Em entrevista ao jornal Opção, ex-governador falou sobre a perda de credibilidade do PMDB e a atuação de seu vice, cooptando lideranças disputar a prefeitura contra ele

 

“O PMDB do Tocantins está igual ao PMDB nacional. Está aí aos trancos e barrancos. Não tenho participado de reuniões, até mesmo porque nunca mais fui convidado”.

 

Essa frase de Avelino abre a entrevista ao jornaloista Gilson Cavalcante, ressaltando que “não estou reclamando disso, mas acho que eu devia, com a minha visão de vida política, dar palpites também”.

Avelino questiona a forma como a direção estadual do PMDB está articulando com as lideranças do interior do Estado. “Os que eu sei, não têm gabarito para fazer isso, porque falta credibilidade para fazer as articulações e os que fazem, estão fazendo tudo errado. E eu recebendo telefonema de lideranças do interior de todo o Estado dizendo que estão fora do processo e perguntando o que fazer. E eu respondo: eu não sei de nada, estou tão desligado, tão por fora como arco de barril”, explica Avelino, ao admitir que a representatividade do PMDB está diminuindo a cada ano que passa, porque o povo vai desacreditando no partido.

O ex-governador falou também sobre a situação dos municípios com a atual crise financeira que o País atravessa: “eu acho que não somente a prefeitura de Paraíso, mas todas as prefeituras que não têm recursos próprios, arrecadação pequena, como é o caso de 90% das prefeituras do Tocantins e do interior do Brasil, passam por grandes dificuldades, porque o Poder Central (governo federal), nas últimas décadas, jogou muitos encargos em cima das prefeituras e tirou o dinheiro das administrações municipais. Quando eu fui prefeito de Paraíso, há mais de 30 anos, fazia tudo sem ir a Brasília pedir dinheiro para governo nenhum. Realizava obras com os recursos que a prefeitura dispunha e hoje não tem mais. Hoje, é impossível a prefeitura comprar um caminhão, um trator, porque não tem recurso. Só para se ter uma noção, só no mês de setembro, o FPM caiu em média 38%, fora as quedas anteriores”, lastimou. A saída é fazer cortes e enxugar a máquina?

Estou reunindo o meu secretariado para ver o que se pode cortar; já fiz três reuniões nesse sentido. O grande problema é saber o que cortar. Na saúde, educação e assistência social não se pode cortar nada, porque depende do pessoal e da manutenção dos serviços. O que vou fazer é paralisar as obras, não iniciar as obras que estavam previstas, as que estão em andamento vamos ver o que pode continuar ou não e as que contam com recursos federais a gente vai manter com a contrapartida do município, porque não podem ser paradas. Já autorizei o recolhimento de máquinas, cortando abastecimento da frota de carros e reduzindo o número dos veículos em circulação. Estamos fazendo o possível e pedindo os órgãos para não gastar muito com energia elétrica. Fazer economia para ver se não deixamos atrasar a folha de pagamento dos servidores. Estamos na expectativa para ver o que vai acontecer com esse Brasil nos próximos seis meses.

Sobre a disputa pela reeleição, Avelino soltou mais uma de suas pérolas: “eu sempre digo: a gente entra em política por causa dos amigos e não sai por causa dos inimigos. Então, a gente está numa luta, numa guerra e se a gente não tomar cuidado é engolido pelo adversário. Eu já estou na hora de me aposentar, pela idade, pela história que eu tenho. Mas aconteceram uns fatos novos em minha cidade: o senador Vicentinho (PR) com o deputado Osires Damaso (presidente da As­sembleia), do DEM, lançaram meu vice (Ari Arraes), que era o meu sucessor – tínhamos esse entendimento – para concorrer comigo. Aí mexeu comigo. Agora eu resolvi ir para a reeleição e vamos ver o que o povo quer. E tem outros candidatos também. (Ari era do DEM e foi para o PR).

