Após 9 meses de internação, Justiça extingue pena e solta menor que matou policial
Em 3 de junho de 2013, o policial civil Luiz Cláudio Fonseca Perrota levava a esposa, grávida de três meses, para o trabalho quando seu carro, um Peugeot 207, foi interceptado por um Fox no bairro de Marechal Hermes, no subúrbio carioca. A reação instintiva teve um desfecho trágico e o inspetor de 50 anos morreu com um tiro na boca. Perrota engrossou uma estatística alarmante: a de policiais mortos em tentativas de assalto no Rio de Janeiro - somente neste mês, oito foram executados lutando pela própria vida. Um dos assassinos do inspetor foi preso 24 horas mais tarde. Roberto Alves dos Santos, o Bigu, tinha 29 anos e uma ficha com anotações de homicídio, tráfico, ameaça e porte ilegal de armas. Mesmo assim, nove dias antes do crime ele conseguiu um dos muitos benefícios da lei e foi colocado em liberdade. O menor que o acompanhava, porém, escapou. Até ser apreendido em julho do ano passado. Condenado a cumprir medida socioeducativa, R. J. A., de 17 anos, passou menos de nove meses dentro do Educandário Santo Expedito, em Bangu (RJ). No último dia 13, durante o mutirão judicial para reavaliar menores infratores que superlotam a unidade, o adolescente também ganhou outro benefício da lei, este bem mais significante: sua pena pelo assassinato do policial foi extinta e, assim, R. saiu pela porta da frente.
Enquanto o Congresso Nacional retoma o debate sobre a redução da maioridade penal, a Coordenadoria Judiciária de Articulação das Varas da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) implantou um mutirão que beneficiou 54 menores infratores em 56 possíveis, como mostra a reportagem de VEJA desta semana. Em reavaliações feitas nos dias 6 e 13 de abril, eles conseguiram a extinção das penas ou medidas mais brandas, o que revoltou o Ministério Público: "Inúmeras irregularidades estão sendo cometidas com o único escopo de esvaziar essas unidades superlotadas. Estamos presenciando um verdadeiro Tribunal de Exceção contra a sociedade", afirmam, em nota, promotores do Centro de Apoio Operacional da Infância.
A decisão de fazer um mutirão de reavaliação dos casos partiu do desembargador Siro Darlan, chefe da coordenadoria do TJ-RJ, durante uma visita que fez ao mesmo Educandário Santo Expedito, onde, cinco dias antes, houve uma rebelião e quatro pastores evangélicos foram feitos reféns. A confusão começou com uma tentativa de fuga. Na ocasião, 310 internos superlotavam a unidade com capacidade para noventa menores infratores. Para realizar as audiências a toque de caixa foi escolhida a juíza da 7ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, Cristiana Faria Cordeiro. Ela classifica o posicionamento do MP como desumano e garante: "Todas as decisões foram tomadas obedecendo as orientações e pareceres da equipe técnica que trabalha com esses internos na unidade".
O site de VEJA teve acesso a outros casos questionáveis. Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o menor infrator tem direito a uma reavaliação a cada seis meses. O ladrão de carros Adriano Augusto da Silva, no entanto, fugiu a esta regra. Ele foi apreendido em 2013 depois de dar tiros em um veículo que tentara roubar na Barra da Tijuca. O rapaz chegou a ser reavaliado pelo juiz da 2ª Vara da Infância no último dia 7 de abril e teve a internação mantida. Na semana seguinte, dia 13, também ganhou a extinção de pena, sob o argumento de que já havia atingido a maioridade. O detalhe é que Adriano completou 18 anos no dia 27 de fevereiro, ou seja, antes da reavaliação anterior que o havia mantido internado.
