Questionado sobre as supostas falhas no sistema de votação apresentadas pelas Forças Armadas, o magistrado demonstrou irritação
Por: Guilherme Resck
O ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), chamou um manifestante de "mané" e falou para ele não importunar, após o homem questioná-lo se iria "responder às Forças Armadas" e "deixar o código-fonte [da urna eletrônica] ser exposto".
A cena, que ocorreu em Nova York, nesta 3ª feira (15.nov), foi gravada com um celular. As imagens foram compartilhadas no Instagram pelo blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que é investigado no inquérito das fake news instaurado pelo STF e foragido da Justiça.
"Você vai responder às Forças Armadas? Você vai deixar o código-fonte ser exposto? O Brasil precisa dessa resposta, ministro, com todo respeito. Por favor, Barroso, responde para a gente", fala o manifestante ao magistrado, no vídeo. Na sequência, Barroso pontua: "Perdeu, mané. Não amola". O manifestante, então, afirma: "É sério. Fala isso não, ministro".
No momento do diálogo, o magistrado caminhava logo atrás do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, em direção à entrada de um edifício. Ambos foram a Nova York para participar da Lide Brazil Conference, organizada pelo grupo Lide. No evento, na 2ª feira, Barroso disse que "supremo é o povo, mas o povo já se pronunciou. Agora só cabe aceitar o resultado [das eleições]. A vida na democracia é simples assim. O resto é intolerância, quando não selvageria".
Dados constam em relatório do TSE
Com O Globo
O Partido dos Trabalhadores (PT) não informou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o gasto de quase R$ 200 mil com serviços na internet, referentes ao impulsionamento no Facebook e no Google. Publicada nesta terça-feira, 15, a informação consta em um relatório do TSE obtido pelo jornal O Globo e pelo site O Antagonista.
Conforme a análise da Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias do TSE, os técnicos da Corte identificaram 50 notas fiscais com registros de pagamentos ao Facebook e ao Google que não estavam na prestação de contas da sigla.
“Trata-se de despesas que, dadas as suas características, como tipo de fornecedor, tipo de despesa e ausência de habitualidade, sugerem tratar-se de gastos pontuais com finalidade eleitoral”, informa o relatório. “Revelando indícios de infração à norma supramencionada, implicando a necessidade de esclarecimentos e de comprovação da real finalidade dos gastos.”
De acordo com o documento, não houve registro de gastos na prestação de contas com os “fornecedores Facebook Serviços Online do Brasil Ltda. e Google Brasil Internet Ltda., bem como não foi possível localizar tais despesas nos extratos bancários do partido”.
No mesmo relatório que identificou a omissão dos gastos do PT ao TSE, também foi constatada uma “irregularidade grave” na doação de R$ 660 mil feita ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pelo empresário José Seripieri Filho, fundador da rede Qualicorp e dono da Qsaúde. Seripieri é o mesmo que emprestou seu jatinho para o petista viajar à COP27, no Egito.
Pelas regras fixadas em uma resolução do TSE, os partidos políticos e os candidatos são obrigados, durante as campanhas eleitorais, a informar — em um prazo de até 72 horas corridas — à Justiça Eleitoral sobre os recursos financeiros recebidos. O prazo começa a contar a partir do momento em que o dinheiro é depositado nas contas do partido.
Contudo, o documento mostra que Lula não respeitou o prazo, depois de receber os R$ 660 mil de Seripieri. A doação do empresário foi feita em 27 de setembro, mas o TSE só recebeu o relatório financeiro sobre o recurso no dia 3 de outubro, ou seja, seis dias depois — e um dia após a realização do primeiro turno, em 2 de outubro.
Ao aceitar favores como esse, o presidente eleito só reforça as desconfianças de quem o vê cometer as mesmas falhas do passado
Por Marco Antonio Araujo
Lula precisa de amigos, daqueles verdadeiros, que lhe deem um toque de vez em quando. Tipo: “Companheiro, pegar carona em jatinho de empresário acusado de corrupção é roubada”. Mas o presidente eleito preferiu ouvir as velhas vozes de sua cabeça e viajou para o Egito a bordo da aeronave de José Seripieri Junior, preso em operação da Polícia Federal, acusado de praticar caixa dois, em 2014.
Independentemente de ser moralmente inadequado, ter ares de favorecimento, de pegar mal mesmo, o fato demonstra quanto Lula não consegue se desvencilhar de hábitos e atitudes que, na somatória, despertaram a desconfiança e o desprezo de 58 milhões de eleitores nas últimas eleições.
O futuro presidente tem sido pródigo em fazer declarações, no mínimo, infelizes ou, a rigor, irresponsáveis, antes mesmo da posse. Além de evitar falar como quem continua em campanha e de se preocupar em emitir sinais que atestem a honestidade da promessa de pacificar o país, Lula tem optado em agir como alguém acima de seus imensos desafios.
