Os filhos de Bolsonaro transformam redes sociais em campo de batalha e complicam relação com deputados federais e senadores. Candidato empresário pode ser surpresa em Palmas

 

BRASIL

 

Não é preciso fazer muita força para se entender o momento político brasileiro.  Um presidente da república que se valeu das redes sociais para se eleger, não consegue segurar a impetuosidade dos seus filhos que, em publicações em sequência, conseguiram irritar o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, a ponto de ele “lavar as mãos”, em entrevista, em relação à conquista dos votos necessários para aprovar a Reforma da Previdência e afirmar categoricamente que o governo de Jair Bolsonaro é um “deserto de ideias”.

 

O renomado colunista político, Josias de Sousa traçou um desenho claro do cenário que o governo criou para si mesmo, em artigo no site Uol:

 

“Jair Bolsonaro ainda não se deu conta. Mas os filhos e as redes sociais, que foram vitais para sua eleição, demonstram pouca serventia na hora de governar. Desnorteada, a oposição joga com o tempo e aposta nos erros do governo. E a Presidência de Bolsonaro, como que decidida a corresponder às expectativas dos rivais, fabrica polêmicas em série.

 

Para citar apenas as encrencas mais recentes, houve a crise que saltou do WhatsApp e do Twitter para degolar o ministro palaciano Gustavo Bebiano e o golden shower que levou para o ralo das redes sociais um pedaço da popularidade do presidente. Nos dois casos há as digitais do vereador Carlos Bolsonaro.

 

De repente, o filho 'Zero Dois' do presidente achou que seria uma boa ideia dar umas caneladas virtuais em Rodrigo Maia. Irritado, o presidente da Câmara informou ao Posto Ipiranga Paulo Guedes que, se é para apanhar, prefere se retirar da articulação política da reforma da Previdência. Bolsonaro que se vire para arranjar os 308 votos de que precisa na Câmara. O presidente acena para Maia, mas não consegue trazer na coleira as manifestações do seu 'Pitbull', como se refere ao filho.

 

No pior cenário, essa incapacidade do governo de estreitar inimizades fora da bolha levará a reforma da Previdência para o brejo. Nessa hipótese, os Bolsonaro decerto irão às redes para responsabilizar Rodrigo Maia e a velha política pelo mau estado das contas públicas e da economia nacional. Dilma Rousseff fez isso com Eduardo Cunha. Deu no que deu. Talvez seja mais simples constatar que filhos e redes sociais elegem, mas não governam. Ao contrário, desgovernam".

 

DESERTO DE IDEIAS

 

Atacado nas redes sociais pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia resolveu “lavara as mãos” em relação às articulações políticas para a aprovação da Reforma da Previdência. 

Mais tarde, em tom mais contido, advertiu que o presidente Jair Bolsonaro precisa deixar o Twitter de lado, além da “disputa do mal contra o bem”, e se empenhar para melhorar a vida da população e que, para isso, precisa apresentar um plano de governo que, segundo ele, até agora se restringiu à Reforma da Previdência.

 

“O governo é um deserto de ideias”, declarou Maia. “Se tem propostas, eu não as conheço. Qual é o projeto do governo Bolsonaro fora a Previdência? Não se sabe”. Na avaliação do presidente da Câmara, o ministro da Economia, Paulo Guedes, é “uma ilha” dentro do Executivo.

 

Ao ser lembrado de que Bolsonaro comparou possíveis dificuldades no relacionamento às brigas de um namoro, Maia disse que, se o presidente ficar sem conversar com ele até o fim do mandato, não haverá problema. "Não preciso falar com ele. O problema é que ele tem de conseguir várias namoradas no Congresso. São os outros 307 votos que ele precisa conseguir. Eu já sou a favor. Ele pode me deixar para o fim da fila", argumentou.

 

E Maia prosseguiu fazendo sua análise do governo de Bolsonaro:

“Ele precisa construir um diálogo com o Parlamento, com os líderes, com os partidos. Não pode ficar a informação de que o meu diálogo é pelo toma lá, dá cá. A gente tem que parar com essa conversa. Como o presidente vê a política? O que é a nova política para ele? Ele precisa colocar em prática a nova política. Tanto é verdade que ele não colocou que tem (apenas) 50 deputados na base. Faço o alerta: se o governo não organizar sua base, se não construir o diálogo com os deputados, vai ser muito difícil aprovar a reforma da Previdência. O ciclo dos últimos 30 anos acabou e agora se abre um novo ciclo. Ele precisa saber o que colocar no lugar. O Executivo precisa ser um ator ativo nesse processo político.

