"Declaração deformada, ofensiva e sem fundamento", criticou o presidente do Senado
Com CNN
O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), rebateu as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o Congresso Nacional, feitas durante visita a assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná, nesse sábado (19).
“Uma declaração deformada, ofensiva e sem fundamento, fruto do início da disputa eleitoral que faz com que seja “interessante” falar mal do Parlamento”, afirmou Pacheco por meio de nota.
Em discurso, Lula atacou a atuação da Câmara dos Deputados. “O Congresso nunca esteve tão deformado como está agora, nunca esteve tão antipovo como está agora, esse é o pior Congresso que já tivemos na história do Brasil“, disse o petista. “Vocês elegem um presidente, pensam que o presidente vai governar, mas quem vai governar é a Câmara, comprando deputados com orçamento secreto.”
Sem especificar sobre quais declarações se referia, o comunicado assinado por Pacheco enumera uma série de ações do Congresso. O senador citou a Reforma da Previdência, o Marco do Saneamento, a nova Lei Cambial, dentre outras propostas aprovadas pelos parlamentares nos últimos anos.
“Embora respeite e valorize críticas, é importante que elas sejam verdadeiras e com bons propósitos, uma vez que de discursos oportunistas em período eleitoral o Brasil está cansado. Convido a todos a um mínimo de união, respeito, responsabilidade e, também, disposição para o trabalho”, acrescentou o presidente do Senado.
Confira a íntegra da nota assinada por Rodrigo Pacheco:
Considerando as recentes falas do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirma:
“Uma declaração deformada, ofensiva e sem fundamento, fruto do início da disputa eleitoral que faz com que seja “interessante” falar mal do Parlamento.
Este Congresso Nacional, que é a síntese dos defeitos e das qualidades de um Brasil construído por sucessivos governos, entregou reformas que estavam engavetadas há anos.
Entre elas a da Previdência, o Marco do Saneamento, a autonomia do Banco Central, a nova Lei Cambial, a nova Lei de Falências, a nova Lei de Geração Distribuída, a Lei do Gás, a capitalização da Eletrobras e outros marcos do sistema elétrico, além da Lei das Ferrovias, da Lei da Cabotagem (BR do Mar) e a reforma da Lei de Segurança Nacional.
O mesmo Congresso que, sendo o primeiro do mundo a funcionar pelo sistema remoto na pandemia da Covid-19, aprovou o auxílio emergencial, o Pronampe para pequenas e microempresas, deu solução ao impasse dos precatórios e defendeu com leis (e não só discurso), a vacina ao povo brasileiro.
O mesmo Congresso também se posicionou fortemente em defesa da democracia quando arroubos antidemocráticos assombraram a Nação. E foi esse mesmo Congresso que validou as urnas eletrônicas ao rejeitar a ideia do voto impresso.
Nunca o Senado esteve tão engajado na pauta antirracismo, isso dito pelo Senador Paulo Paim, do PT, referência nessa área. Da mesma forma, esse mesmo Senado nunca esteve tão focado na pauta de defesa das mulheres, com produção histórica e reconhecimento público nesse sentido. A presidência desse mesmo Senado também nunca esteve tão disposta a receber representantes de segmentos dos mais diversos, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), membros de sindicatos dos mais variados setores, ambientalistas, artistas e atletas.
E este mesmo Congresso, numa semana em que os personagens das eleições estarão ocupados com “crise” de plataforma de rede social, estará focado em votar a Reforma Tributária que corrige injustiças sociais, históricas e marcantes.
Embora respeite e valorize críticas, é importante que elas sejam verdadeiras e com bons propósitos, uma vez que de discursos oportunistas em período eleitoral o Brasil está cansado. Convido a todos a um mínimo de união, respeito, responsabilidade e, também, disposição para o trabalho”.
Rodrigo Pacheco
Presidente do Congresso Nacional
Sim. Exatamente isso. Faltando, ainda quase cinco meses para as eleições de dois de outubro, as candidaturas a governador, vice-governador e senador só serão definidas, de verdade, após as Convenções Partidárias, com data limite no início do mês de agosto para suas realizações. Por enquanto, há três fortes concorrentes ao governo: o governador Wanderlei Barbosa, pelo Republicanos, o pré-candidato do PT, Paulo Mourão e Ronaldo Dimas, do Podemos, mas que vai ser candidato pelo PL, do presidente Jair Bolsonaro.