Essas medidas que o MP classifica como descalabro também beneficiaram T. O. S., que em novembro de 2012 estuprou a bisavó em São Gonçalo (RJ) e um traficante da região oceânica de Niterói (RJ) que matou um outro rapaz que devia 3.000 reais na sua boca de fumo. Lucas Gonçalves dos Santos Norte foi capturado em 20 de junho do ano passado. Ele era procurado por assaltos na região de Queimados, na Baixada Fluminense, até que, numa crise de ciúmes, matou a namorada de 13 anos a facadas. Ela estava grávida e o então adolescente desconfiava que não fosse o pai.
O embate entre MP e o judiciário deve ter novos capítulos. A próxima sessão do mutirão está marcada para o dia 27 deste mês. Mas um encontro do último dia 30 de março causou ainda mais mal estar entre os promotores. Neste dia, a juíza Cristiana Cordeiro ouviu 170 menores infratores. O MP não estava presente e, agora, faz um levantamento para tentar descobrir quantos desses casos analisados tiveram novas decisões. "O MP é o fiscal da lei e tinha que estar fiscalizando as muitas irregularidades que existem, inclusive, nas unidades superlotadas que abrigam esses menores. Mas em vez de fazer isso, entrou na Justiça pedindo para não trabalhar [a ação é contrária ao mutirão da forma que vem sendo feito]. Nunca vi um funcionário público pedir, na Justiça, para não trabalhar", dispara o desembargador Siro Darlan.
Está claro que é preciso encontrar soluções para que menores (e maiores) não fiquem amontoados e em condições sub-humanas dentro de unidades prisionais no Brasil. No Rio, em um Termo de Ajustamento de Conduta firmado em 2006 com o Ministério Público, o governo estadual se comprometeu a construir quatro novas unidades de internação para menores infratores. Até hoje, apenas duas foram erguidas, uma em Campos, região norte do Estado, e outra em Volta Redonda, região sul, - nesta última, as grades eram tão frágeis que foram arrancadas com as mãos dos alojamentos durante um motim.
Uma pesquisa do Instituto Datafolha divulgada semana passada revelou que 87% dos brasileiros são favoráveis à redução da maioridade penal para 16 anos. Em meio ao mutirão da Justiça do Rio e das discussões dos deputados em Brasília (DF), a julgar pelo ritmo adotado pelo judiciário, até o fim do ano as poucas unidades que abrigam menores infratores certamente estarão menos desconfortáveis para os mais de 700 adolescentes que, em média, são apreendidos cometendo crimes todos os meses.
Por Edson Rodrigues
Altos e baixos
O Brasil passa por um momento severo e inédito quanto à credibilidade da classe política. Pesquisa recente do Ibope revela que 97% dos brasileiros não acreditam nos políticos. O País nunca enfrentou uma situação semelhante, que, todos sabem, é impulsionada pelos incontáveis escândalos de corrupção envolvendo políticos, principalmente, os do PT, que governa o Brasil.
Infelizmente, na semana que passou, fatos semelhantes aos que embaraçam o governo federal tiveram lugar no Tocantins, com troca de agressões verbais entre membros dos Legislativos estadual e municipal da capital. Agressões e acusações que não pouparam nem mesmo as famílias dos envolvidos, prática de extremo mau gosto e de despreparo dos envolvidos.
Vale lembrar que no Tocantins, a característica principal de sua política é a harmonia e o debate de ideias, o que reforça o espanto com o verdadeiro “circo de horrores” protagonizado por alguns membros da Assembleia Legislativa do Estado e da Câmara Municipal de Palmas.
Em um momento de tanta fragilidade dos valores políticos no Brasil, o Tocantins não pode chamar a atenção para si como mais um palco de politicagem do mais baixo nível.
Impressiona o fato dos participantes dessa troca de acusações rasas já posaram juntos como amigos, tendo suas famílias como pano de fundo da “amizade”.