 

O Brasil precisa sair do Twitter e ir para a vida real. Ninguém consegue emprego, vaga na escola, creche, hospital por causa do Twitter. Precisamos que o País volte a ter projeto. Qual é o projeto do governo Bolsonaro, fora a Previdência? Fora o projeto do ministro (Sérgio) Moro? Não se sabe. Qual é o projeto de um partido de direita para acabar com a extrema pobreza? Criticaram tanto o Bolsa Família e não propuseram nada até agora no lugar. Criticaram tanto a evasão escolar de jovens e agora a gente não sabe o que o governo pensa para os jovens e para as crianças de zero a três anos. O governo é um deserto de ideias.

 

As pessoas precisam da reforma da Previdência e, também, que o governo volte a funcionar. Nós temos uma ilha de governo com o Paulo Guedes. Tirando ali, você tem pouca coisa. Ou pouca coisa pública. Nós sabemos onde estão os problemas. Um governo de direita deveria estar fazendo não apenas o enfrentamento nas redes sociais sobre se o comunismo acabou ou não, mas deveria dizer: "No lugar do Minha Casa, Minha Vida, para habitação popular nós estamos pensando isso; para saneamento, nós estamos pensando aquilo".

 

O certo é que enquanto Bolsonaro não colocar rédeas em seus filhos, quanto ao uso das redes sociais, seu governo estará sempre ameaçado de ruir.  Cada postagem tira “um tijolinho” na base da articulação, dificultando o trabalho dos líderes e vice-líderes.

 

Parece que os filhos tornaram-se oposição ao governo do pai, contaminando o relacionamento entre o Executivo e o Legislativo.

 

Ou esse sangramento estanca, ou o governo de Jair Bolsonaro pode ruir definitivamente, engessado nos próprios atos e correndo o risco de se transformar no “novo Collor”.

 

 

 

 

 

Posted On Domingo, 24 Março 2019 09:50 Escrito por

Frase foi dita minutos depois de Bolsonaro afirmar que presidente da Câmara 'está se comportando dessa forma um tanto quanto agressiva'

Por G1 SP

 

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse neste sábado (23) que não usa as redes sociais para agredir ninguém. A afirmação foi feita após jornalistas informarem ao deputado que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse, minutos antes, que Maia “está se comportando dessa forma um tanto quanto agressiva”.

 

“Eu vivo num país democrático, e dentro daquilo que vocês me perguntam, e que a sociedade me demanda, eu falo o que acredito. Sem nenhum tipo de agressão a ninguém, né. Até porque eu não uso as redes sociais para agredir ninguém. Eu uso as redes sociais para dar informação aos meus eleitores, à sociedade brasileira. Assim tenho me portado desde que assumi meu primeiro mandato de deputado federal e na Presidência da Câmara”, disse Maia.

 

O deputado viajou a São Paulo para almoçar com o governador do estado, João Doria (PSDB), e seu vice, Rodrigo Garcia (DEM), na casa do tucano, nos Jardins, bairro nobre da capital paulista.

 

 

Minutos antes de Maia dar entrevista aos jornalistas, o presidente Bolsonaro disse, ao embarcar para o Brasil, em Santiago, que nunca criticou o deputado. “O Brasil é maior do que todos nós. O Rodrigo Maia, eu nunca o critiquei, eu não o critiquei. Nas redes sociais eu não o critiquei. Não sei por que ele de repente está se comportando dessa forma um tanto quanto agressiva”, disse.

 

Durante entrevista, Maia disse que não quer falar sobre desgaste que sua relação com o Palácio do Planalto sofreu nos últimos dias. "Estamos olhando para frente", disse.

 

Porém, ao ser informado por jornalistas da frase de Bolsonaro em Santiago, respondeu: “Você pode pesquisar os meus tuítes e os tuítes do presidente e do entorno do presidente para você ver quem está sendo agredido nas redes sociais. Aí você vai poder chegar à conclusão que há uma distorção na frase do presidente”.

 

Apoio de Doria

Após o almoço convocado pelo governador João Doria em sua casa neste sábado, o tucano afirmou que apoia “incondicionalmente” a conduta e a liderança de Maia no processo de aprovação da reforma da Previdência.

 

“Apoiamos e confiamos plenamente na conduta, trabalho e relevância do deputado Rodrigo Maia como presidente da Câmara Federal e como líder para a aprovação da Reforma da Previdência.”

