Após 16 meses de mandato, o presidente Jair Bolsonaro começa uma fase mais dependente dos partidos do Centrão, tendo que reinventar sua base aliada e precisando articular uma tropa de choque para evitar que o debate de um impeachment avance no Congresso. Na avaliação de líderes partidários, a tormenta enfrentada pelo Planalto com a demissão de Sérgio Moro fez o governo iniciar um período na defensiva.
Por Estadão Conteúdo
A mudança da marcha do governo ficou clara na maneira como Bolsonaro reagiu ao pedido de demissão de Moro. Em vez da autossuficiência que sempre demonstrou ao interagir com apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada e da postura beligerante das redes sociais, optou por fazer o pronunciamento junto aos ministros.
A alteração no tom entrou no radar de parlamentares. Entre políticos próximos ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se tornou adversário dos bolsonaristas, circularam sugestões para que o deputado aproveitasse a nova postura defensiva e reagisse aos ataques do “gabinete do ódio” dos quais tem sido alvo.
Por ora, contudo, Maia rechaçou assumir uma postura revanchista. A avaliação de aliados é de que, ao abrir um processo de impeachment, ele poderia municiar a tropa mais radical bolsonarista e fortalecer o discurso do presidente de que tentam derrubá-lo. O acirramento, até aqui, beneficiou o presidente, por isso o Legislativo evita o choque institucional.
Outro sinal claro da inauguração de uma fase de autodefesa do governo está mapeado por parlamentares. As bandeiras de combate à corrupção e à “velha política”, alicerces da ascensão do bolsonarismo ao Planalto, agora esbarram na necessidade de buscar pontes com raposas do meio político. “Como ele vai fazer ninguém sabe, mas espero que ele possa voltar a ter relação com o Congresso, a respeitar mais. É o que a gente espera. Ele pareceu muito na defensiva, se explicando. Talvez a realidade da vida mostre para ele o caminho”, afirmou Paulinho da Força (SD-SP).
“O governo perde um bom quadro, mas não vai significar prejuízo na relação com o Congresso”, disse, por sua vez, Fred Costa (MG), líder do Patriota.
A aproximação com o Centrão vinha sendo azeitada antes mesmo da saída de Moro, porque, para deputados, o governo antevia as repercussões que estavam por vir. “A aproximação dele com o Centrão indica uma mudança, no sentido de procurar ter acordo com os partidos de forma mais aberta”, afirmou o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB). “A sociedade brasileira vai acompanhar de perto”, completou.
Aliados tratam de minimizar futuras concessões que serão feitas por Bolsonaro para sedimentar este apoio, como a entrega de cargos na máquina pública. “Ter indicação é até positivo. Se em uma empresa você tem alguém que foi indicado, tem o currículo brilhante e, de repente, consegue ainda ajudar em quatro, cinco, dez ou vinte votos no Congresso, é bom demais”, afirmou Diego Andrade (MG), líder do PSD na Câmara.
Impeachment
Embora a ruidosa demissão de Moro, que acusou o presidente de tentar interferir na Polícia Federal e cobrar acesso a inquéritos sigilosos, tenha gerado pedidos de afastamento de Bolsonaro, líderes avaliam como precipitado qualquer movimento nesse sentido por enquanto. “O que foi dito por Moro é sério, mas não dá para tratar as colocações como conclusão para um processo de impeachment. Ele tem momento para acontecer”, afirmou o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), autor de um pedido de CPI sobre o caso.
Há ainda, entre parlamentares, um motivo mais pragmático para sobrestar discussões sobre impeachment. Uma ala avalia que a melhor maneira de enfraquecer Bolsonaro até 2022 é mantê-lo à frente do Executivo absorvendo impactos políticos e econômicos das crises que enfrenta. Além disso, para esse grupo mais calculista, que inclui políticos do baixo clero, há de ser mais fácil negociar com um Bolsonaro acuado do que, eventualmente, com o vice-presidente, Hamilton Mourão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Medicadas com antivirais, antibióticos, cloroquina, antitérmicos ou outros remédios, elas têm em comum o apoio de amigos e parentes
Por Agência O Globo
Enquanto a ciência não chega a um tratamento certeiro ou a uma vacina específica para evitar a Covid-19, profissionais da saúde cuidam dos pacientes com o que a medicina oferece. Não há uma resposta única e tudo depende da evolução da doença em cada um. Dez pessoas de diferentes idades, profissões e bairros do Rio de Janeiro, que foram contaminadas e conseguiram vencer o coronavírus, contaram ao EXTRA como foi o processo de cura. Medicadas com antivirais, antibióticos, cloroquina, antitérmicos ou outros remédios, elas têm em comum, em seus relatos, o destaque para o apoio de amigos e parentes e a dor do isolamento absoluto imposto ao doente.
