Por Família O Paralelo 13 – Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues
Não é apenas a população tocantinense que exige respostas. Nós, da imprensa livre e responsável, também exigimos que a gestão interina do governador Laurez Moreira seja transparente, ética e comprometida com a verdade. O que vimos nesta última segunda-feira, durante a inauguração do novo Mercado Central de Araguaína — segunda maior economia do estado — foi um alerta preocupante.
O recém-empossado secretário de Planejamento, Ronaldo Dimas, ex-prefeito de Araguaína, subiu ao palanque oficial e, representando o governador interino, revelou um rombo nas finanças públicas superior a R$ 300 milhões. Mais grave ainda: segundo ele, mais de R$ 200 milhões foram gastos em emendas impositivas para realização de shows. A revelação, feita de forma quase improvisada, exige muito mais do que indignação — exige ação.
Este editorial é um apelo direto: não queremos falas vazias, denúncias jogadas ao vento ou discursos inflamados sem consequência. Queremos que tudo o que não for republicano, legal ou moral seja tornado público com responsabilidade. Que os órgãos competentes — Tribunal de Contas, Ministério Público e Judiciário tocantinense — sejam os olhos da sociedade na apuração rigorosa de cada centavo desviado dos cofres públicos.
A gestão interina de Laurez Moreira não pode ser conivente, tampouco omissa. Se há irregularidades, que sejam registradas, periciadas e investigadas. Se há culpados, que sejam nomeados, seus bens bloqueados e suas ações punidas. Caso contrário, tudo vira ruído — e a gestão, em vez de decolar, naufraga.
Caminho da Justiça
A sociedade exige saber: esse déficit é legal? Os recursos das emendas para shows foram aplicados corretamente? Há auditorias em andamento em diversas secretarias — que sejam protocoladas, analisadas e só então divulgadas com responsabilidade à imprensa. Transparência não é favor, é obrigação.
As notícias sobre escutas clandestinas, suspeitas de pagamentos irregulares e vazamentos seletivos alimentam redes sociais e grupos de mensagens, mas não constroem justiça. Pelo contrário, inflamam os ânimos e colocam em risco a credibilidade de uma gestão que ainda tenta se firmar.
Ética não basta, é preciso governar
O governador em exercício Laurez Moreira é conhecido por sua postura ética e séria. Mas isso, por si só, não basta. É preciso governar com firmeza, assumir o controle do Palácio Araguaia e mostrar que há comando, responsabilidade e compromisso com o povo tocantinense.
A oportunidade está dada. A sociedade quer saber quem roubou, quem estava roubando, e quer ver justiça sendo feita. Se isso não acontecer, a gestão interina corre o risco de se tornar uma caricatura — e o Tocantins não pode mais perder tempo com gestões que prometem muito e entregam pouco.
O povo merece transparência, exige responsabilidade e não aceita menos que isso!
Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues
Araguaína, segunda maior cidade do Tocantins e considerada a capital econômica do estado, foi cenário de um episódio que expôs, de forma incontornável, a distância entre festa política e realidade administrativa. O prefeito Wagner Rodrigues planejou uma grandiosa solenidade para marcar a inauguração do novo Mercado Municipal, erguido com recursos federais, sobretudo emendas do senador Eduardo Gomes e outras entregas simbólicas para a população. A expectativa era de um evento de afirmação política, com direito à presença de senadores, deputados e mais de 60 prefeitos. Mas o brilho da festa foi ofuscado.
O discurso que mudou o tom
No palanque, quem roubou a cena foi o secretário estadual de Planejamento e ex-prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas, que discursou em nome do governador interino Laurez Moreira. A solenidade, pensada como celebração de conquistas, se transformou em advertência pública: Dimas revelou um déficit superior a R$ 300 milhões herdado da gestão afastada de Wanderlei Barbosa e deixou claro que o Estado precisa de socorro urgente para fechar as contas de 2025.
Ronaldo Dimas falando em nome do governador interino Laurez Moreira
Em sua fala, não poupou franqueza. Segundo ele, “chega de show, gente, é preciso passar o Estado a limpo. O Estado não está muito bem. Há necessidade de mais de R$ 300 milhões para poder fechar este ano, só na saúde são R$ 180 milhões e estamos vendo alternativas. A previdência é outro problema gigante. A situação é delicada.” A contundência das palavras caiu como um banho de água fria ou, como muitos comentaram, como 13 gotas de creolina em um copo de leite, diante de um público que esperava aplausos fáceis e discursos protocolares.
