Recentes afirmações de Bolsonaro preocupam líderes aliados do presidente, que veem o andamento de pautas para o país emperrar pela falta de consenso
Por Denise Rothenburg
A afirmação do presidente Jair Bolsonaro, no último sábado, em Goiás, sobre o próprio futuro — ser preso, ser morto ou conquistar a vitória — foi lida pelos partidos como um salvo-conduto para os radicais que ameaçam invadir o Supremo Tribunal Federal e até o Congresso no Sete de Setembro. Até os líderes aliados estão preocupados. Em conversas reservadas no fim de semana, muitos se mostraram, inclusive, inclinados a pedir aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, que acionem as Forças Armadas para a proteção dos prédios públicos no feriado da semana que vem. O governo do Distrito Federal já destacou 5 mil policiais militares para a segurança da Esplanada dos Ministérios. A preparação para o feriado da Independência sem desfile militar, e com atos por todo o país, promete tomar conta de mais uma semana tensa e travar parte da pauta do Congresso, uma vez que a energia será dedicada a tentar arrefecer os ânimos e evitar estragos para o pós-dia 7.
No STF, além de uma intensa atuação nos bastidores, os ministros vão se dedicar ao marco temporal para demarcação de terras indígenas, tema que mobilizou líderes nativos de todo o país e, também, os outros Poderes. O presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, tem dito que se os demais ministros acompanharem a posição do ministro Edson Fachin, contrário ao desejo dos agropecuaristas de estabelecer a Constituição de 1988 como ponto de partida para as demarcações de reservas, será o fim do agronegócio. Até para reduzir a tensão na Esplanada dos Ministérios, a ideia é concluir a análise antes do feriado para que os índios deixem o centro de Brasília, dando lugar aos bolsonaristas, patrocinados por aliados do presidente.
O marco temporal promete ser o tema mais polêmico da semana. No Congresso, a expectativa é a de dias mais calmos, até para preparar o terreno para o dia seguinte ao Sete de Setembro. “Esta semana está tranquila. O pós é que vai depender dos desdobramentos das manifestações”, diz o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB). De mais polêmico, só mesmo o Código Eleitoral, que pretende estabelecer, a partir de 2024, uma quarentena para juízes, militares e bombeiros terem direito a disputar um mandato. A votação está prevista para quinta-feira.
Sem acordo
Já a polêmica reforma tributária só voltará ao plenário quando houver a acordo, e, embora Arthur Lira tenha dito que pretendia votá-la esta semana, ainda não há uma maioria assegurada. Além disso, a tensão política tem evitado que se crie o clima favorável para as discussões. A semana passada, que era para fechar um acordo, terminou sem atingir essa meta e os deputados não acreditam que seja possível votar a proposta de emenda constitucional agora, pois faltam os 308 votos necessários para a aprovação.
Os governadores têm dúvidas em relação à PEC e, esta semana, em vez de encontros para tratar especificamente desse assunto, se reunirão com os comandantes da Câmara e do Senado em nome da defesa da democracia. Isso significa, na avaliação de muitos, que as declarações de Bolsonaro escantearam as reformas.
Enquanto os políticos tentam dar uma “esfriada” na semana, a área econômica tenta explicar ao mercado que nem tudo está perdido. A negociação na Justiça — e não via Congresso — para resolver a crise dos precatórios será vendida como algo positivo. O governo trabalha, ainda, para obter um tom mais ameno do manifesto dos empresários e de parte do setor financeiro do país em defesa da democracia — documento que deve ser apresentado nas próximas horas. Por causa dele, atores do Executivo ameaçaram tirar a Caixa Econômica e o Banco do Brasil da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) – (leia mais na página 5).
Em conversas no Congresso, os governistas tentam aliviar as manifestações. O líder do governo, deputado Victor Hugo (GO), tem feito questão de frisar que os atos do Dia da Independência são em defesa da liberdade de expressão e não uma ameaça aos Poderes. “Ninguém está descumprindo decisão judicial, mas pessoas têm que ter liberdade para questioná-las”, defende.