Por Edson Rodrigues
Há, ainda, as candidaturas “satélite”, que ficam orbitando as candidaturas principais, à espera de uma oportunidade para crescer, como as do ex-prefeito de Gurupi, Laurez Moreira e a do deputado Osires Damaso. Uma sexta candidatura, a de Siqueira Campos Jr. Lançada em Goiânia, longe de território tocantinense, também compõe o cenário. Estas últimas três postulações, juntas, não chegam aos pés de nenhuma das demais, e devem ser desconsideradas pelos eleitores.
PAULO MOURÃO PT
Paulo Mourão, do PT, é o único que tem a sua candidatura definida no Tocantins. Ex-deputado federal, Mourão é um político tarimbado e preparado para exercer o cargo de governador. Ex-prefeito de Porto Nacional, com passagens pela Assembleia Legislativa, é um estudioso da política e tem a bênção do candidato do PT à presidência da República, e líder disparado nas pesquisas de intenção de voto, Luiz Inácio Lula da Silva.
O candidato do PT ao governo é capaz de enfrentar qualquer outro candidato no voto e tem bagagem política para apresentar e defender um bom programa de governo nos debates.
O PT está apenas no aguardo do momento certo para “ligar as turbinas” da candidatura de Paulo Mourão, assim como a candidatura ao Senado e sua chapas proporcionais, todos com potencial para serem competitivos e darem suporte á pretensão de Paulo Mourão de chegar ao governo do Tocantins.
WANDERLEI BARBOSA
Enquanto isso, Wanderlei Barbosa, candidato á reeleição pelo Progressistas, é um político experimentado pelas urnas,oriundo de uma família genuinamente tocantinense que, até os dias de hoje, sempre serviu ao povo do Tocantins, iniciando com seu pai, primeiro prefeito de Palmas, Fenelon Barbosa, e sua mãe, a saudosa Dona Maria Rosa, ícone da Ação Social, que estimulou o crescimento da periferia, ajudando muitas famílias de baixa renda a se instalar, com doação de lotes e material de construção, juntos, realizaram uma administração memorável, abrindo caminho para que Palmas se tornasse a capital que é, hoje. Seu irmão, Marilon Barbosa, é vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Palmas, seu filho, Leo Barbosa, deputado estadual.
Carreiras que corroboram com a do próprio Wanderlei, vereador por vários mandatos, presidente da Câmara Municipal de Palmas, deputado estadual, vice-governador e, agora, governador e candidato á reeleição.
Wanderlei vem mantendo uma administração focada no equilíbrio e respeito á Lei de Responsabilidade Fiscal e, principalmente, aos servidores estaduais, resgatando compromissos e direitos trabalhistas, e busca formar uma frente partidária juntando ao seu redor os líderes políticos que viabilizaram sua governabilidade e os resultados positivos alcançados até agora em sua gestão, como os senadores Kátia e Irajá Abreu, e que tornam sua candidatura ainda mais competitiva, com o apoio da maioria dos deputados estaduais e dos partidos que formarão chapas proporcionais voltadas a embasar sua postulação á reeleição.
RONALDO DIMAS
Já o ex-prefeito de Araguaína, considerado o melhor gestor da história do municípios e o melhor prefeito do Tocantins nas duas últimas gestões, Ronaldo Dimas, recebeu o impulso que faltava para ter sua candidatura alavancada junto á opinião pública, com a declaração de apoio por parte do senador Eduardo Gomes à sua postulação de ser o governador do Tocantins.
Mesmo com diversos ajustes necessários em sua caminhada, Dimas, que já foi considerado prepotente e arrogante, agora precisa calçar as sandálias da humildade, e usar o senador Eduardo Gomes como exemplo de político a ser seguido. Com sua ida para o PL do presidente da República, Jair Bolsonaro, já encaminhada, cabe a Dimas, agora, convencer os prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e ex-vereadores, assim como os pré-candidatos a deputado estadual e federal que apóiam Eduardo Gomes, de que vai agir de acordo com a cartilha de Gomes, e que merece o apoio de todos os que sonhavam com Eduardo Gomes como seu candidato ideal para o governo.
Dimas, que já foi o “porto seguro” de Laurez Moreira e do clã dos Abreu, agora precisa entender que é ele quem precisa de um porto seguro para ver sua candidatura ter força, musculatura e consistência política.
SENADORES
Marcelo Miranda, Professora Dorinha Seabra e Kátia Abreu
A disputa pelo Senado, da mesma forma que a pelo governo, no momento também reúne três fortes candidatos, duas mulheres e um homem.