Em respeito aos cidadãos e, principalmente, aos valores das famílias tocantinenses, O Paralelo 13 clama para que os personagens desse “circo” usem a semana de descanso proporcionada pelos feriados que vêm por aí, como travesseiro de reflexões, para que voltam a exercer seus verdadeiros papéis de legisladores e resgatem, no fundo de suas almas, o espírito da boa política, se espelhando nos presidentes das duas Casas de Leis, que tanto buscam o bom jogo político.
As críticas ao governo do prefeito de Palmas, Carlos Amastha, oriundas da Assembleia Legislativa, precisam, urgentemente, procurar um embasamento sólido em provas.
É certo que Amastha ainda não tem nenhuma grande obra que possa ser considerada a marca de sua administração. Acreditamos que seu VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos), não seja passe de um factoide eleitoreiro, salientando que a crise econômica do País obrigou o prefeito de Goiânia a buscar recursos para o seu VLT no Japão.
A realização dessa obra, por parte do governo da capital, exige a ação de um grande administrador. Analisando a inexistência de denúncias de corrupção em seu governo, Amastha ainda tem o voto (frágil) de confiança dos seus eleitores e o deputado estadual que o acusa, precisa mostrar as provas – se é que as tem – para provocar ações do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado.
O OUTRO LADO DA MOEDA
Simpatizantes e partidários de Carlos Amastha comentam que as críticas que vem recebendo teriam origem em pessoas que perderam suas “boquinhas” na prefeitura e, por falta de “tetas para mamar”, abrem a boca para alardear factoides.
Eles comentam que a população tem consciência para avaliar o que é verdade e o que não passa de falácia e que foi esse mesmo povo quem colocou tanto Amastha quanto os críticos em cargos eletivos. Usar esses cargos para benefício próprio e, não para representar verdadeiramente o povo, é um “tiro de bazuca no pé”: “eles estão lá para trabalhar pelo povo e, não para tentar tirar vantagens de seus cargos públicos”, teria dito alguém.
OS “PMDBS” TOCANTINENSES
Um dos partidos que mais lutou pelas liberdades do povo, pela democracia, pela nova Constituição – que criou o Tocantins – e que tem como símbolo um homem da monta de Ulysses Guimarães, encontra-se, hoje, com seu braço tocantinenses sob intervenção por tempo indeterminado.
Comentamos esta semana sobre a posição incômoda do governador Marcelo Miranda no partido, enquanto o poder decisório estiver nas mãos da senadora e ministra Kátia Abreu. A novidade é que o deputado estadual Nilton Franco defendeu uma imediata eleição no Diretório Estadual do partido que, segundo ele, precisa fortalecer o grupo sediado no Palácio Araguaia.
No nosso ponto de vista, essa atitude de Franco nada mais é que uma tentativa, sem baseamento, de afrontar a liderança de Kátia Abreu sobre o partido, já que a ministra está umbilicalmente ligada ao vice-presidente da república e articulador político do Palácio do Planalto, Michel Temmer.
O que se vê, hoje, é que a cada dia que passa o grupo peemedebista sediado no Palácio Araguaia vem perdendo poder e representatividade junto à cúpula nacional do partido.
Toda essa movimentação, na verdade, tem como objetivo tentar confundir a escolha dos nomes do partido para a disputa para prefeito e vereador no ano que vem, já que, com o atual panorama do PMDB, a escolha desses nomes será feita, mesmo, pelo grupo comandado por Kátia Abreu.
A continuar assim, restam a Marcelo Miranda dois caminhos: ou se junta á Kátia Abreu ou deixa a legenda. Ainda mais depois que vem sendo cogitada pela cúpula do partido no Tocantins a possibilidade de, sem entendimento até setembro, boa parte dos quadros do PMDB se filiar ao PV, da vice-governadora Cláudia Lelis para, nos seus municípios, terem condições de se candidatar a prefeito ou a vereador, coisa que não poderão fazer caso Kátia continue no comando.