 

Mas foi sobre asituação do PMDB que Avelino abriu a “caixa de ferramentas”: “o PMDB do Tocantins está igual ao PMDB nacional: aos trancos e barrancos, o tempo passando. Quando as coisas apertam, eu sou chamado para dar palpites, mas não é essa a questão. Quem está tocando o PMDB no Estado? O companheiro Derval de Paiva assumiu o partido num acordo que fizeram, mas ele tem autonomia? Está fazendo? Quem está andando no interior do Estado conversando com as lideranças dos municípios? Não sei de nada mais decisivo que acontece com o partido, só de fofocas, de briguinhas que chegam até mim. Isso vai para frente? E o diretório nacional está em paz? Coisa nenhuma. É metade de um jeito, metade de outro. Não há patriotismo, mas interesse de grupos. E os interesses acabam com o PMDB; primeiro, acabando com a credibilidade. Vamos ver o que vai dar nas eleições do ano que vem. Quantos prefeitos e quantos vereadores o PMDB vai eleger. A nossa representatividade está minguando a cada ano que passa, porque o povo vai desacreditando.

NOSSO PONTO DE VISTA

Nós, de O Paralelo 13, sabemos que o relacionamento entre Moisés Avelino e o Palácio Araguaia nunca foi boa e tende a se distanciar cada vez mais.  Isso porque o ex-governador é da velha-guarda do PMDB, nunca saiu do partido, no qual faz parte da ala conservadora e é de poucas palavras, por isso, quando fala, suas declarações repercutem.

Logo, quando desata a falar sobre seu descontentamento, é porque é sério e deve ser levado em consideração.  Essa entrevista mostra que Avelino está mordido e vai partir pra briga, transformando a sucessão municipal em Paraíso, que até então parecia que iria transcorrer de forma tranqüila e pacífica, num caldeirão prestes a entrar em ebulição.

Estivemos em contato com um membro do primeiro escalão da prefeitura de Paraíso, que deu uma ideia de como será o tom das eleições: “será um prazer derrotar o candidato apoiado por Vicentinho e pelo deputado Damaso”.

Pelo jeito, “o bicho vai pegar”.

Quem viver verá!

 

Posted On Segunda, 28 Setembro 2015 12:05 Escrito por O Paralelo 13

Francisco prometeu punição para todos os culpados

 

No último dia de sua viagem aos Estados Unidos, o papa Francisco se encontrou com um grupo de cinco vítimas de pedofilia - três mulheres e dois homens - por parte de membros do clero, de suas famílias ou de professores.   

A reunião aconteceu na manhã no domingo (27), no seminário São Carlos Borromeo, na Filadélfia, e cada uma das pessoas estava acompanhada de um parente ou de alguém de confiança. Também participou o arcebispo de Boston, cardeal Sean Patrick O'Malley, que é presidente da comissão para a tutela dos menores instituída pelo Pontífice. Jorge Bergoglio escutou a história das vítimas, disse algumas palavras para todas e depois conversou com elas separadamente.    

Segundo o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, o Papa expressou sua "dor e vergonha" pelas feridas provocadas por membros do clero e renovou seu compromisso para que todas as pessoas que sofreram abusos sejam tratadas com justiça e para que todos os culpados sejam punidos.   

O encontro durou cerca de meia hora e terminou com uma bênção de Francisco. Em seguida, ele se reuniu com bispos que participam do VIII Encontro Mundial das Famílias, na Filadélfia, e exprimiu "vergonha" pelos casos de pedofilia. "Esses crimes não podem ser mantidos em segredo por tanto tempo. Prometo que todos os responsáveis por abusos sexuais contra menores serão punidos", disse.   

Desde que chegou aos EUA, no dia 22 de setembro, o Pontífice mencionou a pedofilia na Igreja em ao menos duas ocasiões. Na primeira delas, em Washington, ele elogiou o combate dos bispos norte-americanos contra crimes de abuso. Na segunda, em Nova York, ele também disse sentir "dor e vergonha" pela recorrência desse tipo de caso no catolicismo.

