Suspensão das atividades é permanente

 

Por Agência Brasil

 

Uma ação coordenada pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), levou à suspensão permanente das atividades de 180 empresas suspeitas da prática de telemarketing abusivo.

 

A iniciativa conta com a parceria dos Procons de todo o país e visa combater as ligações não solicitadas para oferta de produtos ou serviços. Segundo a Senacon, a maior parte das empresas se utiliza de dados sobre pessoas obtidos de forma ilegal.

 

A suspensão das atividades vale a partir de hoje (18) para empresas de telemarketing que atuam nos âmbitos nacional, estadual e municipal.

 

Campeãs de reclamações sobre telemarketing abusivo na plataforma consumidor.gov.br, empresas de telecomunicações e instituições financeiras também deverão suspender atividades de telemarketing.

 

A medida foi tomada após o registro de mais de 14 mil reclamações em três anos no Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec) e no portal consumidor.gov.br, informou o MJSP.

 

"Para se ter uma ideia, em um dos casos apurados pela Senacon, um idoso alegou ter recebido mais de 3 mil ligações de telemarketing nos cinco números de telefones que possuía", disse as pasta, em nota.

 

Não são atingidos pela suspensão o telemarketing passivo, em que o cliente liga para a empresa, as cobranças, os pedidos de doações e as ligações expressamente autorizadas pelos consumidores.

 

Segundo a Senacon, há indícios de que as empresas responsáveis pelas abordagens não autorizadas tenham praticado o crime de comércio ilegal de dados pessoais.

 

Caso alguma das 180 empresas atingidas descumpra a decisão de suspender suas atividades, foi estipulada multa diária de R$ 1 mil, com o acumulado podendo chegar a até R$ 13 milhões. De acordo com a Senacon, em breve será disponibilizado aos consumidores um canal de comunicação direto para denunciar as empresas que continuarem a realizar ligações de telemarketing abusivo, mesmo após a aplicação desta medida.

 

 

Posted On Segunda, 18 Julho 2022 14:45 Escrito por

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem feito investidas sobre o MDB para atrair o partido a apoiá-lo nas eleições

 

Por Sérgio Roxo

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne na tarde desta segunda-feira, em São Paulo, com caciques do MDB num esforço para tentar ampliar o seu leque de alianças ainda no primeiro turno da disputa presidencial deste ano. O petista mantém esperança de atrair o partido, que tem a senadora Simone Tebet (MS) como pré-candidata a presidente, juntamente com o PSD e o União Brasil.

 

Porém, não há confirmação de participação no encontro desta segunda-feira de nenhuma liderança que indique uma expansão do apoio a Lula dentro do MDB. São esperados em São Paulo nomes como os senadores Renan Calheiros (AL), Eduardo Braga (AM), Marcelo Castro (PI) e Veneziano Vital do Rêgo (PB) e o ex-senador Eunício Oliveira (CE). Havia expectativa quanto à participação do governador do Pará, Hélder Barbalho.

 

Em maio, Hélder disse ao jornal “Folha de S. Paulo” que apoiaria Tebet. Há cerca de duas semanas, porém, o governador esteve com Lula em São Paulo, junto com o seu pai, o senador Jader Barbalho (PA), apoiador do petista. Ele, porém, não deve participar da reunião.

 

O PT espera receber nesta segunda-feira o apoio de dez diretórios estaduais do MDB: Alagoas, Bahia, Paraíba, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Piauí, Amazonas e Pará.

 

Apesar da dificuldade que tem para conseguir palanques nos estados e até mesmo para sacramentar a chapa com senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) de vice, a cúpula do MDB pretende manter Tebet na disputa pelo Planalto. O presidente da legenda, Baleia Rossi, é defensor da candidatura própria, assim como o ex-presidente Michel Temer.

 

Segundo aliados, Lula está disposto a fazer todos os esforços para atrair não só o MDB como também o União Brasil e o PSD para uma aliança formal. O petista quer a adesão desses partidos mesmo que as bancadas sejam liberadas para se posicionarem de outra forma na eleição presidencial.

 

O ex-presidente expôs os seus planos em almoço na residência oficial do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na última quarta-feira. Também na semana passada, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, apresentou à executiva do partido uma proposta para que seja aprovada em convenção da sigla uma posição de neutralidade na eleição presidencial. Há expectativa que Kassab, porém, declare voto no petista.