AÇÕES
Diante dos fatos que mostramos aqui, o governo do Estado, para tentar mobilizar apoios, bateu o martelo com o Sisepe sobre o pagamento retroativo, em parcelas, das progressões dos servidores públicos, envolvendo nas mesmas negociações os servidores da saúde e da polícia civil, que também receberão retroativos. Alguns analistas veem essa movimentação como uma tentativa de garantir apoio político na região do Bico do Papagaio.
CARGOS E PARENTES
O que nos chama a atenção, é que toda semana o Tribunal de Contas do estado condena administradores públicos. Só na semana passada, foram 260 mil reais em multas aplicadas a quatro prefeituras. Todas como algo em comum: parentes de primeiro, segundo e terceiro graus dos prefeitos foram os ordenadores de despesas que geraram as multas. Na grande maioria dos casos, pessoas despreparadas que acabam prejudicando toda a administração municipal.
É necessário que os prefeitos façam auditorias constantes, para que não fiquem sangrando politicamente por erros alheios, que acabam gerando processos que vilipendiam seus bens.
ENFIM, UMA BOA NOTÍCIA
Para fechar a semana com uma boa notícia, recebemos com muito entusiasmo e alegria a informação de que uma comissão do MEC está em Araguaína, ultimando as tratativas para a abertura de uma universidade federal de medicina na cidade.
Uma notícia que coroa os bons trabalhos do prefeito Ronaldo Dimas e que renova nossas esperanças no Tocantins.
NOSSO PONTO DE VISTA
Nós vemos a situação que atravessa o PMDB do Tocantins como uma grande encruzilhada, O governador Marcelo Miranda vem assumindo uma postura humanista, “calçando as sandálias da humildade” no trato tanto com políticos quanto com os cidadãos, tentando atuar de forma suprapartidária, para angariar a simpatia e o apoio de quem puder.
Mas não se pode negar que seu governo passa por dificuldades, justamente por não ter uma “senha” para poder ter acesso aos corredores de Brasília e poder ter um trânsito maior junto ao governo federal. Infelizmente, para Marcelo Miranda, essa senha responde pelo nome de Kátia Abreu.
Nossa sugestão é que o PMDB use o que tem de melhor em seus quadros para criar um elo entre as alas divergentes. Esse elo pode facilmente ser feito pela deputada Josi Nunes, que trem um perfil agregador, simples, humilde e sempre voltado ao diálogo. Josi poderia atuar junto com Jacques Silva, presidente do Igeprev, com vasta experiência política e respeitado por todos, sem distinção de partidos.
Os dois poderiam fazer esse papel e mediar um pacto que leve o governo Marcelo Miranda a poder respirar. O país não atravessa um bom momento, mas o governo do PT e o PMDB começam a se acertar e é certo que esse acerto passa por liberações de emendas e recursos para convênios federais.
Quando isso acontecer, é preciso que o Tocantins esteja “em paz” com o governo federal – leia-se Kátia Abreu – que não dá mostras de qualquer tipo de distanciamento das decisões e ações do Palácio do Planalto.
Isso só torna ainda mais importante que haja conciliação, que forças se agreguem e que o diálogo prevaleça.
O Tocantins não pode ser prejudicado por uma cisão partidária, pois ele é bem maior que isso.
Quem viver, verá!
Operação batizada de 'A Origem' deteve os ex-deputados André Vargas (ex-PT), Luiz Argôlo (ex-PP) e Pedro Corrêa (PP) e mais quatro pessoas em seis Estados e no DF, nova prisões podem acontecer com ex-gestores
A Justiça Federal no Paraná confirmou que entre os sete presos da 11ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã de hoje (10), estão os ex-deputados federais André Vargas (sem partido, PR), Luiz Argôlo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE), que foi condenado na Ação Penal 470, o processo do mensalão.
Também foram presos Leon Vargas, irmão de André Vargas, Ivan Vernon da Silva Torres, Elia Santos da Hora, secretária de Argôlo, e Ricardo Hoffmann, diretor de uma agência de publicidade.