 

Reunião privada foi confirmada por Francisco, que confessou "vergonha" e pediu fim de "segredo" em volta de casos

Veja aqui as suas principais fala a respeito do tema até então considerado tabu na Igreja, Francisco confessou “vergonha” por ver que “pessoas que tinham a seu cargo o cuidado terno desses pequenos os tenham violado e causado danos profundos”

 

“Lamento-o profundamente. Deus chora”, declarou.

O Papa sustentou que os “crimes e pecados de abusos sexuais a menores não podem ser mantidos em segredo durante mais tempo”.

Nesse sentido, comprometeu-se a uma “zelosa vigilância” da Igreja Católica “para proteger os menores”.

“Prometo que todos os responsáveis vão prestar contas”, prosseguiu.

Francisco disse depois que os sobreviventes de abusos se tornaram “verdadeiros arautos de esperança e ministros de misericórdia”, 

“Humildemente, devemos a cada um deles e às suas famílias a nossa gratidão pela sua imensa coragem para fazer brilhar a luz de Cristo sobre o mal do abuso sexual de menores”, insistiu.

Esta quinta-feira, em Nova Iorque, o Papa tinha recordado a “vergonha” dos casos de abusos sexuais envolvendo membros do clero e instituições eclesiais nos Estados Unidos da América, durante um encontro de oração com religiosos.

“Sei que vós, como corpo sacerdotal, diante do povo de Deus, sofrestes muito num passado não distante suportando a vergonha por causa de muitos irmãos que feriram e escandalizaram a Igreja nos seus filhos mais indefesos”, disse, na homilia da celebração de vésperas, em espanhol, na Catedral de São Patrício.

Dois dias antes, Francisco elogiou a resposta da Igreja Católica nos Estados Unidos aos “momentos obscuros” que viveu recentemente, numa referência indireta aos casos de abusos sexuais.

“Que tais crimes nunca mais se repitam”, declarou, numa homilia proferida perante os bispos norte-americanos, na Catedral de São Mateus, em Washington.

A intervenção sublinhou a “coragem” com que estas situações foram superadas, sem evitar “humilhações e sacrifícios”, tendo como prioridade recuperar “a credibilidade e a confiança requerida aos ministros de Cristo”.

 

Posted On Segunda, 28 Setembro 2015 06:59 Escrito por O Paralelo 13

Por Edson Rodrigues

 

O governo do Estado está realizando uma série de encontro regionais com prefeitos, vereadores, lideranças políticas, classistas e com a sociedade em geral para discutir o Plano Plurianual (PPA) 2016-2019.  Os encontros já foram realizados no Bico do Papagaio e nas Regiões Norte e Sudeste do Estado.  Nesta segunda-feira (21), foi a vez da cidade de Palmeirópolis sediar o evento, que sempre conta com a participação do governador Marcelo Miranda.

Até aí, tudo bem.  Mas, nos anos anteriores, esse mesmo encontro foi realizado na cidade de Gurupi, pólo da região Sul do Tocantins e escolhida por todos os governos para sediar a reunião.

Gurupi é a terceira maior economia do Estado (população e eleitorado também figuram na terceira colocação do Tocantins) e conta com grande representatividade política, tendo dois deputados estaduais – Carlos Carlesse e Eduardo do Dertins –, uma deputada federal – Josi Nunes – e uma senadora e ministra – Kátia Abreu.

 

Então, por que Palmeirópolis?

Para os seguidores, correligionários e simpatizantes do prefeito de Gurupi, Laurez Moreira,” esse foi um claro recado do Palácio Araguaia e da deputada federal Josi Nunes”.

A aproximação de Laurez com o clã dos Abreu, leia-se deputado federal Irajá Abreu e senadora Kátia Abreu, que culminou com a nomeação de indicados do clã para cargos do primeiro escalão do governo gurupiense, somada ao jantar oferecido pelo prefeito ao ex-governador Siqueira Campos e esposa, foi a gota d’água para transbordar a insatisfação do Palácio Araguaia com o prefeito, segundo uma fonte próxima a ele.