O favorito para 2022 seria um candidato ainda sem nome, sem rosto, homem, honesto, com espírito de liderança e experiência política
Com Revista Veja
Aos olhos de hoje, a próxima sucessão presidencial tende a repetir a disputa entre Jair Bolsonaro e PT, que deve lançar Lula em 2022. Diferentes institutos mostram o presidente e seu antecessor com ampla vantagem sobre os adversários nas pesquisas estimuladas — aquelas em que os entrevistados são apresentados a uma lista de possíveis candidatos e instados a escolher um deles. Em levantamento realizado pelo Ipespe a pedido da XP, Lula lidera com 40% das intenções de voto, e Bolsonaro aparece em segundo, com 24%. Os demais postulantes registram no máximo 10%. Apesar desses números, o quadro eleitoral ainda pode mudar de forma considerável, já que as mesmas pesquisas revelam que há espaço de sobra para a construção de uma candidatura capaz de romper a polarização. Dois dados são elucidativos nesse sentido. Na pesquisa espontânea, aquela em que não é apresentada a relação de presidenciáveis, a liderança é dos indecisos. Hoje, há mais entrevistados sem candidato do que declarando voto em Lula ou Bolsonaro. Além disso, um quarto da população não está disposto a votar em nenhum dos dois favoritos. Ou seja: há uma massa à espera de uma alternativa.
Se em tese a terceira via pode ser competitiva, na prática ela esbarra em toda a sorte de problemas. Até agora, foram lançados mais de dez balões de ensaio ao Palácio do Planalto, num sinal inequívoco de que o grupo não tem um candidato natural e que seus integrantes, por enquanto, não empolgaram o eleitor e não estão dispostos a abrir mão de seus respectivos projetos em nome da costura de uma grande aliança. Só no PSDB são quatro os presidenciáveis, e todos engatinham nas pesquisas. Parceiro histórico dos tucanos, o DEM também está testando nomes. Recentemente, o PSD passou a flertar com a ideia de filiar ao partido e lançar ao Planalto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (leia entrevista de Páginas Amarelas com Gilberto Kassab na pág. 9). Já MDB e PSL cogitam as candidaturas da senadora Simone Tebet e do apresentador José Luiz Datena. Há ainda a possibilidade de o ex-juiz Sergio Moro entrar no páreo pelo Podemos. Como ninguém se destaca nesse pelotão, a conclusão é clara: o eleitor que não quer nem Lula nem Bolsonaro anseia por um nome da terceira via, mas até agora não gostou de quase nada do que viu. Encontrar um rosto competitivo para a disputa é o desafio dos centristas.
“O candidato de centro se sai muito bem enquanto permanece uma silhueta vazia ou uma folha em branco”, provoca o cientista político Paulo Kramer, que participou em 2018 da elaboração do plano de governo de Bolsonaro. “A terceira via, por enquanto, é um fantasma, mas precisamos dar carne e rosto para ele até dezembro. É a candidatura que mais ameaça o poder dos dois”, rebate o cientista político Luiz Felipe d’Avila, fundador do Centro de Liderança Pública e entusiasta da construção de um nome capaz de rivalizar com os favoritos. Considerando o quadro atual, políticos e especialistas apostam que uma vaga no segundo turno já está assegurada a Lula. A missão da terceira via seria tomar o lugar de Bolsonaro, que enfrenta um processo de desgaste de imagem em razão da pandemia de Covid-19 e da crise econômica. Seu governo hoje é reprovado por metade da população. De fato, a possibilidade de uma alternativa competitiva preocupa os dois líderes das pesquisas. Lula e Bolsonaro deram declarações recentes desdenhando dos centristas, numa rara sintonia entre eles provocada pelo fato de ambos também serem líderes em rejeição. Tudo o que eles não querem em 2022 é um confronto direto com alguém que tenha mais aceitação e alta capacidade de diálogo com diferentes fatias do eleitorado.