"Como tratamento, me receitaram azitromicina e ceftriaxona, mas o que mais fez a diferença foi falar com a minha filha e neta por video-chamada, no celular de uma médica", assegura a aposentada Idalzina Santos de Souza, que mesmo com seus 91 anos, conseguiu levar o novo coronavírus a nocaute: "Quero retomar as atividades diárias e voltar a praticar meus exercícios físicos. Sempre fui ativa".
No estado, até este sábado, a Secretaria de Saúde contabilizava 6.828 casos, com 615 mortos. Desse total, 3.144 se recuperaram. Na capital, dos 4.481 infectados, 2.394 já estão curados. Os bairros cariocas com mais pacientes recuperados são Barra (157), Copacabana (129) e Leblon (96).
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, dos 58.509 pacientes diagnosticados (um aumento de 10,4% de sexta para sábado), quase 28 mil já se recuperaram. Até este sábado, no país, 4.016 pessoas haviam morrido pela Covid-19 .
De quinta-feira até sábado, foram notificadas 1.110 mortes no país, mais de um quarto do total registrado, o que mostra uma tendência de aceleração da doença no Brasil.
Bárbara Bittencourt, advogada de 35 anos: “A doença atingiu o sistema neurológico”
A mineira, que mora no Rio há 12 anos, conta que seu caso foi raro, pois o vírus se alojou no cérebro. De 14 até 21 de março, ela teve sintomas brandos da doença, como leve dificuldade de respirar, febre e tosse. No dia 21, foi a um hospital privado e liberada. No dia seguinte, perdeu paladar e olfato, e passou a ter muita dor no corpo e enxaqueca. No dia 29, foi para outra unidade de saúde com febre, mas de novo a mandaram para casa.
"No dia 30, acordei com confusão mental, e meu marido me levou ao hospital. Fui direto para a UTI, ficando inconsciente até dia 2. A doença deu positivo no sistema neurológico . Para melhorar, foi feito tratamento com aciclovir (antiviral)", diz a advogada, que teve alta no dia 6 e, no dia 16, recebeu o resultado do exame apontando que estava curada.
Grata, ela quer ajudar. Por isso, participa de estudo do Hospital Albert Einstein sobre impactos neurológicos da doença.
Idalzina Santos de Souza, aposentada de 91 anos: “O que fez diferença foi falar com filha e neta”
A aposentada baiana de 91 anos teve alta no último dia 16, após 10 dias internada num hospital particular da Barra da Tijuca. Moradora de Botafogo, a idosa conta que, em 28 de março desmaiou em casa e foi levada pela família a um pronto-atendimento em Copacabana, mas no mesmo dia foi liberada. Uma semana depois, passou a sentir cansaço, dificuldade para respirar e enjoo, quando foi levada para o hospital.
"Lá constataram a pneumonia e o novo coronavírus. Como tratamento, me receitaram azitromicina e ceftriaxona, mas o que mais fez a diferença foi falar com a minha filha e neta por videochamada, no celular de uma médica", diz.
Idalzina conta que o momento é de esperança: "Quero retomar as atividades diárias e voltar a praticar meus exercícios físicos. Sempre fui ativa".
Camila Pereira, bióloga de 31 anos: “Com união, podemos vencer essa doença”
A moradora da Barra Camila Pereira admite que subestimou a doença quando, no dia 3 de abril, começaram os primeiros sintomas: indisposição, dor no corpo e febre. A jovem, que tem asma e obesidade, conta que, no domingo de Páscoa, perdeu o olfato e o paladar, além de ter começado a ter náusea e diarreia:
"Pedi o exame para Covid-19 num laboratório particular e deu positivo. Minha experiência com a doença foi complicada, pois tive diversos sintomas, como conjuntivite e urticária. Para melhorar, tomei antibiótico", ressalta.
Da doença, tirou lições: "É um momento para ter atitudes colaborativas e de solidariedade. Não é uma doença simples, mas com união podemos vencê-la", diz.
José Alexandre Araújo, médico urologista de 42 anos: “Agradeço por voltar a abraçar quem eu amo”
Sem histórico de doenças e com rotina diária de exercício físico e alimentação saudável, José Alexandre passou a ter sintomas da doença no dia 18 de março.