O problema é que a insatisfação palaciana com a administração de Gurupi, é, na verdade, um boicote aos cidadãos gurupienses, ao povo que transformou a cidade na Capital da Amizade do nosso Estado.  Antes de pensar em qualquer tipo de boicote ou de picuinha, o Palácio Araguaia deveria fazer os repasses da área da Saúde, que deixaram de ser feitos pelo governo de Sandoval Cardoso, mas que punem injustamente um povo que ajudou muito a eleger Marcelo Miranda.  Segundo a prefeitura de Gurupi, não são apenas repasses da Saúde que estão em atraso.

Mas, ainda segundo um membro do governo Laurez, “a cidade vai com a economia muito bem, obrigado.  Não temos folha de pagamento em atraso, fornecedores batendo à nossa porta, muito menos prestadores de serviços.  Tudo isso graças a uma administração séria, competente e feita com planejamento prévio”.

Esse membro do governo gurupiense completa, afirmando que “a resposta virá na hora certa.  Foi a sociedade gurupiense quem resolveu homenagear Siqueira Campos, pelos serviços prestados à cidade e ao Estado.  A senadora e ministra Kátia Abreu é uma força política nacional, filha da nossa terra e, além de respeito, merece ser ouvida e levada a sério, principalmente estando à direita da presidente da república, podendo fazer muito mais pela nossa cidade, quer o Palácio Araguaia queira ou não”.

NOSSO PONTO DE VISTA

Não dse pode negar que Josi Nunes é uma das maiores lideranças políticas da região Sul do Tocantins, senão a maior, em prestígio pessoal.  Na última campanha, com seu “jeito Josi de ser”, amealhou nada menos que 17 mil votos só na cidade de Gurupi e 56 mil votos em todo o estado, sagrando-se a terceira deputada federal mais bem votada.

Essa mesma Josi, tem desenvolvido um bom relacionamento com o prefeito da sua cidade, Laurez Moreira, a quem trata como amigo, enquanto seus correligionários tentam convencê-la a vir candidata à prefeitura nas próximas eleições, ação que ela vem protelando, sempre colocando em primeiro plano esse seu bom convívio com o atual prefeito.

O problema aparece quando Josi nota a aproximação de Laurez com o clã dos Abreu, com quem jamais subiria em um mesmo palanque.

Mas, como culpar Laurez Moreira que, como gestor, deve procurar sempre trazer o melhor para sua cidade e, no momento, a aproximação com Kátia Abreu significa uma aproximação dos recursos federais? Abrir espaços em na administração municipal para indicados de Kátia Abreu é apenas a contrapartida dessa aproximação natural e necessária.

Enquanto isso, segundo a mesma fonte da administração gurupiense, ainda não está certo se Laurez mudará ou não de partido, o que só engrandece o fato do prefeito ter recebido o casal Siqueira Campos para um jantar, já que a população estava homenageando o governador que mais levou obras para a cidade.

O certo é que Laurez é um político que sempre esteve acima das picuinhas políticas e é natural, com a aproximação do fim do prazo da “janela” para mudança de partidos, que haja um certo burburinho nos bastidores acerca das últimas movimentações do prefeito de Gurupi.  Mas, passado esse prazo, tudo deve voltar ao normal na Capital da Amizade.

Só não pode é menosprezar a inteligência do povo.

Quem viver, verá! 

Posted On Quarta, 23 Setembro 2015 07:53 Escrito por O Paralelo 13

Encontro da bancada do PSB, realizado nesta terça-feira, que contou com a presença dos governadores Rodrigo Rollemberg, do Distrito Federal, Paulo Câmara, de Pernambuco, e Ricardo Coutinho, da Paraíba, anunciou a nova posição do partido: em vez de manter independência em relação ao governo da presidente Dilma, o PSB agora é oposição.

