Presidenciáveis não pouparam críticas a ausência do candidato do PSL e a polarização entre PT e a "extrema-direita"; opções de centro se apresentaram como "esperança" para unir o país e sair da crise econômica
Com iG e G1
O último debate entre os candidatos à Presidência da República antes do primeiro turno aconteceu na noite desta quinta-feira (4). O debate na Globo teve a mediação do jornalista Willian Bonner e contou com a presença de Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos(PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede).
O candidato Jair Bolsonaro (PSL), líder das pesquisas de intenção de voto, não participou do debate na Globo . De acordo com a avaliação dos médicos, o nível de estresse da eventual participação no encontro poderia ter reflexos na condição de saúde do presidenciável que recebeu alta no último dia 28.
No entanto, a ausência do presidenciável foi duramente criticada pela maioria dos participantes do debate. Para eles, Bolsonaro "fugiu do embate", "amarelou" e tinha condições de participar já que pode dar entrevista de quase meia hora para uma emissora concorrente, a Record.
A polarização entre os candidatos do PSL e Fernando Haddad também foi um assunto recorrente entre os participantes, com alguns ressaltando a "ameaça da extrema-direita" ou a volta do PT ao poder.
No primeiro bloco, os candidatos, em ordem definida por sorteio, fizeram perguntas entre si com tema livre. O primeiro a perguntar foi Ciro Gomes, que escolheu Marina Silva, questionando a candidata da Rede sobre a polarização política e uma suposta falta de governabilidade do próximo presidente eleito.
“Alguns estão votando por medo do Bolsonaro e outros por medo de Haddad. E essa política do medo vai afundar ainda mais o Brasil na crise. Mas nós temos alternativas para fazer essa escolha” disse Marina. Na réplica, Ciro classificou as palavras de Marina como ´sábias’. “O que está em jogo aqui não é paixão partidária. O que está em jogo é a vida dos brasileiros”, afirmou o pedetista. Em sua tréplica, Marina afirmou que pretende “governar com os melhores”.
Geraldo Alckmin foi o próximo a perguntar, e questionou Fernando Haddad sobre o déficit que o próximo governo terá que assumir. “A política econômica petista levou o Brasil a uma crise sem precedentes. Você pretende manter esse modelo?”, questionou o tucano. Haddad defendeu os governos anteriores e atacou o partido do adversário. “O PSDB se aproximou de Michel Temer para sabotar o governo Dilma e foi isso que levou o País à crise”, retrucou o petista.
Em sua réplica, Alckmin disse que o PT “terceiriza responsabilidades” e lembrou que quem “escolheu” Michel Temer foi o PT e a ex-presidente Dilma Rousseff. “Não acredito nem em PT e nem em Bolsonaro para tirar o Brasil da crise. Precisamos unir o País”, afirmou. Em sua tréplica, Haddad prometeu equilibrar as contas públicas, mas sem tirar direitos dos trabalhadores. “Temos que cortar do andar de cima e não dar privilégios como os que vocês deram ao judiciário”, disse.
Alvaro Dias foi o terceiro a perguntar e escolheu Henrique Meirelles, mas perdeu todo o seu tempo reclamando de não ser convidado para dar entrevista na emissora e falando mal dos governos do PT e do ex-presidente Lula. O emedebista, por sua vez, utilizou seu tempo para falar sobre suas propostas nos setores e economia, segurança e saúde.
Guilherme Boulos escolheu Geraldo Alckmin e o questionou sobre o apoio do seu partido à reforma trabalhista. “Nós somos contra o corporativismo. A reforma trabalhista foi necessária e nenhum direito foi tirado. O Brasil precisa voltar a crescer e precisamos de reformas: política, tributária, reforma do estado”, listou o ex-governador de São Paulo, que prometeu trazer investimentos privados para criar empregos.
O psolista discordou do adversário e atacou auxilio moradia para juízes e juros abusivos de bancos. “Nós temos coragem para revogar essa reforma trabalhista”, prometeu. Em sua tréplica, Alckmin insistiu que a reforma não tirou nenhum direito e está ajudando a criar postos de trabalho.
Henrique Meirelles chamou Ciro Gomes para debater sobre “salvadores da pátria”. Em uma clara referência à Bolsonaro, o ex-ministro da Fazenda lembrou do fracasso do governo Collor. “É o choque entre duas personalidades exuberantes: o lulismo e o anti-lulismo representado pelo Bolsonaro, mas não existe salvador da pátria”, respondeu o pedetista.