“Na espontânea, os indecisos estão num nível muito alto. A grande maioria ainda não tomou uma decisão firme de escolha do candidato. Pode haver grandes mudanças no quadro a depender da articulação da terceira via e dos resultados econômicos”, afirma o cientista político Felipe Nunes, diretor da consultoria Quaest. Em sua última pesquisa, o instituto perguntou quem o entrevistado preferia que vencesse a eleição. De 1 500 pessoas consultadas, 42% responderam Lula, 28% declararam “nem Bolsonaro nem Lula” e 26% afirmaram Bolsonaro. Houve uma espécie de empate técnico na segunda posição, o que reforça a esperança da terceira via de conquistar uma vaga no segundo turno.
Essa possibilidade, existente no campo teórico, pode se tornar inviável caso os integrantes desse grupo político não cheguem a um acordo. Hoje, a tendência é a pulverização de candidaturas. “O grande desafio da terceira via é vencer a descrença de que não tem chance de ganhar a eleição. Se tiver um nome que a população fala ‘hum, esse tem chances’, ele voa”, diz a presidente nacional do Podemos, deputada Renata Abreu (SP). A parlamentar reconhece que a vaidade dos próprios atores políticos, a maioria estacionada em intenções de votos que não chegam à casa dos dois dígitos, atrapalha as conversas em curso. “Todo candidato hoje se vê do mesmo tamanho. Por que vou abrir mão da minha candidatura em favor de outro nome que tenha o mesmo tamanho que eu? Não necessariamente quem tem vantagem eleitoral neste momento é o candidato com o maior potencial”, frisa Renata.
A eventual costura de um consenso entre os partidos sobre a candidatura da terceira via não encerra os problemas. Longe disso. Faltará o principal: conquistar o eleitor. O grupo que não quer “nem Lula nem Bolsonaro” não é homogêneo. Há de tudo um pouco nesse balaio, inclusive arrependidos de lado a lado. “É difícil encontrar um caminho para a terceira via hoje, já que ninguém consegue emergir de uma maneira clara neste momento até por conta da profusão de nomes cogitados. A gente precisa de tempo ainda para ver como vão se desenrolar a economia, a pandemia e a aprovação presidencial”, avalia Victor Scalet, analista político e estrategista da XP Investimentos.
BALÕES DE ENSAIO
Os nomes testados pelos partidos como alternativas à polarização: o governador João Doria (PSDB), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), o governador Eduardo Leite (PSDB), o ex-ministro Mandetta (DEM), o ex-juiz Sergio Moro (Podemos), a senadora Simone Tebet (MDB), o senador Rodrigo Pacheco (DEM), o apresentador José Luiz Datena (PSL) e o apresentador Luciano Huck, que já desistiu – Gov. Estado de São Paulo; Twitter @cirogomes; Palacio Piratini; pedro França/Ag. Senado; Cristiano Mariz; Divulgação; raquel cunha/TV Globo
Pesquisa encomendada pelo DEM detalhou o perfil do candidato ideal ao cargo de presidente da República: homem, entre 40 e 60 anos, honesto, com espírito de liderança, experiência política e um olhar para os mais pobres. Eleitores de direita preferem um cristão, conservador, enquanto os de esquerda acham importante um cidadão simples, humilde, “do povo”. Já os de centro querem alguém equilibrado, sensato, centrado e unificador. “A pesquisa aponta muitos caminhos e conclui que no momento nem Lula nem Bolsonaro são exatamente os nomes desse perfil desejado. Existe uma parcela muito grande do eleitorado que não se definiu e deseja um nome que não seja nenhum dos dois que hoje são os mais lembrados”, afirma o presidente do DEM, ACM Neto. Segundo a sondagem do partido, realizada em maio, a via do meio é “estreita” atualmente, mas os dados “indicam um desejo majoritário por uma via alternativa”, capaz de pacificar o país, estimular a retomada econômica e recuperar a credibilidade internacional do Brasil. “É cedo para você dizer que não vai surgir ninguém, que o jogo tá jogado. O país não precisa ser refém da polarização”, acrescenta ACM Neto.
