Presidente disse que não pode fazer "milagre" ao comentar recorde de óbitos em um dia. Número de mortos foi de 474 nas últimas 24 h
Com Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro rebateu as perguntas feitas por um jornalista na saída do Palácio da Alvorada nesta terça-feira (28) e disse que não pode fazer "milagres" ao comentar o recorde diário de mortes pela Covid-19 . De acordo com informações do Ministério da Saúde, nas últimas 24 horas foram registradas mais 474 óbitos em todo o País, chegando a 5.017. O crescimento fez o Brasil ultrapassar a China no número de vítimas.
Durante a entrevista, o repórter fazia a pergunta e foi interrompido pelo presidente. "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre", disse, em referência ao próprio sobrenome.
Em seguida, Bolsonaro suavizou o discurso e disse se solidarizar com as famílias das vítimas. "Lamento a situação que nós atravessamos com o vírus. Nos solidarizamos com as famílias que perderam seus entes queridos, que a grande parte eram pessoas idosas", afirmou.
"Mas é a vida. Amanhã vou eu. Logicamente, a gente quer ter uma morte digna e deixar uma boa história para trás”, completou o presidente.
Questionado se conversaria com o ministro da Saúde, Nelson Teich, sobre a flexibilização do distanciamento social, Bolsonaro afirmou que não dá parecer e não obriga ministro a fazer nada.
"As mortes de hoje, a princípio, essas pessoas foram infectadas há duas semanas. É o que eu digo para vocês: o vírus vai atingir 70% da população. Infelizmente é a realidade. Mortes vão (sic) haver. Ninguém nunca negou que haveria mortes”, disse.
Organização alerta para casos subnotificados, principalmente nas regiões como América Latina e África
Por Paulo Beraldo
A Organização Mundial da Saúde (OMS) , Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou nesta segunda-feira, 27, que a pandemia do novo coronavírus está longe de acabar e que observa tendências de crescimento na América Latina, na África, em países asiáticos e da Europa Oriental. As declarações vêm no momento em que países como Espanha, Itália e França - três dos quatro mais atingidos - planejam flexibilizar os confinamentos.
"A pandemia está longe de terminar. A OMS continua preocupada com as tendências crescentes na África, Europa Oriental, América Latina e alguns países asiáticos. Como em todas as regiões, casos e mortes são subnotificados em muitos países nessas regiões devido à baixa capacidade de teste", afirmou Tedros Adhanom.
Questionado sobre países criticarem a OMS ou não seguirem as recomendações da entidade global, Tedros respondeu que a instituição não pode obrigar os países a seguir os conselhos. "Nós não temos mandato para forçar os países a implementarem o que recomendamos. Depende deles aceitarem ou rejeitarem", disse.
"Alguns aceitam, alguns não, mas no fim do dia cada um deve assumir suas responsabilidades. Garanto que a OMS dá recomendações baseadas no que há de melhor na ciência e e em evidências científicas".
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Ele afirmou ainda ser preciso romper com os partidarismos na luta contra a pandemia. "Precisamos quebrar essas divisões de direita, esquerda... nenhuma linha partidária deve dividir vocês. Ouçam as comunidades, os cidadãos, essa é a solução: a união".
Tedros relatou que já há escassez de vacinas em pelo menos 21 países devido a restrições de circulação e alertou que o número de doenças que podem ser prevenidas pode aumentar. "Isso não precisa acontecer, estamos trabalhando com os países para ajudá-los".
À medida que mais países flexibilizam o confinamento, a OMS deu uma recomendação para que essa saída seja gradual, controlada e lenta. "As medidas precisam ser planejadas com um novo contrato social entre os cidadãos, com a participação da comunidade e o fortalecimento da saúde pública", explicou Michael Ryan, diretor do programa de emergências da OMS.
Com comprovações cada vez mais frequentes que o novo coronavírus compromete as funções neurológicas, médicos já temem AVC e mudam protocolos
Por Salma Ataíde
A preocupação vem se tornando frequente com o aumento de relatos feitos por médicos de outros países. Diante da percepção cada vez maior que o coronavírus Sars-CoV-2 causa alterações neurológicas e pode provocar microcóagulos nos vasos sanguíneos, médicos que estão na linha de frente começam a temer um aumento de casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC), relacionados a Covid-19.
Alguns hospitais já estudam mudanças nos protocolos desses pacientes para investigar se têm o vírus. No sábado o jornal americano The Washington Post publicou uma reportagem em que profissionais do Hospital Mount Senai Beth Israel, em Nova York, relatam um aumento de pacientes entre 30 e 40 anos saudáveis que tiveram AVC, nos quais depois se identificou Covid-19.
Pesquisadores chineses já haviam publicado estudos observacionais do tipo série de casos, com pacientes da doença que tiveram AVC e médicos espanhóis têm feito relatos semelhantes, mas ainda não foram submetidos a publicações científicas.
Comprovações podem se tornar mais evidentes nas próximas semanas
Segundo o neurologista Gabriel Freitas, pesquisador do Instituto D’or de Pesquisa e Ensino (IDOR) da Universidade Federal Fluminense declara que teve um paciente que chegou ao hospital com AVC, sem outros sintomas, e depois com uma tomografia de tórax se percebeu que ele tinha a Covid-19. Um outro caso, de um pequeno AVC, que ele atendeu em consultório, também depois foi testado como positivo para o coronavírus. “Temos conversado muito com neurologistas da Espanha e lá (esse quadro) foi muito nítido”.
