Reduções de ICMS puxaram para baixo energia e combustíveis. Preços dos alimentos seguem pressionados
Por: Guto Abranches
A prévia da inflação para julho, apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), desacelerou para a marca de 0,13%, ante 0,69% do mês anterior. O indicador, que tem a divulgação sob responsabilidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou, assim, a menor alta mensal em período de dois anos. Em junho de 2020, a marca havia sido de 0,02%.
Causa e consequência
As reduções nas alíquotas do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), via Lei Complementar 194/22 sancionada em junho, puxaram para baixo grupos de peso determinante na composição do indicador global. Com a gasolina em queda de 5,01% e o etanol baixando 8,16%, os grupos Transporte e Habitação marcaram deflações de -1,08% e de -0,78%, respectivamente.
A baixa de 4,61% da energia elétrica também teve impacto direto na inflação negativa da habitação. Igualmente como consequência do corte do tributo. Os vetores devem colaborar, na visão dos especialistas de mercado, para deflação no índice cheio de julho, a ser divulgado em 9 de agosto. E pode haver ainda um contágio "para o bem" na apuração no IPCA cheio de agosto. "O IPCA-15 de julho capturou parcialmente os efeitos dos cortes de ICMS sobre energia e combustíveis e os impactos deverão ser sentidos com mais intensidade no fechamento de julho. Nossa expectativa é que o IPCA de julho deverá registrar deflação de 0,72%", avalia Luciano Costa, economista chefe da Monte Bravo Assessoria de Investimentos.
Para os economistas, ainda falta a fatia de comunicações capturar o impacto dos cortes de ICMS. "As operadoras já haviam alertado que poderia haver um atraso na transferência devido a dificuldades operacionais. Vamos adiar a deflação esperada para o grupo", aponta Tatiana Nogueira, economista da XP Investimentos. Ou seja, vem... menos por aí!
Uns mais outros menos
Mas a redução no ritmo de crescimento do custo de vida não é sentida igualmente pelos diferentes recortes da população. As famílias mais pobres percebem mais diretamente os alimentos em alta. O grupo Alimentação e Bebidas teve elevação de 1,16% -- contra uma marca de 0,25% anterior. Com leite longa vida em expansão de 22,27% no mês; frutas em alta de 4,03%; feijão 4,25%, entre outros.
Outro grupo que não colaborou para uma desaceleração maior foi o de Serviços, que registrou alta de 0,84%, acima do esperado pelos analistas de mercado: a XP projetava 0,64%. E com chances de se manter sob pressão por mais tempo. "Deflação de energia elétrica pelo lado positivo, enquanto serviços sob pressão trazem sabor amargo", resume Tatiana Nogueira.
Estoque e expectativa
Na observação por períodos mais longos, a inflação não figura de forma tão positiva. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 5,79%. Em 12 meses é pior: 11,39%. Não por acaso, os economistas fazem as contas e apontam inflação acima do centro da meta de 3,5% no fechamento de 2022. Se confirmado o prognóstico, será o segundo ano consecutivo de descumprimento do objetivo, por mais que a flutuação até 5% seja aceitável dentro do regime de metas. Mas a projeção para a maioria dos economistas do mercado aponta índice na casa dos 7% (incluindo o boletim Focus, do Banco Central). E para o ano que vem também não tem vida fácil. As instituições financeiras ouvidas no Focus recalcularam esta semana o custo de vida em 5,30%, com viés de alta.
Em outras palavras, atenção redobrada para a política de alta de juros -- e para sua duração.
Fundo considera que o Produto Interno Bruto do país terá avanço de 1,7% no ano, ante o 0,8% previsto em abril; expectativa para 2023, porém, sofre queda
Por Jovem Pan
O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou um estudo nesta terça-feira, 26, onde eleva sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para o ano de 2022. De acordo com o órgão, a economia brasileira crescerá 1,7% neste ano – em abril, o órgão havia estimado que o PIB nacional seria de 0,8%. A revisão no desempenho econômico vai na contramão da previsão dos demais países, já que o FMI reduziu o crescimento global em 0,6%. A estimativa, porém, diminui para o próximo ano. Inicialmente, o fundo avaliou que o Brasil teria um crescimento de 1,4% em 2023, mas agora enxerga uma elevação de 1,1%.