André Vargas foi cassado em dezembro pela Câmara dos Deputados. Os parlamentares decidiram condená-lo por envolvimento em negócios com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato por participação em um esquema de lavagem de dinheiro.
Em outubro, o Conselho de Ética da Câmara aprovou o pedido de cassação de Argôlo, acusado de participar de negócios ilegais com Alberto Youssef.
Cerca de 80 policiais federais cumprem 32 mandados judiciais: sete de prisão, nove de condução coercitiva e 16 de busca e apreensão nos estados do Paraná, da Bahia, do Ceará, de Pernambuco, do Rio de Janeiro, de São Paulo e no Distrito Federal. Segundo a Polícia Federal, também foi decretado o sequestro de imóvel de alto padrão na cidade de Londrina, no Paraná.
De acordo com a PF, a atual fase tem como bases a investigação feita em diversos inquéritos policiais e a baixa de procedimentos que tramitavam no Supremo Tribunal Federal, apurando fatos criminosos atribuídos a três grupos de ex-agentes políticos, que abrangem os crimes de organização criminosa, quadrilha ou bando, corrupção ativa, corrupção passiva, fraude em procedimento licitatório, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e tráfico de influência.
A Justiça Federal do Paraná também confirmou o nome do ex-deputado Luiz Argôlo entre os presos da 11ª fase da Operação Lava Jato Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
O órgão informou que a investigação abrange, além de fatos ocorridos no âmbito da Petrobras, desvios de recursos em outros órgãos públicos federais.
Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde permanecerão à disposição da Justiça Federal.
Ass. PF Ag Br.
Josias de Souza – do UOL
No dialeto dos economistas, a palavra meltdown é usada para descrever a situação terminal de economias que fogem ao controle e derretem. O termo foi adaptado. Na versão original, serve para designar usinas nucleares que se autodestroem quando seus reatores entram em combustão. Na noite passada, um ministro readaptou a expressão para traduzir o estágio atual do segundo governo de Dilma Rousseff. A presidente chega à marca dos cem dias em meio a um processo de meltdown. Impotente, ela assiste ao derretimento do seu poder.
Na economia, Dilma já havia acomodado o futuro de sua gestão nas mãos de tesoura de Joaquim Levy, que se dedica na Fazenda a desfazer a ilusão de estabilidade vendida pelo petismo na campanha presidencial do ano passado. Na política, a semana terminou com Dilma jogando tudo para o alto e se entregando a Michel Temer. A articulação com o Congresso migrou da Casa Civil de Aloisio Mercadante para o gabinete do vice-presidente da República. A plateia ficou com a impressão de que caberá ao PMDB decidir se Dilma vai derreter ou não.
Ao empossar-se no segundo mandato, em janeiro, a presidente reeleita ainda alimentava a ilusão de que presidiria. Na economia, demorou a expressar em público o apoio às medidas amargas do ajuste fiscal de Joaquim Levy. Na política, cercou-se de conselheiros petistas, desprezou Temer e adotou um plano para minar o poderio dos peemedebistas. Terminou sitiada pelo PMDB, que acomodou Renan Calheiros e Eduardo Cunha nas presidências do Senado e da Câmara. Encrencada na Operação Lava Jato, essa dupla se dedica a emboscar o governo e a empinar projetos com algum apelo popular.
Cavalgando a insatisfação dos partidos governistas com a autossuficiência de Dilma, Renan e Cunha tornaram, por assim dizer, irrelevantes os partidos de oposição. Que se desdobram para retomar o protagonismo. Nesta quinta-feira, os líderes oposicionistas na Câmara recorreram à ironia para demarcar a ultrapassagem da data mágica dos cem dias. Os deputados Mendonça Filho (DEM), Carlos Sampaio (PSDB) e Rubens Bueno (PPS) divertiram-se ao redor de um bolo preto com inscrições cáusticas em vermelho: “Sem Dias de Dilma 2”.