 

No União Brasil, as resistências a Lula também são grandes. O partido mantém a pré-candidatura ao Planalto de seu presidente, o deputado Luciano Bivar (PE).

 

 

 

Posted On Segunda, 18 Julho 2022 09:33 Escrito por

Pesquisas eleitorais e empresas do setor se tornaram alvos preferenciais nas redes sociais da base do presidente Jair Bolsonaro (PL), pré-candidato à reeleição. A tática, que ganha força à medida que o pleito se aproxima, passa pela circulação de dados falsos sobre intenções de voto, ataques diretos à credibilidade dos institutos e pela divulgação de enquetes sem valor estatístico e fotos de multidões como forma de medir a popularidade do presidente. Em paralelo, em menor número, políticos de diferentes partidos já começam a exibir resultados distorcidos para favorecer aliados e suas pré-candidaturas.

 

Jornal O Globo

 

Um caso recente é o de uma pesquisa falsa atribuída ao Paraná Pesquisas apontando Bolsonaro com mais de 70% das intenções de votos em oito dos 27 estados — os resultados foram desmentidos pelo próprio instituto. A publicação, que se espalhou em aplicativos de mensagem, afirma que Bolsonaro venceria no primeiro turno.

 

Um levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPP/FGV), a pedido do GLOBO, aponta que, entre 1º de junho e 5 de julho, a mensagem apareceu 35 vezes em 25 grupos de WhatsApp, em um universo de 172 grupos públicos monitorados. Além disso, 91,4% das aparições ocorreram nas duas últimas semanas de análise.

 

Diretor de análises públicas da FGV, Marco Aurélio Ruediger alerta para o componente emocional da distorção de dados:

 

— Os números não estão ali para serem precisos, mas para mexer com a emoção das pessoas. Não é para fazer o eleitor pensar, é para que ele pegue essa informação falsa, acredite e compartilhe com os amigos.

 

Apoiadores de Lula e Bolsonaro fazem guerra de narrativas sobre adesão popular. Eventos de presidenciáveis na pré-campanha geram disputa sobre quem atrai mais público às ruas

 

Em outro episódio, o Datafolha apareceu como fonte em uma postagem falsa no WhatsApp que apontava Lula atrás de Bolsonaro no Rio, o oposto do dado oficial. No mês passado, também circularam mensagens enganosas sobre um áudio atribuído a Mauro Paulino, ex-diretor do instituto, no qual ele confessaria um plano para fraudar as urnas eletrônicas. O áudio, na verdade, foi gravado por um canal humorístico. O instituto terá um espaço no próprio site para desmentir casos de desinformação.

 

Dados da DAPP/FGV revelam também que há alta circulação no Facebook de posts com links de enquetes enviesadas sobre a disputa presidencial. Embora não tenham a proposta de se equiparar a uma pesquisa eleitoral e façam esse alerta em suas páginas, os levantamentos online têm sido divulgados como forma de contestar os institutos. Uma delas, a do site Eleições ao Vivo, já gerou mais de 1 milhão de curtidas, compartilhamentos e comentários desde que foi lançada, em 2020. O resultado da enquete, atualizada em tempo real e compartilhada majoritariamente por apoiadores do presidente, aponta Bolsonaro com 70% dos votos. O Datafolha mais recente mostrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 47% das intenções de voto, contra 28% de Bolsonaro.

 

Com mais de 98 mil inscritos em seu canal no YouTube e 81 mil seguidores no Facebook, o bolsonarista Adonias Soares foi um dos que mais difundiram a enquete. Em uma transmissão ao vivo no dia 4 de julho, ele lançou dúvidas sobre o resultado de um levantamento do Paraná Pesquisas em São Paulo, que mostrou percentual próximo de intenções de voto entre Bolsonaro e Lula, ao mesmo tempo que indicou o Eleições ao Vivo a seus seguidores, ressaltando a dianteira do presidente. A postagem teve 160 mil visualizações só no Facebook.

Outro site de enquete é o Realidade do Povo, que somou 480 mil interações nos últimos dois meses, segundo a DAPP/FGV. Administrador da plataforma, Márcio Santine diz que não é responsável pela circulação tendenciosa nas redes.

