Encontro com Lula resulta de uma articulação dos senadores Randolfe Rodrigues (E) e Renan Calheiros: conversas afetam diretamente os planos de Tebet - (crédito: Waldemir
Por Thais Arbex
No momento em que a senadora Simone Tebet (MDB) trabalha para se consolidar como a candidata à Presidência da República da chamada terceira via, senadores e ex-senadores do MDB organizam um jantar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Brasília. O encontro está previsto para acontecer na próxima segunda-feira (11), na casa do ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE).
De acordo com relatos feitos à CNN, a expectativa é que o jantar reúna também nomes de outros partidos –do PSD e até do PP, este da base governista. Os integrantes do MDB que devem participar do encontro fazem parte do grupo da sigla que tem defendido que a candidatura de Tebet ao Palácio do Planalto só seja oficializada se, até a data limite estabelecida pela Justiça Eleitoral, a senadora consiga mostrar real viabilidade.
Um dos senadores convidados para o jantar disse à CNN, em caráter reservado, que a ideia, para além do aspecto simbólico, é levar a Lula análises críticas em relação aos últimos movimentos do petista. A avaliação desse parlamentar é a de que as declarações do ex-presidente nesta semana foram desastrosas e que, para evitá-las, Lula precisa expandir suas conversas para além do núcleo duro do PT. Entre elas, Lula defendeu o direito de mulheres fazerem o aborto, incentivou protestos contra congressistas e disse que, se eleito presidente, retiraria militares de cargos comissionados no Governo.
A agenda do ex-presidente Lula em Brasília também deve contar com uma visita ao Acampamento Terra Livre, organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
A senadora Simone Tebet (MDB) afirmou, neste domingo, 10, que se sente preparada para liderar a candidatura presidencial organizada pelo que chamou de "centro democrático"
Com Yahoo notícias
Ela disse ter certeza que o grupo de partidos que articula lançar um nome único à corrida presidencial pela "terceira via" chegará em um consenso e argumentou que os pré-candidatos respeitarão a escolha das siglas. "Quem quer apoio tem que estar disposto a dar apoio", comentou.
"Óbvio que todos nós nos sentimos preparados. Eu me sinto preparada para liderar essa legião que existe por trás de nós que não quer nem o atual governo nem voltar ao passado", afirmou em sabatina da Brazil Conference, em Boston (EUA), evento apoiado pelas universidades Harvard e MIT. Realizada anualmente, a conferência tem parceria do jornal O Estado de S. Paulo, que faz a cobertura dos debates.
A sabatina com Simone Tebet foi moderada pela jornalista e colunista do jornal O Globo Vera Magalhães. Também participaram a jornalista e colunista do jornal O Estado de S. Paulo Eliane Cantanhêde, a advogada criminalista Dora Cavalcanti, a presidente do Instituto Igarapé Ilona Szabó, e o graduando de Boston College, João Ferraz.
Os dirigentes do PSDB, MDB, Cidadania e União Brasil decidiram lançar uma candidatura conjunta à presidência, cujo nome será anunciado no dia 18 de maio. Questionada pela colunista Eliane Cantanhêde sobre a disputa interna das siglas na escolha do nome, Tebet citou apenas o tucano João Doria e o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, como pré-candidatos que concorrem com ela o endosso da coligação, descartando o ex-juiz Sérgio Moro da lista.
"É claro que João Doria vai dizer que é pré-candidato até o final, o próprio deputado Luciano Bivar, mas todos nós temos um pacto a favor do Brasil. Estamos deixando nossos projetos pessoais porque o que interessa é o centro democrático estar no segundo turno", argumentou Simone, minimizando a existência de um racha no MDB, que se divide em apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente Jair Bolsonaro nos Estados. "Me desculpe o ministro Sérgio Moro, mas hoje ele não é, por enquanto, o pré-candidato do União Brasil, que vai ter um pré-candidato que é o Luciano Bivar", completou.