Pelas observações, ele afirma que está mudando o protocolo de atendimento ao menos em dois hospitais, o Quinta D’or e o Copa D’or, e discutindo na Rede D’or. “A recomendação agora de todo paciente que chega com AVC é que ele seja investigado para Covid,”diz. Para a neurologista Gisele Sampaio, coordenadora da Rede Brasil AVC e médica do Hospital Einstein e da Escola Paulista de Medicina, afirma também ter recebido um caso de AVC em uma paciente de 56 anos que depois se mostrou ser também Covid’.
“Ela foi para o hospital com dor de cabeça forte, tinha queixa respiratória, de cansaço, e por isso fizemos tomografia de pulmão. Vimos o padrão compatível com Covid, depois confirmado com teste de PCR. Imaginamos que tenha relação com a Covid sim, porque ela não tinha nenhum outro histórico importante para AVC”, confirma a médica. A paciente acabou morrendo. Segundo a médica, as sociedades brasileiras de Doença Cérebro- Vascular e de Neurointervenção estão elaborando um documento com recomendações.
“Existe potencial muito grande de esses pacientes serem assintomáticos do ponto de vista respiratório, mas podem transmitir não só para outros pacientes como para os profissionais da saúde. Sociedades médicas dos EUA e da Europa fizeram essa recomendação e vamos fazer também: que todo paciente que chegue com AVC seja atendido como se fosse Covid, até se ter o resultado”, destacou.
Formação de coágulos
A principal suspeita é de que isso ocorra porque o coronavírus parece provocar distúrbios no processo de coagulação. Necrópsias em vítimas da doença revelaram presença de pequenos coágulos nos vasos sanguíneos de diversas partes do corpo. Já foram observados também tromboses, que podem chegar ao cérebro.
Para o patologista Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP e coordenador do grupo que realiza necrópsias no Hospital das Clínicas, afirma que em 18 corpos analisados, ele encontrou por meio de tomografias, lesões cerebrais em dois. ” São sinais sugestivos que podem ser AVCs recentes, mas ainda não fizemos análises microscópicas”, enfatiza.
O objetivo da medida é liberar R$ 130 bi para socorro a estados e municípios; projeto foi defendido pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre
Por Agência O Globo
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou durante a sessão desta segunda-feira que a proposta para socorrer estados e municípios deve proibir o reajustes nos salários de servidores federais, estaduais e municipais por 18 meses.
Segundo o presidente da Casa, a estimativa passada pelo Ministério da Economia é de que sejam poupados R$ 130 bilhões durante o período.
— Eu recolhi as manifestações da senadora Zenaide quando fala da questão do reajuste por 18 meses, mas gostaria de lembrar os senadores que há 15 dias a discussão não era não reajustar salários. Há 15 dias a discussão era cortar 25% dos salários dos servidores municipais, estaduais e federais. Então acho que seria um gesto evitarmos os reajustes por 18 meses e em contrapartida termos os recursos para ajudarmos os estados e municípios — afirmou Alcolumbre.
O presidente da Casa é o relator da proposta e prevê a apresentação de seu parecer inicial para quinta-feira. A votação deve acontecer no sábado, por causa do feriado do Dia do Trabalho na sexta-feira. Alcolumbre se reuniu com o ministro da Economia, Paulo Guedes, no início da tarde.
Segundo o amapaense, a estimativa da pasta é que a economia total seja de R$ 130 bilhões no período.
— Acho que é uma conquista essa conciliação com o governo, protegermos por 18 meses a conta (da União). E a gente tem que lembrar que, pela proposta, não reajustar os salários de municípios, estados e União. A conta que me deram hoje, a gente está falando de economia, ou seja, recursos que vão sobrar para os cofres da União, dos estados e dos municípios, na monta de R$ 130 bilhões em 18 meses.
Segundo integrantes da equipe econômica, a proposta está avançando. O impasse sobre o socorro aos entes federados ocorre há ao menos um mês.
A Câmara dos Deputados aprovou projeto que prevê que a União compense os governos locais pelas perdas na arrecadação de impostos, mas a ideia é fortemente criticada por Guedes, que vê na medida um “cheque em branco” para gestores regionais.
Por Peu Moraes
A atriz Regina Duarte, a mais espetaculosa nomeação do governo Jair Bolsonaro (sem partido), em março, avalia pedir demissão nos próximos dias. Foi assim que alguns aliados interpretaram duas mensagens postadas nas redes sociais neste final de semana. Segundo o colunista da Veja, Robson Bonin, desta segunda-feira (27). “Quando me desapego do que tenho, recebo o que necessito. É tudo que preciso aprender… desapego. Tá em tempo ainda”, escreveu Regina num post. “Seja o que Deus quiser”, registrou em outro.
A secretária foi isolada numa espécie de limbo administrativo desde que entrou no governo. Não tem força para convencer ministros a destravar sua agenda cultural e também não conta com apoio do Planalto para sequer escolher a própria equipe. Além disso, Regina sofre ataques abertos de seus subordinados, sem que nada aconteça com ele. O mais notório deles é do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo.
Camargo chegou a postar numa rede social neste fim de semana um ultimato para que Regina Duarte deixe o governo. “Quem nomeia esquerdistas no governo Bolsonaro deveria ter vergonha na cara, retirar-se com sua turma e tentar voltar somente em 2022 por meio do voto! Se é um recado para a atriz? Sim!”, escreveu.