Presidência da República respondeu, ao Supremo Tribunal Federal (STF), ser contra uma ação discutida na corte que pode restringir a possibilidade de jornalistas serem julgados na esfera penal por conteúdos produzidos no âmbito da profissão.
Por Guilherme Mendes
Para o Planalto, a liberdade de expressão está estabelecida na Constituição, mas os jornalistas devem responder ao que for considerado como violação a estes mesmos valores constitucionais.
A manifestação foi enviada pela Advocacia-Geral da (AGU) nesta quinta-feira (17), e integra os autos da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 826.
A ação foi originalmente pedida pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em abril deste ano, contra o que interpreta ser um assédio contra a classe jornalística no país.
"Desde o início do atual governo, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública vem requisitando a abertura de inquéritos policiais para apurar publicações de jornalistas e outras manifestações públicas críticas. Em 2019 e 2020, já foram abertos 77 inquéritos", argumentou a ABI em sua manifestação inicial.
"Dispositivos oriundos de períodos de exceção voltam a servir de fundamento para a prática de atos lesivos aos preceitos fundamentais da liberdade de informação jornalística, da liberdade de expressão e da democracia", argumentou a associação.
A ABI pede à corte que considere inconstitucional a possibilidade de que se abra processo, contra a publicação de notícias envolvendo agentes públicos, com base nos crimes de "calúnia" e "difamação", previstos no Código Penal. A única exceção defendida pela associação é na hipótese de produção sistemática de fake news.
Em sua resposta, a AGU, que representa Jair Bolsonaro na corte, não enxerga conflito entre a liberdade de expressão e a previsão de crimes contra a honra.
"Caso haja colisão entre esses dois direitos fundamentais, na análise do caso concreto", argumenta a advogada da União Daniela de Oliveira Rodrigues, que assina a peça, "poderão ser usada a ponderação, a concordância prática e a proporcionalidade, não se fazendo necessário - nem razoável - afastar a tipificação de crimes contra a honra para que a liberdade de expressão prevaleça."
Justiça Militar
Ainda na manifestação da AGU, o governo se coloca contra a possibilidade de que civis sejam julgados pela Justiça Militar, caso o ofendido seja um militar ou a instituição. A ABI argumenta, na sua ação apresentada ao Congresso, que a possibilidade de que as instituições militares processem quem "ofenda a honra" da corte pode inibir quem queira publicar conteúdos jornalísticos sobre o tema.
"Considere-se, por exemplo, jornalista que publica matérias imputando condutas criminosas a militar na execução de operação de garantia da lei e da ordem (GLO)", exemplifica a associação de imprensa. "Por que a eventual calúnia deveria ser caracterizada como 'crime militar'? Observe-se que, nesse caso, as Forças Armadas se encontram, inequivocamente, cumprindo suas funções institucionais, previstas no artigo 142 da Constituição Federal – garantia da lei e da ordem. Por que a crítica aos militares mereceria tratamento diferente da crítica dirigida aos servidores públicos civis?"
A AGU novamente discorda da posição. Em seu posicionamento enviado à Suprema Corte, a assessoria jurídica do Planalto interpreta que a decisão de que tais casos fiquem sob o guarda-chuva da Justiça Militar foi propositalmente definida no momento da Assembleia Constituinte. "Nessas situações como aqui demonstrado, não há falar em ofensa ao princípio do juiz natural, vez que a Justiça Militar é seara constitucionalmente prevista para processar e julgar os crimes militares definidos em lei", concluem
Em outro documento anexo ao processo, onde órgãos do governo apresentam argumentos e sugestões à decisão da AGU, os militares reforçam este argumento.
"Os crimes militares, praticados por civil enumerados no Código Penal Militar, objetiva [sic] sobretudo preservar as instituições militares, tanto é verdade que os delitos praticados contra militares, somente são enquadrados como crimes militares, se forem praticados contra militar em situação de atividade ou assemelhado ou contra funcionários dos Comandos Militares ou da Justiça Militar no exercício de função inerente ao seu cargo", ponderou o Comando da Marinha.
O Exército, em sua manifestação, foi além: "De pronto, sublinha-se que o autor da inicial, indiretamente, parte do princípio que a apuração de todo e qualquer suposto crime praticado por civil na Justiça Castrense será realizada de forma parcial. Ou seja, põe em descredito o funcionamento da Justiça Militar (que é uma das mais antigas do Brasil e é composta por profissionais de ímpar capacidade técnica)", inicia a nota técnica.
Apesar de reconhecer a liberdade de imprensa, a manifestação do Exército adverte que excessos jornalísticos podem ser punidos pela Justiça Militar. "Não se pode aceitar que ações jornalísticas, sob o prisma da liberdade de expressão e do direito à informação, acobertem eventuais excessos que possam configurar práticas criminosas, pois os princípios citados pelo autor na inicial não são absolutos", continua. "Ademais, todos, sem exceção, devem respeitar as normas previstas na República Federativa do Brasil."
A ADPF 826 tem relatoria do ministro Gilmar Mendes, e ainda está em fase de instrução dentro da corte, recebendo manifestações do governo e da Procuradoria-Geral da República (PGR), além de partes interessadas no tema. Ainda não há data para que a questão vá a julgamento.