Responsável pela encomenda do bolo, Mendonça Filho elevara o tom desde a véspera. “A presidente abriu mão de governar”, dissera o líder do DEM, no calor do anúncio de que Dilma terceirizara a articulação política do Planalto a Temer. “É preciso que alguém avise que, constitucionalmente, ela ainda está na chefia do governo. Dilma terceirizou tudo, a economia e a política.”
O senador Aécio Neves, presidente do PSDB, adotou o mesmo tom: “A presidente fez uma renúncia branca. Ela não renunciou ao cargo, mas renunciou ao governo. Esse é o fato concreto. Nós vamos ter que viver a partir de agora essa nova experiência do presidencialismo sem presidente.”
Sob denúncias de corrupção e com a gestão tisnada pelo envelhecimento precoce, Dilma não usufruiu da trégua que costuma ser concedida a todo governante em início de mandato. Foi bombardeada até por Lula que, em privado, desanca sua administração e se queixa de não ser ouvido. As críticas aumentaram na proporção direta da queda da popularidade de Dilma, hoje uma presidente minoritária, aprovada por apenas 13% dos brasileiros, segundo o Datafolha.
Nunca um governo começara assim, tão por baixo. No alto mesmo, apenas os juros, a inflação e a temperatura do asfalto. A exemplo do que sucedera às vésperas dos protestos de 15 de março, Dilma atravessa uma fase de TPM —tensão pré-manifestação. As redes sociais convocam um novo ronco para este domingo (12). Mãos postas, a presidente e seus auxiliares rezam para que menos gente desça ao meio-fio. Sob pena de apressar o meltdown.
Convertida pelas circunstâncias numa presidente sem marca, Dilma atenua suas resistências ideológicas e aprende a engolir sapos. Hoje, está 110% comprometida com o arrocho fiscal de Joaquim Levy, que lhe capturou a aura na economia. Na política, torna-se cada vez mais concessiva. Acaba de autorizar Temer a reabrir o balcão de cargos e verbas, onde costumam se formar os escândalos. Espera-se que a operação renda ao governo a aprovação no Congresso do ajuste fiscal de Levy, ainda neste mês de abril. Essa votação é tida como vital para que o governo tome um pouco de ar.
Dilma agora só dispõe de três anos e 265 dias para esboçar uma reação e evitar o derretimento
Por Edson Rodrigues
Existe um fato que deve ser exposto antes de fazermos uma análise dos 100 dias de governo Marcelo Miranda. O Tocantins, por ser o Estado caçula da federação, não tem ainda musculatura industrial que proporcione arrecadação suficiente para cobrir os gastos de custeio da ‘máquina’, tão pouco para investimentos.
Os governos anteriores usufruíram de recursos federais que a união disponibilizou, em várias parcelas, para instalação do Estado. Esse montante contribuiu para investimentos em diversas áreas como: construção civil, projetos agrícolas, saneamento básico, construção de estradas, hospitais e reservatórios de água, entre outras. É claro que um Estado tão jovem e promissor também teve facilitado a capitação de recursos em outras áreas, como aquisição de empréstimos em nível nacional e internacional. Passado o tempo devido, findou-se essa fonte, secou esse poço de recursos.
Todos os governantes que passaram pelo Palácio Araguaia, concederam progressões e promoções e realizaram concursos públicos. Os demais poderes como; o judiciário, os tribunais eleitoral e de contas, Defensoria Pública e Ministério Público, expandiram suas instalações, tanto na capital quanto no interior do Estado.
O Tocantins figura, hoje, entre os Estados que pagam os melhores salários em diversas categorias. Junta-se a isso tudo o poder legislativo onde todos têm, constitucionalmente, seu percentual garantido no orçamento do Estado.
Como podem constatar, os compromissos a cumprir são muitos, mas a fonte é uma só, o poder executivo.