Em sabatina realizada no mesmo evento, no sábado, 9, o ex-juiz disse seguir à disposição para a candidatura presidencial.
Propostas
Entre as propostas discutidas para um possível governo liderado por ela, Tebet defendeu que questões referentes à segurança pública precisam ser coordenadas pelo governo federal. Neste contexto, sugeriu a criação de um ministério da Segurança Pública separado do Ministério da Justiça.
Em meio a diversas críticas ao governo federal, a senadora aproveitou, ainda, para levantar a bandeira de uma reforma tributária que, segundo ela, poderia diminuir a desigualdade de renda no Brasil.
Ela propôs, por exemplo, a readequação de tributos para a faixa mais rica da população. "As faixas mais pobres, dividindo em 10 faixas, pagariam menos impostos e apenas a última faixa, portanto os 10% mais ricos teriam um aumento da carga tributária. Isso se chama justiça social."
PT já negou que o ex-presidente tenha problemas reais de saúde, mas aliados não estão convencidos
Por Robson Bonin
O PT nega com todas as forças, mas até entre aliados petistas são bem reais as dúvidas sobre a saúde de Lula. Além de não demonstrar o vigor de outros tempos, o ex-presidente, na visão de aliados, tem sido imprudente nas negociações políticas, impondo pontos de vista sem aceitar visões contrárias, o que acaba favorecendo adversários como Jair Bolsonaro.
Lula está tão certo de que vencerá as eleições que não calcula seus movimentos com prudência. Numa semana, defendeu o aborto, contrariando um eleitorado de 60 milhões de evangélicos, classificou empresários de “elite escravista” e ainda revelou-se incomodado com a sofrida classe média, que, em sua visão, apesar de todos os tormentos do país, “ostenta um padrão de vida acima do necessário”.
“Nós temos uma classe média que ostenta um padrão de que não tem na Europa, que não tem muitos lugares. As pessoas são mais humildes. Aqui na América Latina a chamada classe média ostenta muito um padrão de vida acima do necessário. É uma pena que a gente não nasce e a gente não tem uma aula. O que é necessário para sobreviver. Tem um elemento, tem um limite que pode me contentar como ser humano. Eu quero uma casa, eu quero casar, eu quero ter um carro, eu quero ter uma televisão, não precisa ter uma de cada. Uma televisão já está boa”, disse o petista.
Lula caiu 1 ponto, indo a 37%, e Bolsonaro subiu 4, alcançando 35%, diz Instituto Gerp; margem de erro é de 2,18 pontos percentuais
Por Alan Rios, do R7
O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro aparecem em empate técnico na pesquisa do Instituto Gerp. Enquanto o petista tem 37% das intenções de voto na pesquisa estimulada, em que o eleitor escolhe uma opção de voto entre os nomes que lhe são apresentados, Bolsonaro tem 35%. A margem de erro é de 2,18 pontos percentuais para mais ou para menos, o que indica que Lula pode ter entre 34,82% e 39,18% das intenções de voto, e Bolsonaro, de 32,82% a 37,18%.
Na comparação entre março e abril, Lula caiu 1 ponto e o atual presidente subiu 4 pontos percentuais. Veja os resultados deste mês:
Lula: 37%
Bolsonaro: 35%
Sergio Moro: 6%
Ciro Gomes: 5%
André Janones: 2%
João Doria: 1%
Já na pesquisa espontânea — ou seja, de forma livre, sem opções de nomes aos entrevistados — o empate técnico entre Bolsonaro e Lula mostra o atual presidente com uma ligeira vantagem. Veja:
Bolsonaro: 26%
Lula: 24%
Sergio Moro: 1%
Ciro Gomes: 1%
João Doria: 0%
A pesquisa utilizou uma amostra de 2.095 eleitores maiores de 16 anos e foi realizada em 148 municípios das cinco regiões do país, entre 30 de março e 5 de abril deste ano, e com margem de confiança de 95,55%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 02346/2022.