Constrangimento em praça pública
O impacto foi imediato. Parlamentares que aportaram recursos, entre eles o senador Eduardo Gomes, a senadora Dorinha e o deputado Carlos Gaguim, além de dezenas de prefeitos presentes, ficaram atônitos diante do diagnóstico exposto em praça pública. Mais do que números, o secretário escancarou um constrangimento político: a necessidade de se buscar, já nesta semana em Brasília, apoio financeiro para evitar que o Estado paralise serviços fundamentais.
Há duas leituras possíveis do episódio. A primeira, técnica, uma vez que Dimas apresentou um quadro alarmante que exige plano de ação imediato para impedir o colapso de áreas sensíveis como saúde e previdência. A segunda, política, pois ao expor a crise em um evento de tamanha visibilidade, o secretário marcou posição, demonstrou liderança e, sobretudo, mostrou o tom que o governo interino pretende adotar menos festa, mais ajuste, menos palanque, mais cobrança.
A realidade por trás das obras
Obras do Hospital de Gurupi
Enquanto se entregam obras visíveis, falta dinheiro para manter hospitais, honrar compromissos e equilibrar o orçamento. Para os gestores municipais, ficou o alerta de que as próximas semanas serão decisivas e que dependerão da união da bancada federal para destravar recursos.
Ronaldo Dimas trouxe números, urgência e franqueza. Agora, o que se espera é que o governo interino traduza o discurso em medidas concretas, um plano de recuperação financeira transparente, cronograma de ajustes e diálogo aberto com prefeitos e parlamentares. O Tocantins precisa menos de espetáculo e mais de planilha; menos de inaugurações festivas e mais de responsabilidade administrativa.
A inauguração do novo mercado em Araguaína acabou revelando algo maior do que um prédio novo: mostrou que o Estado está em crise e que a superação dela exigirá coordenação entre governo, municípios e Congresso. A população tocantinense não pode ser refém de rombos fiscais ou de disputas políticas merece, sim, ser prioridade real.
O recado de Dimas
O Observatório Político de O Paralelo 13 não pode tampar o sol com a peneira. O pronunciamento de Ronaldo Dimas, como representante do governador interino Laurez Moreira, foi um verdadeiro soco no rosto do prefeito Wagner Rodrigues. Não há outra comparação. E esse soco foi dado publicamente, em pleno palanque oficial da Prefeitura de Araguaína. A fala do secretário de Planejamento foi cirúrgica, profissional e deixou claro, de forma cristalina, que não falava apenas como técnico, mas como quem representava diretamente o governador interino. Importa frisa que o golpe não foi direcionado aos convidados, senadores Eduardo Gomes e Professora Dorinha, deputados Carlos Gaguim e Jair Farias, o presidente da ATM Big Jhow, prefeito de Cristalândia, além de mais de 60 prefeitos presentes, mas sim ao próprio prefeito Wagner Rodrigues, que viu seu momento de consagração transformado em constrangimento político.
Em evento, Eduardo Gomes é exaltado
Senador Eduardo Gomes entrega novo Mercado de Araguaína e anuncia mais investimentos
Apesar do constrangimento, a presença de Eduardo Gomes em Araguaína também se transformou em momento de reconhecimento e homenagens. Prefeitos e deputados exaltaram sua atuação como articulador em Brasília e lembraram seu papel decisivo na liberação de recursos. Para muitos gestores, sua permanência no Senado é considerada fundamental, sobretudo pela defesa do municipalismo e pela capacidade de atender, com rapidez, demandas de saúde e infraestrutura.
O gesto mais marcante ocorreu na Câmara Municipal, que entregou ao senador a primeira Medalha de Honra ao Mérito Tocantins, criada em 1987, mas nunca antes concedida em solenidade oficial. Emocionado, Gomes anunciou a destinação de R$ 2 milhões para a construção do novo prédio do Legislativo araguainense e reforçou seus laços com a cidade. “Ninguém me tira de Araguaína e ninguém tira Araguaína de mim”, disse, lembrando o papel histórico da Câmara na articulação pela criação do Estado.
Não faltaram manifestações de apoio. O deputado estadual Jair Farias o definiu como “gigantão do Tocantins, gigante em ação e coração”. Prefeitos como Auri Ribeiro, de Axixá, e Fábio da Farmácia, de Paranã, ressaltaram sua importância para destravar obras e recursos fundamentais. Já o prefeito Wagner Rodrigues resumiu que “todas as pessoas o tratam como se fosse da família. Araguaína agradece imensamente pelo seu apoio, por ser um campeão no envio de recursos e por contribuir para a entrega de obras que impactam positivamente a vida dos araguainenses”.