Meirelles concordou com o adversário e afirmou que o Brasil precisa de “experiência, competência e propostas concretas”, afirmando que seus trabalhos nos governos Lula e Temer ajudaram a criar 12 milhões de empregos. Ciro propôs limpar o nome dos brasileiros no SPC e fazer uma reforma tributária, taxando mais os mais ricos.
Fernando Haddad chamou Guilherme Boulos para uma dobradinha sobre os cortes de direitos trabalhista governo Temer. O psolista, no entanto, ignorou a pergunta para mencionar a história do regime militar e disse que não quer uma nova ditadura.
Haddad agradeceu a resposta do adversário e também juntou a tangente iniciada pelo psolista com a pergunta inicial. “Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e outros programas importantes não existiriam sem a democracia. Não podemos permitir o corte de direitos”, afirmou.
O último embate do primeiro bloco foi entre Marina Silva e Alvaro Dias. A ex-ministra quis saber quais os atributos são necessários para um governante tirar o Brasil da crise. “A corrupção no País é uma afronta aos 52 milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza”, respondeu o candidato que, novamente, utilizou todo o seu tempo para criticar o que chamou de “roubalheira” dos governos petistas.
Marina disse que acredita que os atributos ideais para um governante são: “Compromisso com a mudança, uma boa equipe, pois não existem salvadores da pátria e coragem moral para combater a corrupção”. A candidata afirmou ainda que é a corrupção que tira dinheiro de áreas como a saúde.
O ex-governador do Paraná concordou e disse quem tem um plano para acabar com o “modelo perverso” do governo brasileiro e ainda alfinetou as candidaturas de Haddad e Bolsonaro. “De um lado uma organização criminosa e do outro a marcha da insensatez”, afirmou.
Segundo bloco de debate na Globo O segundo bloco seguiu os mesmos moldes do primeiro, mas com tema sorteado. Guilherme Boulos pegou o assunto “custo Brasil” e voltou a escolher Geraldo Alckmin. O psolista afirmou que o tucano privilegiaria empresários com isenções fiscais em São Paulo e questionou se ele pretende manter essa política. “Precisamos fazer uma reforma do estado urgentemente. A crise pegou o Brasil inteiro, mas em São Paulo tivemos superávit. Diminuímos imposto de quase tudo, como remédios, alimentos”, disse.
Em sua réplica, Boulos voltou a afirmar que os governos tucanos davam privilégios aos mais ricos. Na tréplica, Alckmin exaltou suas medidas no estado de São Paulo e propôs uma reforma tributária para desburocratizar o pagamento de impostos.
Com o tema “legislação trabalhista”, Marina Silva escolheu Henrique Meirelles e quis saber se o ex-ministro da Fazenda pretende fazer ajustes em pontos polêmicos da reforma trabalhista. O emedebista admitiu que é preciso fazer algumas mudanças e propôs um relacionamento “moderno” entre funcionário e empresa. Marina também prometeu fazer alterações na lei da reforma trabalhista.
Meirelles foi o próximo da ordem do sorteio e chamou Alvaro Dias para debater sobre o tema “saúde”. “O que nós podemos fazer para garantir que as pessoas tenham atendimento rápido e de qualidade?”, perguntou o emedebista. Seguindo seu mote das outras perguntas, Dias disse que a primeira coisa é “não roubar” e voltou a falar sobre casos de corrupção nos governos de Lula, Dilma e Temer. “O SUS que era um grande programa acabou sendo um programa pífio por conta de desvio de verbas”, disse.
Em sua réplica, Meirelles lembrou que não tem nenhum processo. Na tréplica, o ex-governador do Paraná acusou o ex-ministro de ser conivente e citou as delações do ex-ministro Antonio Palocci e do publicitário Marcos Valério.
Com o assunto “gastos públicos” Alvaro Dias escolheu Fernando Haddad e perguntou sobre os casos de corrupção envolvendo a Petrobras. O petista ficou incomodado com o tom do adversário e afirmou que ele estava debochando do debate. "Nossos governos foram os primeiros a colocar o pobre no orçamento”, se defendeu Haddad.
Geraldo Alckmin chamou Marina Silva para debater sobre “transportes”. “Qual sua proposta para diminuir o custo Brasil para ajudar a transportar a produção agrícola?”, questionou o ex-governador de São Paulo. A candidata da Rede prometeu investir em infraestrutura e, principalmente em ferrovias e hidrovias. “A infraestrutura gera empregos, gera renda, mas tem que ser sustentável”, analisou.
