No atual estagio da sociedade, em constante evolução, as grandes organizações criminosas atuam de forma estruturada e hierárquica, com divisão de tarefas e objetivos claros na obtenção de lucro ilícito através de diversas atividades. Agem nas sombras, no turvo da noite, camufladas, distanciadas dos olhos das leis e do povo. Um dos "cérebros" do Golpe Militar de 1964, o General Golbery do Couto e Silva, dissecava diariamente as entranhas desse desvio moral, poetizando assim: "Quem não conhece os segredos da madrugada não tem o direito aos milagres do amanhecer".
Família Paralelo 13: Edivaldo Rodrigues e Edson Rodrigues
Resguardados alguns poucos conceitos da ética e da moral no fazer política, é assim que está se comportando o grupelho político que nesse instante toma de assalto os espaços administrativos na prefeitura de Palmas, pertencente ao prefeito Eduardo Siqueira Campos, eleito com quase 100 mil votos, uma escolha soberana do povo palmense.
Esse agrupamento atua nas sombras, segredando decisões forjadas nos pântanos da patifaria. Isso após cultos e orações direcionadas a um Deus particularizado que, segundo os mesmos, em conversas cotidianas com Ele, são agraciados com poder terreno e riqueza em abundância, daí a Teologia da Prosperidade, instrumento da banalidade da crença.
O mais grave na atuação desse agrupamento político de convivência momentânea é que eles querem transformar uma interinidade em definitiva. Para isso buscam consolidar elos de união com os que lhes abrem as portas de outros cofres, de arcas recheadas de ouro; de baús milionários, como os de uma obscura organização, composta por vendilhões da fé, negociadores de capitais nebulosos, fazendo uso de tudo, e muito mais, para abrir caminhos, com sangue e lama, na busca insana por mandatos e o estrelismo do poder pelo poder.
E agem orquestrados. Eles e o "almofadinha igrejista", não estão medindo esforços para, definitivamente, enterrar politicamente o prefeito Eduardo Siqueira Campos. E as ações para isso ganham significância. Uma de nossas fontes nos revelou que no último dia 7 de julho, em reunião com os integrantes do legislativo municipal ele, o usurpador, foi claro. Diante de 16 dos 23 vereadores vociferou que está preparado para tudo e que quem quiser que o acompanhe ou fique pelo caminho.
Esse discurso é em público. Nós bastidores, em reuniões secretas, na calada da noite, comandada por eminências pardas, de Palmas, e vindas de Brasília e do município goiano de Varejão, o tema tem sido recorrente: apressar o impedimento - (Impeachment) - do prefeito Eduardo Siqueira Campos.
Para isso, "os pastores da cidade de Varejão", de posse da cadeira número um da prefeitura de Palmas, estão certos que contarão com uma montanha de dinheiro vindo desse estranho grupo empresarial que mistura fé, agro e muita vontade de poder político; além disso o grupelho político expõe na mesa de negociações os principais cargos da municipalidade palmense, que estarão à disposição dos vereadores que aderiram ao golpe em andamento.
Todo esse poderio, com odor do lamaçal onde brotas as negociatas espúrias, será ou já foi oferecido aos legisladores da capital de todos os tocantinenses. Nossa fonte nos adiantou que, todos os edis palmenses, um a um, serão ou já foi contactados por chefetes partidários; pelas eminências pardas da gestão e por advogados especializados em "convencimento monetário".
Não há mínima condição de sabermos se essa operação, emoldurada na mais nojenta prática política prosperará, pois por mais que acreditamos na grandeza ética dos legisdores do município de Palmas, a tese do lendário Rui Barbosa insiste em gritar nos nossos ouvidos, dizendo: ,"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".
Foi essa dúvida que consumiu e embaralhou os pensamentos do prefeito Eduardo Siqueira Campos, atingido seu coração no mesmo instante em que ele foi avisado dessa vagabundagem em andamento. Após sua internção hospitalar e as intervenções médicas para salvar sua vida, foi detectada uma grande comoção em todo o território tocantinense, em especial em Palmas. Sorrateiros como serpentes, ele, os golpistas recuaram de suas intenções macabras e, sussurrantes como fazem os ratos de esgoto, pediram orações e vida longa para sua vítima, que já estava com o pescoço na guilhotina.
