Editorial
Com o fim das coligações proporcionais para as próximas eleições municipais, os partidos políticos traçaram como meta prioritária a busca pela sobrevivência, tendo as eleições de 2020 como marco inicial para a formação de alicerces capazes de sustentar seus pilares com solidez para as eleições de 2022, quando serão eleitos deputados estaduais e federais, governadores, senadores e presidente da República
Por Edson Rodrigues
O fim das coligações, sem dúvida, objetiva fortalecer os partidos políticos. Porém, quais partidos sairão fortalecidos com essa mudança? Todos os partidos existentes no Brasil? Pois bem, possivelmente, não temos como responder com exatidão a primeira pergunta, pois a sua resposta dependerá de como cada agremiação partidária estava, e ainda está, planejando sua participação para o pleito municipal do ano que vem. Mais ainda, em nossa opinião, o próprio histórico partidário de cada agremiação será determinante para estabelecer seu futuro político. As regras pelas quais todas as agremiações partidárias serão submetidas com o fim das coligações proporcionais servirão como uma espécie de “seleção natural” dos partidos políticos. Ou seja, sobreviverão os partidos mais fortes, os mais aptos, aqueles que, ao longo do tempo, souberam fazer a melhor leitura do atual e mutante ambiente político-eleitoral-social que vivemos, ou mesmo aqueles que, de uma forma ou outra, souberam se destacar entre tantos outros partidos e conseguiram implantar sua existência no subconsciente da sociedade, mesmo que timidamente.
PSDB: RENOVAÇÃO PARA CONTINUAR
O que temos notado é que os partido estão, democraticamente, seguindo um ritual de renovação em suas convenções nacionais, a exemplo do PSDB, que elegeu Bruno Araújo como presidente nacional, isolando, de certa forma, os grandes caciques, como José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves, entre outros, como forma de distanciar a legenda dos noticiários que citem a Operação Lava Jato e outros casos de corrupção.
A mesma atitude está sendo aplicada nos diretórios estaduais e municipais. A ordem no partido é a reaproximação com o eleitor, pois as redes sociais estão em pleno plantão, agindo de forma decisiva na formação da imagem – positiva ou negativa – dos postulantes a cargos eletivos em 2020 e em 2022.
Logo, a ideia dos partidos é manter distância dos envolvidos ou investigados para que essa mácula não respingue no nome da legenda.
FIM DA LINHA?
Há um sentimento nos bastidores políticos de que esses políticos que, a partir de agora, passarão a ser “escondidos” por seus partidos, mesmo que sejam caciques históricos, estejam vivendo o ocaso de suas vidas públicas, o verdadeiro “fim da linha”.
Existe, ainda, a possibilidade das direções dos principais partidos baixarem resoluções orientando que todos os seus quadros presos, condenados pela Justiça, sob investigação ou constantes na lista dos “fichas sujas” fiquem impedidos de assumir quaisquer cargos de direção nas legendas, seja a nível nacional, estadual ou municipal.
MDB
Segundo fontes em Brasília, já há até esboços dessas minutas no MDB e em outros partidos, que podem ser postas em prática a qualquer momento. O único partido que estaria remando contra essa onda de “autoproteção” seria o PT.
No MDB, por exemplo, a intenção é fazer uma limpa em nomes consagrados, como Homero Jucá, Michel Temer, Renan Calheiros, Jade Barbalho, José Sarney e tantos outros caciques nacionais, estaduais e municipais, até mesmo os mais folclóricos, vetando, inclusive, candidaturas a prefeitos.
SANGUE NOVO
Com o fim das coligações proporcionais, os partidos querem buscar “sangue novo”, líderes que despertam em diversas classes sociais, nos mais variados segmentos, profissões e ambientes estudantis, visando já às eleições de outubro de 2020, pois elas serão as primeiras que marcarão o fim do círculo vicioso que deteriorou a legitimidade e a ideologia das siglas partidárias.
Os partidos considerados nanicos passarão por um purgatório político-partidário e, provavelmente, poucos conseguirão sair inteiros. A tendência natural de algumas legendas é, ao longo do tempo, desaparecer por completo do cenário político. Outro caminho a ser trilhado por diversos partidos políticos, mesmo aqueles considerados de pequeno e médio “porte”, diz respeito aos institutos da “fusão” e “incorporação”. Em outras palavras, os partidos que não conseguirem oxigenar suficientemente seus quadros partidários para, isoladamente, disputar os pleitos eleitorais, tendo em mente o fim das coligações proporcionais, fatalmente, para não sair do cenário político, deverão se render às fusões, para o surgimento de uma nova agremiação partidária, ou às incorporações, onde esses pequenos e médios partidos serão incorporados por outra legenda, melhor estruturada. Dessa forma, determina-se quem é quem no cenário político brasileiro.
Juntando-se isso ao afastamento dos políticos envolvidos em esquemas, investigados, presos ou processados, teremos o cenário ideal para a tão esperada e desejada depuração na política nacional, e começando, justamente, pelo lugar certo: os parlamentos e as prefeituras municipais.
É torcer para dar certo!