No extenso rol de dificuldades da terceira via, destaca-se também o papel secundário dos políticos do grupo nas redes sociais. O governador de São Paulo, João Doria, conseguiu certo protagonismo ao antagonizar com Bolsonaro no caso das vacinas. Naquela ocasião, a popularidade digital de Doria deu um salto, mas logo recuou para um patamar mais baixo. O mesmo ocorreu com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, outro presidenciável do PSDB. Um relatório da AP Exata, empresa especializada na análise de dados de redes sociais, mostra que Leite bombou na internet no dia seguinte à entrevista em que assumiu a sua homossexualidade, chegando a alcançar 26,8% das menções feitas a presidenciáveis nas redes sociais, superando inclusive Lula (14,3%). A maioria delas foi positiva. Depois, no entanto, o governador retornou ao nível rotineiro de menções, atingindo um índice de apenas 0,3%.
No estratégico campo das redes sociais, Bolsonaro e Lula também sobressaem. Os demais estão muito atrás e não têm nem mesmo um discurso claro — e de apelo — para vender à audiência. “O político que quiser se consagrar vai ter de investir nas redes”, afirma o CEO da AP Exata, Sergio Denicoli. Para políticos da direita à esquerda, a economia será decisiva para as chances de um candidato alternativo e para o resultado da eleição. Em seu pior momento desde que assumiu o mandato, Bolsonaro sabe disso e determinou à sua equipe que abra os cofres públicos e faça o que for possível para acelerar a recuperação econômica. “A economia pode não salvar o Bolsonaro a ponto de ele ganhar a eleição, mas pode salvá-lo no sentido de impedir o surgimento de uma terceira via competitiva”, declara o cientista político Sérgio Praça, da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Nem todo mundo, no entanto, é bem-vindo na busca por uma alternativa. Na quarta-feira 25, a deputada Margarete Coelho (Progressistas-PI) finalizou o projeto de lei do novo Código Eleitoral e incluiu de última hora, num texto de 371 páginas, um dispositivo que determina quarentena de cinco anos para juízes, promotores e militares que pretendam se afastar das funções e disputar o voto popular nas urnas. Se aprovada, a regra tem um alvo certo: ela proibirá a candidatura de Sergio Moro, que condenou Lula à cadeia e deixou o governo Bolsonaro acusando o antigo chefe de interferir indevidamente na Polícia Federal. Como o ex-juiz pediu a exoneração do cargo em novembro de 2018 para assumir o posto de ministro da Justiça de Bolsonaro, ele só poderia concorrer em 2023. “Foi um pedido de vários partidos, é um apoio suprapartidário à proposta”, diz Margarete, cuja iniciativa contou com o apoio de legendas de diferentes matizes ideológicos.
A deputada é do Progressistas, o mesmo partido do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e do presidente da Câmara, Arthur Lira. Os três são próceres do Centrão, que aderiu ao governo e promete apoiar Bolsonaro em 2022. Até essa situação, no entanto, pode mudar. O cientista político Antonio Lavareda argumenta que Bolsonaro pode enfrentar mais dificuldades eleitorais caso insista na estratégia de esticar a corda, como fez no caso do voto impresso e das ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Uma das consequências poderia ser o aprofundamento da perda de apoio entre setores do PIB que o ajudaram em 2018. “Do lado do mercado e das elites, só aprofunda o distanciamento de Bolsonaro, agora não só um personagem complicado, como também um mais que provável perdedor. Essas forças buscarão e estimularão outra solução”, diz Lavareda. Já Paulo Kramer afirma que o presidente tende a se recuperar com o arrefecimento da pandemia, a recuperação econômica e o fortalecimento da articulação política do governo. “O que pode salvar Bolsonaro é a economia e a capacidade dele de mostrar que, sem ele, o PT volta ao poder”, declara Kramer. Com chances, pois ainda falta uma eternidade até a eleição, uma terceira via terá de convencer o eleitor de que o Brasil não precisa necessariamente nem de um nem de outro.