 

— Está bem claro que são enquetes. Sabemos que há todo um estudo científico por trás das pesquisas. Infelizmente, não tem como controlar.

 

FORMAS DE DESINFORMAÇÃO

 

ENQUETES SEM VALOR ESTATÍSTICO

 

 

A base bolsonarista passou a divulgar enquetes sem valor estatístico para medir a popularidade do presidente. O youtuber Adonias Soares é um dos que compartilharam a enquete “Eleições ao Vivo” a seus seguidores como fonte para medir intenções de voto. Em um vídeo com 160 mil visualizações no Facebook, ele lança dúvida sobre o resultado de uma pesquisa feita pelo Paraná Pesquisas em São Paulo.

 

Somente entre 1º de maio e 13 de julho, foram contabilizadas mais de 400 mil interações em postagens no Facebook sobre a mesma enquete, segundo levantamento da DAPP/FGV. Outro exemplo é a enquete “Realidade do Povo”, que somou nos últimos meses 480 mil interações na rede.

 

FAKE NEWS SOBRE RESULTADOS

Uma das mensagens que circulou recentemente foi uma pesquisa falsa atribuída ao Instituto Paraná Pesquisas que apontava Bolsonaro com mais de 70% das intenções de votos em 8 dos 27 estados brasileiros. A Dapp/FGV identificou 35 postagens em 25 grupos com a fake news entre 172 grupos públicos de WhatsApp monitorados entre junho e julho.

 

ATAQUES A INSTITUTOS E EMPRESAS DE PESQUISA

 

 

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem usado suas redes para atacar a Quaest e o Datafolha. Em um vídeo com 224 mil visualizações, ele lançou dúvidas sem fundamento sobre a metodologia da Quaest.

 

 

O pastor Silas Malafaia também usou suas redes para mirar a medição do voto evangélico pelo Datafolha. Foram 183 mil visualizações só no Facebook.

 

 

O ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio, pré-candidato ao Senado em Minas, patrocinou um post em que diz que "pesquisa é uma mentirada" e reproduz resultados da Quaest.

 

FOTOS DE MULTIDÕES PARA CONTESTAR PESQUISAS

 

Entre 1º e 13 de julho, foram registradas 54.100 publicações no Twitter e 10.928 no Facebook com menções a "datapovo". O termo, que começou com a direita, passou a ser usado também pela esquerda para marcar apoio popular.

 

 

No mês passado, o senador Flávio Bolsonaro usou imagens de multidões a favor de Bolsonaro para atacar o Datafolha. A postagem teve 121 mil curtidas no Instagram.

 

DISTORÇÃO DE RESULTADOS

 

Parlamentares e pré-candidatos de diferentes espectros também passaram divulgar dados de pesquisa de forma equivocada.

 

O senador Humberto Costa (PT) e o ex-deputado federal Marco Maia (PT) compartilharam números da Genial/Quaest dizendo que Lula "disparou" e "cresceu" em Minas Gerais ao marcar 46% de intenções de votos. Os dados da pesquisa, no entanto, mostram que não houve variação fora da margem de erro.

 

Outro caso é do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB). Em um post que chegou a ser patrocinado no Facebook, ele compara resultados de cenários diferentes, com e sem Márcio França, para dar impressão de que suas intenções de voto dobraram segundo o Datafolha, quando na verdade passaram de 11% para 13%.

 

"Mentirada danada"

 

Presidente da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep), Duilio Novaes diz que a pesquisa é a “bola da vez” entre as redes de fake news. Ele explica que, no caso das enquetes, não há preocupação com a representatividade da amostra, ou seja, sobre o perfil de quem responde à consulta online e, por isso, ela não tem validade estatística.

 

O uso de imagens também faz parte da narrativa de desconstrução dos levantamentos. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por exemplo, comparou fotos de atos a favor do presidente e de Lula, reproduzindo ironicamente os percentuais da última pesquisa do instituto. “Datafolha? Pode confiar!”, escreveu.

 

Já o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez há duas semanas uma live na qual mirou a pesquisa Genial/Quaest. Na publicação, ele faz críticas sem fundamentos à metodologia da empresa, argumentando que foram escolhidos locais do Maranhão em que Bolsonaro não venceu nas eleições de 2018 para fazer as entrevistas. Os dados sobre a amostra da pesquisa, no entanto, revelam que as votações no conjunto de cidades escolhidas para o levantamento refletem os resultados da eleição passada: em 70% dos municípios visitados pela Quaest, Bolsonaro venceu em 2018.