Em sua réplica, Alckmin também prometeu ferrovias, além de hidrovias na região norte. O candidato ainda falou que, em seu governo, o Brasil se tornará o maior produtor de grãos e proteína animal do mundo. Marina lembrou de seu trabalho como ministra do Meio Ambiente e da construção da BR-163, que vai do Pará ao Rio Grande do Sul.
Antes da próxima pergunta, Henrique Meirelles teve direito de resposta concedido após ser chamado de “cúmplice de corrupção” por Alvaro Dias. Ele teve um minuto e voltou a se afirmar como candidato ficha-limpa.
Fernando Haddad pegou o tema “meio-ambiente” e, por conta das regras, foi obrigado a enfrentar Ciro Gomes. O candidato do PT perguntou como o adversário pretende equilibrar o agronegócio com o desenvolvimento sustentável. Ciro elogiou sua companheira de chapa, a senadora Katia Abreu, que é uma das líderes históricas da bancada ruralista. Ele também lembrou que já trabalhou com Marina Silva e propôs atividades alternativas na produção rural.
Em sua réplica, Haddad disse que é preciso sobretaxar e desapropriar terras improdutivas. “Os ruralistas modernos estão produzindo, mas os ruralistas arcaicos não estão”, atacou o petista. Em sua tréplica, o pedetista afirmou que o PT teve 14 anos para unir o Brasil, mas fracassou.
Na pergunta final do bloco, Ciro ficou com o tema “combate às drogas” e perguntou para Guilherme Boulos sobre como diminuir a população carcerária do País. “Essa ideia de que usuário de droga tem que ser tratado com porrada e com prisão tem que ser superada”, disse o psolista, que atacou as propostas de segurança de Bolsonaro e propôs tratar o vício em substâncias químicas como um problema de saúde pública.
Em sua réplica, Ciro também atacou Bolsonaro e afirmou que o candidato quer liberar as armas para que a indústria do setor lucre. “Eu queria tirar a máscara dele aqui, mas ele se ausentou do debate”, alfinetou o ex-governador do Ceará.
Terceiro bloco do debate na Globo
O bloco seguinte teve as mesmas regras do primeiro bloco, com temática livre, mas com cada candidato podendo responder até duas perguntas. Marina Silva foi a primeira e questionou Fernando Haddad sobre a alta rejeição de sua candidatura e se ele faz alguma autocritica. “Faria essa pergunta para o candidato Bolsonaro, mas ele mais uma vez amarelou, deu uma entrevista para outra emissora e não está aqui debatendo conosco”, alfinetou
“Eu estou concorrendo aqui numa situação atípica, já o que o líder das pesquisas, o ex-presidente Lula, foi impedido de concorrer por uma decisão arbitrária da Justiça”, se defende o petista, que utilizou o restante de seu tempo para elogiar o ex-presidente e os governos petistas.
Na réplica, a ex-ministra subiu o tom. “Você é incapaz de reconhecer os erros. O Brasil está à beira de ir para um esgarçamento sem volta entre sua candidatura e a de Bolsonaro e vocês não estão pensando em projeto de país, mas em projeto de poder”, disparou. Em sua tréplica, Haddad voltou a ficar na defensiva e fez elogios ao seu trabalho na educação.
Henrique Meirelles chamou Ciro Gomes e perguntou qual o projeto do ex-governador sobre como zerar a fila de creches para crianças carentes. “Minha proposta é fazer creches integrais para crianças de 0 a 3 anos”, disse o candidato.
Meirelles, por sua vez, falou sobre o programa Procriança, uma extensão do Prouni onde crianças mais pobres poderiam utilizar creches particulares sem custo. Ciro lembrou que seu programa de creches no Ceará fez com que ele recebesse um prêmio na Organização das Nações Unidas (ONU) pelo seu trabalho contra a mortalidade infantil.
Ciro e Meirelles ficaram frente a frente novamente, desta vez, para atacar a ausência de Jair Bolsonaro. “Deu uma entrevista longa e não está aqui”, disse Ciro Gomes. “Quem quer ser presidente tem que enfrentar intempéries”, completou Meirelles. Ciro ainda atacou o vice de Bolsonaro, General Mourão e as frequentes brigas internas na chapa do candidato do PSL. “O Brasil não precisa de outra aventura”, disse Meirelles na tréplica.