Magistrado pediu para permanecer no cargo até 12 de julho, data em que completa 75 anos e é obrigado a se aposentar
Com Agências
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), adiou em uma semana a sua aposentadoria. Inicialmente, o decano deixaria a Corte em 5 de julho, mas ele comunicou a presidência que vai ficar até a "data-limite", no dia 12, quando completa 75 anos.
"Faço-o para, em livre manifestação, dedicar-me, até a undécima hora, ao Judiciário e, com isso, diminuir, ao máximo, o número de processos que ficarão, no gabinete, esperando o sucessor", escreveu em mensagem enviada ao presidente do STF, Luiz Fux.
Segundo o ministro, "em vez de antecipar, em poucos dias, a aposentadoria, aguardarei, em mais uma demonstração de apego ao ofício de servir, como julgador, aos semelhantes, a data-limite de permanência no cargo".
Hoje, o gabinete do ministro conta com 1809 processos, dos quais 23 tramitam sob sigilo. Nos últimos dias, Marco Aurélio tem liberado para votação, no plenário virtual, uma série de processos de sua relatoria.
Umas das ações pautadas trata da criação de um imposto sobre grandes fortunas. Outro processo já liberado questiona se o presidente Jair Bolsonaro deve ser investigado sobre o depósito dos cheques de R$ 89 mil realizados por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro.
No início do mês, Fux se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro e pediu, "por cortesia", para ele aguardar a aposentadoria do decano antes de indicar um novo nome para a vaga.
A iniciativa aconteceu após o mal-estar gerado pela indicação do ministro Kassio Nunes Marques, cujo nome foi confirmado antes da aposentadoria do ministro Celso de Mello. Ao fazer isso, Bolsonaro quebrou uma tradição que vinha sendo respeitada pelo menos desde 1989.
A deputada Renata Abreu defendeu o distritão como moeda de troca para se chegar a modelos eleitorais mais aprimorados
Por Sandy Mendes
A relatora da reforma política na Câmara dos Deputados, Renata Abreu (Podemos-SP) criticou fortemente o atual sistema eleitoral brasileiro, afirmando que, da forma como está, fortalece o emparelhamento da máquina. Em entrevista ao Congresso em Foco, a congressista defendeu como urgentes e necessárias as mudanças na sistemática eleitoral contidas no relatório que está fechando e em breve deve levar ao plenário da Casa para votação.
"O que me incomoda muito no sistema atual é porque na teoria ele é muito bonito, mas na prática o resultado é outro. Ele gera um emparelhamento das máquinas públicas que são utilizadas para segurar candidatos de voto para construir chapa. Hoje, o voto é muito pessoal", afirmou.
Redução no tempo de mandato dos senadores, federação partidária e paridade de gênero estão nas propostas de mudanças. Para valer para nas eleições de 2022, elas deverão ser aprovadas até outubro deste ano.
Na última segunda-feira (14), os líderes partidários da Câmara apresentaram o chamado "emendão" à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma política. O documento condensa uma série de sugestões individuais de alterações no texto e a construção dele tenta viabilizar o debate da reforma na Casa.
A comissão sob a relatoria de Renata Abreu discute alterações na Constituição Federal e precisa ser avaliada por, no mínimo, 60% dos deputados e senadores, nos dois turnos de cada um.
Distritos
De acordo com a deputada foram apresentadas propostas relacionadas às mudanças nas votações distritais, distritais mistas e do distritão. O que se pretende atingir, com isso, são os chamados "puxadores de votos", isto é, candidatos com super-votação que, pelo quociente eleitoral, acabam levando à eleição de outros do mesmo partido que obtiveram poucos votos
"Existe no Brasil uma cultura de votar em pessoas. O sistema atual, na prática, emparelha as máquinas públicas, mantém os puxadores de voto e ainda existe uma confusão nas pessoas de não aceitar votar num candidato A e eleger o B que está na mesma chapa e que pensa completamente diferente", disse Renata Abreu. Para ela, isso ajuda a corrigir distorções que ocorrem porque grande parte da população tem a cultura de votar em pessoas, não em partidos.
Mulheres eleitas
A reforma também deve reservar 15% das cadeiras de cada Estado para ocupação de mulheres. Segundo a relatora, o aumento no percentual, se aprovado, será gradual.
"É gradual, mas o início seria com 15%. Estamos tentando um acordo dentro da bancada feminina para que todas possam aderir. Queríamos mais, mas quem tá aqui sabe que é possível de ser aprovado", afirmou.
Câmara X Senado
Deputados ouvidos pelo Congresso em Foco afirmaram que a reforma deve ter bandeira branca na Câmara dos Deputados, mas que seria barrada no Senado.
A relatora Renata Abreu nega uma guerra entre as Casa.
"Eu entendo o seguinte: o que a Câmara aprovar, que diz respeito à Câmara, o Senado não vai barrar. O Senado está discutindo CPI, não tá discutindo a reforma política", afirmou.