 

Doria também disse que é importante que o governo Bolsonaro “compreenda a importância de uma relação harmônica com os poderes”. “Começando pelo poder legislativo, mas também com o poder Judiciário, e os membros do Executivo, onde se destacam os governadores do Brasil.”

 

'Terceirização'

Mais cedo, antes de uma reunião do PPS em Brasília, Maia afirmou que o governo Bolsonaro não pode "terceirizar a articulação" política com o Congresso para a aprovação da reforma da Previdência.

 

“É importante que o governo acerte na articulação. E ele não pode terceirizar a articulação como ele estava fazendo. Quer dizer, transfere para o presidente da Câmara e para o presidente do Senado uma responsabilidade que é dele e fica transferindo e criticando: 'Ah, a velha política está me pressionando, estão me pressionando'. Então ele precisa assumir essa articulação, porque ele precisa dizer o que é a nova política", afirmou Maia.

 

Questionado sobre a afirmação de Maia, Bolsonaro disse antes de embarcar para o Brasil que fez sua parte. "Encaminhamos a nossa proposta ao Parlamento. Eles vão com toda certeza aperfeiçoar e bola para frete. O que é articulação? O que está faltando eu fazer? O que foi feito no passado? Eu não seguirei o mesmo destino de ex-presidentes, pode ter certeza disso.”

 

 

Posted On Domingo, 24 Março 2019 09:34 Escrito por

"Cada um que responda pelos seus atos"

Foi o que declarou o presidente Jair Bolsonaro sobre o ex-presidente Michel Temer que foi preso na quinta-feira (21) pela Lava Jato acusado de ser líder de uma organização criminosa que fazia desvio de dinheiro público. Na opinião de Bolsonaro, acordos políticos em nome da governabilidade levaram à situação de Michel Temer. Para Bolsonaro, acordos políticos em nome da governabilidade levaram à situação de Michel Temer. Ao desembarcar em Santiago, no Chile, onde  participou da Cúpula Presidencial de Integração Sul-americana, Bolsonaro afirmou que “cada um deve responder por seus atos” e que a "Justiça nasceu para todos".

 

 

A prisao do Ex

Ex-presidente é acusado de desviar dinheiro de Angra 3

Defesa vê abuso de direito e pede habeas corpus ao TRF-2

Moreira Franco é 5º governador eleito do Rio a ir para a cadeia

 

Oitenta dias após deixar a Presidência da República, Michel Temer tornou-se o segundo ex-presidente desde a redemocratização a ser preso, acusado de liderar organização criminosa que desviava dinheiro de contratos de Angra 3. A prisão preventiva foi ordenada pelo juiz Marcelo Bretas, da Lava-Jato no Rio. Temer é alvo de mais nove inquéritos, remetidos pelo STF à primeira instância da Justiça Federal em São Paulo, Rio e Brasília, depois que ele perdeu o foro privilegiado. Também foram presos o ex-ministro Moreira Franco, 5º governador eleito do Rio a ir para a cadeia; João Baptista Lima, o coronel Lima, e sua mulher, Maria Rita Fratezi. Outros seis mandados foram expedidos. Para o MPF, a liberdade de Temer e dos demais ameaçava as investigações e permitia a continuidade de crimes, como a tentativa de Lima de depositar R$ 20 milhões em dinheiro na conta de sua empresa, a Argeplan. Temer disse que a prisão é “uma barbaridade”. Sua defesa alegou abuso de direito e pediu sua soltura ao TRF-2. Na Presidência, Temer foi denunciado três vezes pela PGR.

 

 

 

" MP e a PF não podem ficar fazendo espetáculo"

Para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (21) que o objetivo da força-tarefa da Lava Jato com a prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) foi “desviar a atenção”. “A Lava Jato tenta desviar a atenção do descrédito em que estava caindo e do fundo de 2,5 bilhões que negociaram com os EUA. A Força Tarefa não precisa de pirotecnia para sobreviver, precisa de sobriedade”, disse Lula .

 

O ex-presidente petista se referiu ao acordo que previa a criação de uma fundação – cujos administradores seriam definidos pela força-tarefa da Lava Jato – que iria gerir recursos depositados pela Petrobras.