 

“Entendemos que é um governo moribundo, temos que encontrar um meio de o país não sangrar por muito tempo”, disse o presidente da legenda, Carlos Siqueira.

 

Mais do que isso, o PSB também anunciou apoio impeachment contra a presidente. “Há uma tendência bastante forte de que se o impeachment chegar ao plenário da Câmara ele será aprovado também pela nossa bancada”, afirmou Siqueira.

AMASTHA E KÁTIA

No Tocantins, os reflexos desse anúncio atingem em cheio ao prefeito da Capital, Carlos Amastha e a senadora e ministra Kátia Abre.

Amastha por ser o presidente estadual da legenda e estar correndo os corredores ministeriais “com o pires na mão”, em busca de recursos para saldar promessas de campanha junto ao povo palmense, como é o caso do Veículo Leve sobre Trilhos – VLT – um dos carros-chefe de sua miríade de promessas.

Já Kátia Abreu entra no bolo por estar articulando, junto com seu filho, deputado federal Irajá Abreu, um possível apoio à reeleição de Amastha e fazendo a ponte entre Irajá e alguns ministros de pastas as quais o prefeito de Palmas vem procurando tentando levantar recursos.

Como Kátia explicaria o apoio, em seu Estado, a um candidato que é o presidente local de uma sigla que acaba de se declarar oposição e a favor do impeachment de sua “melhor amiga”?

 

Leia, abaixo, material distribuído pela legenda:

 

Parlamentares do PSB defendem ida para oposição e Executiva Nacional é convocada

 

PSB - 22/09/2015

 

O Partido Socialista Brasileiro (PSB) deve deixar a posição de independência e assumir postura de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff. Esta é a opinião das bancadas socialistas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, que será submetida na próxima semana pelo presidente da legenda, Carlos Siqueira, à Executiva Nacional.

 

Caberá ao colegiado definir a posição oficial do partido em relação ao governo federal. “Entendemos que é um governo moribundo, temos que encontrar um meio de o país não sangrar por muito tempo”, afirmou Siqueira, após o encontro nesta terça-feira, 22, em Brasília, que reuniu também os governadores Rodrigo Rollemberg (DF), Paulo Câmara (PE) e Ricardo Coutinho (PB).

 

No encontro, a maioria dos parlamentares se disse favorável a um eventual pedido de impeachment da presidente da República caso venha a ser colocado em votação. “Há uma tendência bastante forte de que se o impeachment chegar ao plenário da Câmara ele será aprovado também pela nossa bancada”, afirmou Siqueira.

 

Os congressistas também concordaram em votar contra a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), proposta pelo governo com o objetivo de tentar cobrir o rombo nas contas públicas. “Ninguém aprova a CPMF”, afirmou o presidente do PSB.

 

Na reunião, os governadores do PSB se disseram preocupados com o impacto da crise sobre Estados e municípios, relataram as dificuldades em sua gestão e deram detalhes sobre as medidas adotadas nas últimas semanas para tentar reverter o quadro.

 

Quem viver, verá!

 

 

Posted On Quarta, 23 Setembro 2015 07:48 Escrito por O Paralelo 13

Mais um ladrão do PT vai para a cadeia com pena de 14 anos e 4 meses

 

O ex-deputado e ex-primeiro vice-presidente da Câmara André Vargas foi condenado nesta terça-feira (22/9) a 14 anos e 4 meses de prisão por ter recebido propina como prêmio por ter auxiliado uma empresa a fechar contratos com a Caixa Econômica Federal e com o Ministério da Saúde. Para o juiz federal Sergio Fernando Moro, responsável pelos processos da operação “lava jato”, a prova de que a agência de propaganda Borghi Lowe repassou R$ 1,1 milhão em forma de “comissões” a empresas de fachada já caracteriza corrupção.