Alvaro Dias foi o próximo a perguntar e escolheu Geraldo Alckmin. Após mais ataques ao PT, o candidato do Podemos questionou o tucano sobre seu projeto para mudar o sistema de governo do Brasil. Alckmin voltou a afirmar que o PT terceiriza responsabilidades, mas disse que o caminho não pode ser o dos “radicais de direita”. “Não respeitam os trabalhadores, não respeitam as mulheres. É preciso combater os extremos”, disse o ex-governador.
Em sua réplica, Dias afirmou que era preciso parar de discutir “assuntos periféricos” e focar na corrupção. Na tréplica, Alckmin voltou a prometer uma reforma política e a diminuição do número de partidos políticos.
Novamente, Haddad escolheu Guilherme Boulos e perguntou a proposta do psolista para o ensino médio. “Precisamos retomar o investimento em educação e o primeiro passo é revogar a PEC do Teto de Gastos”, sugeriu o psolista, que ainda prometeu a implementação de tecnologia nas escolas e revogar a reforma do ensino médio feita pelo governo Temer.
Em sua réplica, Haddad prometeu auxiliar as escolas estaduais com o modelo implementando nas escolas federais, militares, Sesi e Senai. Na tréplica, Boulos criticou os investimentos públicos nos financiamentos estudantis e propôs mais vagas em universidades públicas.
No embate final do bloco, Geraldo Alckmin chamou Marina Silva e quis saber a proposta da candidata para lidar com a segurança pública. “Nossa propostas é um sistema único de segurança pública. Com investimento em inteligência, equipamento e policiais melhor remunerados para combater o crime organizado”, explicou a candidata da Rede.
Alckmin citou números de seu governo em São Paulo, afirmando que o número de homicídios, especialmente de jovens e negros, caiu muito no estado. “Vamos aperfeiçoar o código penal” prometeu o tucano.
Quarto bloco no debate na Globo
No quarto bloco, o tema das perguntas voltou a ser sorteado, com os candidatos podendo responder até duas vezes. Com o tema “Previdência” Haddad escolheu Ciro Gomes e perguntou a opinião do adversário sobre a reforma proposta pelo governo de Michel Temer. “É uma aberração. Um trabalhador rural do nordeste não pode ter o mesmo tempo de aposentadoria que um trabalhador intelectual do Leblon ou da Avenida Paulista. E o Bolsonaro quer a mesma coisa. Aliás, o Bolsonaro não, o Paulo Guedes” afirmou o ex-governador do Ceará, que propôs uma nova reforma.
Haddad concordou. “Não dá pra ter a mesma regra pra todo mundo”, afirmou o petista. Ciro relembrou que quatro das cinco maiores centrais sindicais do País estão com ele e disse que tem se reunido com os trabalhadores para montar uma proposta mais justa. “O maior problema do Brasil é a desigualdade”, completou Ciro.
O pedetista foi o próximo a perguntar e chamou Henrique Meirelles para debater sobre segurança para as mulheres. “Para defender as mulheres, precisamos melhorar a segurança de todos. Precisamos de um sistema de segurança unificado e de mais recursos para aumentar o efetivo”, propôs.
Com o tema “políticas sociais” Meirelles escolheu Geraldo Alckmin e perguntou a proposta do tucano para reforçar as políticas sociais e para que menos pessoas precisem do Bolsa Família. “Só temos um jeito, que é recuperar a economia e criar empregos e, para que isso aconteça, as reformas são necessárias”, explicou o ex-governador de São Paulo, que elogiou o Bolsa Família.
Meirelles prometeu uma “política econômica bem sucedida” e voltou a lembrar de seus trabalhos no Banco Central e como ministro da Fazenda.
Com o tema “saneamento”, Boulos perguntou para Geraldo Alckmin se ele considerava o saneamento básico um negócio ou um direito. “Saneamento básico é essencial para a saúde da nossa população. Hoje, o governo tributa as empresas de água e esgoto. Nós vamos devolver esse dinheiro para colocar água e tratar o esgoto da casa das pessoas”, explicou.
Alckmin e Alvaro Dias debateram sobre educação, com o tucano prometendo zerar a fila das pré-escolas. Depois, Marina Silva chamou Guilherme Boulos para debater sobre impostos. Os dois candidatos concordaram que as classes mais pobres no País pagam muitos impostos.
Com o tema “corrupção”, Alvaro Dias chamou Fernando Haddad e afirmou que existe uma “conspiração com a Operação Lava Jato”, depois perguntou o que aconteceria com a operação em um eventual governo petista. “Nós vamos fazer o um governo tem que fazer, que é fortalecer os meios de combate à corrupção. Foi o que sempre fizemos”, explicou o ex-prefeito de São Paulo.
