A Procuradoria defende mudanças na Lei do Impeachment para ter exclusividade para denunciar ministros do STF por crime de responsabilidade

 

 

 

Por Lucas Mendes

 

 

A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu mudanças na Lei de Impeachment (Lei 1079/1950) que tratam das regras sobre o afastamento de ministros do Supremo. De acordo com a manifestação, o órgão entende ter legitimidade exclusiva para denunciar crimes de responsabilidade de integrantes da Corte ao Senado, visando abrir um processo de impeachment.

Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, a “legitimidade amplíssima” para apresentar as denúncias, permitida pela lei de 1950, “não mais condiz” com a Constituição atual. “É o caso de se dar o dispositivo como não recebido pelo constituinte de 1988, esclarecendo-se a legitimidade exclusiva do Procurador-Geral da República para o ato”.

 

Atualmente, a legislação permite que qualquer cidadão apresente denúncia ao Congresso, o que pode levar à abertura de um processo de impeachment.

 

A manifestação também propõe tornar mais rigoroso o quórum de votação no Senado para abrir um processo de impeachment e vetar a possibilidade de afastamento automático do cargo após o recebimento da denúncia. Para Gonet, o instrumento passou por uma “banalização” nos últimos tempos.

 

O texto foi enviado na noite de quinta-feira (9) ao STF. Na Corte, a Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) e o Solidariedade questionam dispositivos da Lei de Impeachment sobre integrantes do Supremo. O relator é o ministro Gilmar Mendes (ADPFs 1259 e 1260).

 

Em seu parecer, Gonet defendeu uma maioria qualificada de dois terços dos senadores para a abertura do procedimento de impeachment. A medida já é aplicada para o afastamento do presidente da República.

De acordo com a lei, pedidos de impeachment contra ministros da Corte podem ser recebidos pela maioria simples do Senado, ocorrendo a pronúncia e o consequente afastamento do cargo com idêntico quórum. Assim, em tese, estando presentes 41 senadores, bastaria que 21 deles votassem favoravelmente para que houvesse o afastamento de um membro do STF.

 

Conforme o PGR, deve ser exigido o mesmo requisito já adotado para o chefe do Executivo Federal. “O Constituinte entendeu que a gravidade intrínseca à admissão mesma do processo de impeachment contra o titular de Poder Executivo exige a autorização de dois terços dos membros da Câmara dos Deputados (art. 51, I, CF/88), há que se tomar igual parâmetro em se tratando de iniciar processo de afastamento de titular do Poder Judiciário”, afirmou o PGR.

 

O parecer também rejeita a possibilidade do afastamento automático do cargo de ministro do STF após o recebimento da denúncia por crime de responsabilidade (ou seja, antes do julgamento definitivo do impeachment). Neste ponto, Gonet citou as consequências para o dia a dia do tribunal.

 

“O afastamento de Ministro do STF do seu cargo desfalca necessariamente o Tribunal, que não tem, ao contrário do Presidente da República, um substituto que assuma as suas funções”, ressaltou.

Por fim, o PGR ainda defendeu que atos jurídicos tomados pelos ministros, como decisões ou votos, não podem ser capazes de configurar crimes de responsabilidade aptos a abrir processo de impeachment de ministro.

 

Para Gonet, o pedido de impeachment contra integrantes do STF vem sendo reiterado, “em manifesto desvirtuamento da sua finalidade republicana e pouco escondendo do seu propósito retaliatório".

 

Ele citou dados de que, até outubro de 2025, já são 78 pedidos no Senado, “numa indicação da banalização do instrumento”.

 

 

Posted On Segunda, 13 Outubro 2025 15:48 Escrito por

Por Lidiane Moreira

 

 

O Ministério Público do Tocantins (MPTO), por meio da 6ª Promotoria de Justiça de Gurupi, expediu recomendação ao governo do estado para que, no prazo de dez dias, apresente medidas que corrijam as irregularidades nos serviços de radiologia do Hospital Regional de Gurupi (HRG).

 

A recomendação baseia-se em vistoria do Conselho Regional de Medicina do Tocantins (CRM/TO) e em procedimento preparatório instaurado em julho deste ano para apurar possíveis falhas na escala médica do setor de ultrassonografia do hospital. As apurações revelaram ausência de médico radiologista no serviço de diagnóstico por imagem, inclusive durante exames com contraste, além de inconsistências nas inscrições dos profissionais no Conselho.

 

Entre as irregularidades identificadas, estão a aplicação de contraste sem prescrição do serviço pelo médico radiologista, a inexistência de termos de consentimento assinados pelos pacientes e o cadastro desatualizado dos profissionais no CRM.