As previsões do órgão internacional, porém, são mais conservadoras do que os cálculos realizados pelo Ministério da Economia. Isso porque o governo federal estima que o PIB brasileiro terá um crescimento de 2,0% neste ano, seguido de outra alta para 2023 de 2,5%. “Embora as revisões sejam principalmente negativas para economias avançadas, exposições diferentes aos principais acontecimentos significam que as de mercados emergentes e economias emergentes são variadas”, argumentou o FMI. Uma das explicações do fundo é a de que riscos globais – como a guerra na Ucrânia e a crise imobiliária na China – aumentem a possibilidade de um descontrole inflacionário e dificultem o cenário para as economias emergentes.
Com isso, as contas de FGTS contempladas renderam 5,83% ao ano
Por Marcelo Brandão
A Caixa anunciou hoje (26) a conclusão do processamento da distribuição de R$ 13,2 bilhões do resultado de 2021 do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Com o crédito dos valores, as contas de FGTS contempladas alcançaram rentabilidade de 5,83% ao ano, índice que corresponde a quase o dobro da correção da poupança em 2021, que foi de 2,99%.
A distribuição do lucro do FGTS é uma medida legal que tem como objetivo o incremento da rentabilidade das contas de FGTS do trabalhador, por meio da distribuição de parte do resultado positivo auferido pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, além da remuneração mensal realizada por meio da aplicação da Taxa Referencial (TR) mais 3% ao ano.
O resultado do fundo é decorrente do retorno de suas aplicações e investimentos em habitação, saneamento, infraestrutura e saúde, fruto da governança do Conselho Curador do FGTS e atuação da Caixa como Agente Operador. Na distribuição do lucros anunciada hoje, receberam o crédito 106,7 milhões de trabalhadores que tinham conta de FGTS com saldo em 31/12/2021.
Quanto maior o saldo da conta vinculada ao FGTS, mais o trabalhador tem a receber. Para saber a parcela do lucro que será depositada, o trabalhador deve multiplicar o saldo de cada conta em seu nome em 31 de dezembro do ano passado por 0,02748761. Esse fator significa que, na prática, a cada R$ 1 mil de saldo, o cotista receberá R$ 27,49.
Mesmo perdendo da inflação, o FGTS rendeu mais que a caderneta de poupança. No ano passado, a poupança rendeu apenas 2,94%, influenciada pela taxa Selic (juros básicos da economia), que ficou em 2% ao ano na maior parte de 2021 e só foi aumentada a partir de agosto do ano passado.
Como consultar o saldo
Para verificar o saldo do Fundo de Garantia, o trabalhador deve consultar o extrato do fundo, no aplicativo FGTS, da Caixa Econômica Federal. Até recentemente, o banco oferecia a opção de consulta pelo site da instituição, mas todo o atendimento eletrônico relativo ao FGTS foi migrado exclusivamente para o aplicativo, disponível para smartphones e tablets dos sistemas Android e iOS.
Quem não puder fazer a consulta pela internet deve ir a qualquer agência da Caixa pedir o extrato no balcão de atendimento. O banco também envia o extrato do FGTS em papel a cada dois meses, no endereço cadastrado. Quem mudou de residência deve procurar uma agência da Caixa ou ligar para o número 0800-726-0101 e informar o novo endereço.
A instabilidade econômica das últimas semanas e o recorde do dólar na Argentina paralisaram as operações no ramo de venda de carros, que já passava por um cenário complicado devido à falta de oferta de veículos.
Por Mariana Braga
Os preços dos carros novos em pesos subiram de 10 a 15% no início de julho, após a saída de Martín Guzmán do Ministério da Economia. Esse aumento também foi repassado para carros usados, em diferentes proporções. Diante de tamanha insegurança, os industriais e donos de lojas decidiram parar as vendas.
