemos que nenhum tem a sua eficácia cientificamente comprovada, mas mais uma pessoa que está dando certo”, disse o presidente, que chega a rir antes de tomar o medicamento.
País tem quase 68 mil mortes pelo novo coronavírus
Com Agências
O número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus Sars-CoV-2 em todo o Brasil ultrapassou a marca de 1,7 milhão, com um acréscimo de mais 44.571 contágios em 24 horas, informou o levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Ministério da Saúde nesta quarta-feira (8).
Ao todo, o país tem 1.713.160 casos da covid-19. Segundo os dados, a taxa de incidência tem aumentado constantemente, saltando de 794 para 815,2 pessoas por cada 100 mil habitantes. Já a quantidade de mortes registrou novamente mais de mil diárias, com 1.223 óbitos em um dia, elevando o total para 67.964. A taxa de letalidade é de 4%, enquanto que o índice de mortalidade passou para 32,3% indivíduos por cada 100 mil habitantes.
Com 341.365 casos da doença e 16.788 falecimentos, o estado de São Paulo confirmou 313 novas mortes e 8.657 novos contágios em 24 horas em todo o território. Na última segunda-feira (6), bares e restaurantes voltaram a funcionar na capital paulista após mais de 100 dias. A medida faz parte do novo protocolo adotado para o afrouxamento do isolamento. Hoje, inclusive, o governo anunciou a retorno de jogos de futebol a partir de 22 de julho. Ceará (128.471 casos e 6.665 mortes), Rio de Janeiro (126.329 infecções e 10.970 óbitos) e Pará (118.744 contágios e 5.169 vítimas) também estão entre os estados mais afetados pela Covid.
O Rio de Janeiro, por sua vez, apresenta a maior taxa de letalidade entre todos os estados, com 8,7%.
Dados do consórcio de imprensa
Segundo levantamento realizado pelo Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL junto às secretarias estaduais de Saúde, nas últimas 24 horas 1.187 novas mortes e mais 41.541 casos confirmados de infecção. No total, 68.055 brasileiros já perderam a vida por causa da covid-19 e 1.716.196 pessoas foram infectadas.
Levantamento da UFMG e CNTE mostra cenário preocupante e a dificuldade do poder público em dar resposta neste momento emergencial e garantir a isonomia do acesso à educação, afirma coordenadora do estudo.
Por Elida Oliveira, G1
Uma pesquisa sobre o trabalho dos professores da rede pública durante a pandemia, a qual o G1 teve acesso, aponta que 89% não tinha experiência anterior à pandemia para dar aulas remotas – e 42% dos entrevistados afirmam que seguem sem treinamento, aprendendo tudo por conta própria. Para 21%, é difícil ou muito difícil lidar com tecnologias digitais.
Os resultados mostram a dificuldade dos professores em lidar com a nova realidade, e o esforço pessoal para transmitir a aprendizagem aos estudantes durante a emergência de saúde provocada pelo coronavírus.
"Somos analfabetos digitais", afirma Katia Araújo, professora da rede municipal de Campo Grande (MS). "Você só percebe que não sabe quando precisa usar a ferramenta", relata ao G1.
A pesquisa “Trabalho Docente em Tempos de Pandemia”, foi feita pelo Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente da Universidade Federal de Minas Gerais (Gestrado/UFMG) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Os dados foram coletados entre 8 e 30 de junho, com 15.654 docentes de todo o Brasil, da educação infantil, ensino fundamental e educação de jovens e adultos.
Os dados mostram que:
82% dos professores estão dando aulas dentro de casa
82% dos docentes disseram que as horas de trabalho aumentaram
84% dos professores afirmam que o envolvimento dos alunos diminuiu um pouco ou diminuiu drasticamente durante a pandemia.
80% dos entrevistados afirmam que a principal dificuldade dos estudantes é a falta de acesso à internet e computadores; seguida pela dificuldade das famílias em apoiar os estudantes (74%); a falta de motivação dos alunos (53%) e o desconhecimento dos alunos em usar recursos tecnológicos (38%).
O estado emocional dos professores também está sendo colocado à prova: 69% declararam ter medo e insegurança por não saber como será o retorno à normalidade e 50% declaram ter medo em relação ao futuro
"É um cenário preocupante, que demonstra a dificuldade do poder público em dar uma resposta neste momento emergencial", afirma Dalila Andrade Oliveira, professora titular de políticas públicas em educação UFMG e coordenadora da pesquisa. "A culpa não é dos professores".