Kátia Abreu, presidente estadual do PP, busca a reeleição. Dorinha Seabra, presidente estadual do União Brasil, e Marcelo Miranda, presidente estadual do MDB, são os principais candidatos sabidos à única vaga em disputa para o Senado, que é, exatamente, a ocupada por Kátia Abreu, cujop mandato termina em fevereiro de 2023.
Nenhuma das três candidaturas pode ser subestimada. Cada uma tem a sua força política e uma boa infraestrutura partidária para dar suporte durante a campanha, o que torna impossível, pelo menos no momento, afirmar qual é a mais forte ou a que tem mais chances de sucesso.
As variáveis a serem consideradas na corrida pelo senado vão desde o nome dos suplentes, dos candidatos ao governo a serem apoiados por eles, assim como as chapas de candidatos a deputado estadual e federal, os prefeitos que os apoiarão, a estrutura pessoal de cada candidato (verba e desprendimento) e, o mais importante, a popularidade e o alcance de cada um junto ao eleitorado.
Mais uma vez, o destino de cada um desses três candidatos ao Senado pelo Tocantins vai depender o resultado das Convenções Partidárias. Até lá, o que vai contar é a capacidade de mobilização de cada um dos candidatos.
CONCLUSÃO
Mesmo assim, ainda há espaço para surpresas antes das Convenções, durante a pré-campanha. Quem tentar sair das quatro linhas das regras eleitorais, pode acabar cometendo suicídio político, principalmente os candidatos das chapas proporcionais. Denuncismo, xingamentos, fake news ou qualquer tipo violação da legislação eleitoral serão denunciados e eliminados do pleito.
Os eleitores estão cansados de assistir operações como a Lava Jato e, depois de presos, denunciados, condenados e de valores apreendidos e devolvidos aos cofres públicos, ver todos os envolvidos soltos, com seus direitos políticos restituídos, por pior que tenham feito quando no poder, principalmente em solo tocantinense, onde as operações se sucedem com uma constância assustadora, muitos são suspeitos, alguns presos, outros passando por buscas e apreensões, os Ministérios Públicos Estadual e Federal agindo com rigor, junto à Polícia Federal, mas as respostas sobre quem fez o quê ou que é, realmente culpado, demoram demais para chegar, deixando o Estado em constante sangramento da sua imagem junto à opinião pública, com ex-governadores, ex-secretários, empresários e servidores públicos com suas vidas expostas e destruídas pela corrupção.
O eleitor quer candidatos majoritários capazes de se manter fora da lama da corrupção, de formular propostas e de apresentar planos de governo e de ação política, que gerem postos de trabalho, desenvolvimento e progresso, patrimônios tirados do Tocantins e que precisam ser resgatados, para o bem da população e dos próprios políticos.
Após as Convenções Partidárias, em agosto, tudo vai ficar mais claro, e mais fácil de ser identificado pelos eleitores. Até lá, é observar, avaliar, acompanhar e agüentar o jogo político, até que se conheçam a fundo os jogadores.
Que Deus nos ilumine!
34 anos
A cada dia que passa, ficam mais curtos os prazos e a distância para as eleições do próximo dia dois de outubro. Da mesma forma, aumentam as dificuldades para os candidatos detentores de mandatos encontrarem um partido que aceite suas filiações para concorrer á reeleição.
Por Edson Rodrigues
Por outro lado, aqueles que estavam tranqüilos em suas legendas visando a reeleição ou, até mesmo, uma primeira eleição, são atormentados pelas barreiras que começam a ser impostas pelas Federações Partidárias.
Os partidos já federalizados estão tendo que descascar um “abacaxi duplo”, que é ficar, obrigatoriamente, por quatro anos sem unido com as legendas da federação – por mais oportunista que tenha sido o “casamento” – e sustentar suas próprias candidaturas a prefeito, em 2024, “engessados” pelos olhares astutos e eficientes da Justiça Eleitoral.
CONTAGEM REGRESSIVA
Os próximos dias serão cruciais para cada um, partidos e candidatos, encontrar seus “cantinhos”, seus portos seguros, em chapas proporcionais com ou sem federação partidária, uma vez que a contagem regressiva já está em andamento, com término marcado para próximo dia dois de abril. As dificuldades que vêm se interpondo no caminho de quem quer disputar uma vaga para deputado federal ou estadual já começam a fazer as primeiras vítimas, com postulantes já considerando nem se candidatar, tamanhos os percalços para encontrar um partido para se filiar.