 

A estatal destinou R$ 2,5 bilhões para a criação dessa fundação no dia 30 de janeiro, visando evitar o pagamento de multa no Brasil (assim como já o fez nos Estados Unidos). No entanto, o acordo está suspenso por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

 

 

 

Prisão de Temer pode ser reação da Lava Jato

 

Procuradores dizem que decisão do STF de enviar para Justiça Federal parte das investigações enfraquece a Operação e o combate à corrupção

 

A prisão de Michel Temer é uma reação da Lava Jato num momento em que a Operação sofreu um duro golpe com a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de enviar parte das investigações da força-tarefa para a Justiça Eleitoral. Foram seis votos a cinco, o que também mostra uma divisão na Corte. Os ministros que votaram a favor da medida alegam que as apurações devem ser conduzidas pela Justiça Eleitoral quando houver suspeitas de crimes eleitorais, como o caixa 2, mesmo que os casos envolvem corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros. Já os procuradores da Lava Jato acreditam que o STF tomou uma decisão que vai enfraquecer as investigações e poderá provocar até a anulação de condenações. A quem interessa o fim da Lava jato é a pergunta.

 

 

Reforma de militar é mais branda que a do INSS

 

As mudanças nas regras de previdência dos militares são mais brandas do que aquelas propostas para trabalhadores civis da iniciativa privada e do setor público. O projeto contraria promessa do governo de que a reforma traria igualdade entre os regimes de aposentadorias e pensões. Os militares argumentam que a profissão tem peculiaridades, como ausência de FGTS e hora extra. Além disso, eles têm de estar sempre disponíveis.

 

 

Regalias a militar atrasam reforma no Congresso

O deputado Felipe Francischini (PSL-PR), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, adiou a escolha do relator da reforma da Previdência. Ele só apontará um nome após a equipe econômica explicar por que os militares tiveram privilégios na proposta de mudanças na aposentadoria. Para a liderança do PSL, Delegado Waldir (GO), do mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro, afirmou que o anúncio do relator da proposta de reforma Previdência na Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ) foi adiado. "Depois de uma reunião com líderes partidários, ficou acordado que não haverá a indicação do relator até que o governo, através do Ministério da Economia, apresente um esclarecimento sobre a reforma e a reestruturação dos militares", diz a nota. O presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), havia dito que poderia indicar o relator nesta quinta-feira (21).

 

O império contra-ataca

STF inicia cerco contra internautas que o atacam, o ministro Alexandre de Moraes, ordenou buscas em endereços de São Paulo e Alagoas, numa tentativa de identificar autores de ataques que têm sido feitos à Corte. Em outra decisão, foram decretadas medidas para bloquear contas na internet que incitam o ódio contra o Supremo.

 

Já poderia pedir aposentadoria

O ex-presidente Michel Temer foi preso preventivamente ontem, quando saía de casa, em São Paulo, sob acusação de liderar organização criminosa que atuava “havia 40 anos”, segundo o MPF. A ação que levou o ex-presidente à cadeia é decorrente de investigação de supostos crimes de formação de cartel e pagamento de propina a executivos da Eletronuclear. Segundo os procuradores, ele estaria envolvido com o pagamento de propinas e desvio de recursos, no valor total de R$ 1,8 bilhão. A defesa chamou a prisão de “barbaridade”. Também foram detidos o ex-ministro e ex-governador do Rio Moreira Franco e João Baptista de Lima Filho, entre outros. Em sua decisão, o juiz da Lava Jato no Rio, Marcelo Bretas, cita que os acusados montaram “um braço de contrainteligência”, com o objetivo de vigiar responsáveis pelas investigações, destruíram provas e tentaram despistar a apuração do caso. Com todo esse tempo ele poderia pedir aposentadoria.

 

Maia ameaça

Rodrigo Maia avisou ontem ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que deixará a articulação política da reforma da Previdência. O presidente da Câmara está irritado com a ofensiva contra ele nas redes – agravada por post de Carlos Bolsonaro com críticas –, com a falta de articulação do Planalto e com a tentativa de Sérgio Moro de impor a tramitação do pacote anticrime. “Se acham que sou a velha política, estou fora”, disse a Guedes.

Posted On Sexta, 22 Março 2019 08:33 Escrito por

O mandado de prisão preventiva (sem data para liberdade) foi expedido pelo juiz Marcelo Bretas, que também determinou a apreensão do ex-ministro de Minas e Energia, Moreira Franco

 

Por iG São Paulo

 

A força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro prendeu, na manhã desta quinta-feira (21), o ex-presidente da República, Michel Temer (MDB). O mandado de prisão foi assinado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Ele foi detido em São Paulo e será encaminhado para a sede da Polícia Federal do Rio. 