 

O promotor de Justiça Marcelo Lima Nunes destacou também falhas graves no serviço de telerradiologia, como a falta de autorização expressa dos pacientes para transmissão de imagens e dados, a ausência de médico especialista responsável pela supervisão dos exames e a inexistência de registro da empresa prestadora de telerradiologia no CRM/TO.

 

“Os problemas constatados são graves, colocam os pacientes em risco e causam demora excessiva na emissão dos laudos”, afirmou o promotor Marcelo Lima.

 

A recomendação estabelece que a Secretaria de Estado da Saúde adote medidas imediatas para adequar o setor de radiologia do HRG, garantindo o cumprimento da carga horária pelos profissionais, a emissão dos laudos em tempo hábil e a transparência das informações ao público. O MPTO também orientou que o conteúdo da recomendação seja amplamente divulgado em local visível no hospital e no site da Secretaria.

 

 

 

 

 

Posted On Segunda, 13 Outubro 2025 15:40 Escrito por

Senador é acusado de ter caluniado o ministro Gilmar Mendes

 

 

Por Rute Moraes

 

 

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux pediu vista nesta sexta-feira (10) no julgamento que já tem maioria para manter o senador Sergio Moro (União-PR) réu por suposta calúnia contra o ministro Gilmar Mendes. Agora, o julgamento ficará suspenso e será retomado quando Fux devolver o processo para análise.

 

Até o momento, a Primeira Turma da Corte já tem quatro votos a favor e nenhum contra a manutenção da ação penal. O processo é analisado de forma virtual e terminaria hoje. A Turma é formada por cinco ministros.

 

Os ministros Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram para que a ação penal continue. A ministra Cármen, relatora do processo, argumentou que “não há omissão a ser sanada” em seu voto.

 

Moro é acusado de calúnia por declarações feitas em um vídeo publicado nas redes sociais, no qual sugere que o ministro Gilmar Mendes teria praticado o crime de corrupção passiva quando disse que o ministro “vende habeas corpus”.

O processo foi aberto com base em um vídeo que repercutiu nas redes sociais em abril de 2023. Na gravação, Sergio Moro afirma: “Não, isso é fiança, instituto... pra comprar um habeas corpus do Gilmar Mendes”.

 

Segundo a defesa do senador, o vídeo foi publicado em tom de brincadeira e gravado antes do início de seu mandato.

Ainda de acordo com a defesa, Moro já se retratou publicamente. Além disso, afirma que a declaração não tem relação com o exercício do mandato parlamentar.

 

Para a ministra-relatora, os autos indicam que a declaração foi feita de forma livre, na presença de outras pessoas, com a ciência de que estava sendo gravada.

Cármen Lúcia destacou ainda que o argumento de que foi uma brincadeira não anula o acusado da responsabilidade criminal “e, por razões óbvias, não pode servir de justificativa para a prática do crime de calúnia”.

 

‘Ânimo caluniador’

 

A PGR (Procuradoria-Geral da República) afirma que Moro agiu com “ânimo caluniador”, e não apenas em tom de crítica ou brincadeira.

 

A denúncia aponta que o objetivo da declaração seria descredibilizar o Poder Judiciário — o que, segundo a PGR, justifica a continuidade da ação penal e afasta a possibilidade de aplicação de multa ou rejeição da denúncia.

 

A Procuradoria também destacou que o vídeo teve ampla repercussão nacional em 2023. Por fim, afirmou que a retratação de Moro não foi “cabal, total e irrestrita”.

 

 

Posted On Segunda, 13 Outubro 2025 06:18 Escrito por

Dupla é acusada de integrar o grupo responsável por ações para ‘sustentar a permanência ilegítima’ de Jair Bolsonaro (PL)

 

 

 

Por Priscila Thereso

 

 

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou a destituição dos advogados que atuam na defesa dos réus Marcelo Câmara e Filipe Martins, do Núcleo 2 da trama golpista ocorrida no governo Jair Bolsonaro. Ambos acusados de pertencer ao chamado "gabinete do ódio".

 

Segundo a decisão, os advogados Eduardo Kuntz e Jeffrey Chiquini não apresentaram as alegações finais dentro do prazo, que terminou na terça-feira. O ministro ainda afirma que as defesas tiveram comportamento “inusitado” para realizar uma “manobra procrastinatória”.

 

Os dois advogados ocuparam assessorias durante o governo de Jair de Bolsonaro. Marcelo Câmara trabalhou junto ao ex-presidente e Filipe Martins ocupou o cargo de assessor de assuntos internacionais no Ministério das Relações Exteriores.

 

Com a decisão, o ministro determinou que a defesa dos réus seja feita pela Defensoria Pública da União.

 

Em nota à imprensa, Eduardo Kuntz disse que as alegações serão entregues até 23 de outubro, cumprindo o prazo de 15 dias, e que a defesa vai adotar as providências para permanecer nos autos.