"Todos nós fomos surpreendidos pela pandemia, mas os dados refletem a precariedade da oferta da educação básica do Brasil. Na urgência de responder ao direito à educação dos estudantes, o mínimo que as redes poderiam fazer é fornecer essa formação aos docentes", analisa.
Didática adaptada
As aulas a distância estão longe de serem aulas presenciais gravadas, de acordo com professores ouvidos pelo G1.
"Sem olho no olho, e sem lousa, é muito difícil explicar", afirma Karina Batelli, professora da rede municipal de São Paulo, que tem alunos de 10 a 12 anos do ensino fundamental.
"A didática é diferente no ensino remoto em comparação com a presencial. Na escola tem a troca, você faz uma pergunta, eles retornam, e a gente faz um conjunto. Agora, sou eu falando, é uma aula gravada – eu coloco no YouTube, mando o link pela plataforma, eles assistem e enviam as dúvidas. Tivemos que aprender a filmar uma vídeo aula. E os alunos tiveram que aprender a ouvir os professores, porque não é o Felipe Neto com todo aquele jeito de falar que os alunos estão acostumados. É uma matéria que eles precisam entender para fazer exercício", afirma Karina.
As aulas, que geralmente eram de 50 minutos, precisam ser resumidas em vídeos de no máximo 30 minutos, de acordo com Karina. "É difícil captar a atenção da criança, fazer ela seguir as instruções sem você estar lá, do lado. A criança se dispersa por natureza. Se já é assim na escola, imagina em casa", relata.
Karina conta que, embora usasse a tecnologia para se comunicar e trabalhar, foi preciso adaptação. "Foi bem difícil sem treinamento. A aparelhagem que temos em casa não estava pronta para ser de 'youtuber' – era um equipamento para fazer pesquisa, imprimir uma atividade. E eu tive que aprender tudo. A gente conhece e-mail, usa as redes sociais, mas na hora de dar aula, é diferente", conta.
Tutorial para ajudar colegas
O professor Bruno Felix, da rede estadual do Ceará, conta que ele mesmo preparou vídeos tutoriais com o passo a passo do uso das plataformas, e distribuiu para professores e alunos.
"Sou familiarizado com a tecnologia. Então, estamos nos ajudando. Eu faço os tutoriais e mando nos grupos de WhatsApp para colegas e estudantes", afirma.
"A gente pensa que os alunos, por serem jovens, sabem usar as tecnologias, mas os adolescentes só estão nas redes sociais, não sabem usar a internet", relata Felix, que dá aulas para todos os anos do ensino médio, e também para jovens e adultos.
Aumento da jornada de trabalho
Se, antes, os professores davam aulas durante um período letivo, agora precisam estar disponíveis para tirar dúvidas dos alunos o dia todo.
"É ruim à distância? Sim. É complicado, é cansativo. Hoje trabalho de manhã, à tarde, e à noite. Antes, eu entrava às 13h e saia às 17h10. Agora não, entro às 7h e fico até enquanto tiver alguém falando. Não tenho como não fazer isso, cada um tem um horário", afirma Katia Araújo, da rede municipal de Campo Grande (MS).
Além das aulas e do atendimento aos estudantes, os professores também precisam participar de reuniões pedagógicas, elaborar conteúdos e corrigir as atividades dos estudantes, como relata Karina Batelli, da rede municipal de São Paulo.
"A gente não tem só as pendências com alunos, tem as questões burocráticas da escola – todo dia tenho que postar o resumo do dia, tem ainda as reuniões com a coordenação, com a gestão… Tem os grupos [de WhatsApp] da escola, que tem '55 mil mensagens' todo dia. E, às vezes, a prefeitura muda tudo – a gente tinha um organograma, mas a prefeitura antecipou feriados, de uma hora para outra, e tivemos que nos adaptar. Não tem só as demandas do aluno", afirma Karina.
Ensino individualizado a distância
Com a falta de renda dos alunos e do acesso a computadores e internet, é preciso pensar a realidade de cada casa, para oferecer atividades que os alunos deem conta de fazer e que possam ser auxiliados pelos pais, afirma Katia Araújo, professora em Campo Grande. Ela conta que está aplicando o "ensino individualizado a distância".
"A gente tem que dar conta de um ensino individualizado a distância. Nem todos os alunos têm acesso à internet, porque vários são de baixa renda. Para suprir isso, a gente monta os cadernos de atividades e manda para os pais", relata Katia. "Nós temos muitos pais que não são alfabetizados, e só soubemos disso agora, durante a pandemia".