Fechamento do STF e criação de Corte militar são ideias que circulam em grupos de apoiadores do presidente que vão às ruas no feriado
Por Metrópoles
No último dia 20 de agosto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que os atos que ele está ajudando a promover no próximo dia 7 de setembro serão “uma fotografia para o mundo” do que seus apoiadores querem. “Eu só posso fazer alguma coisa se vocês assim o desejarem”, disse ele a simpatizantes. Nas redes virtuais de apoio ao presidente, porção considerável quer ver nessa fotografia a imagem de uma ruptura institucional, numa subida de tom em relação aos mais recentes atos em apoio ao governo.
Envolvido em uma crise institucional com o Judiciário, Bolsonaro agora prevê “movimentos extremamente pacíficos”, como disse nesta quinta (26/8), mas aqueles mais radicalizados continuam promovendo ideias golpistas na linha do que defendeu em áudio – que agora tenta rejeitar – o cantor e ex-deputado federal Sérgio Reis.
A virulência crescente assusta os mais moderados que seguem o presidente, como mostrou a deputada estadual por São Paulo Janaina Paschoal (PSL) em postagem no Twitter na terça:
As ameaças
As convocações golpistas circulam em vários formatos nos grupos bolsonaristas. Uma delas é um arquivo em PDF com discurso muito similar ao que levou Sérgio Reis a ser investigado no Supremo Tribunal Federal: caminhoneiros e ruralistas realizariam um bloqueio nas rodovias e um ultimato seria feito ao Senado pela aprovação do voto impresso e pela retirada dos ministros da Suprema Corte.
As mensagens convocando bloqueios de estradas e pregando ruptura institucional não receberam respostas com críticas nos grupos que a reportagem acompanha. Esses grupos temáticos são marcados pela ausência de diálogo e funcionam mais como um repositório de propaganda bolsonarista.
Em redes abertas, como o Twitter, uma busca por termos como “Artigo 142“, um trecho da Constituição que daria abertura a uma intervenção militar na visão de militantes radicalizados, traz milhares de resultados recentes. O YouTube é outro meio usado pelos propagadores de ideias antidemocráticas. Veja exemplo de vídeo defendendo um suposto tribunal militar que estaria acima do STF e que amealhou mais de 26 mil visualizações em quatro dias.
Preparação para o 7 de Setembro
A preocupação com o conteúdo golpista da pauta de parte dos manifestantes que irão às ruas em 7 de setembro foi redobrada no início desta semana, quando um comandante de tropas no interior de São Paulo foi exonerado pelo governador João Doria (PSDB) porque estava chamando “amigos” para o ato e criticando dura e abertamente o STF e o próprio governador.
Em carta divulgada na quarta (25/8), governadores dos nove estados do Nordeste disseram que serão proibidas convocações de policiais militares para os protestos a favor do presidente e contra o Judiciário.
No DF, as forças de segurança monitoram as mobilizações na internet para planejar o tamanho do efetivo que será destacado a fim de acompanhar a manifestação.
Grupos de ruralistas convocam voluntários para acampar em Brasília após o feriado, no que seria parte do plano de pressão sobre os poderes Legislativo e Judiciário.
O presidente Jair Bolsonaro indicou na sua live desta quinta-feira, 26, que pode vetar o artigo do Código Eleitoral que prevê quarentena para juízes, militares e polícias se candidatarem a cargos eletivos.
Com Agências
O presidente fez um apelo para que a Câmara não aprove o dispositivo e disse que não “prejudicaria todo mundo” apenas para “tirar Sérgio Moro” da disputa, numa referência ao ex-ministro da Justiça, hoje seu adversário. “Quero mais que o Sérgio Moro dispute e, se ganhar, vou dar boa sorte para ele”, afirmou.
Na avaliação do presidente, a quarentena é “uma tremenda discriminação”. “O policial, o militar e o juíz também têm direito de se candidatar. Para tirar o Sérgio Moro não posso prejudicar todo mundo”, disse. Ex-juiz da Lava Jato, Moro pode tirar votos de Bolsonaro caso aceite participar da corrida, mostram as pesquisas eleitorais.