Intervenções integram um cronograma amplo de ações a serem executadas na cidade; nesta segunda-feira, 22, equipes atuaram na Arno 42 (405 Norte)
Por Alcione Luz
A Prefeitura de Palmas, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seiop), está executando obras de duplicação de bueiros na cidade, medida necessária para melhorar o sistema de escoamento de água. Nesta segunda-feira, 22, as equipes atuaram na quadra na Arno 42 (405 Norte).
Com a proximidade da temporada de chuvas no Tocantins, a ação tem caráter preventivo e visa ampliar a capacidade de escoamento, contribuindo diretamente para melhorar o sistema de drenagem da cidade. As intervenções integram um cronograma amplo de ações a serem executadas em outras quadras com possíveis pontos críticos. Os serviços estão sendo planejados com base em estudos técnicos e demandas da população.
Franciel dos Santos, que trabalha em um supermercado localizado na rua onde estão sendo executados os serviços, falou sobre como era a região antes da ação da Prefeitura. “Quando a chuva era intensa ficava impossível de estacionar veículos, imagina andar pela rua. Era um incômodo muito grande para quem mora e também para quem trabalha nesse local”, lembrou.
Lei nº 3.594/2019 estabelece o calendário de coleta para garantir o manejo sustentável e a preservação da matéria-prima
Por Kleidiane Araújo
O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), responsável pela gestão do Parque Estadual do Jalapão (PEJ) e da Área de Proteção Ambiental (APA) do Jalapão, acompanhou, no sábado, 20, o início do período autorizado para a coleta do capim-dourado no campo Rio do Meio, localizado na região sudeste da APA do Jalapão, no Território Quilombola do Carrapato.
A colheita do capim-dourado está autorizada até 30 de novembro, conforme a Lei nº 3.594/2019, que institui a Política Estadual de Uso Sustentável do Capim-Dourado e do Buriti. A autorização abrange todas as associações de artesãos e extrativistas cadastradas no Naturatins. A norma estabelece o calendário de coleta para garantir o manejo sustentável e a preservação da matéria-prima.
As atividades ocorrem dentro do PEJ e da APA Jalapão, onde estão localizados diversos campos de capim-dourado, essenciais para a produção artesanal local. Entre eles estão o Faveira, Caetano, Corta Perna, Rio do Meio, Brejo da Danta, Cabeceira do Carrapato, Riacho de Areia, Brejo das Meninas e Gongo.
Nos próximos meses, o capim colhido será transformado em bolsas, chapéus, acessórios e outros artigos - Kleidiane Araújo/Governo do Tocantins
A supervisora da APA Jalapão, Rejane Ferreira, ressaltou o papel do Naturatins durante esse período. “Está autorizada a coleta do capim-dourado, e essa data é muito importante, pois as comunidades ficam o ano inteiro aguardando para iniciar as coletas e o manejo adequado. Esse manejo garante a manutenção da espécie, protege as veredas e garante a renda das comunidades. Boa parte da população do Jalapão depende do artesanato feito com o capim. Até 30 de novembro, as comunidades estarão nos campos coletando, e o Naturatins seguirá acompanhando, conversando, ouvindo as dificuldades e incentivando as boas práticas”, destacou.
Rejane Nunes observou que os campos de capim-dourado estão fartos neste ano e devem garantir uma colheita abundante. Segundo ela, a expectativa é de que as comunidades tenham uma quantidade significativa da matéria-prima para a confecção do artesanato, assegurando geração de renda para as famílias que dependem da atividade.
Tradição e sustento
Conhecida como uma tradição que atravessa gerações, a colheita do capim-dourado é motivo de celebração para as famílias que dependem do chamado “Ouro do Cerrado” para o sustento.
O processo é manual e exige cuidado, envolvendo técnicas tradicionais transmitidas de geração em geração. Caminhar pelos campos úmidos, muitas vezes de difícil acesso, é um verdadeiro desafio. Além de representar o artesanato sustentável da região, o capim-dourado tem forte impacto socioeconômico, especialmente entre as mulheres artesãs.
A expectativa é que, nos próximos meses, o capim-dourado colhido seja transformado em bolsas, chapéus, acessórios e outros artigos que circularão no Brasil e no exterior, divulgando a cultura do Jalapão.
