Como um movimento grevista que pode paralisar um estado terá reflexos em toda a sociedade e comprometerá anos de batalha
Por: Edson Rodrigues
Somos todos trabalhadores, batalhadores que tiram do suor próprio o sustento de nossas famílias. Qual de nós não fica feliz quando consegue uma promoção, um aumento, uma progressão? Esses são os maiores sinais de que nosso trabalho está sendo reconhecido, de que nosso suor tem valor e de que somos peças fundamentais para o progresso do meio em que vivemos.
Um aumento, uma progressão, uma promoção, são sempre bem vindos e representam um passo a mais rumo à estabilidade financeira nossa e dos que dependem de nós.
O papel dos sindicatos e associações que representam a nós, trabalhadores, é cuidar e vigiar para que nossos direitos sejam cumpridos e que nosso trabalho seja reconhecido. Quanto mais forte uma categoria, mais chances ela tem de barganhar com os patrões por benefícios e direitos.
O problema começa quando há apenas um patrão para várias categorias. Para beneficiar a todos, é preciso que o ramo de atividade da empresa vá de vento em popa, com lucros substanciais para que todos possam sair ganhando, como, por exemplo, as empresas que dividem os lucros com os funcionários.
Mas, quando a maré não está boa, o que as empresas fazem para continuar trabalhando? Cortam aumentos, progressões e promoções, temporariamente, para não ter que demitir seus funcionários.
Ou seja, se é justo que uma empresa divida seus lucros com os funcionários, seria justo, também, dividir seus prejuízos?
É nessa situação que se encontra o governo do Estado do Tocantins.
Não é novidade para ninguém a grave crise econômica que assola o País. Estados tidos como as “locomotivas do desenvolvimento” como Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Goiás e outros, penam para pagar seu funcionalismo, parcelam salários, atrasam meses a fio e enfrentam dificuldades inimagináveis ao povo tocantinense.
Enquanto esses estados, essas “locomotivas” tiveram que correr ao governo federal para receber ajuda financeira, o Brasil inteiro viu nos noticiários que “apenas Tocantins e Piauí” não têm dívidas com a União.
Essa constatação foi motivo de inveja para os demais estados e deveria servir de orgulho para os tocantinenses. Mas, ao que parece, para os sindicatos e entidades representativas do Estado, essa notícia não significou nada, pois insistem em convocar uma greve geral para o dia 9 de agosto próximo.
Venhamos e convenhamos, é sempre uma satisfação receber um aumento. Mas seria bom, também, sabermos a hora de colocar a mão na consciência e trabalhar em conjunto pelo bem estar de todos.
Ah! Mas o Estado não é uma empresa, o Estado não quebra!
Quebra sim e, assim como toda empresa, precisa arrecadar mais (lucrar) do que gasta, senão não tem como arcar com os compromissos assumidos!
REFLEXÃO
Não discutirmos os direitos dos ajustes, reajustes, progressões, promoções, data base, que os senhores trabalhadores, funcionários públicos têm direito, mas chamamos os senhores representantes de classe dos mais diversos seguimentos dos profissionais públicos estaduais a abrirem suas mentes, a criar um canal de negociação para que a empresa (Estado) não quebre e possa cumprir com seus compromisso e acordos. Aliás, acordos fechados quando os tempos eram de bonança, com dinheiro em caixa e muito dinheiro para entrar. Dinheiro esse que o GOVERNO FEDERAL deixou de repassar e que acabou obrigando o governo estadual a usar suas economias para NÃO DEIXAR O FUNCIONALISMO NA MÃO e, ao mesmo tempo, manter os investimentos em infraesrutura e os gastos obrigatórios com Saúde e Educação de acordo com a Lei.
Tempos bons aqueles, não é mesmo? Pois é exatamente disso que estamos falando. É preciso a união e compreensão de todos para que esses tempos bons possam voltar o mais rápido possível.
Mas será que uma greve geral vai ajudar a trazes esses tempos bons de volta?
Pelo contrário! Vai apenas tornar mais remota essa possibilidade.
Então, se todos queremos o mesmo, o bem do povo do Tocantins, por que não sentar à mesa e negociar um acordo, uma trégua, um cessar-fogo?
A conta é simples. Basta que se negocie um Termo de Ajuste de Conduta, o famoso TAC, para que o Estado comece a pagar escalonadamente a partir de março de 2017, quando o governo federal permite, as promoções, progressões e reajustes prometidos.
O Estado não tem caixa, no atual momento, para assumir qualquer aumento na folha de pagamento do funcionalismo do poder executivo. Mesmo se tivesse, o ministro da Fazenda baixou normativa proibindo ações desse tipo para que o País tenha tempo e espaço para manobrar para sair da crise econômica.
Ah, mas os demais poderes estão dando aumentos!
Os demais poderes têm autonomia e lastro para conceder esses aumentos (Ministério Público Estadual, Tribunais de Contas, Justiça Eleitoral, Defensoria Pública e poder Legislativo). São poderes independentes, cada um tem seu orçamento aprovado anualmente e, assim sendo, todos administraram seus orçamentos independentemente do poder Executivo. Eles não têm gastos com Saúde, Educação, Segurança Pública, por exemplo.
