Ex-ajudante de ordens negou ter sido pressionado por policiais para fazer delação, admitiu que falou 'besteira' e reclamou que amigos o chamam de 'leproso'
Por Gabriel de Sousa
Antes de ser preso pela Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira, 22, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi interrogado por um juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes. O magistrado cobrou explicações sobre os os áudios em que atacou o próprio ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e a PF. Mauro Cid admitiu que errou, mas não quis contar com quem fez o "desabafo" sobre as investigações contra Bolsonaro.
Nesta quinta-feira, 21, a revista Veja divulgou os áudios de Cid, que falava com um interlocutor desconhecido sobre a delação premiada que fechou com a PF em setembro. Em uma das gravações, o tenente-coronel afirmou que os investigadores "não queriam saber a verdade" sobre a tentativa de golpe de Estado e que Alexandre de Moraes seria "a lei". "Ele prende, ele solta quando ele ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação", disse o ex-ajudante de ordens.
As besteiras e o desabafo do coronel
Ao STF, Mauro Cid negou que tivesse sofrido pressão por parte da PF ou do Judiciário para realizar uma delação premiada. Segundo ele, os áudios com ataques aos investigadores foram um mero desabafo de "quem quer chutar a porta e acaba falando besteira". O tenente-coronel disse também que a conversa era "privada, informal, particular e sem o intuito de ser exposta pela revista".
"É um desabafo, quer chutar a porta e acaba falando besteira. Genérico, todo mundo, acaba dizendo coisas que não eram para serem ditas. Em razão da situação que está vivendo, foi um desabafo. É um desserviço que a Veja faz ao inquérito, a minha família, ás minhas filhas", diz um trecho do depoimento.
Mauro Cid não se lembra do interlocutor
O coronel do Exército foi questionado sobre quem era a pessoa com que ele conversou e reclamou da atuação dos investigadores do inquérito que apura tentativa de golpe. Mauro Cid desconversou. Alegou que não se lembrava. Disse que só anda conversando com pessoas mais próximas, incluindo parentes. O oficial afirmou que "está recluso, praticamente em casa, não tem vida social e não trabalha. Não lembra para quem falou essas frases de desabafo, num momento ruim. Não conseguiu ainda identificar quem foi essa pessoa. Não acredita que alguém do núcleo próximo tenha contato com a imprensa. Possivelmente a conversa teria ocorrido por telefone. Provavelmente celular", declarou.
Cid admitiu ressentimento com Bolsonaro
Em um dos áudios divulgados pela Veja, Cid revelou ter um ressentimento de Bolsonaro por ter sido o único que ficou "fudido" após o início das investigações contra o ex-presidente. O tenente-coronel disse que o ex-chefe do Executivo ficou "milionário" a partir de transferências feitas via Pix por apoiadores, enquanto ele teve a carreira no Exército e a vida financeira prejudicada.
Segundo Cid, enquanto Bolsonaro enriqueceu através das transferências e os outros generais investigados pela tentativa de golpe estão na reserva das Forças Armadas, ele está com a "carreira desabando". O ex-ajudante de ordens afirmou também que os seus amigos o tratam como "um leproso, com medo de se prejudicar". "Quer ter a vida de volta. Está enclausurado. A imprensa sempre fica indo atrás. Está agoniado. Engordou mais de 10 quilos. O áudio é um desabafo. Acredita que as pessoas deviam o estar apoiando e dando sustentação", diz outro trecho do depoimento.
Em outra gravação, o tenente-coronel diz que Bolsonaro e outros investigados terão penas acima de 100 anos de prisão. Cid também cita os presos pelos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro de 2023, chamando-os de "bagrinhos" que foram condenados a 17 anos pelo STF.
Segundo Cid, ele se assusta com as sentenças que estão sendo feitas contra os envolvidos nos atos golpistas e "imagina a pena que os mais altos vão pegar".