O caixa estourou
O inchamento da folha de pagamento, com o funcionalismo público [efetivos e comissionados], bem como os gastos com os demais poderes e as irresponsabilidades de gestões passadas [últimos 12 anos], não poderia ter outro resultado se não esse que aí está, déficit m todas as contas públicas.
Por outro lado, o Diário Oficial do Estado (DOE) tem demonstrado o contrário com tantas nomeações de pessoas e criação de secretarias extraordinárias, cujo intuito é única e exclusivamente ‘acomodar companheiros’. Dessa forma, ou o governador Marcelo Miranda resiste às pressões, ou não segurará a ‘batata quente’ quem terá em mãos num curto espaço de tempo.
Comportamento bipolar
Diante de tanta adversidade, o governo não pode continuar com um comportamento bipolar; pela manhã, ‘seus’ deputados falam em déficit, caixa vazio e dificuldades sem fim. À tarde, abarrotam o Diário Oficial de nomeações em cargos comissionados e assessoramento, cujos salários giram em torno de quatro, cinco, nove mil reais ou mais. Isso sem mencionar a criação de secretarias extraordinárias, simplesmente para acomodar ‘apaniguados’. Tudo isso põe em questão a veracidade dos discursos que relatam as dificuldades pelas quais o Estado passa, põe interrogações nas falas que dizem que o Estado esteja passando por dificuldades financeiras.
O governo federal já admite extinguir alguns Ministérios, secretarias gerais e cargos comissionados. Por que não seguir o mesmo caminho, dando ao povo tocantinense uma prova de que está cortando a própria carne para economizar e sair da escuridão em que se encontra?
Governo e sociedade devem ter a consciência de que estamos mergulhados em uma profunda crise econômica de recessão, pelo visto, de longa duração. Portanto, neste ano, dificilmente será feito qualquer investimento, já que será um ano de ajustes, pouca gordura.
Uma saída é sermos verdadeiros com nossos irmãos. 2015 está difícil e poderá ficar muito mais.
Comunicação: um desafio a ser vencido
O Palácio Araguaia, na pessoa do governador Marcelo Miranda e da cúpula da articulação política, tem demonstrado muita timidez e leniência nas ações de enfrentamento da crise financeira do Estado. Já é notado por parte da sociedade e formadores de opinião, um vazio dentro do governo.
Em nosso entendimento, falta atitude ao governo, um plano ousado de recuperação do Estado e, acima de tudo, falta uma comunicação direta com a sociedade para que esta se sinta motivada e incentivada a acreditar nas mudanças que o Estado necessita.
Tal leniência tem motivado e alimentado as discórdias das diversas classes de trabalhadores do setor público do Estado. Da mesma forma, o governo tem demonstrado, em determinadas situações, estar desmotivado, frio e omisso no que se refere à transparência de suas ações. Essa ‘deficiência” na comunicação, por parte do Palácio Araguaia, involuntariamente remete ao entendimento de que nada foi feito nesses 100 dias de governo. Deixa também a mensagem de que tudo de ruim que aí está, foi causado pela atual gestão.
Assim sendo, a população passa a ver, no governador Marcelo Miranda, um governo chorão, medroso, frouxo e incompetente e, caso esse mal não seja estancado, poderá virar uma epidemia.
Prestígio de Marcelo Miranda
Mesmo com tanto desgaste pessoal, adquiridos nesses 100 dias de governo, Marcelo Miranda ainda tem saldo positivo junto aos próprios funcionários públicos, sociedade e demais poderes. Porém, o limite de tolerância está chegando ao fim. É chegada a hora de o governo apresentar uma agenda positiva, um balanço do que já foi feito e o que está programado para fazer, preferencialmente em curto prazo.
O Tocantins ainda é um Estado em pleno desenvolvimento e, com a chegada da ferrovia norte sul, já em funcionamento, é visível a expansão do agronegócio e da industrialização de nossas matérias-primas agregando valores. Cabe ao governo a adoção de uma comunicação mais positiva, motivadora e incentivadora e, para isso, o melhor ‘garoto propaganda’ é o próprio governador, com seu jeito simples, humilde e carismático.