 

Além de Temer , o magistrado também determinou o encarceramento do ex-ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, que também já foi detido. Outros seis mandados de prisão preventiva também foram expedidos. Um dos alvos é o coronel João Baptista Lima Filho, apontado pela PF como operador de Temer. Os outros são empresários.

 

Outros dois mandados de prisão temporária também foram expedidos. Agentes também cumprem 24 mandados de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Paraná e também no Distrito Federal.

 

Os mandados são de prisão preventiva. O ex-presidente responde a dez inquéritos, cinco deles em primeira instância e cinco no Supremo Tribunal Federal. Segundo informações preliminares, a prisão teria envolvimento com a delação do José Antunes Sobrinho, dono da Engevix.

 

O empresário contou à Polícia Federal que, em 2014, pagou R$ 1,1 milhão em propina, a pedido do Coronel Lima e do ex-ministro Moreira Franco. Ainda segundo o delator, Temer tinha conhecimento do esquema. A Engevix fechou um contrato para realizar um projeto na usina de Angra 3.

 

O caso é investigado na Operação Radioatividade , desmembramento da 16ª fase da Lava Jato que foi para 7º Vara Criminal do Rio de Janeir em outubro de 2015.

 

O jornalista Kennedy Alencar conseguiu falar com o ex-presidente logo após a prisão. Temer disse que se tratava de uma "barbaridade". Também a Alencar, a defesa do emedebista afirmou que considera a prisão "abusiva" e "injustificada".

 

O ex-presidente ainda responde a outros nove inquéritos. Cinco deles no Supremo Tribunal Federal e outros quatro foram enviados à primeira instância.

 

Michel Temer foi o 37º presidente do Brasil e assumiu o mandato em agosto de 2016, após o impeachment de sua companheira de chapa, Dilma Rousseff (PT). Ele ficou no cargo até o final de 2018 e não disputou o pleito daquele ano.

 

Temer iniciou a carreira política como secretário de Segurança Pública de São Paulo, em 1985. No ano seguinte, elegeu-se deputado constituinte pelo PMDB e, após a constituinte, foi reeleito deputado federal.

 

Eleito três vezes presidente da Câmara dos Deputados, ele assumiu a presidência da República interinamente por duas vezes: de 27 a 31 de janeiro de 1998 e em 15 de junho de 1999.

 

Presidente do MDB (na época PMDB), Temer foi escolhido como vice na chama de Dilma Rousseff já no primeiro mandato da petista, que começou em 2011.

Quem Bretas mandou prender

Michel Miguel Elias Temer Lulia - prisão preventiva

João Batista Lima Filho (coronel Lima) - prisão preventiva

Othon Luiz Pinheiro da Silva - prisão preventiva

Wellington Moreira Franco - prisão preventiva

Maria Rita Fratezi - prisão preventiva

Carlos Alberto Costa - prisão preventiva

Carlos Alberto Costa Filho - prisão preventiva

Vanderlei de Natale - prisão preventiva

Ana Cristina da Silva Toniolo - prisão preventiva

Carlos Alberto Montenegro Gallo - prisão preventiva

Rodrigo Castro Alves Neves - prisão temporária

Carlos Jorge Zimmermann - prisão temporária

 

Posted On Quinta, 21 Março 2019 13:06 Escrito por

Por Josias de Souza

 

O contrário da aversão primária ao Supremo Tribunal Federal é o entusiasmo ingênuo que aceita todas as presunções da Suprema Corte a seu próprio respeito. Isso inclui concordar com a tese segundo a qual Dias Toffoli tem uma missão na Terra de inspiração divina e, portanto, inquestionável. "Pode espernear à vontade, pode criticar à vontade", disse Alexandre de Moraes, relator do inquérito secreto aberto por Toffoli para investigar os inimigos da Corte. "Quem interpreta o regimento do Supremo é o Supremo. O presidente abriu, o regimento autoriza, o regimento foi recepcionado com força de lei e nós vamos prosseguir."

 

O inquérito sigiloso aberto na semana passada por Toffoli visa estancar uma onda de fake news que engolfa o Supremo nas redes, identificar autores de ameaças virtuais aos ministros e seus familiares, responsabilizar procuradores da Lava Jato por supostos insultos e punir auditores do Fisco acusados de constranger magistrados com fiscalizações imotivadas. Se o Brasil fosse regido pela lógica, Toffoli requisitaria a abertura de inquérito à Procuradoria-Geral da República. Ele preferiu, porém, agir "de ofício", por conta própria. Escorou-se no artigo 43 do regimento interno do Supremo, que vai reproduzido abaixo.