Medida, editada em 2020, garante manutenção de medidas emergenciais para o setor de aviação durante a pandemia de covid
Com Agência Estado
O presidente Jair Bolsonaro sancionou, nesta quinta-feira (17), a lei que prorroga as medidas emergenciais adotadas pelo governo para o setor de aviação civil em razão da pandemia da covid-19. A legislação, originária da Medida Provisória 1024/2020, estende as regras de reembolso e remarcação de passagens aéreas para voos cancelados durante a pandemia.
O texto original, editado pelo governo no final de 2020, prorrogava as medidas até 31 de outubro. Mas no Congresso a MP sofreu alterações e os parlamentares aumentaram o prazo até 31 de dezembro deste ano. O reembolso poderá ser feito em 12 meses a contar da data do voo cancelado, sem multa.
A medida, segundo a Secretaria Geral da Presidência da República deu maior flexibilidade aos usuários de transporte aéreo para desistência de voo, em face das incertezas provenientes da evolução da pandemia, bem como prorroga as medidas de alívio ao fluxo de caixa das empresas aéreas que ainda estão em cenário de incerteza.
"Diante desse cenário, entendeu-se que a prorrogação da autorização aos operadores aéreos para o reembolso em doze meses nos casos de cancelamento de voos, seria uma medida relevante para a redução do impacto imediato no caixa das empresas e, assim, reduzir o risco de insolvências que poderiam ocasionar efeitos disruptivos na oferta de transporte aéreo no País", diz a Secretaria Geral em nota.
A lei, no entanto, foi sancionada com um veto ao artigo que permitia às concessionárias anteciparem o pagamento das contribuições fixas vincendas e que, para o cálculo, deveria ser usada a taxa vigente do fluxo de caixa marginal adotada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para processos de revisão extraordinária, acrescida de 5 pontos porcentuais para a concessionária que optasse por antecipar, no mínimo, 50% do valor total remanescente das contribuições fixas. Esse item foi incluído no texto na tramitação da matéria no Congresso.
"Apesar de meritória, a propositura contraria interesse público pois reduziria as receitas da União nos exercícios seguintes - devido à redução do valor presente líquido das outorgas - e a previsibilidade das receitas, o que impactaria não apenas a programação financeira anual, mas também o fluxo de caixa mensal e a disponibilidade de fontes para o caixa do Tesouro, tendo em vista que prejudica o alcance das metas fiscais e não atende aos requisitos previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias 2021, impactando o equilíbrio econômico de contratos já firmados", diz a nota da Secretaria Geral ao justificar o veto.
Governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em 5º lugar, é líder na rejeição: 57,2%
Por Cláudio Humberto Cláudio Humberto
Bolsonaro, Lula e Datena estariam nos três primeiros lugares, caso a eleição presidencial fosse realizada neste momento, junho de 2021.
Levantamento nacional realizado pelo Paraná Pesquisa confirma a liderança do presidente Jair Bolsonaro lidera em todos os cenários na disputa pela presidência da República, caso a eleição fosse realizada agora.
Bolsonaro é seguido de muito perto pelo ex-presidente Lula (PT), em situação de empate técnico, mas a principal novidade é o surgimento, com força, do nome de José Luiz Datena, apresentador de rádio e TV do Grupo Bandeirantes,, firmando-se em terceiro lugar. A pesquisa foi encomendada pelo PSL.
Este é o primeiro levantamento com lista “enxuta” de pré-candidatos, tendo sido excluídos os nomes do apresentador de TV Luciano Huck, do ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e do fundador do partido Novo, João Amoêdo.
Em um primeiro cenário proposto pelo Paraná Pesquisa, e certamente o mais provável, Bolsonaro aparece na liderança com 34,3% das intenções de voto, enquanto Lula surge logo atrás com 32,5%, em situação de empate técnico. Em terceiro lugar, Datena soma 7,5%.
Com a inclusão de Datena, Ciro Gomes (PDT) cai para quarto lugar, com 5,8%, empurrando para a quinta posição o governador de São Paulo, João Doria (PDB), que soma apenas 3,4%. Mandetta ganha com a exclusão de Moro, Huck e Amoêdo, saltando para 3,2%, enquanto Simone Tebet (MDB) fica em 1,1%
Veja os números no principal cenário para presidente, em 2022:
A situação de empate técnico entre os dois principais candidatos a presidente se verifica em todos os demais cenários, inclusive de segundo turno, quando Bolsonaro soma 40% e Lula 40,2%.
O levantamento também apurou a rejeição dos eleitores a cada um dos candidatos, e os três primeiros colocados lideram também nesse campo.
Quando os pesquisadores quiseram saber o candidato no qual o eleitor afirma que não votaria de jeito nenhum, a rejeição do pré-candidato João Doria impressiona: 57,2%.
A lista dos candidatos com. maior rejeição, depois de Doria, contém Ciro (50,9%), seguido de Bolsonaro (50,4%) em empate técnico com Lula (49,7%). O apresentador tem a rejeição menos elevada: 42%.
Veja os números da certeza do eleitor no voto e na rejeição:
O Paraná Pesquisas entrevistou 2.040 eleitores em 156 municípios de todos os Estado e do Distrito Federal, entre os dias 11 e 15 de deste mês.