Diante de todo esse cenário, é fácil afirmar que a parada não será nada fácil para os que buscam uma reeleição, principalmente para deputado estadual, que, além de tudo, ainda estão com suas imagens mais que desgastadas junto à opinião pública e ao eleitorado.
MARKETING POLITICO
Os pré-candidatos a deputado estadual e federal, assim como os pré-candidatos ao Senado, sejam à reeleição, sejam de primeira viagem, precisam, além de toda a preparação, estruturação financeira e partidária e vocação, ter um marketing político de primeira, feito por profissionais, com foco nas redações dos principais veículos de comunicação, pois é fato que os candidatos que estarão buscando um mandato, terão que bater de frente com os atuais detentores de mandato, que buscam uma reeleição.
Ou seja, será uma batalha dupla, e quem não tiver um marketing competente, vai gastar dinheiro a toa e enfrentar dificuldades em dobro para se eleger. A disputa será a mais apertada possível e o marketing político pode ser o fator de desempate.
Embora a rejeição contra os atuais deputados estaduais seja grande, para não dizer monstruosa, os novos pretendentes terão que cativar os eleitores e mostrar que podem ter um desempenho melhor que os atuais na assembléia Legislativa e, quanto mais profissional for o trabalho de marketing, mais fácil fica de argumentar.
OS CONCORRENTES
Membros do MDB
O que podemos adiantar é que a chapa de candidatos a deputado federal e estadual do MDB, em formação pelas mãos do seu presidente estadual, Marcelo Miranda, com candidatos sem mandato, deve levar a uma ruptura com os cinco deputados estaduais que estão, hoje, na legenda, visto que praticamente todos fazem parte da base de apoio a Wanderlei Barbosa e o MDB já se declarou oposição ao Palácio Araguaia.
Segundo informações de bastidores, somente dois deputados estaduais devem ficar na legenda, ressaltando que o partido tem um gordo Fundo Eleitoral e um ótimo Horário Gratuito de Rádio e TV a ser distribuído entre seus candidatos.
Já o PSDB da prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, virá, também, com uma chapa de proporcionais ou “puro sangue” ou fruto de uma Federação, mas, de uma forma ou de outra, a prefeita do maior colégio eleitoral do Tocantins vem forte, junto com seu partido, em busca de maior representatividade em todo o Estado.
Prováveis candidatos do Palácio Araguaia
Já para o Republicanos, todo cuidado é pouco para que não haja um “suicídio eleitoral coletivo”, na onda da filiação do agora governador de fato e de direito, Wanderlei Barbosa. De nada adianta irem 15 ou mais deputados e pretendentes a deputado, com fome ao pote, se nenhuma chapa ou federação, mais que comprovadamente, vai fazer mais que oito eleitos.
O partido de Wanderlei Barbosa deve vir com um chapão de candidatos a deputado estadual, formado em grande parte – de 12 a 14 nomes – por candidatos à reeleição, e está preparando uma chapa de candidatos a deputado federal encabeçada pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Toinho Andrade.
A previsão do Republicanos é de fazer dói deputados federais, além dos demais, membros de outros partidos, mas da base do governador Wanderlei Barbosa.
Além dos tradicionais, várias outras chapinhas proporcionais estão em formação no Tocantins, todas com boas chances de ocupar de uma a duas vagas na composição final da Assembleia Legislativa. Isso só ficará mais claro após as Convenções Partidárias, que têm prazo final no início de agosto.
E O ELEITOR...????
Desgastada porque o eleitorado tocantinense, em sua maioria desempregados, em um Estado que tem 60% de sua população avaliada como na linha de pobreza, e muitas famílias órfãos, com seus chefes vitimados pela Covid-19. Para essa grande parcela da população, a culpa por tudo isso é da classe política, que não se preocupou em proporcionar uma rede de saúde pública adequada, enfiaram o Tocantins em uma espiral de corrupção de fazer vergonha a todo o Brasil, uma oposição que se mostrou fraca ante governos que deixaram a desejar.
O último, de Mauro Carlesse, a se comprovar os fatos que levaram o STJ a afastá-lo de seu mandato, comprova-se, também que os parlamentares estaduais foram, no mínimo, cegos ou omissos, para não falar que tiveram participação nos atos não republicanos, pois a grande maioria dos 24 deputados estaduais era leal a Carlesse. Esse julgamento ficará a cargo dos eleitores e das suas convicções.
Enquanto isso, sabe-se de antemão que os deputados federais e senadores não carregam esse peso, pois houve os que não se posicionaram nem contra nem a favor do governo de Carlesse e ajudaram o Tocantins sem indicar ninguém nem cobrar seu quinhão de participação no governo do Estado. Dentro desse cenário, ninguém melhor que o próprio eleitor para saber separar o joio do trigo.