 

Procurado, o advogado Jeffrey Chiquini não se manifestou.

 

 

Posted On Sexta, 10 Outubro 2025 13:55 Escrito por

Por Edson Rodrigues

 

 

O anúncio de aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso, feito nesta quinta-feira (9), durante sessão plenária do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu um novo capítulo de incertezas para o Tocantins. O ministro, que assumiu recentemente a relatoria do habeas corpus que pede o retorno do governador afastado Wanderlei Barbosa (Republicanos) ao cargo, deixa a Corte em um momento decisivo para o destino político do Estado.

 

A saída de Barroso, um dos nomes mais influentes e respeitados do STF, pode alterar o curso do processo. Ele afirmou que permanecerá por alguns dias na Corte apenas para encerrar pendências e devolver pedidos de vista, o que praticamente elimina a chance de decidir sobre o caso antes da publicação oficial de sua aposentadoria.

 

REDISTRIBUIÇÃO E INCERTEZA

 

 Ministro do STF Luís Roberto Barroso

Com sua aposentadoria, o processo tocantinense passará por redistribuição. Outro ministro será sorteado para assumir a relatoria, e tudo começa de novo: leitura dos autos, análise das argumentações e definição sobre o formato de julgamento se monocrático, no plenário virtual ou em sessão presencial. Até lá, o afastamento de Wanderlei Barbosa segue valendo, e o Tocantins permanece mergulhado em um ambiente de insegurança jurídica e instabilidade política.

 

O futuro do governador afastado, e da própria gestão estadual, passa a depender da sorte. Um novo relator mais conservador pode adotar postura cautelosa e retardar a decisão. Um perfil mais liberal pode enxergar urgência na retomada da normalidade administrativa. Em qualquer cenário, a indefinição se arrasta, e quem paga a conta é o povo tocantinense, que sente no dia a dia os efeitos de uma Justiça lenta e de uma política paralisada.

 

A aposentadoria de Barroso reabre um velho debate sobre o descompasso entre o tempo da Justiça e o tempo da política. Enquanto o Judiciário segue seu ritmo próprio, o Tocantins amarga o preço da paralisia.

 

A CRISE POLÍTICA TOCANTINENSE

 

Afastado por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Wanderlei Barbosa é investigado por supostas irregularidades em contratos e nomeações no governo estadual. Ele nega as acusações e diz ser vítima de perseguição política. Desde então, o Estado vive um vácuo de liderança.

 

 

O governador interino, Laurez Moreira (PSD), tenta equilibrar o barco em meio à tempestade. A equipe econômica corre contra o tempo para reorganizar as finanças e tentar manter o funcionamento mínimo da máquina pública.

 

No campo político, reina a incerteza. Deputados, prefeitos e lideranças regionais preferem aguardar o próximo movimento do Supremo antes de definir rumos e alianças para 2026 e o destino de Wanderlei Barbosa é peça central nesse tabuleiro.

 

A HERANÇA DA INSTABILIDADE

 

O Tocantins nasceu sob o signo da instabilidade política e parece não se livrar dela. Desde sua criação, sucessivos governadores foram afastados, cassados ou investigados. A cada crise, renova-se a sensação de que o Estado vive permanentemente sob suspeita.

 

O caso de Wanderlei Barbosa, ainda sem denúncia formal recebida, reforça esse enredo de insegurança institucional. O Estado volta às páginas nacionais não por seus avanços, mas por mais um impasse entre o poder político e o poder judicial.

 

Essa instabilidade cobra um preço alto com paralisa investimentos, desacredita as instituições e aprofunda o cansaço da população. O cidadão comum, alheio às manobras jurídicas e às estratégias partidárias, segue à espera de um governo estável, que resolva o básico como estradas, saúde, educação e emprego.

 

ENTRE A TOGA E O PODER

 

Ao anunciar que deixa o Supremo “para viver um pouco mais da vida que me resta, com mais espiritualidade, literatura e poesia”, Luís Roberto Barroso encerra um ciclo de 12 anos no centro do poder judicial. Sai de cena com a imagem de um magistrado que marcou a Corte pela firme defesa da Constituição, mas também pela coragem de enfrentar temas controversos. Sua saída, porém, deixa o Tocantins novamente em suspenso. O Estado aguarda uma decisão que pode redefinir seu futuro político e que, mais uma vez, está nas mãos de Brasília.

 

Enquanto o Supremo se renova e a política local se reorganiza, o Tocantins continua refém da morosidade institucional. Entre a toga e o poder, o tempo passa e o Estado, mais uma vez, fica à espera de Justiça.

 

 

Posted On Sexta, 10 Outubro 2025 11:16 Escrito por
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