"Não são mais 28 alunos, são 28 famílias. Cada uma com uma realidade, uma rotina, uma dinâmica", relata Karina.
Política pública permanente
O presidente do CNTE, Heleno Araújo, afirma que o resultado da pesquisa aponta para a necessidade de se construir uma política pública que inclua desenvolvimento de plataformas gratuitas e cursos para os docentes terem domínio da tecnologia.
"Observamos que a dificuldade ocorre com professores, mas também com estudantes. Então é necessário que se construa uma plataforma publica e gratuita pensando na comunidade escolar, não somente neste período de pandemia, mas também pensando no pós-pandemia, para que possamos garantir conteúdo e aprendizado de estudantes", afirma.
A retomada das aulas presenciais ainda está sendo debatida, mas as redes de ensino já esperam que o retorno não será total, e sim gradual, com as turmas divididas para garantir o distanciamento social. Com isso, o ensino remoto deve permanecer no segundo semestre de 2020, podendo se prolingar até 2021.
"Educação é processo gradativo de trabalho, vamos entrar no segundo semestre de 2020 e talvez em 2021 com o ensino híbrido, que são as aulas presenciais e remotas, e as turmas que precisarão ser divididas", relata.
Para Dalila, coordenadora da pesquisa, falta coordenação nacional para dar uma resposta igualitária às redes de ensino. "Falta uma coordenação nacional neste momento. O Ministério da Educação poderia cumprir um papel importante neste sentido. Uma vez que essa situação tenha se instalado, é preciso cuidar para que os problemas sejam solucionados".
Foram cumpridos 17 mandados como resultado da operação conjunta
Com TV Auterosa
A Polícia Civil, a Receita Estadual e o Ministério Público de Minas Gerais cumpriram na manhã desta quarta-feira 14 mandados de busca e apreensão e três de prisão em cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte e de São Paulo. As ordens visam empresários ligados à rede de varejo especializada em eletrodomésticos Ricardo Eletro e são frutos de uma operação contra lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. O fundador da empresa foi preso.
As autoridades estimam que os empresários tenham sido beneficiados em R$ 387 milhões pelas infrações nos últimos cinco anos. Entre os gestores alvos da operação está Ricardo Nunes, fundador da Ricardo Eletro. Parentes do administrador, como o irmão mais novo, Rodrigo Nunes, e a filha mais velha, Laura Nunes, também são suspeitos.
"A empresa já vem omitindo recolhimento de ICMS há quase uma década. Fiscalizamos há muito tempo, e a partir da decisão do STF de novembro de 2019, onde apropriação indébita é crime, iniciamos a operação. A empresa declara o débito que deve, mas não faz os pagamentos. Faz os parcelamentos, mas não cumpria", disse Antônio de Castro Vaz, superintendente regional da Fazenda. Há também a suspeita de ocultação de bens por parte dos empresários.
Em Belo Horizonte, uma mansão no Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul, foi alvo de mandados. Em Contagem, na Região Metropolitana de BH, no Bairro São Mateus, o centro de distribuição da Ricardo Eletro também foi visitado pelas autoridades.
A operação, batizada de “Direto Com o Dono”, também reflete em ordens em Nova Lima, também na Região Metropolitana, e em duas cidades paulistas: Santo André e São Paulo. Segundo a Polícia Civil, Ricardo Nunes foi preso em solo paulistano. Outro suspeito também foi detido em BH, enquanto outro está foragido. A empresa ainda não se manifestou sobre a operação.
A fraude
De acordo com o MPMG, a rede de varejo cobrava dos consumidores, embutido no preço dos produtos, o valor correspondente aos impostos, mas não fazia o repasse. O órgão informou ainda que a empresa se encontra em situação de recuperação extrajudicial, sem condições de arcar com dívidas.
Os bens imóveis de Ricardo Nunes não estão registrados no nome dele, mas de suas filhas, mãe e de um irmão. Ainda segundo a força-tarefa, o crescimento do patrimônio individual do principal sócio ocorreu na mesma época em que os crimes tributários eram praticados, caracterizando lavagem de dinheiro.
Além dos mandados de prisão, a Justiça determinou o sequestro de bens imóveis de Ricardo, avaliados em cerca de R$ 60 milhões, para ressarcir danos causados ao estado de Minas Gerais.