"Cinco dias depois, fui acometido por uma falta de ar intensa, mas não fui internado. De forma empírica, tomei azitromicina, cloroquina e dipirona, e 14 dias depois, estava melhor", relata o médico, que passou para olhar para a vida de outra forma. "Fiquei preso no meu quarto, de máscara, sem encostar em minha esposa e meus filhos. O pior da doença é ter a noção da piora, perdi 5kg em menos de uma semana. Hoje agradeço por voltar a abraçar quem eu amo".
"Penso em como a vida é frágil e que precisamos dar valor para quem está do nosso lado".
Rafael Maiolino Bloise, músico de 33 anos: “Eu me sinto ofegante mesmo 43 dias depois”
O morador de Niterói voltou de uma viagem a trabalho para a Bahia no dia 8 de março, e começou sentir sintomas brandos no dia 10. No dia 12, Rafael foi fez o teste para a Covid-19 e, dois dias depois, o resultado veio positivo.
"Antes de apresentar os sintomas, visitei meus pais e avós. O resultado foi que a família inteira pegou, sendo o meu pai o caso mais grave, pois passou três dias no CTI. Para melhorarmos, a recomendação foi o uso de um antigripal e antibiótico".
Rafael alerta para a importância de encarar o vírus com seriedade. "Estou focado na recuperação, pois ainda me sinto ofegante, mesmo 43 dias após o primeiro sintoma. O alívio é que meus familiares estão saudáveis", conta.
José Bernardo Neto, microempresário de 54 anos: “Sem apoio da famílía, a trajetória seria diferente”
Sem doenças pré-existentes, o assessor de imprensa e microempresário José Bernardo Neto passou 20 dias com a doença, oito deles hospitalizado.
"Em menos de dez dias, adquiri pneumonia, os médicos diagnosticaram que 20% dos meus pulmões estavam infectados A sensação de falta de ar era intensa, fui direto para o oxigênio no CTI. Meus sinais vitais estavam baixos, fiquei oito dias internados, três no oxigênio. Para melhorar, foi feito o tratamento com cloroquina, azitromicina e amoxicilina", conta.
Além do tratamento médico, ele diz que o apoio da família foi fundamental. "Sem o apoio da minha família, essa trajetória seria diferente".
Ana Giulia Ricciardi, estudante de 18 anos: “Precisei de ajuda de amigos e familiares”
A moradora do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, começou a sentir os primeiros sintomas da Covid-19 no dia que as universidades decidiram suspender as aulas, em 13 de março.
"Eu passei o vírus para minha mãe, que tem 50 anos. Eu nunca a vi tão doente, foi bem difícil vê-la no CTI, incomunicável. Fiquei sozinha em casa, precisei de ajuda dos meus amigos e familiares para conseguir receber comida e apoio, pois eu não podia sair de casa",
lembra.
A mãe ficou em estado mais grave e passou por tratamento à base de antibiótico, mas Ana não foi hospitalizada. "Por recomendação de um médico, tomei pastilha de garganta e analgésico", diz.
Mônica Henriques França, médica intensivista de 46 anos: “É uma sensação de renascimento”
Médica intensivista, a moradora da Vila da Penha se emociona ao lembrar do processo de cura. Conta que no dia 27 março saiu do trabalho para tomar vacina da gripe com a sua filha. Dois dias depois, ao acordar, sentiu uma severa dor no corpo. Até que surgiram novos sintomas, como febre e fadiga:
"Fiz o exame para Covid-19 , cujo resultado positivo saiu uma semana depois. Em isolamento, fiquei muito sintomática. E me afastei do trabalho do dia 29 até o dia 12 de abril. Tomei dipirona e azitromicina".
Para ela, vencer a doença foi como ganhar na loteria. "Meu maior medo era infectar minha mãe, que é idosa e tabagista, e minha filha, que tem 14 anos. Vencer essa guerra é uma sensação de renascimento. Falo que ganhei na loteria da vida. O que mexeu mais comigo era não tocar nelas".
Jhordana Ventura, atriz de 31 anos: “Agradeci pelas pequenas coisas”
A goiana moradora do Flamengo conta que o primeiro sintoma foi uma forte dor de cabeça que durou dois dias. Logo, começou a sentir a falta de ar e perdeu olfato e paladar.
"Só liguei o alerta quando senti muita falta de ar e cansaço. Busquei atendimento no Hospital Miguel Couto e fui orientada a ficar em isolamento, tomar paracetamol e fazer nebulização, além de vitaminas para melhorar a imunidade".