"Eles estocam produtos porque sabem que, se vendem hoje, amanhã ou depois podem ter problemas para comprar insumos com o dinheiro que conseguiram nas vendas de seus produtos", explica Flavio Gonzalez, advogado e professor da Universidade de Buenos Aires.
Segundo o noticiário Infobae, fontes das concessionárias apontam que o diferencial cambial, neste caso, ao contrário de anos anteriores, não gera uma oportunidade para a compra de veículos. Antecipando um aumento maior de preços, comerciantes tentam se proteger.
“Quem vende cuida do estoque. O setor continua com um grande problema de abastecimento, principalmente de modelos de fora do Mercosul. Os carros produzidos internamente são os mais procurados. Por enquanto, o comprador espera o valor do dólar se estabilizar”, disse Alejandro Lamas, secretário da Câmara de Comércio Automotiva (CCA).
De acordo com os números divulgados pela Associação de Concessionários Automotivos da República Argentina (Acara), em junho de 2022 foram registradas 34.906 unidades de veículos, o que representa uma queda de 1,3% em relação ao mês anterior e de 8,7% em relação a junho de 2021.
“Pode ser que você entre em contato com um vendedor e ele diga que não vende hoje. Não é fanfarronice ou especulação, é uma forma de se proteger em tempos de incerteza. Hoje as pessoas querem se livrar dos pesos, preferem ter o carro ou os dólares e o mercado está paralisado”, conclui Lamas.
O professor Gonzalez ressalta que esse fenômeno não atinge somente o setor automobilístico na Argentina. "As indústrias estão estocando produtos e isso não acontece apenas nas fábricas de automóveis, mas também em outros setores, inclusive os de alimentos", aponta.
Petista foi citado em um site criado por Kiev
Com MSN notícias
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência da República pelo PT, foi incluído pelo governo ucraniano em uma lista de “oradores que promovem narrativas consonantes com a propaganda russa”. Ele é o único brasileiro que integra o relatório feito pelo Centro de Combate à Desinformação do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia. Ao todo, Kiev citou frases de 78 pessoas de vários países.
A publicação atribui duas narrativas pró-Russia ao petista: "A Rússia deve LIDERAR a "Nova Ordem Mundial” e “ Zelensky é o culpado pela guerra assim como Putin”. O governo ucraniano não especificou quando nem em que contextos as frases teriam sido ditas. Não há registro de quando a primeira declaração teria sido feita por Lula.
Sobre a segunda, a declaração foi dada pelo petista em maio de 2022 à revista americana Time. O ex-presidente disse que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, é tão responsável pela guerra na Ucrânia quanto o líder russo, Vladimir Putin. "Às vezes fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin", afirmou Lula à jornalista Ciara Nugent. "Eu não conheço o presidente da Ucrânia. Agora, o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo. Ou seja, ele aparece na televisão de manhã, de tarde, de noite, aparece no parlamento inglês, no parlamento alemão, no parlamento francês como se estivesse fazendo uma campanha. Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação". Lula ainda afirmou que Zelensky "quis a guerra".
À Time, Lula ainda ponderou que Putin não deveria ter invadido a Ucrânia, mas disse que os Estados Unidos e os países da União Europeia também são culpados pelo conflito. Na visão de Lula, esses atores poderiam ter "resolvido o problema" se tivessem negado a entrada da Ucrânia na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e na União Europeia. "Os europeus poderiam ter resolvido e dito: ‘Não, não é o momento de a Ucrânia entrar na União Europeia, vamos esperar’. Eles não precisariam fomentar o confronto!".
Ainda comentando a guerra, Lula disse que "as pessoas estão estimulando o ódio a Putin" e que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, poderia ter ido a Moscou negociar com o líder russo.
O que Lula disse sobre a lista do governo ucraniano
Ao jornal Folha de S. Paulo, a assessoria de Lula afirmou que o petista condenou a invasão da Ucrânia por parte da Rússia e considerou que houve “má vontade” por parte do governo ucraniano ao incluir falas do ex-presidente brasileiro na lista.
Ao comentar sobre o mesmo assunto, a assessoria do petista disse à CNN Brasil que a primeira frase está “completamente descontextualizada” e que a segunda “nunca foi dita por Lula”.