VALENTIA OPORTUNISTA
Mesmo assim, sem o mesmo peso que os deputados estaduais, na última semana alguns dos detentores de mandatos federais pelo Tocantins resolveram mostrar o quanto são “valentes”, agora que o pior perigo já passou, fazendo denúncias contra a gestão de Mauro Carlesse e, até, contra o governador Wanderlei Barbosa, aos quais chamaram de incompetentes e “farinha do mesmo saco”.
As perguntas que ficam são: onde esses “valentões” estiveram nos últimos três anos? Dormindo? Omissos? Coniventes? As três opções juntas ou comendo pelas beiradas, nas benesses dos governos?
Quem somos nós, da imprensa, para apontar o dedo a respeito de todos esses questionamentos? Quem vai julgar será o juiz de fato e de direito de todo processo democrático, o eleitor, na cabine de votação, no dia dois de outubro.
Aguardamos as convenções para que os candidatos sejam, finalmente, decididos e apresentados, para que, acompanhando o povo, possamos presenciar o julgamento que sairá das urnas. Até lá, tudo será especulação.
Que Deus esteja conosco!
Por Almir Pazzianotto Pinto *
Acredito que todos já ouviram falar do camaleão. Trata-se de pequeno lagarto da família dos répteis, encontrado na Europa, na Ásia, na África, no México, no Brasil. Está presente nos diversos países dos cinco continentes.
A característica desta espécie do reino animal consiste na capacidade de mudar de cor para se adaptar a diferentes ambientes. Altera do amarelo ao verde, ao vermelho, segundo a necessidade ou conveniência. Com língua longa, pegajosa e flexível, é capaz de capturar vítimas a considerável distância.
Outro animal dotado de recursos de camuflagem é o polvo, sobre o qual escreveu o Padre Antônio Vieira: “O polvo, com o seu capelo, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão. E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa, (...) o dito polvo é o maior traidor do mar” (Sermão de Santo António, 1654, Sermões, vol. VII, Ed. Lello & Irmão, Porto, 1959, página 275).
No plano político, o Brasil pode ser considerado a República de camaleões. A leviandade que caracteriza o regime pluripartidário, financiado pelo Fundo Partidário e enriquecido graças ao dinheiro destinado ao financiamento de campanha, afastou homens e mulheres de bem, temerosos do contágio, para abrir espaço a camaleões e polvos exploradores da política como vulgar balcão de negócios.
A decadência a que estamos condenados traz à memória a imagem de Portugal, tal como a desenharam Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão em Uma Campanha Alegre: “O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres, corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos” (Obras Completas, Lello & Irmão, Porto, vol. III, página 959).
Arquétipo da política brasileira pós-1988 é Gilberto Kassab. Lançado na vida pública por Paulo Maluf e Guilherme Afif Domingos, elegeu-se vereador em São Paulo pelo Partido Libertador (PL), em 1992. Abandonou o PL em 1995, para se filiar ao Partido da Frente Liberal (PFL), fundado em 1985 e sucedido pelo Democratas (DEM). Por esse partido, Kassab foi secretário de Planejamento da Prefeitura na gestão do prefeito Celso Pitta.
Em 2004, aliou-se ao PSDB para colaborar com José Serra na disputa da Prefeitura, como vice-prefeito. Em março de 2011, arregimentou dissidentes do DEM, do PSDB e do PPS e fundou o Partido Social Democrático (PSD), “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”, como declarou na ocasião.
Na Wikipédia – Enciclopédia Livre, aberta à consulta dos interessados, pode-se ler síntese não desmentida da biografia de Gilberto Kassab. Sugiro que a consultem. Entre cargos de grande relevância, foi ministro das Cidades de Dilma Rousseff. Renunciou em 18 de abril de 2016, pouco antes da decretação do impeachment, “visto que ele já tinha acertado com Michel Temer uma posição no futuro governo”, do qual se tornou ministro da Ciência e Tecnologia.
Gilberto Kassab sofreu denúncias por improbidade administrativa. Em 2010, viu-se acusado, com a vice-prefeita Alda Marco Antônio, de financiamento ilegal de campanha e, em 2014, da contratação irregular de empresa terceirizada para efetuar inspeção veicular. Em todos os casos, foi absolvido por insuficiência de provas. O seu último cargo de confiança foi o de secretário da Casa Civil do Estado de São Paulo. Afastou-se, voluntariamente, para se defender de acusações de corrupção, nepotismo e tráfico de influência.