Que Deus, o que não tem dono, o que é de todos nós, tenha piedade de povo de Palmas!
O Sindicato dos Trabalhadores em Vigilância do Estado do Tocantins vem a público denuncias graves e recorrentes violações dos direitos trabalhistas por parte de duas empresas prestadoras de serviços de segurança contratadas pela Secretaria de Saúde do Estado do Tocantins: Ipanema Segurança LTDA e Convig Vigilância e Segurança, esta última em processo de recuperação judicial
Da Assessoria
As denúncias recebidas nesta semana revelam que ambas as empresas voltaram a atrasar os pagamentos dos salários dos vigilantes, somando-se a uma série de descumprimentos legais, incluindo o não recolhimento do FGTS, atrasos em depósitos previdenciários e ausência de cumprimento das obrigações básicas previstas na legislação trabalhista.
Segundo informações apuradas pelo sindicato, os atrasos estariam relacionados à falta de repasse de recursos por parte da própria Secretaria de Saúde. Caso confirmado, este cenário aponta para uma preocupante desorganização institucional que afeta diretamente trabalhadores essenciais à segurança das unidades de saúde estaduais.
A situação da Convig, agravada pela recuperação judicial, acende um alerta ainda maior sobre a responsabilidade do Estado em contratar empresas que estejam aptas a garantir a estabilidade financeira e legal dos trabalhadores envolvidos.
O Sindicato exige explicações formais da Secretaria de Saúde e das empresas envolvidas, bem como a regularização imediata de todos os pagamentos e encargos.
O Sindicato dos Trabalhadores em Vigilância do Estado do Tocantins reforça que o respeito aos direitos trabalhistas não pode ser negociado. Empresas contratadas pelo poder público têm o dever legal e ético de honrar seus compromissos com os trabalhadores, e cabe à Secretaria de Saúde fiscalizar e garantir que esses contratos não se tornem instrumentos de precarização.
Seguiremos atentos, atuando de forma firme e incansável na defesa da nossa categoria. Aos vigilantes que enfrentam esse cenário de instabilidade, reafirmamos: vocês não estão sozinhos. A união da classe e a atuação sindical são nossas maiores ferramentas para transformar indignação em ação.
Por Família O Paralelo 13: Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues
A política tocantinense atravessa um momento delicado. Em meio ao recesso legislativo e às articulações eleitorais rumo a 2026, uma decisão judicial de repercussão nacional devolveu protagonismo a uma das figuras mais emblemáticas da cena local, o prefeito afastado de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos).
Nesta terça-feira (8), o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a conversão da prisão preventiva de Eduardo em prisão domiciliar. A medida seguiu parecer favorável da Procuradoria-Geral da República, com base no agravamento do estado de saúde do gestor, que sofreu um infarto e segue internado no Hospital Geral de Palmas (HGP). O magistrado destacou que o Quartel do Comando Geral da PM, onde Eduardo estava preso desde 27 de junho, não possui estrutura médica adequada para garantir o tratamento necessário.
Prefeito Eduardo no dia da posse
Apesar disso, Zanin manteve as restrições judiciais e Eduardo continua afastado do cargo, está proibido de manter contato com outros investigados e de sair do país. A decisão, embora atenda a uma questão humanitária, não responde a um impasse maior, o questionamento sobre a legalidade e a proporcionalidade do afastamento de um prefeito eleito com ampla maioria e que, em seis meses de gestão, não é alvo de nenhuma denúncia formal de corrupção, improbidade ou desvio de conduta em sua atuação como chefe do Executivo municipal.
Jair Farias reforça
A repercussão foi imediata. Lideranças políticas, servidores públicos, juristas e cidadãos manifestaram publicamente a percepção de que o afastamento causou uma ruptura injustificada com um mandato legítimo. O deputado estadual Jair Farias, aliado histórico de Eduardo, afirmou que “este foi o primeiro passo em direção à correção de um grande erro cometido por descuido da nossa Justiça. Outros passos virão em breve para o retorno do nosso prefeito ao cargo, outorgado pela maioria dos eleitores palmenses, sem ressentimentos, mas com a certeza de justiça.”