O principal deles é o de desarmar, com palavras, ações e gestos, as desconfianças (diariamente reforçadas) que recaem sobre como ele pretende governar este país. Muita gente, mas muita mesmo, ainda o vê associado a esquemas de corrupção e relações promíscuas com o pessoal graúdo que vive de esfoliar o Estado.
Fora poder ter viajado de avião de carreira (ou solicitado, como a lei lhe permite, um avião da FAB), Lula optou (novamente?) por viver devendo e recebendo favores de ricaços que o paparicam, certamente com intenções pouco republicanas. Não existe almoço grátis. Nem voos.
Moraes, Lewandowski, Gilmar e Barroso precisam de forte escolta de seguranças para sair do hotel
Com Diário do Poder
Se perderam as condições de circular livremente nas ruas das cidades brasileiras sem o risco de serem hostilizados por brasileiros indignados, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também enfrentam maus bocados no exterior.
Presentes em Nova York para participarem de um debate organizado pela empresa de eventos Lide, do ex-governador de São Paulo João Doria, seis ministros do STF foram fortemente hostilizados por grupos de brasileiros nas ruas, na porta do hotel onde se hospedam e também na rua, como no caso do ministro Luis Roberto Barroso, reconhecido por uma mulher e seguido até entrar numa loja.
Neste domingo (13), a Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder, informou que eram aguardados protestos apenas nesta segunda-feira (14) diante do Harvard Club, na rua 44, local do evento da Lide, segundo alertou aos ministros a área de segurança do STF.
Os brasileiros cantaram o Hino Nacional na porta do Hotel Sofitel e depois insultaram os ministros à medida que deixavam o estabelecimento. O primeiro deles a sair e ouvir insultos foi Gilmar Mendes e, em seguida, Ricardo Lewandowski.
Gilmar se esforçou para sorrir, enquanto o forte esquema de segurança o protegia até entrar em uma van. Lewandowski fez um gesto com as mãos e parece dizer algo, mas sua vez é inaudível no vídeo que registra esse momento, até porque prevalecem os gritos de palavrões dirigidos aos dois magistrados.
O mais insultado parece ter sido Alexandre de Moraes, que tenta abrir um sorriso forçado e, na correria, chega a esbarrar em uma manifestante que o chamava aos palavrões.
Moraes também aparece em um dos vídeos ao ser reconhecido no restaurante Brasserie Française e chega a se levantar da mesa a se dirigir a uma jovem vestida com a camisa da Seleção Brasileira. A voz de um homem o desafia a concretizar uma suposta ameaça de agressão.
O grupo de ministros se dirigia a um restaurante brasileiro de alto luxo, Fasano, onde também foram recepcionados na rua aos palavrões de brasileiros.
Já Luis Roberto Barroso aparece em vídeo de uma mulher que parece surpresa em encontrá-lo em uma rua bastante movimentada. Ele se esforça para ignorar a mulher, até que se refugia em uma loja, mas se volta para a brasileira e afirma: “Não seja grosseira. Passe bem, minha senhora”.
Aumento de internações na capital põe em alerta rede hospitalar no interior de SP
Com: Estadão Conteúdo
O aumento nas internações pela covid-19 na capital e na Grande São Paulo coloca em alerta a rede hospitalar no interior paulista. Embora os casos mais graves da doença ainda sejam pontuais, cidades como Ribeirão Preto, Sorocaba e Araraquara registram crescimento nos casos e testes positivos para a covid. Especialistas preveem que em duas ou três semanas a nova onda de covid vai atingir o interior e os hospitais devem estar preparados para receber um número maior de pacientes. Gestores de saúde se preocupam com pessoas com doses da vacina em atraso e o risco de maior disseminação nas festas do fim do ano.
Na Grande São Paulo, o número de internações por covid-19 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) cresceu 65,1% nas duas últimas semanas, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado. O número passou de 215 pessoas internadas em 25 de outubro para 335 no último dia 8. Em enfermarias, o número de hospitalizados cresceu 81,3%, de 364 para 660 no mesmo período. Os hospitais privados também apontam aumento de internações na capital.
Em Ribeirão Preto, no interior, apenas os casos registrados na primeira semana de novembro já superaram a metade dos registros de todo o mês de outubro. Conforme boletim epidemiológico da pasta municipal da Saúde, até 8 de novembro foram 72 casos positivos, oito vezes mais que na semana anterior e 54% do total de outubro (131 casos).
Não houve, porém, registro de morte relacionada à covid em novembro, até esta quinta-feira, 10, nem aumento expressivo em internações. Em outubro, houve seis óbitos. "O momento é de vigilância, monitoramento e acompanhamento do número de pacientes atendidos em todo o município, não só nos nossos serviços, mas em todos os que geram notificações", disse a diretora de Vigilância em Saúde, Luzia Márcia Romanholi Passos.