 

A agência fechou ao menos três “contratos milionários” entre 2008 e 2013. Segundo a sentença, ficou comprovada também lavagem de dinheiro porque o dinheiro saía da agência, passava por fornecedoras subcontratadas e ia parar nas empresas LSI Solução e Limiar Consultoria, controladas por André Vargas e seus irmãos, Leon e Milton. Essas companhias seriam “receptáculos de valores ilícitos”, sem atividades rotineiras.

O juiz reconheceu ainda faltar “detalhes” da forma como a agência foi efetivamente favorecida, mas disse que nem Vargas nem Ricardo Hoffman, dono da Borghi Lowe, mostraram álibis plausíveis para explicar a movimentação financeira. Moro entendeu que, embora “dificuldades da investigação” tenham impedido identificar agentes da Caixa e do ministério capazes de favorecer a Borghi Lowe nos negócios, ficou evidenciado que Vargas “tinha relação próxima com o ex-diretor de marketing da Caixa, Clauir dos Santos”, e participou de nove reuniões no Ministério da Saúde entre 2011 e 2014.

A decisão também reconhece que causa estranheza atribuir a um deputado federal o papel de intermediar contratos da administração pública. Mas diz que isso retrata “uma lamentável prática brasileira” que “verdadeiramente acontece” no país, pois cargos públicos são loteados por critérios políticos.

Moro rejeitou apenas a parte da denúncia que acusava os réus de organização criminosa por falta de indícios sobre vínculo associativo entre os acusados. “Entre corrupto e corruptor há acordo de vontade criminosa, o acerto do pagamento de propina em relação sinalagmática, mas não vínculo associativo.”

O ex-parlamentar foi condenado a pagar multa de R$ 1 milhão. Leon Vargas teve a pena de prisão fixada em 11 anos e 4 meses e Hoffmann, em 12 anos e 10 meses. Moro ainda manteve a prisão preventiva dos réus.

 

Ele citou ainda que o doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros delatores da “lava jato”, relatou interferências do ex-deputado na contratação do laboratório Labogen pelo Ministério da Saúde. Esse caso, porém, ainda está sob investigação.

 

“Especulativo vício de competência”

A defesa de Vargas apontou que o caso deveria ter sido enviado ao Supremo Tribunal Federal, porque o ex-deputado teve conversas interceptadas com Youssef quando ainda atuava na Câmara dos Deputados, tendo foro por prerrogativa de função. Moro, porém, disse que só “na fase ostensiva” da investigação a Polícia Federal constatou que André Vargas era um dos interlocutores do doleiro. Nesse momento, diz o juiz, todo o material foi repassado ao STF.

Na prática, ressalta, nada mudaria. “Como o acusado não mais exerce mandato parlamentar, o especulativo vício de competência, ainda que existente, estaria sanado, pois, caso tivesse sido percebido na época que André Vargas era o deputado federal  a única consequência jurídica seria antecipar a remessa do feito ao Supremo Tribunal Federal, com seu inevitável retorno, como também aconteceu, a este juízo. Assim, o vício de competência, ainda que existente, seria relativo e ratificável.”

A defesa alega ainda que as empresas Limiar e LSI receberam recursos lícitos por serviços privados e que em nenhum momento o Ministério Público Federal demonstrou como o cliente teria favorecido a agência de propaganda. Os advogados entendem ainda que a denúncia deveria ter citado agentes públicos responsáveis pela suposta fraude na Caixa e no Ministério da Saúde. Os irmãos de Vargas e o dono da agência também negaram as acusações.

O ex-deputado deixou o PT e teve o mandato cassado em dezembro de 2014. Os antigos colegas da Câmara entenderam que ele quebrou o decoro parlamentar por ter intermediado negócios do doleiro Alberto Youssef com o Ministério da Saúde. Vargas também passou férias com a família usando um avião pago pelo doleiro.

 Folhapress e redação

Posted On Quarta, 23 Setembro 2015 06:47 Escrito por O Paralelo 13
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