 

Outro caso que chama a atenção é o do ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio, nome do presidente ao Senado em Minas. Ele patrocinou em 12 de julho três postagens no Facebook, com gastos entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil, segundo a biblioteca de anúncios da plataforma, dizendo “que pesquisa é uma mentirada danada”, em referência ao levantamento da Genial/Quaest em que aparece atrás do candidato apoiado por Lula. O anúncio foi exposto até 60 mil vezes na rede social.

 

Na oposição, também há registro de distorções na divulgação de resultados de pesquisa, embora não haja ataques aos institutos e empresas do setor, como no campo bolsonarista. O senador Humberto Costa (PT) e o ex-deputado federal Marco Maia (PT) compartilharam uma pesquisa Genial/Quaest com a afirmação de que Lula “disparou” e “cresceu” em Minas Gerais ao marcar 46% de intenções de votos. Os dados do levantamento, no entanto, mostram que não houve variação fora da margem de erro entre as últimas pesquisas.

 

Outro caso é do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB). Em um post que chegou a ser patrocinado no Facebook, ele compara resultados de cenários diferentes do Datafolha, com e sem Márcio França (PSB), para dar impressão de que suas intenções de voto dobraram. Em nota, Garcia afirmou que os números divulgados “retratam a verdade em dois momentos”. Humberto Costa não respondeu.

 

 

Posted On Segunda, 18 Julho 2022 06:38 Escrito por

Em 2022, menos de 50% do público infantil foi imunizado até agora

 

Por Mariana Tokarnia

 

O Brasil ainda está abaixo da meta de vacinação contra o sarampo. De acordo com o Ministério da Saúde, 47,08% das crianças receberam o imunizante em 2022, sendo que a meta de cobertura vacinal é 95%. A proteção contra o sarampo é feita com a vacina tríplice viral, que imuniza também contra a caxumba e rubéola, e faz parte do calendário de vacinação. O imunizante é oferecido nas unidades de saúde do país em qualquer época do ano.

 

A tríplice viral é geralmente aplicada em duas doses. A primeira, tomada com um ano de idade, e a segunda, com 15 meses. A campanha de 2022 começou em janeiro e vai até dezembro deste ano. A cobertura em 2021 foi baixa, somente 50,1% do público-alvo no Brasil recebeu a segunda dose da vacina tríplice viral.

 

Uma das consequências da queda da vacinação é o avanço da doença. Depois de ter recebido a certificação de país livre do sarampo pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas), em 2016, o Brasil passou a registrar, nos últimos anos, o avanço da doença em todo o território nacional. O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde mostra mais de 40 mil casos e 40 mortes causadas pelo sarampo desde 2018, sendo mais da metade em crianças menores de 5 anos.

 

Fiocruz

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou, este ano, uma nota na qual chama a atenção para a importância da vacinação contra a doença. A Fiocruz explica que o sarampo é uma doença infecciosa aguda, muito contagiosa e grave, principalmente em crianças menores de 5 anos de idade, pessoas adultas desnutridas ou com algum problema de imunidade, como as pessoas transplantadas, as que convivem com o vírus do HIV, ou que estão em quimioterapia, além das gestantes.

 

A Fiocruz ressalta que, independentemente disso, o sarampo afeta indivíduos de todas as idades e não necessariamente com doenças crônicas ou algum problema de imunidade.

 

Ministério da Saúde

À Agência Brasil, o Ministério da Saúde disse, por meio de nota, que por intermédio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), vem desenvolvendo e intensificando estratégias necessárias para enfrentamento dos desafios e reversão das baixas coberturas vacinais, em parceria com estados e municípios.

 

“O Ministério da Saúde incentiva a população a se vacinar contra as doenças imunopreveníveis, e esclarece o benefício e segurança das vacinas, por meio dos seus canais oficiais de comunicação”, diz a pasta. Os dados detalhados das coberturas vacinais estão disponíveis na internet.