Em Sorocaba, foram registradas três novas mortes pela covid-19 em boletim divulgado nesta quinta. Duas mortes aconteceram esta semana - as vítimas foram um homem de 55 anos e um idoso de 86. Em outubro, a cidade chegou a ficar 24 dias sem registrar óbitos pela doença. Houve ainda 35 casos positivos de covid-19. O boletim anterior registrou 22 novos casos. A prefeitura informou que não houve reflexos na ocupação hospitalar.
Falta de doses adicionais preocupa
O alto número de pessoas que estão com doses adicionais em atraso preocupa a prefeitura de Piracicaba. São quase 190 mil pessoas, a maioria - 92 mil - que deveriam ter tomado e ainda não tomaram a terceira dose. Nesta sexta-feira, 11, a Secretaria de Saúde divulgou a abertura de vagas para agendamento, na tentativa de incentivar a busca pela vacina.
Conforme o subsecretário Augusto Muzilli Junior, embora o indicador de internações esteja estável na cidade, com menos de 10% de ocupação das vagas em UTI e enfermaria, a proximidade das festas de fim de ano deixa a Saúde em alerta com a possibilidade de aumento nos casos. "Para garantirmos que estes momentos ocorram de forma saudável e segura, as pessoas precisam se vacinar e seguir as orientações de prevenção da covid-19", disse.
Em Araraquara, a Secretaria Municipal de Saúde vai iniciar nos próximos dias o sequenciamento genético de casos confirmados, em parceria com a Unesp, para identificar se a nova cepa BQ.1 ou outras variantes já circulam na cidade. No período de 4 a 10 de novembro, a cidade registrou 97 casos positivos da doença, mais que o triplo dos 27 casos da semana anterior. A positividade para amostras em geral cresceu de 3,9% para 8,4%. Entre os sintomáticos, o índice de positividade para covid-19 subiu de 6,6% para 18%.
O boletim divulgado na última sexta-feira registra dois pacientes internados em enfermaria. No anterior, apenas um paciente estava hospitalizado. "Com relação às internações nos serviços hospitalares que disponibilizam leitos para covid-19, públicos e privados, a cidade conta com uma taxa de ocupação de 5% de leitos de enfermaria, mas não tem leitos ocupados em UTI", disse a pasta. O comitê de covid informou que "acompanha atentamente a evolução da nova cepa BQ.1" e lembrou que, apesar da não obrigatoriedade do uso de máscaras, está mantida a recomendação dessa proteção, principalmente no transporte público e nas unidades de saúde.
Conforme o epidemiologista Carlos Magno Fortaleza, da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, o interior do estado não vai escapar do aumento nas internações por covid-19 que já acontecem na Grande São Paulo. "Já temos um pequeno aumento no número de casos, mas os registros não aumentaram tanto talvez porque muita gente pode estar fazendo autoteste e não reporta à saúde pública. Ainda não tivemos impacto nas internações no interior, como acontece na capital. Ainda não aconteceu, mas, devido à dinâmica já conhecida da doença, é esperado que aconteça nos próximos dias", disse.
Para a infectologista Raquel Stucchi, docente da Unicamp, por tudo o que aconteceu durante a pandemia, já se sabe que o aumento das internações no interior costuma acontecer de duas a três semanas depois que aumentam na capital e Grande São Paulo. "O interior deve estar preparado para um aumento de casos que necessitam de internação. Não será um aumento tão expressivo como no início da pandemia, mas as pessoas que estão com a vacinação incompleta, ou seja, menos de quatro doses para pessoas acima de 18 anos, ou as crianças que ainda não estão vacinadas, assim como idosos e imunodeprimidos, fazem parte da população que podem ter doença mais grave e necessitar de internação", disse.
Essa população, segundo a especialista, deve ser mais cuidadosa, evitar os contatos de risco para a covid, usando máscara sempre que houver aglomeração, mesmo em ambiente aberto. "Em ambiente fechado, pelo menos para essa população o uso de máscara cirúrgica ou PFF2 deve ser obrigatório. É um momento de preocupação e devemos estar atentos. É importante atualizar a vacinação, pois há vacinas disponíveis na rede básica."
No caso da rede hospitalar, ela considera importante que os hospitais tenham um plano de emergência pronto para ser aplicado, caso aumente o número de pacientes com covid, para que possam ampliar os leitos de internação e de UTI. "Ampliar leitos significa também ter recursos humanos suficientes, da equipe médica, de enfermagem, de todo apoio da limpeza para atender adequadamente esses pacientes, caso aconteça a necessidade de mais internações", observou.
Mais verba
O governo de São Paulo anunciou nesta sexta um investimento de R$ 93 milhões para ajudar as prefeituras a ampliarem a imunização de doenças que podem ser prevenidas por vacinas, como a covid-19, o sarampo e a pólio. Os recursos também serão utilizados no controle da dengue, zika vírus e chikungunya, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. As verbas serão distribuídas proporcionalmente entre os 645 municípios paulistas.
Fonte: Estadão Conteúdo