O Ministério da Economia faz os últimos cálculos antes de dar o sinal verde para a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) ainda este ano. Na contramão dessa medida, o governo, por ora, desistiu de passar de 25% para 33% o corte linear das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em benefício da indústria.
Por Adriana Fernandes
Entre reduzir o Imposto de Renda para as empresas e a tributação das pessoas físicas, a preferência do ministro da Economia, Paulo Guedes, é a correção da tabela e da faixa de isenção do IRPF. Além de ser uma promessa não cumprida na eleição de 2018 do presidente Jair Bolsonaro, a medida seria uma compensação pelo impacto da guerra da Rússia e da Ucrânia nos preços, que retira a renda dos brasileiros.
A faixa de isenção, hoje em R$ 1,9 mil, deve aumentar, mas o valor não está definido. Em projeto que passou na Câmara e está parado no Senado, a elevação da faixa de isenção prevista é para R$ 2,5 mil. Mas no projeto o governo teria receitas extras com a volta da taxação de lucros e dividendos de acionistas de empresas.
Em evento promovido nesta quinta-feira, 7, pelo Bradesco, Guedes sinalizou que faria a correção da tabela, mas não deixou claro se seria ainda em 2022 ou para 2023. O ministro recebeu alertas do secretário especial de Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, para ter cautela com a medida e o impacto nos cofres públicos.
Com a diminuição da distância entre o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto nas eleições deste ano, o governo está cada vez mais confiante e fala de planos para 2023. A correção da tabela é uma promessa de Bolsonaro não cumprida até agora nos quase três anos e meio de governo. Bolsonaro entende que será cobrado nesse ponto na sua campanha à reeleição.
O entendimento é de que a mudança, que beneficiaria a todos os contribuintes, não precisaria de compensação com aumento de outros tributos como exige a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Como mostrou o Estadão, o governo ainda tem uma folga de R$ 45 bilhões na meta de R$ 170 bilhões de déficit primário das contas públicas. Como é do lado das receitas, a desoneração do IR não afeta o teto de gastos (regra que atrela o crescimento das despesas à inflação), mas os Estados e municípios perderiam ainda mais receitas porque o tributo tem a arrecadação compartilhada com eles.
IPI
O governo desistiu de passar de 25% para 33% o corte no IPI. O aumento do corte da alíquota para 33% estava pronto para ser assinado, mas por razões políticas o presidente não quis assinar o novo decreto para beneficiar os produtos da Zona Franca de Manaus (ZFM) - os produtos fabricados na região ficariam de fora do corte do IPI para não tirar a "competitividade tributária".
O governo diz que o acordo para a ampliação da queda do IPI caiu porque os Estados não cumpriram o acerto feito e congelaram o ICMS dos combustíveis no pico de preços.
O presidente Jair Bolsonaro já criticou o PROS por acionar a Justiça contra o corte no IPI e chamou o relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de "prezado ministro".
"O partido PROS está contra a redução de IPI de automóveis, motocicletas, produtos da linha branca. E está na mão do prezado ministro Alexandre de Moraes se vai mandar arquivar esse meu decreto ou vai dizer que está valendo. Se mandar arquivar - atenção, pessoal -, vai subir IPI de carros, motocicletas, geladeira, fogão", declarou o presidente em transmissão ao vivo nas redes sociais.
O PROS foi ao STF por entender que a medida compromete a existência da Zona Franca de Manaus, por reduzir o atrativo tributário na região. Quando o governo promoveu o corte linear de 25% da alíquota do IPI, no final de fevereiro, os produtores instalados no parque industrial da Zona Franca de Manaus criticaram a medida, alegando que perderiam a vantagem competitiva que têm hoje em relação às demais empresas instaladas em outras partes do Brasil. A pressão tinha surtido efeito e o governo estava pronto para fazer a mudança, mas desistiu.