A atriz conta que o apoio da família e dos amigos, por vídeo-chamada, foi o diferencial. "Cheguei a pensar que não fosse mais encontrar minha família e amigos presencialmente, mas por vídeo eles me acalmaram e deram força. Me emocionei muito quando melhorei, agradeci pelas pequenas coisas, como sentir o cheiro do xampu e o gosto da comida".
Gabriela de Saboya, jornalista de 40 anos: “Dormi por quase 23 horas seguidas”
Moradora de Ipanema, Gabriela conta que no começo, parecia estar apenas com uma gripe. Os primeiros sintomas vieram no dia 23 de março. No entanto, quando chegou ao um estado febril constante de 38 graus, começou a se preocupar.
"Busquei atendimento em um hospital e, quando fiz o teste, a ficha caiu. Fiquei com muita falta de ar, cansaço, dormi por quase 23 horas seguidas. Para melhorar, tomei remédios para febre e dor", conta.
Gabriela conta que mudou alguns comportamentos depois de ter a Covid-19 . "Estou cuidando mais da minha alimentação, faço exercícios pulmonares diariamente para recuperar a minha capacidade aeróbica", diz.
Segundo biólogo, o fato de algumas regiões do Brasil não terem colapsado o sistema de saúde é indício de achatamento
Por iG
Segundo o biólogo e pesquisador Dr. Atila Iamarino, o fato de algumas regiões do Brasil não terem colapsado o sistema de saúde mostra sinal de achatamento da curva de contágio do novo coronavírus (Sars-CoV-2). “Apesar de toda a falta de testes e informações claras do que acontece na Região Norte e alguns estados do Nordeste, ainda não termos colapsado o sistema de saúde é sinal desse achatamento”, diz o especialista.
Ainda de acordo com o Dr.Iamarino, o fato de São Paulo não ter colapsado como Nova York (EUA), a cidade mais afetada pela Covid-19 no mundo, é um bom sinal. “Entramos na quarentena bem antes (dos EUA) em número e casos. Por isso, não tivemos algo como Nova York ainda está passando em São Paulo. Não devemos ter nem mais pra frente, espero”, diz Iamarino.
O especialista também afirma que achatar a curva de contágios é fundamental para conter a epidemia da Covid-19. “A beleza de achatar a curva é que, quanto mais eficiente for este achatamento, mais para frente fica o pico teórico. Quem passou pelo pico de verdade, até agora, foram os lugares que tiveram o pior cenário, como Itália, Espanha e Nova York”.
Covid-19 será um problema longo
A Covid-19 também exige inteligência por parte das autoridades na hora de tomar a decisão de reabrir. Iamarino continua: “Singapura ficou dois meses controlando o vírus super bem. Vacilaram em abril e saltaram de 700 para 11 mil casos em menos de um mês”.
Iamarino apresenta três cenários para que o mundo saia da quarentena: “Isso acaba com vacina, com 60 ou 80% da humanidade infectada (se a imunidade de rebanho existir) ou com todo mundo tendo sido infectado se não tiver imunidade de rebanho. Daí a perspectiva de ser um problema longo”.
Por recusar manter contratos com clientes inadimplentes até 30 de junho, durante a pandemia da covid-19, as principais operadoras de planos de saúde do Brasil não assinaram termo de compromisso proposto pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O acordo com a agência liberava movimentações de R$ 15 bilhões de um fundo que retém R$ 54 bilhões das próprias operadoras.
Com Agências
A recusa foi anunciada nesta sexta-feira, 24, pela Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa parte importante do setor. O jornal O Estado de S. Paulo antecipou que as empresas buscavam, nos bastidores, derrubar a exigência de atender clientes com mensalidades atrasadas durante a crise. Em paralelo, o setor também quer anular multas que possui com a ANS, sob argumento de usar os recursos para ampliação de serviços.
A liberação dos R$ 15 bilhões foi anunciada em março pelo ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), como principal medida do governo para reforçar a saúde suplementar. O setor privado atende cerca de 50 milhões de pessoas. Já a rede pública acolhe 150 milhões.
O Estado apurou que algumas operadoras aceitaram assinar o termo. Os nomes ainda não foram divulgados pela ANS. O prazo para aceitar as condições ou não se encerra nesta sexta-feira, 24.
A proposta da agência reguladora é condicionar movimentações do fundo a manter clientes inadimplentes de planos coletivos empresariais com menos de 30 vidas. A mesma regra valeria para todos os planos coletivos por adesão ou individuais. O termo de compromisso também exige garantias de pagamentos a prestadores de serviços, como hospitais, laboratórios e clínicas.