 

OMS e Unicef

Na sexta-feira (15), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgaram dados que mostram que a queda da vacinação infantil não ocorreu apenas no Brasil. Em todo o mundo, após dois anos de pandemia, foi registrada a maior queda contínua nas vacinações infantis dos últimos 30 anos.

 

Segundo as organizações, até mesmo pela dimensão territorial e pelo tamanho da população, o Brasil está entre os dez países no mundo com a maior quantidade de crianças com a vacinação atrasada. Considerada apenas a vacina contra o sarampo, o país é o 8º com a maior quantidade de crianças com o esquema vacinal atrasado.

 

 

 

Posted On Segunda, 18 Julho 2022 06:35 Escrito por

Moeda brasileira ganha 3,08% em relação ao dólar de janeiro até agora; previsão para o fim do ano é de R$ 5,13

 

Por Guto Abranches

 

Mesmo levando em conta que o dólar anda pela casa dos cinco reais e alguma coisa já faz tempo, os economistas dizem que há motivos para o brasileiro sentir algum alívio nos dias atuais. Feitas as contas na ponta do lápis, do fim do ano para cá -- salvo altas e baixas abruptas e de rápida reversão --, o câmbio até que ofereceu alguma recuperação para a moeda brasileira. Com a cotação desta 6ª feira (15.jul) em R$ 5,407, o dólar perdeu 3,08% frente ao Real desde o início do ano; 2021 teve como última cifra apurada R$ 5,579.

 

Dia a dia

 

Olhando pela lente da vida real, vale lembrar que o pãozinho francês de todo dia depende do trigo importado de fora. E este valioso cereal é cotado em dólar. Outro exemplo. Quem tem planos de trocar de carro já passou os olhos pelo menos uma vez nas tabelas dos zero quilômetro, que andam rareando por falta internacional de componentes. Aí os carros usados, que têm muita eletrônica embarcada ao sabor da flutuação cambial, acabam subindo de preço no estica e puxa do mercado.

 

"É tudo por causa do diferencial entre taxas de juros", aponta Ricardo Rocha, professor de Finanças do Insper. O raciocínio segue o curso dos aumentos de taxas de referência no Brasil e nos Estados Unidos. Os dois países -- a exemplo de grande parte das nações do planeta -- enfrentam uma escalada inflacionária com consequente contragolpe de política monetária, também conhecido como aumento de juros.

 

Conta Feita

 

No Brasil, a inflação apurada no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) bateu em 11,89% nos últimos doze meses. Pra fazer frente a ela, a taxa Selic é de 13,25%. O que dá um juro real, descontado o custo de vida, de aproximadamente 1,36 pp. Não é nada, não é nada... faz diferença. Claro que os números parecem inapelavelmente superiores aos americanos, onde a maior alta de juros promovida pelo Federal Reserve em 28 anos, no último mês de junho, impulsionou o custo do dinheiro em 0,75 ponto percentual. Com isso, a taxa foi residir em algum lugar na faixa entre 1,5% e 1,75%. Descontada uma inflação de 9,1%, resulta em juros reais negativos em cerca de 7,35 pp.

 

O movimento de alta nos juros dos Estados Unidos deve prosseguir, na opinião dos analistas. Mas, por enquanto, a disparada das nossas taxas de juros domésticas tem tido o efeito de preservar mais dólares por aqui do que se poderia esperar, principalmente num período de incertezas quanto à atividade econômica global, leia-se risco de recessão. Ficam mais dólares... a moeda brasileira perde menos. E o consumidor tem algum benefício.

 

Afim de voltar

 

"Tem boa parte do dinheiro de portfólio de gente rica que saiu do país até 2016, que quer voltar", avalia Ricardo Rocha, do Insper. A questão é o que promoveria o retorno dos portfólios. Sem esquecer que o Brasil vive um período pré-eleitoral reconhecidamente turbulento. Tempestade perfeita para retardar o reingresso do dinheiro investido lá fora. "Passada a eleição , seja quem for o vencedor, as coisas terão mais estabilidade e o dinheiro volta", aposta o professor. Não por acaso o mais recente relatório Focus do Banco Central projeta um dólar fechando 2022 na casa dos R$ 5,13. Ou, nas palavras do professor do Insper, "uma taxa mais baixa na fatura de compras do Natal".

 

Posted On Sábado, 16 Julho 2022 06:39 Escrito por O Paralelo 13
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