Moraes tira sigilo para não pairar dúvida
Nesta sexta, 22, o ministro Alexandre de Moraes retirou o sigilo do novo depoimento de Cid. No despacho, o magistrado justificou que o fazia para não deixar dúvidas de que o militar não foi forçado a fazer delação premiada. "Diante da necessidade de afastar qualquer dúvida sobre a legalidade, espontaneidade e voluntariedade da colaboração de Mauro César Barbosa Cid, que confirmou integralmente os termos anteriores de suas declarações", escreveu o ministro do STF.
Assim que deixou o STF, Cid foi preso pela PF e levado para um quartel da Polícia do Exército, onde ficou encarcerado entre maio e setembro do ano passado. O tenente-coronel foi detido pela primeira vez durante a Operação Venire, que investigou fraudes em cartões de vacina de Bolsonaro e da sua filha Laura.
A UPM realiza Assembleia Geral Conjunta do Bloco Argentino em Mendonza
Com Assessoria
A União de Parlamentares Sul-Americanos e do Mercosul - UPM realizou uma Assembleia Geral Extraordinária Conjunta do Bloco Argentino, e celebrou o seu vigésimo quinto aniversário de sua fundação com a participação de vários parlamentares membros da entidade e convidados.
O encontro ocorreu na cidade de Mendoza, na República Argentina, nos dias 21 e 22 de março, sob a coordenação do presidente da UPM, deputado estadual Valdemar Júnior (Republicanos), e com a presença de parlamentares tocantinenses e de outros estados da federação brasileira, além de representantes de países membros como Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai.
No dia 21, os parlamentares participaram de plenárias na sede do poder legislativo de Mendoza. Também foi realizada a leitura e revisão da gestão do período 2021/2023, a eleição das autoridades do Bloco Argentino para o período 2024/2026 e a aprovação da agenda institucional para a entidade.
Além disso, os parlamentares visitaram a Universidade Nacional de Cuyo, onde participaram de um fórum de debates e, posteriormente, foi celebrada a assinatura de um convênio de colaboração mútua entre a UPM e a universidade Cuyo. Também foram firmados convênios de colaboração mútua entre as cidades de Mendoza e Romeral com a UPM.
No dia 22, os parlamentares participaram das atividades nas comissões, debatendo temas relevantes como economia, educação, Ciência e Tecnologia, meio ambiente, Recursos Hídricos,desenvolvimento social e territorial, sustentabilidade, fortalecimento da integração, passagens de fronteiras dentre outros.
A Assembleia Geral Conjunta do Bloco Argentino foi encerrada com a assinatura de um documento final contendo 8 pontos de discussões, elaborados pelos parlamentares durante os trabalhos nas comissões.
Para o presidente da UPM, deputado Valdemar Júnior, o encontro foi produtivo, proporcionando aos membros da entidade a oportunidade de debater democraticamente temas relevantes para os países e a sociedade. "Hoje a UPM comemora os seus 25 anos de existência. O momento é importante para os seus membros realizarem um intercâmbio entre os países e trocarem experiências entre si", afirmou.
Esses encontros têm fortalecido e aproximado ainda mais os nossos povos e os nossos países. E é com essa intenção que estamos aqui hoje, para celebrar uma plenária, visando pensar em um Mercosul melhor para o presente e o futuro, buscando o comprometimento com a integração econômica e social e a cooperação política entre os países", destacou.
O ministro Dias Toffoli (Supremo Tribunal Federal) estendeu para a ação contra o ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli os efeitos da decisão na qual anulou as provas obtidas no acordo de leniência da Odebrecht
Com STF
Na decisão, Toffoli analisou o pedido de extensão protocolado pela defesa de Martinelli, que argumentava que o ex-presidente respondia por “imputações penais lastreadas em elementos indiciários e probatórios tidos por imprestáveis”.
O ministro deferiu a solicitação e declarou a “imprestabilidade, segundo o ordenamento jurídico brasileiro, quanto ao ora requerente, dos elementos de prova obtidos a partir dos sistemas Drousys e My Web Day B, utilizados no Acordo de Leniência celebrado pela Odebrecht.”