Para grande parte da sociedade palmense, a interrupção da gestão de Eduardo Siqueira gerou um vácuo administrativo, bem como um sentimento profundo de frustração. Isso porque, no curto período em que esteve à frente da prefeitura, Eduardo iniciou um processo de resgate de políticas públicas com forte apelo popular. Reabriu o restaurante comunitário, reformulou o sistema de transporte urbano com a chegada de ônibus novos e climatizados, investiu na pavimentação de ruas e na melhoria de serviços essenciais.
Essas ações vinham sendo interpretadas como um esforço concreto de devolver à população o que lhe foi tomado em gestões anteriores, dignidade, mobilidade e segurança alimentar. O afastamento brusco de um prefeito que simbolizava esse resgate gerou uma comoção visível nas ruas e redes sociais, assim como entre representantes dos poderes locais. Há quem diga, nos bastidores da política e da Justiça, que o sentimento é de que o povo de Palmas foi “roubado” de seu voto.
Nesse contexto, a concessão da prisão domiciliar não é, para muitos, suficiente. O sentimento predominante é que a reparação plena só virá com a reavaliação da decisão de afastamento, preferencialmente em plenário, por toda a Corte do Supremo Tribunal Federal, não como um recuo, mas como um gesto de maturidade institucional.
A expectativa é que o STF, com equilíbrio e serenidade, possa reconhecer que o julgamento coletivo é o caminho mais adequado para rever um possível equívoco. Isso, inclusive, fortalece a própria credibilidade do Judiciário, ao admitir que nenhum poder está imune à revisão de seus próprios atos. Corrigir um erro, quando há fundamentos e respaldo social para isso, é um sinal de grandeza e não de fragilidade.
Enquanto isso, Eduardo Siqueira segue como figura central no xadrez político tocantinense. Mesmo fora do cargo, sua influência permanece ativa, e o debate sobre seu futuro na prefeitura de Palmas segue vivo. A operação que o atingiu continua em curso, mas, até aqui, não apresenta elementos que comprovem atos de corrupção ou lesão ao erário durante sua atual gestão.
O caso abre uma discussão mais ampla, que ultrapassa nomes e siglas. Qual o limite entre o necessário rigor judicial e o respeito ao voto soberano? Como garantir a proteção das instituições sem abrir espaço para excessos que impactem diretamente a democracia local?
O Tocantins, nesse episódio, observa e espera. A história, como sempre, cobrará responsabilidade, equilíbrio e, acima de tudo, respeito à vontade popular.
Em Palmas, carreata marcou início da força-tarefa da gestão estadual para o verão tocantinense e reuniu diversas pastas como a Setur, PMTO, Detran, Corpo de Bombeiros, Seju e Secom
Por Seleucia Fontes
O Governo do Tocantins realiza uma força-tarefa para garantir uma das maiores temporadas de praia do país em 2025. Nesta terça-feira, 8, uma grande carreata percorreu as principais avenidas de Palmas, chamando a atenção da população para a operação integrada do governo, que envolve diversas pastas nas ações de estruturação, segurança, cultura e promoção turística.
Coordenada pela Secretaria de Estado do Turismo (Setur), a ação conta com o apoio da Secretaria de Estado da Comunicação (Secom), da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Serviços (Sics), da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), da Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju), da Secretaria de Estado dos Esportes e Juventude (Seju), da Polícia Militar do Tocantins (PMTO), do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/TO), da Agência Tocantinense de Saneamento (ATS), da Agência de Fomento do Estado e da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), além do Sebrae Tocantins e da Energisa.
Veículos oficiais das secretarias e órgãos do Governo do Tocantins percorreram as ruas de Palmas, chamando a atenção da população para a operação integrada
As equipes do Governo do Tocantins percorrerão diversas praias que estão recebendo apoio do Estado nesta edição. Dentre as ações, a Seju realiza o projeto Esporte Verão, com competições de futevôlei, natação, voleibol e futebol de areia; e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) com o projeto Praia Consciente, que tem como objetivo promover ações de educação ambiental voltadas aos frequentadores da praia, comerciantes e barqueiros. A PMTO e o Detran/TO reforçam a segurança dos turistas com as operações Álcool Zero e Lei Seca; e o Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins (CBMTO) com a operação Tocantins Praias Mais Seguras 2025.