Qualquer criança minimamente alfabetizada percebe que o artigo que Moraes diz ter sido corretamente interpretado por Toffoli prevê que o presidente do Supremo poderia ter instaurado inquérito se o crime a ser apurado tivesse ocorrido "na sede ou dependência do tribunal". Como não foi isso que se passou, Toffoli tem dificuldades para garantir a adesão incondicional à sua gambiarra jurídica até mesmo entre os colegas de trabalho. Uma banda do Supremo faz uma oposição muda. Outra banda começa a fazer barulho.

 

Marco Aurélio Mello levou os lábios ao trombone: "O que ocorre quando nos vem um contexto que sinaliza prática criminosa? Nós oficiamos o procurador-geral da República, nós oficiamos o estado-acusador. Somos estado-julgador e devemos manter a necessária equidistância quanto a alguma coisa que surja em termos de persecução criminal". Luiz Fux também ergueu a voz: "Evidentemente que eu respeito a opinião dele (Toffoli), mas acho que ele vai mandar para a procuradora-geral (Raquel Dodge). Não tem como não mandar para a PGR. E não tem como inibir a PGR de trazer novos elementos."

 

É até natural que certas togas, embevecidas por uma supremacia que exclui o componente da dúvida, desenvolvam seus mitos de excepcionalidade. Mas é inédita na história da Corte essa pretensão de Dias Toffoli de ser uma potência moral que só deve contas à sua própria noção de superioridade e seu indiscutível destino moralizador. Inédita também é a fidelidade com que Alexandre de Morais se dispõe a emprestar sua mão de obra e seu gênio jurídico ao mito de onipotência do presidente do Supremo.

 

"Não se pode permitir, em um país democrático como Brasil, em que as instituições funcionam livremente há 30 anos, que, porque você não gosta de uma decisão, você prega o fechamento da instituição republicana, você prega a morte de ministros, morte de familiares", declarou Moraes. "Isso extrapolou, como bem disse o ministro Celso de Mello, o nosso decano, isso extrapolou a liberdade de expressão. A liberdade de expressão não comporta quebra da normalidade democrática e discurso de ódio". O ministro está certo, muito certo, certíssimo. Admita-se que as sombras escondam elementos que justifiquem a investigação. Isso não autoriza o Supremo a perder o recato que lhe resta.

 

O que assusta não é o desejo de apurar ou o sucesso que o inquérito secreto obteve entre os entusiastas ingênuos das presunções do Supremo sobre si mesmo. A busca da verdade pelo menos é uma causa defensável. Pode-se discutir como adultos as razões da apuração, os interesses escondidos atrás do inquérito e os alvos a serem perscrutados. O que assusta de verdade é quando o presidente e um pedaço da Suprema Corte acreditam mesmo que sua missão especial na Terra lhes dá o direito de selecionar desafetos em segredo, abrir contra eles investigação sigilosa e comandar o inquérito antes de julgá-lo.

 

Uma parte do Supremo ainda não notou. Mas esgotou-se aquele tempo em que a sociedade concedia autorização tácita para que as supremas togas fossem o que imaginavam ser e cumprissem sua missão divina, mesmo que a Justiça Eleitoral virasse, num julgamento de placar tão apertado quanto um 6 a 5, o novo foro privilegiado para salvar larápios. A transparência de copo de requeijão e os lugares-comuns da retórica de Alexandre de Moraes —"Não existe democracia sem independência do Poder Judiciário, isso vai ser investigado a fundo"— não livrarão o Supremo de ser colocado permanentemente em xeque.

Há algo de sádico na maneira pela qual os próprios ministros do Supremo se colocam na berlinda com suas sentenças contraditórias, seus pedidos de vista protelatórios, seus réus de estimação, sua política de celas abertas… Mas esse sadismo não é menos necessário para acordar a cidadania de sua letargia do que para a educação democrática dos magistrados. Decisões do Supremo, como se sabe, devem ser cumpridas. Mas o sacrossanto direito à crítica é inalienável.

 

Há ameaças na rede? Procuradores caluniaram? Auditores exorbitaram? Pois que sejam abertos os inquéritos. Que corram sob a luz do Sol, pelos canais competentes, sem a necessidade de esperneios. Inquérito secreto é ferramenta imprópria, um pé de cabra do arbítrio.

 

Posted On Quarta, 20 Março 2019 13:11 Escrito por
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