Em sua réplica, Dias disse que o adversário soltava “palavras ao vento”, uma vez que defendia que a prisão do ex-presidente Lula é injusta. “Temos provas cabais, primeira e segunda instância. Não podemos acreditar que alguém que diz isso vai impor rigor no combate à corrupção”, atacou. Haddad não falou sobre o ex-presidente, mas lembrou que a Lei da Ficha Limpa foi aprovada durante os governos petistas.
Em ordem definida por sorteio, os candidatos tiveram um minuto para as considerações finais. Alckmin agradeceu à população brasileira e pediu o voto da população para fugir do “radicalismo, do ódio e do preconceito”. Alvaro Dias também agradeceu e voltou a clamar pelo combate à corrupção, dizendo que essa foi sua luta durante toda sua vida política. Ciro Gomes afirmou que o Brasil está parado há quatro anos. “Essa divisão só vai aprofundar a crise no Brasil”, disse o pedetista sobre Bolsonaro e Haddad na frente nas pesquisas.
Henrique Meirelles pediu para que os eleitores comparassem competência e história e voltou a se afirmar como ficha-limpa. “Ódio não gera emprego”, disse o ex-ministro. Fernando Haddad disse que vai oferecer trabalho e educação para todos, “sobretudo para quem mais precisa”. Marina Silva atacou o “caminho do ódio, das mentiras e das falsas promessas” e se apresentou como uma “pacificadora”. Último a falar no debate na Globo , Guilherme Boulos também clamou para que as pessoas “não votem com ódio, mas com esperança”.
Sem marqueteiro, campanha de Bolsonaro (PSL) se apoia em rede fora e dentro da internet para ampliar liderança
Da Redação
As verbas secaram, o tempo encurtou, a tecnologia mudou, e a campanha eleitoral de 2018 se consolida como aquela em que a era dos marqueteiros-estrelas foi atropelada pelo "marketing zero".
Líder nas intenções de voto, com 32%, segundo o Datafolha desta segunda (1º), Jair Bolsonaro (PSL) nem marqueteiro tem. Com tempo ínfimo na TV, o próprio candidato, seus filhos e o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, decidem a estratégia de comunicação.
É uma campanha "amadora", segundo o candidato a vice, Hamilton Mourão.
O acesso dos eleitores a redes sociais ajuda a entender melhor essa mudança: 81% dos eleitores do capitão reformado têm acesso a elas, segundo o Datafolha, acima da média nacional (68%).
Entre os eleitores de Fernando Haddad (PT), só 59% acessam as redes. A parcela sobe a 72% entre os de Ciro Gomes (PDT), mas volta a ficar abaixo da média para Geraldo Alckmin (PSDB) com 53%, e Marina Silva (Rede), 60%.
A diferença é expressiva também no uso do WhatsApp, apontada por especialistas como a mais poderosa (e perigosa) rede social, por ser muito difícil de monitorar. Ataques a concorrentes e notícias falsas podem se disseminar com rapidez sem a possibilidade de direito de resposta ou reações.
São 79% os eleitores de Bolsonaro que usam o WhatsApp, e 40% compartilham por ali notícias sobre a eleição. Entre seus principais concorrentes, o que chega mais perto é Ciro, com 71% dos eleitores —mas apenas 20% usam a rede para a política.
"Nunca o marketing foi tão insignificante. Não fez diferença nenhuma o tipo de profissional, sua capacidade ou estratégia", diz o publicitário Bob Vieira da Costa, especialista em comunicação pública.
A questão não é apenas de plataforma, mas de conteúdo. Desde o começo do ano, pesquisas qualitativas mostravam descrença do eleitor nos políticos e nas promessas de governo. "Não é um processo comum, que um marqueteiro consegue corrigir."
As pesquisas, segundo o publicitário, mostravam um eleitor à procura de "atitude": "Uma demonstração mais eloquente de compromisso e disposição".
No diagnóstico de analistas e profissionais da área, há menos razão e mais emoção nesta eleição. Há também menos espaço para erro numa campanha "de uma onda só", em oposição às anteriores, de "duas ondas". A duração caiu à metade — de 90 para 45 dias— e os comerciais na TV ocupam 35 dias, e não mais 45. É preciso definir logo o rumo e corrigir rotas muito rapidamente.
O tempo dos programas encolheu, e quase metade dos eleitores (49%) diz não ter interesse no horário eleitoral, segundo o Datafolha.