Temporada de Praia 2025
O Governo do Tocantins investiu cerca de R$ 30 milhões na Temporada de Praia 2025, contemplando mais de 40 municípios do estado. O recurso é aplicado na infraestrutura das praias, melhorias das barracas, reforço da segurança e dos serviços de limpeza, além de uma ampla programação cultural, com shows regionais e nacionais, atividades esportivas e ações de conscientização ambiental.
O Governo do Tocantins investiu cerca de R$ 30 milhões na Temporada de Praia 2025, contemplando mais de 40 municípios do estado
O secretário de Estado do Turismo, Hercy Filho, destacou que a Temporada de Praia 2025 é resultado de um esforço conjunto, com impacto direto na economia e no bem-estar da população. “O Estado está mobilizado em torno da temporada de verão, que é um período que movimenta economicamente e também traz alegria aos tocantinenses. É fundamental mostrar essa transversalidade entre os órgãos públicos”, salientou.
A segurança dos veranistas é uma das prioridades do governo estadual, como reforçou o comandante-geral da PMTO, coronel Márcio Antônio Barbosa. “Nosso papel é garantir tranquilidade para que moradores e turistas aproveitem este momento com confiança e liberdade”, pontuou.
O secretário de Estado do Turismo, Hercy Filho, destacou o esforço conjunto para garantir estrutura, segurança e lazer nas praias do estado
O subcomandante-geral do CBMTO, coronel Cléber Borges Sobrinho, ressaltou o foco na prevenção e na formação de agentes civis. “Além do efetivo militar, temos a atuação de guarda-vidas civis e do projeto Botinho, que transforma crianças em verdadeiros fiscais da segurança nas praias”, declarou, em nome do comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins, coronel Peterson Queiroz de Ornelas.
A Temporada de Praia 2025 já está em andamento em diversos municípios e promete atrair milhares de visitantes durante os meses de julho e agosto. Com paisagens deslumbrantes, rios de águas cristalinas e praias temporárias estruturadas, o Tocantins se consolida como um dos destinos mais procurados do Brasil neste período.
Os parlamentares teriam enviado emendas a Choró e a Canindé, municípios no centro das investigações
Por Ingrid Campos
Quatro homens de terno e gravata discursam em plenário, em frente a microfones. Eles estão lado a lado em montagens verticais separadas. O primeiro, à esquerda, tem cabelo grisalho e usa terno azul-marinho com gravata listrada. O segundo tem cabelo castanho ondulado e barba, vestindo terno escuro e gravata vermelha. O terceiro tem cabelo escuro curto e usa terno cinza com gravata rosa. O quarto, à direita, também tem cabelo escuro e veste terno azul-escuro com gravata vermelha. Ao fundo, há bandeiras e o ambiente típico de um parlamento.
O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou, no dia 24 de junho, a abertura de investigação contra três outros nomes da bancada cearense no Congresso, em processo sobre desvio de emendas parlamentares no Ceará, após terem sido citados no caso. Além de Junior Mano (PSB), alvo de operação nesta terça-feira (8), a apuração da Polícia Federal (PF) chegou a Eunício Oliveira (MDB), Yuri do Paredão (MDB) e José Guimarães (PT), este líder do Governo Lula na Casa.
Enquanto o pessebista é apontado como “operador ativo da engrenagem criminosa”, os demais são citados por terceiros, sem apresentar diálogo ou contato direto com Bebeto Queiroz (PSB), prefeito cassado de Choró e suposto coordenador do esquema junto a empresas de fachada. Ele está foragido desde dezembro de 2024.
Por isso, o relatório da Polícia Federal citado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, indicava a necessidade de uma apuração específica sobre os achados relacionados aos outros três deputados – e a Corte acatou.
Considerando as citações feitas aos nomes dos parlamentares, no curso das tratativas, e os valores mencionados, revela-se necessária a realização de diligências investigativas específicas, a fim de esclarecer o conteúdo, a veracidade e a finalidade dessas indicações, bem como eventual vinculação como esquema de desvio de recursos públicos sob apuração.
Polícia Federal (PF)
Relatório sobre desvio de emendas no Ceará
As informações foram extraídas da decisão revelada nesta terça-feira (8), assinada pelo magistrado, autorizando as diligências policiais no gabinete de Junior Mano e em endereços em cinco municípios cearenses. No mesmo documento, o STF abriu investigação sobre a participação dos outros deputados em esquema de desvio de emendas.
