Se estiver solto, Lula pode ser um grande influenciador. Marcelo já atua nos bastidores e é o único capaz de transferir votos para os seus aliados
Por Edson Rodrigues
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso “nos porões” da Polícia Federal em Curitiba. Os últimos fatos envolvendo divulgação de conversas entre o Juiz Sérgio Moro – que condenou Lula em primeira instância – e o procurador da República no Paraná, Dalton Dallagnol, atiçou a militância petista a exigir a soltura do ex-presidente por “conduta antiética de Moro e Dallagnol”, esquecendo que Lula foi condenado por todas as instância superiores a que recorreu e que ainda tem mais uma penca de processos a serem julgados. Mesmo assim, permanece endeusado pelas hostes petistas, que aguardam o retorno do seu “messias” para “devolver a esperança ao povo brasileiro”.
Já Marcelo Miranda, mesmo não tendo tocado em um centavo ilegal, foi cassado por ter sido infeliz na escolha dos seus auxiliares, que complicaram sua administração com uma série de atos ilícitos que acabaram explodindo no colo do então governador, que foi cassado, execrado e exposto como “troféu” do combate à corrupção. Nunca foi preso e está vivo e atuante no processo político sucessório do Tocantins para 2020, com milhares de admiradores fiéis em todos os municípios do Estado.
Os únicos pontos em comum entre Lula e Marcelo Miranda são o fato de terem sido tolhidos de seus direitos políticos e não poder ser candidatos e o fato de, os dois, se participarem das campanhas nas próximas eleições, serão os maiores cabos eleitorais que qualquer candidato poderá ter no Tocantins.
Para Lula será mais difícil, pois mesmo que seja solto nos próximos dias, ainda tem mais 12 processo contra si. Já Marcelo Miranda, está livre para atuar e fazer política.
CARISMA
Segundo o dicionário, carisma significa “autoridade, fascinação irresistível exercida sobre um grupo de pessoas”. É exatamente esse o encantamento exercido por Marcelo Miranda durante o tempo que esteve à frente do governo do Tocantins.
Nenhum governador, nos trinta anos de existência do Tocantins, foi tão humano, humilde e carismático quanto Marcelo Miranda, angariando um séquito de admiradores nos 139 municípios tocantinenses por conta das obras que realizou e da atuação da então primeira-dama, Dulce Miranda, que atuou com desenvoltura nas ações sociais, com o auxílio de Valquíria Resende, à época, secretária estadual de Ações Sociais.
Marcelo fez um governo conciliador e democrático, em que fortaleceu os demais poderes e resgatou benefícios travados há anos para o funcionalismo público estadual. Isso faz do ex-governador, o maior cabo eleitoral das eleições 2020 no Tocantins.
MEA CULPA
Fechar os olhos para os atos que levaram tanto Lula quanto Marcelo a sofrerem punições da Justiça é alienar-se da história. Mas fazer o mesmo para o poder que ambos têm em relação ao povo, aos eleitores, isso já é cegueira política.
Apesar das apurações e investigações que apontaram – e provaram – a culpabilidade dos dois políticos em atos de corrupção (guardando as devidas proporções no caso de Marcelo Miranda, é claro), ambos já fizeram o “mea culpa”. Lula paga em cela especial por seus erros. Marcelo o faz com o impedimento de se candidatar a cargos eletivos.
Mas, tanto Lula quanto Marcelo são os dois únicos grandes líderes políticos – Lula no Brasil e Marcelo no Tocantins – com poder de mobilizar as massas e causar comoção onde quer que estejam.
Os dois, em um mesmo palanque (fato que só acontecerá se Lula conseguir se livrar dos demais processos) serão imbatíveis como cabos eleitorais. Lula está pagando por seus crimes e Marcelo pelos crimes das péssimas escolhas que fez na hora de compor sua equipe de auxiliares, mas os dois mantém, intactas, sua representatividade política, seu carisma e sua importância política para o Brasil e para o Tocantins, e serão decisivos nos pleitos eleitorais dos quais fizerem parte.
Quem viver verá!
RECURSO POR LIBERDADE DE LULA SERÁ VOTADO HOJE
Foi incluído na pauta de julgamentos desta terça-feira da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva . O processo estava em julgamento em abril no plenário virtual, um mecanismo em que os ministros postam os votos em um sistema eletrônico, sem a necessidade do encontro físico. O ministro Gilmar Mendes pediu vista, para transferir o caso para o julgamento no plenário físico da Segunda Turma.
Nesta segunda-feira, o processo foi incluído na pauta de julgamentos de terça-feira pelo relator da Lava-Jato no STF, ministro Edson Fachin.
No recurso, a defesa de Lula contesta uma decisão do ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). No ano passado, Fischer rejeitou um pedido de absolvição de Lula no processo do triplex do Guarujá, que motivou a prisão do ex-presidente. Segundo os advogados, Fischer não deveria ter julgado o caso sozinho, e sim levado a discussão para a Quinta Turma do STJ, que conduz a Lava-Jato.