Em nota, a FenaSaúde informou que suas associadas "não poderão assumir o compromisso de manter a cobertura ou deixar de cancelar contratos inadimplentes de forma indistinta até 30 de junho, como proposto pela ANS". "A ampliação dos níveis de atrasos de pagamento e de inadimplência teria duplo e indesejável efeito: não só oprimiria o fluxo de caixa das empresas como também requereria esforço financeiro adicional das operadoras para ampliar os valores constituídos a título de provisão de devedores duvidosos, em estrita observância a normas prudenciais, contábeis e atuariais estabelecidas pela própria ANS", disse a federação.
A FenaSaúde representa as seguintes operadoras: Amil, Allianz Saúde, Bradesco Saúde, Care Plus Medicina, Gama Saúde, Golden Cross Saúde, Grupo NotreDame Intermédica, ITAUSEG Saúde, Mediservice, Metlife Odontológico, Odontoprev, Omint Saúde, Porto Seguro Saúde, Sompo Saúde, SulAmérica, Unimed Seguros Saúde.
Em pronunciamento, o presidente afirmou que o então ministro teria dito que o comando da PF poderia ser trocado caso fosse indicado ao STF, e disse: "Nunca pedi para blindar ninguém da minha família, jamais faria isso"
Por Sara Baptista
Em pronunciamento no fim da tarde desta sexta-feira (24), o presidente Jair Bolsonaro acusou o ex-ministro da Justiça Sergio Moro de fazer pressão por uma vaga de ministro no Supremo Tribunal Federal (STF). Moro deixou o governo nesta manhã.
"Mais de uma vez, o senhor Sergio Moro disse para mim: ‘o senhor pode trocar o Valeixo, sim. Mas em novembro, depois que o senhor me indicar para ministro do Supremo Tribunal Federal’", disse Bolsonaro. "Me desculpe, mas não é por aí", completou o presidente.
Mais cedo, em seu discurso de despedida, Moro negou ter pedido uma vaga no STF.
Bolsonaro se disse decepcionado e surpreso com Moro pela demissão e pela entrevista coletiva dada por ele na manhã desta sexta. "No dia que eu tiver que me submeter a um subordinado eu deixo de ser presidente", reforçou.
O presidente falou ainda que Moro tem " compromisso consigo próprio e com seu ego, e não com o Brasil ". "Uma coisa é admirar uma pessoa, outra é trabalhar com ela", disse também o presidente.
Bolsonaro: "Nunca pedi para blindar ninguém da minha família, jamais faria isso"
Em pronunciamento na tarde desta sexta-feira (24) sobre o pedido de demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça, o presidente Jair Bolsonaro declarou que o agora ex-ministro “tem um compromisso consigo próprio, com seu ego, e não com o Brasil”.
Sobre a acusação de interferência na Polícia Federal feita por Moro, Bolsonaro declarou: “Ora bolas, se eu posso trocar um ministro, por que não posso, de acordo com a lei, trocar um diretor na Polícia Federal?”. “Nunca pedi para blindar ninguém da minha família, jamais faria isso”, acrescentou o presidente.
Bolsonaro também acusou Moro de fazer pressão por uma vaga de ministro no Supremo Tribunal Federal (STF). “Mais de uma vez, o senhor Sergio Moro disse para mim: ‘o senhor pode trocar o Valeixo, sim. Mas em novembro, depois que o senhor me indicar para ministro do Supremo Tribunal Federal’. Me desculpe, mas não é por aí”.
Entenda
Mais cedo, o agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, anunciou a demissão. O ex-juiz federal deixou a pasta após um ano e quatro meses do governo do presidente Jair Bolsonaro.
A demissão foi motivada pela decisão de Bolsonaro de trocar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, indicado para o posto pelo agora ex-ministro. A Polícia Federal é vinculada à pasta da Justiça.
"O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, que ele pudesse colher relatórios de inteligência, seja diretor, seja superintendente. E realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação", declarou Moro.
Moro fez uma comparação da situação com o período em que conduziu os processos da Operação Lava Jato como juiz:
"Imaginem se durante a própria Lava Jato, ministro, diretor-geral, presidente, a então presidente Dilma, o ex-presidente, ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações sobre as investigações em andamento?", questionou.
Com a saída de Moro, é a nona vez que um ministro deixa o cargo no governo Bolsonaro - desses, seis saíram do governo e três continuaram (Onyx Lorenzoni saiu da Casa Civil e foi para a Cidadania; Floriano Peixoto saiu da Secretaria Geral e foi para a presidência dos Correios; e Gustavo Canuto deixou o Desenvolvimento Regional e foi para a presidência da Dataprev).