Uma coisa é fato, notório e comprovado, os veículos de comunicação na versão impressa estão perdendo espaço e anunciantes para as versões online
Da Redação
Ainda é pequeno o número de internautas no Brasil, mas esta é uma estatística cada vez maior no atual cenário. É comum ainda a transição, em que muitos jornais impressos aderiram à versão online para agradar ambos públicos, outros extinguiram os jornais e revistas. Em poucos anos, essa adequação será cada vez mais decisiva para a sobrevivência no mercado, assim como uma constante atualização dos profissionais da área. De acordo com os dados as revistas e jornais impressos perderam cerca de 45% dos seus assinantes anuais. Já os portais, blogs tiveram um aumento de 90% e lideram o mercado das notícias.
Outro fator decisivo nesta transição são os internautas, leitores, e público em geral. Hoje é comum a divulgação de material jornalístico, denúncias, vídeos, de “cinegrafistas amadores”. Essa expressão é utilizada ao referir-se a um cidadão comum que presenciou tal fato ou quer expor seu ponto de vista para o público em geral. Com o advento dos smarphones, tablets e eletrônicos o internauta tem acesso a qualquer conteúdo, de qualquer lugar, a um custo muito baixo, irrisório se comparado ao custo anterior. Hoje, em poucos minutos você pode navegar pelos principais sites de notícias nacionais, internacionais e locais. Mais do que isso, essa interação tem aumentado gradualmente, e hoje o internauta pode contribuir, ser peça fundamental, e até mesmo protagonista de uma história que é de interesse social.
Professores em greve de fome na cidade de Palmas
Diante desta perspectiva de mudança de público, mudou-se a metodologia de relacionar-se com o público, principalmente no cenário político, em que todos são considerados eleitores em potencial. Atualmente, os políticos e os pré-candidatos a uma função eletiva têm usado as redes sociais como principal ferramenta de comunicação. Não há como fugir, negar ou buscar outra alternativa. Ou você se adéqua a realidade, ou fica marginalizado. Circula nas redes sociais o manifesto de uma professora que participa do movimento grevista da rede municipal de Educação em Palmas, Capital do Tocantins. A professora faz relato das condições de trabalho às quais a categoria é submetida pela prefeitura e pede à população que se sensibilize com a luta pela data-base. A servidora, que prefere não se identificar, faz críticas duras ao prefeito Carlos Amastha (PSB), que teria chamado os grevistas de insignificantes. Confira.
Professora Insignificante
“Já é madrugada e não consigo dormir.
Estou com um nó na garganta e não posso gritar, pois poucos querem ouvir. Tenho tentado expressar minhas indignações desde que se iniciou este lindo movimento grevista, mas todos me calam. Dizem que sou formadora de opiniões, mas são tantos os opressores... A justiça tão parcial, o prefeito ditador Carlos Amastha, o secretário bajulador Danilo de Melo, os puxa sacos diretores de escolas e os colegas de profissão que se intimidaram e não vieram à luta em busca de nossos direitos. Então, me recolho com o novo título que me deram nos últimos dias: INSIGNIFICANTE, sim isso mesmo... Sou PROFESSORA INSIGNIFICANTE, facilmente de enganar, facilmente de pisar, humilhar e substituir.
Olho para trás e relembro o dia que tomei posse como professora deste município há exatamente 19 anos atrás. Lembro com clareza como cheguei à escola simplesmente fascinada com a profissão que escolhi desde a infância, recordo o rostinho de todos meus alunos e dos sonhos que plantamos juntos. Eu acreditava que além de ser respeitada, assim como respeitava meus mestres quando era aluna eu também teria meu trabalho valorizado. Sempre acreditei que meus alunos e os pais dos meus alunos fossem defensores dessa profissão tão digna, sofrida e de extrema importância. E hoje, pela primeira vez com os olhos embargados de lágrimas me questiono sobre a escolha que fiz. Questionamento este nunca feito antes, pois a profissão mais linda me completava e ainda trazia o sustento para o meu lar, mas lamento os dias vividos por mim e meus colegas de profissão desde que o então “POLÍTICO NOVO” chegou como gestor de minha linda Palmas. Pois é, minha linda Palmas, pois foi aqui que nasci, casei e tive meus três lindo filhos. Essa era minha cidade que tinha minha cara, minha identidade e hoje sinto vontade de procurar outro lugar para morar por não suportar tamanha humilhação e resignação. E o pior de tudo tive parte de meus sonhos devastados por um forasteiro colombiano que chegou ontem e invadiu meus sonhos, meu futuro e o futuro de minha família.
Só quero fazer um pedido para a população palmense que, por favor, calcem nossos sapatos, que sintam o que nós professores estamos sentindo, saibam que não pedimos muito, apenas queremos o que é nosso por direito, por lei. Antes de falar procurem conhecer a verdade e não o que a mídia tem vendido por tornar-se vendida. Tenho diversos direitos que estão atrasados desde 2013 enquanto isso meus filhos passam privações. E como se não bastasse ele ainda diz que vai fazer o CORTE DE PONTO porque a greve é ilegal. Como assim??? Nossos pontos estão sendo cortados desde que nossos direitos não estão sendo pagos. E isto, não é ilegal? Imoral?
Deixo um questionamento para toda população: ESTE É O NOVO QUE QUEREMOS? O novo com posturas autoritárias e arcaicas? Que desrespeita os professores e servidores municipais? Que não tem a humildade de nos receber em seu precioso gabinete nem que seja apenas para nos ouvir? Chega! Eu digo NÃO!!! Para este colombiano ditador que tem pretensão de ser GOVERNADOR.
NÃO! PARA AQUELE QUE NÃO RESPEITA O PROFESSOR!
A greve nunca foi politiqueira porque nem de políticos eu gosto, mas a partir de agora tornar-se-á. Andarei os quatro cantos deste Tocantins alertando a população para que este mal não chegue ao governo do nosso estado. O povo já está muito sofrido para aguentar uma pessoa tão impetuosa como nosso representante.
PROFESSORA DA REDE MUNICIPAL DE PALMAS-TO DESDE 1998.
PALMAS, 20 DE SETEMBRO DE 2017”.
Entenda
Após a veiculação deste desabafo, sete professores da rede municipal de educação iniciaram uma greve de fome. O motivo da atitude teria sido o pronunciamento do prefeito da Capital, que pediu para que os professores retomem para a sala de aula, pois “ninguém vai negociar absolutamente nada em uma greve que foi declarada ilegal”. Para reduzir os danos da greve o prefeito propôs contratação de mais de 500 profissionais temporários para as unidades escolares.
A greve da educação iniciou em 5 de setembro e está afetando o funcionamento de algumas escolas na cidade. Os professores reivindicam o cumprimento da data-base, retroativos, progressões, titularidades e Plano de Cargo, Carreira e Remuneração em dia. O judiciário considera a paralelização ilegal. Os números do Sindicato e da Prefeitura são distintos. O sindicato da categoria afirma que 50 das 72 unidades da rede municipal estão sem aulas e 22 funcionando de forma parcial. A Secretaria Municipal de Educação, porém, contesta esse número e diz que apenas duas escolas estão totalmente paradas. Até o momento a categoria realiza nas redes sociais um abaixo assinado em defesa dos profissionais, o que divide opiniões e comentários sobre o assunto. Tal situação demonstra claramente o poder das redes sociais como ferramenta de propagação de conteúdo, seja ele positivo ou não.