As decisões de anular as provas foram tomadas inicialmente pelo ministro Ricardo Lewandowski, que se aposentou em abril do ano passado. Toffoli herdou os procedimentos.
Martinelli presidiu o Panamá de 2009 a 2014. Em 2022, foi acusado no país de crime de lavagem de dinheiro em processo sobre a atuação da Odebrecht do país. Ele também teve dois filhos condenados à prisão nos Estados Unidos por causa das revelações da empreiteira.
Com as portarias, gestão estadual beneficia cerca de 15 mil servidores
Da Assessoria
Após o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, assinar a Medida Provisória nº 8, a Secretaria de Estado da Administração (Secad) publicou, no Diário Oficial do Estado (DOE) (6536) desta sexta-feira, 22, as portarias com aproximadamente 15 mil progressões funcionais dos servidores aptos à progressão, referentes aos anos de 2022 e 2023.
Para o secretário de Estado da Administração, Paulo César Benfica Filho, a concessão dessas progressões repercute como mais uma prova do compromisso do Governo do Tocantins com os seus servidores. “O governador Wanderlei Barbosa tem como meta de gestão garantir os direitos dos servidores públicos e, dessa forma, com mais essas publicações, têm conseguido uma crescente qualidade na manutenção dos direitos dos servidores tocantinenses”, frisou o secretário.
A Secad, por meio da Superintendência de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas, é responsável pela elaboração da lista com os nomes dos servidores aptos a progredirem. Para ter direito à progressão, o servidor precisa cumprir uma série de requisitos, como tempo de serviço, cursos na área de atuação e avaliação de desempenho, entre outros.
Progressões
O compromisso do Governo do Tocantins com a implementação das progressões funcionais, tem se mantido firme. Com a publicação desta nova lista, são contabilizadas 79.870 progressões concedidas.
As portarias incorporam servidores de todos os quadros, incluindo o Geral, Polícia Civil, Polícia Penal, Polícia Militar, Socioeducativo, Bombeiros, Ruraltins, Naturatins, Adapec, Saúde e Auditores Fiscais. Ressalta-se que também serão contemplados os servidores remanescentes da portaria referente à progressão de 2021, cujo não apresentaram os requisitos solicitados à época da publicação.
Tenente-coronel foi ouvido após criticar atuação do Supremo e da PF
Por André Richter
O ministro Alexandre de Moraes, Supremo Tribunal Federal(STF), determinou a prisão do tenente-coronel Mauro Cid. A prisão ocorreu após ele prestar depoimento por uma hora nesta sexta-feira (22), na sala de audiências do STF. O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro foi chamado a prestar depoimento após a revista Veja publicar áudios em que o militar critica a atuação do magistrado e da Polícia Federal.
O depoimento durou cerca de uma hora e foi presidido pelo desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes. Também esteve presente um representante da Procuradoria-Geral da República (PGR), além de sua defesa.
A prisão foi determinada por descumprimento de cautelares impostas contra Cid e por obstrução de Justiça. Após ser comunicado da prisão, ele foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para realização de exames.
De acordo com a reportagem da Veja, Cid afirmou que foi pressionado pela PF a delatar acontecimentos dos quais não tinha conhecimento ou “o que não aconteceu”.
O ex-ajudante também afirmou, segundo a publicação, que a Procuradoria-Geral da República e Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre o militar no STF, têm uma “narrativa pronta” e estariam aguardando somente o momento certo de “prender todo mundo”.
Delação premiada
Mauro Cid fechou acordo de colaboração premiada após ter sido preso no âmbito do inquérito que apura fraudes em certificados de vacinação contra covid-19. Além do caso referente às vacinas, Cid cooperou também com o inquérito sobre uma tentativa de golpe de Estado que teria sido elaborada no alto escalão do governo Bolsonaro.
Defesa
Após a divulgação da matéria, em comunicado, a defesa de Mauro Cid não negou a autenticidade dos áudios. Os advogados disseram que as falas “não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando, advindos da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda”.