Mesmo as inserções publicitárias, apostas dos marqueteiros para atingir mais audiência, não têm correlação com as intenções de voto nestas eleições. Com apenas um comercial a cada três dias, Bolsonaro nunca teve menos que 20% das intenções de voto, enquanto Alckmin, com 12 inserções de 30 segundos por dia, não ultrapassou 10%.
"Não adianta ter tempo maior se não comunicar o que as pessoas esperam ouvir", diz Vieira da Costa.
"Com o encolhimento da TV, o marketing volta a ter cinco pernas, e não apenas uma superatrofiada", diz o consultor político Gaudêncio Torquato. Segundo ele, nas campanhas passadas marqueteiros como João Santana e Duda Mendonça eram considerados tão ou mais importantes que os próprios candidatos.
"Faziam grandes produções com recursos cinematográficos, uma verdadeira mistificação. O candidato passava os dias dentro do estúdio."
Os escândalos do mensalão e da Lava Jato arranharam a imagem da função, a ponto de quatro ex-marqueteiros ouvidos pela reportagem preferirem não ser identificados.
Regras de financiamento eleitoral aprovadas em 2017 ajudaram emagrecer a perna da comunicação, porque tornaram inviáveis superproduções e os salários pagos em eleições anteriores.
No máximo, cada candidato a presidente pode gastar no primeiro turno R$ 70 milhões —incluindo todas as atividades, como publicidade, aluguel, transporte, alimentação etc. É o equivalente ao que um único marqueteiro diz ter recebido em 2014: João Santana, responsável pela campanha de Dilma Rousseff (PT).
Os envolvidos neste ano não declaram valores, mas profissionais da área falam em honorários de cerca de R$ 1 milhão —menos de 2% do que ganhou Santana em 2014.
Avanços tecnológicos permitiram uma campanha mais barata. Em vez de equipes de TV com equipamento caro e cinco pessoas (repórter, cinegrafista, assistente de áudio, de luz e motorista), há campanhas feitas só com celular.
Desapareceram as longas temporadas em estúdios, com comida e bebida 24 horas por dia e centenas de pessoas.
Por outro lado, diz Torquato, cresce a relevância relativa das outras quatro pernas: a análise de pesquisas, o posicionamento do discurso, a elaboração de propostas e a articulação social e mobilização de massa.
Funções que antes eram segmentadas hoje se integraram. Filmes feitos nas ruas são usados na TV e nas redes sociais. Analistas e concorrentes reconhecem o sucesso da estratégia de Bolsonaro na internet, mas afirmam que ela não deve ser superestimada. "Sem atitude, as redes ficam mornas, chochas. Ninguém vai se manifestar sobre aquilo que não mobiliza. Fica sem combustível", diz Vieira da Costa.
Outros limites das redes sociais, segundo marqueteiros, é que elas são mais úteis para destruir que para construir e pregam para convertidos.
O segredo de Bolsonaro foi consolidar uma rede de apoiadores fora da internet. Como outras decisões da campanha, não foi um trabalho de profissional de marketing, mas do núcleo próximo do candidato.
Essa articulação no mundo real — com sindicatos e movimentos sociais — ajudou partidos como o PT e o PDT a ampliar sua bolha, dizem analistas.
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO) lançou processo para seleção de professores supervisores, na condição de bolsista e formação de cadastro de reserva, para atuarem no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência do Instituto Federal do Tocantins (Pibid/Capes 2018)
Por Abrão de Sousa
A Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esporte (Seduc) aderiu ao Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Após a adesão, a Seduc fez a habilitação das unidades escolares ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid).
As inscrições podem ser solicitadas entre os dias 8 e 9 de outubro. O interessado deve protocolar a inscrição acompanhada de todos os documentos comprobatórios, conforme o Edital de seleção. A inscrição pode ser feita por procurador legalmente constituído para esta função, ou pelo candidato, no Campus onde o subprojeto pretendido será realizado, via protocolo.
O Pibid visa ao desenvolvimento de projetos de iniciação à docência nos cursos de licenciatura em regime de colaboração com as redes de ensino públicas, municipal e estadual. As licenciaturas contempladas nesse processo seletivo são os cursos de Teatro do campus Gurupi; Letras, Educação Física e Matemática do Campus Palmas; e Química e Matemática do Campus Paraíso do Tocantins.
Professor Supervisor é o professor da educação básica das redes públicas de ensino, responsáveis pelo acompanhamento dos estudantes de iniciação à docência na escola. Os responsáveis pelo processo seletivo são uma equipe do IFTO, que tem previsão de divulgar o resultado no dia 20 de outubro.