Ser camaleão parece-me repulsivo, mas não é crime. Há quem o considere justificável, diante das características singulares da política brasileira. Trata-se, contudo, de reprovável costume estimulado pela inexistência dos requisitos de integridade de caráter e reputação ilibada no Código Eleitoral e na Lei Orgânica dos Partidos Políticos. O presidente Jair Bolsonaro, habituado a frequentes mudanças de legendas, também é honorável membro da família dos chamaeleonidiae, cuja expansão se deve à indiferença do lumpen-eleitorado.
A prática, não usual antes de 1964, se revelou frequente com o pluripartidarismo e a redemocratização. Criados no governo Castelo Branco, Arena e MDB não tiverem o tempo necessário para acumularem tradições. Recordo-me das defecções na bancada estadual do MDB, em 1979, provocadas pelo governador Paulo Maluf, da Arena. As legendas fundadas após 1985 são volúveis e os dirigentes, em expressiva maioria, insaciáveis na busca, a qualquer custo, de dinheiro e poder. Inquéritos policiais e denúncias formuladas pelo Ministério Público são frequentes. De hábito, todavia, prevalece a impunidade.
Gilberto Kassab almeja ser o fiel da balança na Câmara dos Deputados e no Senado. Para alcançar os objetivos, quando necessário, será polvo ou será camaleão.
*ADVOGADO, AUTOR DE ‘A FALSA REPÚBLICA’, FOI MINISTRO DO TRABALHO E PRESIDENTE DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
Com informações d’O Globo
Depois de mais de seis meses de negociações, o ex-governador Geraldo Alckmin anunciou nesta sexta-feira, em postagem nas redes sociais, que irá se filiar ao PSB. Na publicação, o ex-tucano fez uma referência ao ex-governador Eduardo Campos, que morreu em um acidente de avião em 2014 durante a campanha presidencial daquele ano, e declarou que o momento exige "grandeza política, espírito público e união".
"Não vamos desistir do Brasil", escreveu Alckmin nas redes sociais. A frase era o mote da campanha de Campos e foi dita por ele em entrevista ao Jornal Nacional na véspera do acidente. Quando morreu, o ex-governador de Pernambuco era a maior liderança nacional do PSB. Já em tom de campanha, Alckmin afirma que o PSB não vai deixar "ninguém para trás".
O partido vai realizar um ato em Brasília na próxima quarta-feira, dia 23, para celebrar a entrada do ex-tucano, que será indicado para ser o vice na chapa presidencial encabeçada pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Alckmin tinha convites também do PV e do Solidariedade, mas optou pelo PSB, maior partido, até agora, a aderir à aliança que será montada em torno de Lula.
No ato em Brasília, além de Alckmin, serão sacramentadas também as filiações ao PSB do vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSDB), pré-candidato ao governo do estado, e do senador Dario Berger (MDB-SC), pré-candidato ao governo catarinense.
Devem ser anunciadas ainda no mesmo evento a entrada no partido de cerca 40 pessoas de todo o país que planejam disputar a eleição para o Legislativo. Fazem parte desse grupo, entre outros, a influenciadora digital Ariadna Arantes, o babalorixá e gestor público Diego de Airá, o advogado Augusto de Arruda Botelho e a líder do movimento de moradia popular Carmen Silva, além de ex-colegas de Alckmin no PSDB, como o ex-deputado federal Floriano Pesaro e o ex-deputado estadual Pedro Tobias.
Depois da filiação, Alckmin será formalmente indicado pelo PSB para ser o vice de Lula. A expectativa é que os petistas aprovem o nome do ex-governador nas instâncias internas somente perto do meio do ano.
IMPROVÁVEL
Considerada inicialmente improvável, a costura da união entre Lula e Alckmin teve início em julho. O ex-governador Márcio França levou a ideia ao ex-prefeito Fernando Haddad, que abriu conversas com Lula sobre o assunto.
Alckmin e Lula se encontraram de forma reservada duas vezes na casa do ex-deputado Gabriel Chalita no segundo semestre do ano passado. O petista passou, então, a fazer elogios públicos ao ex-governador, que foi o seu adversário na eleição presidencial de 2006.
Alckmin foi filiado por 33 anos ao PSDB. Como governador de São Paulo, enfrentou forte oposição dos petistas. Além do duelo com Lula em 2006, também enfrentou Haddad na eleição presidencial de 2018.