O povo necessita acreditar em dias melhores, precisa ter esperanças de que o governador Marcelo Miranda vai promover as mudanças que o Estado precisa. Já passou o tempo de chorar e lamentar e jogar a culpa no passado. É momento de olhar para o futuro e convocar homens e mulheres de bem para se juntar ao governo numa caminhada em busca de soluções e, juntos, comunicadores e governo construir um Estado com mais e melhores oportunidades, mais harmônico e mais acolhedor.
Conquistas do governo em 100 dias de administração
Há fatos positivos no governo Marcelo Miranda que, diante de tantos conflitos e desencontros, passam despercebidos aos olhos da população, já que a opinião pública evidencia, consideravelmente os fatos negativos. Involuntariamente o governo tem sido lento, no que se refere à comunicação. Falamos isso com fundamentos palpáveis.
Fatos positivos
Prodoeste
O governador Marcelo Miranda, antes mesmo de tomar posse como governador do Estado, iniciou conversas com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bird) para ressuscitar o programa Prodoeste, irresponsavelmente abandonado pelos governos anteriores. O governo do Estado acaba de receber um sinal verde para dar continuidade ao projeto, com recursos internacionais.
Projeto Rio Formoso
O projeto Rio Formoso também estará, a partir de agora, se restabelecendo e passando por reestruturação com possibilidades de produzir duas safras de grãos e uma de melancia, por ano.
São duas importantes conquistas para o Tocantins, ambas frutos de um trabalho do governador Marcelo Miranda e sua equipe, com destaque para o secretário de Agricultura, Clemente Barros.
Outro fato que a população ainda não tem conhecimento e que tem recebido grande volume de investimentos é na área da saúde. Porém, o caos que se instalou no setor é tão grande que dificulta a visualização dos fatos positivos que tem acontecido por lá. São milhares de cirurgias por serem feitas, todas deixadas para trás, pelos governos anteriores. O que tem causado superlotações em todos os hospitais regionais, as farmácias dos hospitais estavam sem estoque por falta de pagamento aos fornecedores e muito outros problemas, todos evidenciados na mídia diária já começam a serem resolvidos.
Pagamento de plantões atrasados, contratação de profissionais, pagamento de fornecedores e prestadores de serviços são ações que já fazem parte da realidade do quadro da saúde.
O secretário Samuel Bonilha tem demonstrado muita competência em administrar com eficiência uma área espinhosa e que estava caótica, que é a saúde do Tocantins. Mas para isso ele não tem parado p ver o bonde passar, tem ido buscar soluções onde é necessário. Tem conversado com os diversos segmentos da área, na busca de soluções para os mais variados problemas enfrentados pela saúde do Estado. Mas infelizmente essas ações não têm aparecido na grande mídia. O que falta é mais ousadia na comunicação governamental. Falta ousadia aos deputados, na defesa do governo. Já que são tantos os que compõem a base de apoio ao governo, na Assembleia Legislativa.
Dentre os 24 deputados que compõem a Assembleia Legislativa do Tocantins, o governo já tem o apoio da maioria, então por que tem dificuldades em defender o governo e parar com os discursos amarelados [cantos de grilo gripado]. “O Estado está quebrado”; “Os governos anteriores inviabilizaram o atual governo”; “O governo chegou ao limite prudencial da folha”.
Realizam uma audiência pública para expor a situação financeira do governo, mas o Diário Oficial traz, todos os dias, centenas de nomeações.
Os membros da bancada do governo têm sim que ocupar a tribuna da Casa de Leis, mas para dizer as coisas boas que o governo está fazendo. Precisam parar com o discurso de terra arrasada.
O governo precisa se mostrar mais. É lamentável que não tenha quem faça isso, já que preferem continuar com a velha ‘cantiga de grilo rouco’.
Quem viver, verá!