Entenda a citação de cada parlamentar a seguir:
YURI DO PAREDÃO
Segundo o relatório, o deputado Yuri do Paredão tinha interlocução direta e indireta com o núcleo operacional liderado por Carlos Alberto Queiroz Pereira, o "Bebeto do Choró".
Uma assessora parlamentar, formalmente registrada como secretária parlamentar em seu gabinete, manteve contato com Bebeto em 23 de setembro de 2024, solicitando informações acerca do plano de ação e da consultoria responsável pela execução de uma emenda pix a Choró.
Ressalte-se que essa modalidade de transferência é executada sem necessidade de convênio formal, “o que amplia significativamente os riscos de uso indevido”. O próprio STF montou uma ofensiva contra o uso indevido desse e de outros tipos de emendas parlamentares.
Vale destacar, ainda, que Bebeto não era prefeito da cidade à época, mas sim candidato à Prefeitura. Quem governava o município na ocasião era seu aliado, Marcondes Jucá (sem partido). Poucas semanas depois do contato, ambos foram alvos de operações da Polícia Federal e do Ministério Público do Ceará (MPCE) por supostas irregularidades no abastecimento de veículos da gestão de Choró.
“O conteúdo do diálogo indica ingerência do grupo de Bebeto sobre a destinação e aplicação do referido recurso, circunstância fartamente comprovada na investigação em curso, comportamento que transcende o mero apoio político e revela possível alinhamento funcional em matéria de execução orçamentária”, aponta a PF.
Ainda segundo as investigações, a suspeita é reforçada pela indicação de emenda de transferência especial, popularizada como emenda pix, no valor de R$ 10 milhões a Choró, no exercício de 2024. A informação está no Portal da Transparência do Governo Federal.
Além das trocas indiretas, há registros de conversas diretas entre Yuri do Paredão e Bebeto. A PF faz destaque especial a diálogo no qual o parlamentar questiona se há alguma Comissão Intergestores Bipartite (CIB) aprovada com pedido de aumento de limite na área da saúde em alguma "cidade sua", dirigindo-se ao político de Choró.
JOSÉ GUIMARÃES E EUNÍCIO OLIVEIRA
Os deputados Guimarães e Oliveira – presidente estadual do MDB – são citados em conjunto na peça.
Em diálogo mantido entre Bebeto e Carlos Douglas, há referência à oferta de emenda parlamentar atribuída a José Guimarães, supostamente intermediada por Ilomar Vasconcelos, atual vice-prefeito de Canindé, com possibilidades de destinação para saúde, pavimentação ou "sarramento" (sic, em referência a piçarramento).
Relatório sobre desvio de emendas no Ceará PF
Carlos Douglas é um dos alvos de mandado cumpridos nesta terça-feira, no Ceará. Ele é apontado como sócio-administrador da empresa Cariri Edificações, Serviços e Conduções EIRELI, suspeita de superfaturamento e irregularidades na oferta do serviço de transporte escolar municipal.
Por causa disso, o Ministério Público do Ceará recomendou, em janeiro deste ano, a suspensão dos contratos firmados entre a Prefeitura de Choró e a empresa. O relatório indica que Douglas manteve “centenas de interações com Bebeto” a respeito de contratos com prefeituras cearenses.
Já Ilomar Vasconcelos (PSB) é vice-prefeito reeleito de Canindé, ou seja, ele rompeu com a denunciante e ex-prefeita da cidade, Rozário Ximenes (Republicanos), e passou a compor com o grupo liderado por Bebeto. Nas eleições de 2024, formou chapa com Professor Jardel (PSB), que foi eleito prefeito. Ambos são alvos de pedidos de cassação pelo MPCE.
Foi, inclusive, a denúncia dela que originou o processo em questão. Em outro trecho, a ex-prefeita menciona a destinação de uma emenda no valor de R$ 3 milhões a Canindé durante a sua gestão, com articulação tocada por Bebeto e Junior Mano em contato com Ilomar.
Contudo, o recebimento do recurso pela Prefeitura estava condicionado ao pagamento da contrapartida ilegal aos membros do esquema, segundo o seu depoimento.
Ximenes narrou que o vice-prefeito “teria obtido duas emendas parlamentares oriundas do gabinete do deputado José Guimarães e, posteriormente, passou a insistir no repasse de 10% do valor de cada emenda como retorno”.