As informações completas podem ser conferidas no Edital N.º 64/2018/REI/IFTO, de 2 de outubro de 2018, em:
http://www.ifto.edu.br/ifto/reitoria/pro-reitorias/proen/seletivos/processo-seletivo/ccc
Últimas pesquisas mostram crescimento do candidato do PSL e esquerda une esforços para que derrota não venha já no próximo domingo
Edson Rodrigues e Luciano Moreira
Com duas pesquisas apontando crescimento nas intenções de votos de Jair Bolsonaro (PSL), os investidores reforçaram as apostas na vitória do candidato. Desde a abertura dos negócios desta quarta-feira (03/10), o dólar apontou para baixo, e, por volta das 11h25, era negociado a R$ 3,84, com baixa de 2,36%. Já o Ibovespa, o principal índice de lucratividade das ações mais negociadas no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), mostrava valorização superior a 3%, nos 84.133 pontos.
Bolsonaro não é o candidato dos sonhos do mercado financeiro. Contudo, entre ele e Fernando Haddad, os donos do dinheiro preferem a política mais liberal do capitão da reserva, representada pelo economista Paulo Guedes, que, há mais de 30 anos, tenta fazer parte de uma equipe econômica, mas não consegue.
Se vencer no primeiro turno, Bolsonaro quebrará um jejum que não se vê desde a eleição de Fernando Henrique Cardoso. Os adversários de Bolsonaro acreditam que o voto útil levará a eleição para o segundo turno. Apostam que os eleitores se darão mais um tempo para avaliar o que realmente é melhor para o Brasil.
PRIMEIRO TURNO
Quem rejeita tanto Jair Bolsonaro (PSL) quanto Fernando Haddad (PT) está preocupado com duas coisas: que a polarização leve o capitão da reserva à vitória ainda no primeiro turno ou se exaspere ainda mais em um segundo turno entre os atuais líderes nas pesquisas. O Ibope divulgado ontem (3) mostra que quase nada mudou desde segunda-feira: Bolsonaro (32%), Haddad (23%), Ciro Gomes (10%), Geraldo Alckmin (7%) e Marina Silva (4%).
Na prática, esses três últimos candidatos já agem em uníssono como alternativa à polarização. Agora, ganha força na internet a ideia de Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB) abrirem mão da candidatura em apoio a Ciro (PDT). Só tem um problema: mesmo se a ideia for para frente, mesmo se os eleitores toparem migrar de voto, há bem poucas chances de que o número suficiente deles fique sabendo em quem votar, já que o tempo é curto até domingo (7).
Por recomendação médica, Bolsonaro não deve participar do derradeiro debate do primeiro turno, que acontece hoje (4) à noite na TV Globo. A equipe de jornalistas de colunistas da Gazeta do Povo vai comentar em tempo real e depois em vídeo.
Haddad sabe que o segundo turno já está acontecendo. Pela primeira vez desde que entrou em campo, está indo pra cima do primeiro colocado. Quer bater forte, mas corre o risco de já perder de vez, POIS Não existe explicação fácil para o crescimento de Bolsonaro após ele ser atacado por adversários. Ao partir para o ataque, Haddad corre o risco de alimentar os pontos fortes da campanha de Bolsonaro: a sensação entre o eleitorado de que ele é a representação do antipetismo, da anticorrupção e do contra o politicamente correto. No fim, o grande erro das candidaturas de centro foi ter considerado Bolsonaro um fenômeno passageiro que poderia ser derrotado com discursos tradicionais, e não um efeito de como o sistema político se comportou nos últimos anos.
Bolsonaro, que não é bobo, revida: voltou a colar em Haddad a pecha de criador do kit gay, uma gota no oceano de razões que o eleitorado evangélico tem para estar do lado do deputado.
IBOPE: BOLSONARO VAI A 32%; HADDAD AVANÇA 2 PONTOS E TEM 23%
Em seguida vêm Ciro Gomes (PDT), com 10%; Geraldo Alckmin (PSDB), com 7%; e Marina Silva (Rede), com 4%
O Ibope divulgou nesta quarta-feira, 3, novos números de intenção de voto para a disputa pela Presidência da República em 2018. A quatro dias da votação do primeiro turno, a pesquisa mostra que o candidato do PSL ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro, se mantém na liderança na corrida presidencial. Ele chegou a 32% da preferência do eleitorado, crescimento de 1 ponto porcentual em relação ao último levantamento, divulgado na segunda-feira 1º. O segundo colocado, Fernando Haddad (PT), passou de 21% para 23%.