O presidente ressaltou que, embora o Parlamento faça tudo ao contrário do que ele pede, arriscaria a um novo apelo. “Tudo o que eu peço ao Parlamento eles fazem o contrário. Mas peço que não aprovem. Por que só para essas categorias? Sou contra (o projeto)”, disse.
O texto prevê a exigência de uma quarentena de cinco anos para que militares, policiais, juízes e promotores possam concorrer às eleições. A regra foi incluída no texto da deputada Margarete Coelho (PP-PI), relatora do novo projeto da reforma eleitoral, nesta quarta-feira, 25, e vinha sendo debatida nos bastidores do Congresso.
Nos últimos 15 dias, Bolsonaro sofreu derrotas consecutivas no Congresso. Nesta quarta-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), arquivou pedido do mandatário para abertura de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. No início do mês, a Câmara derrubou proposta de retomada do voto impresso no País, a maior bandeira política do presidente.
Lula: "não há candidato com autoridade moral para falar de corrupção do PT". “Eu gostaria que a Rede Globo pedisse desculpas pra mim”, afirmou o expresidente.
Por Marcos Rocha
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a ser notícia no cenário político brasileiro. Em mais um arroubo autoritário, o petista repetiu que, se eleito em 2022, vai ‘regular’ a imprensa no país. A informação é da coluna Radar.
“Todo dia me perguntam: quando é que você vai fazer uma autocrítica? Tenho que fazer uma autocrítica. Nós não tratamos a reforma da comunicação, a regulação [da mídia], como deveria ser tratada. Aprovamos um programa para que a gente pudesse regulamentar os meios de comunicação. Eu não sei por que cargas d’água não foi colocado no Congresso esse projeto”, disparou.
“Eu gostaria que a Rede Globo pedisse desculpas pra mim”, acrescentou.
Após ter sido considerado “ficha limpa” pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-condenado parece estar se sentindo cada vez mais solto para ser o velho Lula de sempre. De olho nas eleições do ano que vem, ele nega corrupção na Petrobras e resgata um antigo desejo da cúpula petista em ‘regular’ a mídia brasileira.
“Eu vi como a imprensa na Venezuela destruía o Chávez. Nós vamos ter que ter um compromisso público de que nós vamos ter que fazer um novo marco regulatório dos meios de comunicação e espero que os senadores e deputados entendam que isso é necessário para a democracia. Inclusive discutir com a sociedade uma regulação da internet. Para que a internet se transforme numa coisa do bem”, finalizou Lula.
Lula: "não há candidato com autoridade moral para falar de corrupção do PT"
Petista citou os escândalos que envolvem o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como o caso das 'rachadinhas', as polêmicas de Fabrício Queiroz e sua rápida evolução patrimonial ao longo da vida política
O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) concedeu uma entrevista ao jornal Bahia no Ar, na manhã desta quinta-feira (26), e se colocou a disposição de um debate com Jair Bolsonaro (sem partido) a respeito dos temas que envolvem corrupção do mandatário.
"Quando se tem um presidente que fala em combater a corrupção e não se investiga o Queiroz, não investiga as rachadinhas que envolveram os seus filhos e não investiga o seu próprio patrimônio… Eu estou muito a vontade para esse debate", opinou o petista.
Lula ressaltou, porém, que não há candidato com "autoridade moral para falar de corrupção do PT". Para justificar sua fala, o ex-presidente revelou que não tem medo "desse discurso de corrupção, que sempre foi feito no Brasil. Já tivemos presidente que foi eleito com a vassourinha e outro que foi eleito denunciando todo mundo, como o Collor".
Em uma de suas falas finais, o petista afirmou que não enxerga condições para um uma ruptura democrática no país, liderada pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo Lula, "a sociedade brasileira sabe que a democracia faz bem. Nós precisamos tomar cuidado, pois eles não agem com normalidade. O golpe dele [Bolsonaro] não seria nem militar e sim de miliciano, pois ele juntou os milicianos que convivem com a família dele."