O depoimento é reforçado por um achado da PF. A corporação relata, que, em mensagem posterior, Bebeto afirma para a sua irmã, Cleidiane Queiroz, ter sido informado por Eunício (via áudio) de que Guimarães teria indicado R$ 2 milhões em emenda para o município de Choró, e que o próprio emedebista também teria destinado R$ 1 milhão para Canindé.
Cabe mencionar que, assim como Junior Mano, ambos são pré-candidatos ao Senado no Ceará e compõem a base governista. Juntos, têm influência sobre um grande número de prefeituras.
INFLUÊNCIA NOS MUNICÍPIOS
As investigações seguem também no sentido de verificar o raio de atuação do esquema criminoso.
Isso porque tanto o depoimento de Rosário Ximenes indica uma influência do grupo em 51 municípios cearenses quanto a empresa MK Serviços, Construções e Transporte Escolar, apontada como principal operadora da dinâmica das emendas, celebrou contratos com um número semelhante de prefeituras.
A MK, inclusive, tem como sócio-administrador o suposto empresário Maurício Gomes. O vigilante de 37 anos recebeu, entre 2014 e 2020, um salário mensal de R$ 2,4 mil, mas abriu a empresa que tem um capital social de R$ 8,5 milhões. No relatório, a PF diz ser “possível inferir, com forte grau de segurança" que o vigilante atuava como "interposto de terceiros", um laranja de Bebeto Queiroz.
DEPUTADOS SE PRONUNCIAM
O PontoPoder buscou os deputados José Guimarães, Eunício Oliveira, Yuri do Paredão e Junior Mano. O vice-prefeito de Canindé, Ilomar Vasconcelos, não foi localizado, bem como Carlos Douglas. O espaço está aberto a manifestações.
Por meio de nota, Guimarães disse que não é alvo de inquérito ou investigação para apurar possível uso irregular de emendas e negou que tenha destinado recursos a Canindé em 2024 e em 2025.
"Sobre o município de Choró (CE), reafirmo o fato de que não destinei emendas parlamentares à localidade. Inclusive, nas eleições municipais mais recentes, disputamos contra o atual prefeito, tendo nosso candidato do PT sido derrotado nas urnas", completou.
Marcondes Jucá, então prefeito, era filiado ao PT à época das eleições e decidiu apoiar Bebeto na sucessão. Após operação em Choró, ele foi expulso do partido. O candidato do PT ao qual Guimarães se refere foi Antônio Delmiro, ex-presidente da Câmara Municipal e opositor de Bebeto.
Eunício informou, também em nota, que destina emendas em dezenas de municípios cearenses, "de forma transparente e de acordo com a legislação", e que ainda não foi notificado dessa eventual apuração. Ele, inclusive, mandou suspender, nesta terça-feira, a emenda indicada a Canindé.
Yury do Paredão também se pronunciou. Ele declarou ter "compromisso notável com a transparência e o desenvolvimento do Ceará", em comunicado à imprensa.
"Ao destinar emendas para beneficiar os municípios, Yury tem contribuindo significativamente para o progresso e o bem-estar das comunidades locais do estado. A transparência é um aspecto fundamental na gestão pública, e o fato de todos os recursos estarem disponíveis no Portal da Transferência da Câmara dos Deputados demonstra a seriedade e a responsabilidade com que o deputado Yury conduz suas ações. Sua disposição para esclarecimentos adicionais reforça ainda mais sua postura transparente e comprometida com a população", diz a nota, ainda.
Já Junior Mano afirma, por meio da sua assessoria de imprensa, não ter participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.
"Como parlamentar, o deputado não exerce qualquer função executiva ou administrativa em prefeituras, não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos", diz a nota.
Ele declara, ainda, que confia nas instituições, em especial no Judiciário e na PF, e reitera "o compromisso com a legalidade, a transparência e o exercício probo da função pública". Por fim, afirma ter plena convicção de que "a verdade dos fatos prevalecerá, com o completo esclarecimento das circunstâncias e o reconhecimento de sua correção de conduta."
A liderança do PSB na Câmara dos Deputados, o deputado federal Pedro Campos, também se manifestou. "Esperamos que todos os fatos sejam investigados e esclarecidos o mais breve possível, respeitando o devido processo legal e a ampla defesa do deputado Júnior Mano".