As variações de Bolsonaro e Haddad se deram dentro da margem de erro, que é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos. A diferença entre ambos era de 10 pontos e agora é de 9 pontos porcentuais.
Ciro Gomes (PDT), com 10% na nova pesquisa, e Geraldo Alckmin (PSDB), com 7%, continuam empatados tecnicamente em terceiro lugar dentro da margem de erro. No Ibope anterior, Ciro tinha 11% e Alckmin, 8%. Marina Silva (Rede) se manteve com 4%.
João Amoêdo (Novo) e Henrique Meirelles têm 2% cada na pesquisa de hoje; Alvaro Dias (Podemos) e Cabo Daciolo (Patriota), 1% cada um; Guilherme Boulos (PSOL), Vera Lúcia (PSTU), José Maria Eymael (DC) e João Goulart Filho (PPL) não pontuaram. Brancos e nulos somam 11% e indecisos, 6%.
Encomendada pelo jornal O Estado de S. Paulo e a TV Globo, a nova pesquisa Ibope ouviu 3010 eleitores entre os dias 1º e 2 de outubro. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-08245/2018. O nível de confiança da pesquisa é de 95%.
Ainda de acordo com o levantamento, Geraldo Alckmin (PSDB) aparece com 7%; Marina Silva da Rede se manteve com 4%
Por iG São Paulo
A mais recente pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira (3) traz o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, com 32% das intenções de voto, seguido por Fernando Haddad (PT) com 23%, Ciro Gomes (PDT) 10% e Geraldo Alckmin (PSDB) 7%. Marina Silva da Rede se manteve com 4%.
Os principais candidatos oscilaram dentro da margem de erro em comparação à pesquisa Ibope anterior, divulgada nessa segunda-feira (1). Bolsonaro e Haddad subiram um e dois pontos, respectivamente. Ciro e Alckmin perderam um ponto cada um. Veja a preferência dos eleitores para cada candidato:
Jair Bolsonaro (PSL): 32%
Fernando Haddad (PT): 23%
Ciro Gomes (PDT): 10%
Geraldo Alckmin (PSDB): 7%
Marina Silva (Rede): 4%
João Amoêdo (Novo): 2%
Henrique Meirelles (MDB): 2%
Alvaro Dias (Podemos): 1%
Cabo Daciolo (Patriota): 1%
Guilherme Boulos (PSOL): 0%
Vera Lúcia (PSTU): 0%
João Goulart Filho (PPL): 0%
Eymael (DC): 0%
Branco/nulos: 11%
Não sabe/não respondeu: 6%
Em votos válidos, sem considerar os brancos e nulos, o levantamento aponta que a diferença entre os dois primeiros candidatos é de 38% e 28%. Confira:
Jair Bolsonaro (PSL): 38%
Fernando Haddad (PT): 28%
Ciro Gomes (PDT): 12%
Geraldo Alckmin (PSDB): 8%
Marina Silva (Rede): 4%
João Amoêdo (Novo): 3%
Henrique Meirelles (MDB): 2%
Alvaro Dias (Podemos): 2%
Cabo Daciolo (Patriota): 2%
Guilherme Boulos (PSOL): 1%
Vera Lúcia (PSTU): 0%
João Goulart Filho (PPL): 0%
Eymael (DC): 0%
Os números indicam um segundo turno entre os candidatos do PSL e do PT, já que a eleição só é decidida no primeiro turno quando um presidenciável tem 50% mais um dos votos válidos. Nesse cenário, o Ibope aponta um empate técnico: Haddad tem 43% e Bolsonaro com 41%.
O instituto também testou um segundo turno entre Bolsonaro e outros três candidatos. Ciro Gomes é o único que ganha sem empatar tecnicamente, com placar de 46% x 39% . Alckmin tem ligeira vantagem, mas fica empatado tecnicamente com o candidato do PSL, com placar de 41% x 40%. Já Marina perde para o deputado federal de 43% x 39%.
Os dois líderes das pesquisa também lideram a disputa quando o assunto é o índice de rejeição: 42% dos eleitores não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro, e 37% em seu principal adversário
A pesquisa Ibope ouviu 3.010 eleitores, em 209 municípios, entre os dias 1º e 2 de outubro. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. O levantamento foi encomendado pelo Jornal Estado de São Paulo e TV Globo.