A artesã Noemi Gonçalves da Silva reforçou a importância do momento para a comunidade. “Estamos vivendo um momento muito importante para nós, artesãos da região. Sabemos que a colheita autorizada tem data certa para começar, e hoje iniciamos de forma regular. Reunimos amigos e viemos para o campo fazer a coleta”, contou.
Mais do que uma prática extrativista, a colheita do capim-dourado é um elo cultural e econômico que sustenta a vida de famílias no Jalapão e em Mumbuca. As peças produzidas, conhecidas mundialmente, simbolizam o cuidado com a natureza e a sabedoria de um povo que sabe extrair dela o sustento sem esgotá-la.
O artesão Argemiro Pereira da Silva, de 76 anos, morador da comunidade Formiga, também destacou a relevância da data. “Sou um dos moradores mais antigos da comunidade. Há cerca de cinco anos, venho colhendo capim-dourado com meus filhos, enquanto minha esposa costura as peças. Os produtos são vendidos aqui e no município de Mateiros, onde a demanda é grande. Essa autorização é importante para manter viva a nossa cultura e garantir o sustento de muitas famílias da região”, afirmou.
Orientações
Desde o início do ano, o Naturatins tem percorrido diversas regiões do Estado para orientar comunidades e artesãos sobre a Lei nº 3.594/2019, reforçando os principais pontos da política estadual e incentivando o cumprimento das regras de coleta, manejo e transporte do capim-dourado e do buriti. O objetivo é assegurar o desenvolvimento sustentável e a preservação ambiental, ao mesmo tempo em que garante o sustento das comunidades tradicionais.
Por Edson Rodrigues
O cenário político de Araguaína, segundo maior colégio eleitoral do Tocantins, vive um momento de intensa polarização. Os dois principais líderes da cidade — o ex-prefeito Ronaldo Dimas e o atual prefeito Wagner Rodrigues — seguem caminhos distintos, marcados por interesses divergentes e alianças estratégicas que podem definir o futuro político do estado.
O conflito ganhou força após Ronaldo Dimas aceitar o convite do governador interino Laurez Moreira para assumir a Secretaria de Planejamento do Estado. A nomeação reacendeu tensões dentro do grupo político que, por mais de uma década, comandou Araguaína com duas gestões consecutivas — cada uma com oito anos de mandato.
Deputado federal Tiago Dimas e o secretário de Planejamernto Ronaldo Dimas
Dimas, filiado ao Podemos, partido presidido no Tocantins por seu filho, o deputado federal Tiago Dimas, agora se alinha diretamente à candidatura de Laurez Moreira ao governo estadual em 2026.
UNIÃO BRASIL X PODEMOS
O atual prefeito de Araguaína é filiado ao União Brasil, partido presidido no estado pela senadora professora Dorinha Seabra, pré-candidata ao governo em federação com o PP. Wagner tem demonstrado apoio irrestrito à candidatura de Dorinha, inclusive organizando eventos de grande porte, como a entrega do novo Mercado Central — uma obra moderna financiada com recursos de emendas impositivas.
Além disso, Wagner Rodrigues é um dos principais apoiadores da reeleição do senador Eduardo Gomes, seu aliado pessoal e considerado o maior responsável pela liberação de recursos federais para Araguaína — mais de R$ 100 milhões destinados ao município, consolidando Gomes como um dos congressistas mais influentes da região.
Sem espaço no grupo de Wagner, Dimas aposta todas as fichas na candidatura de Laurez Moreira. Como secretário de Planejamento, ele se torna peça-chave na articulação do projeto político do governador interino. Paralelamente, Dimas também se dedica à reeleição de seu filho, Tiago Dimas, fortalecendo o Podemos como uma força emergente no estado.
CAMINHOS OPOSTOS, DESTINOS INCERTOS
A disputa entre Wagner Rodrigues e Ronaldo Dimas representa o choque de dois gigantes políticos que transformaram Araguaína em uma cidade modelo. Ambos trilham agora caminhos distintos, cada um construindo sua própria base rumo às eleições estaduais de 2026.
Nos bastidores, especula-se que o ex-prefeito Dr. Paulo Sidney poderá ser anunciado como novo membro da equipe de Laurez Moreira, ampliando ainda mais o racha político.
Por ora, é cedo para prever qual grupo sairá vitorioso. Mas uma coisa é certa: os efeitos colaterais dessa divisão já são sentidos, e Araguaína segue como palco central de uma disputa que promete marcar a história política do Tocantins.
Estamos de olho.