O presidente em exercício, Michel Temer, acabou de sancionar aumento para o poder judiciário de 41%, escalonado até 2019, mas não deu nenhum aumento para o funcionalismo público federal, pois são poderes independentes.
Por isso, voltamos a chamar os senhores representantes classistas à reflexão para as consequências de uma greve geral. Na Saúde, quantas vidas serão levadas em vão, quantas famílias ficarão órfãs? Na Educação ficarão centenas de alunos sem aulas, que sonham em formar-se, entrar na faculdade. O Estado vai parar de exportar, arrecadar, fiscalizar; não haverá como pagar o funcionalismo porque não haverá arrecadação; haverá calotes nos comércios e será inevitável a escuridão, assim como a seca nas torneiras das residências, pois a ENERGISA e a SANEATINS vão esperar pelo pagamento das contas de cada cidadão. Também será inevitável aos donos de supermercados, mercadinhos, quitandas, pagar suas contas com fornecedores. Se algum deles conseguir abrir, não será para vender fiado, assim como os postos de gasolina e todo e qualquer tipo de comércio.
Se os cidadãos já reclamam do aumento da violência, com uma greve geral o problema de segurança pública vai se agravar mais ainda, um fato que levará a população a ficar desguarnecida, insegura, aflita, em pânico. Por sua vez, não haverá condições do comércio ficar com as portas abertas, muito menos os bancos, as casas lotéricas. Será impossível aos cidadãos andar nas ruas de suas cidades, pois os criminosos estarão à espreita. Já vivemos em perigo constante sem greve, testemunhando centenas de assaltos, roubos, furtos, sequestros relâmpagos, explosão de caixas eletrônicos sendo praticados todos os dias, assassinatos, mesmo com os policiais militares e civis estarem em ação 24 horas por dia combatendo, prendendo marginais, criminosos, traficantes, muitos já vindos de estados vizinhos, mesmo com nossos valorosos policias passando por problemas estruturais como falta de armas, munições, combustível, viaturas, coletes a prova de balas, entre outros. A única coisa que não falta a estes homens é a vontade de trabalhar, de proteger a população e o patrimônio público.
Mesmo assim, com uma greve geral, o caos será inevitável.
Aí vem a pergunta: os sindicatos e entidades representativas estarão preparados para pagar essa conta?
POLITICAMENTE FALANDO
O governo, em meio à crise, vem realizando várias e várias ações, que deveriam ter a devida publicidade, como a recuperação das rodovias pavimentadas, os pagamentos das duas últimas parcelas dos atrasados dos profissionais da Saúde, entrega de moradias, os projetos em fase final de empréstimos para construção da nova ponte de Porto Nacional, a duplicação das rodovias Porto – Palmas e Palmas – Paraíso, as centenas de pontes de concretos, extensão do hospital Regional de Palmas, a ampliação do hospital de Porto Nacional (com UTI’s, apartamentos, centro cirúrgico), empréstimos do BIRD, BID, UNICREDIT, direcionados à pavimentação de várias rodovias, o aval da União para operações propostas pelo governo de Marcelo Miranda junto aos órgãos financiadores internacionais, entre outras muitas ações que visam única e exclusivamente beneficiar o povo tocantinense.
O governo de Marcelo Miranda já fez muito pelo Estado, basta dar ciência ao povo das contas e mostrar como recebeu e como está a administração estadual.
Entendemos que o governo do Estado está sofrendo um terrível desgaste por falta de comunicação. É preciso planejamento e boa vontade para mostrar o que a sociedade não tem conhecimento. As manifestações da comunicação estadual ficam dando voltas em torno de folha de pagamento, esquecendo dos demais assuntos, das demais ações, do que o governo vem conseguindo fazer com muito sacrifício.
O governo está há um ano e meio refém de sindicatos, refém da mídia por causa das questões das progressões, aumentos e promoções. Os sindicatos têm que se conscientizar que a prioridade de um estado não é folha de pagamento, mas a Segurança Pública, a Saúde, a Educação e a infraestrutura.
Caso a greve seja mesmo deflagrada, a população, já sacrificada, que aceitou o aumento de impostos e a classe empresarial, que agiu da mesma forma, vai ficar sitiada em meio ao caos que se instalará no Tocantins e, de imediato, irão se revoltar contra os grevistas, contra os sindicatos e as entidades representativas que encabeçam o movimento. É aí que o tiro vai sair pela culatra, pois, sem apoio, o movimento grevista passa a ser espúrio, assim como espúrios ficarão todos os interesses políticos que vêm norteando as ameaças de paralisação.
O povo, muito menos os empresários, não é burro e sabe exatamente qual vertente política apóia o movimento de greve. Por ais que o governo seja enfraquecido, mais enfraquecidos vão ficar aqueles que apoiarem a greve e se tornarem responsáveis pela insegurança, pela falta de atendimento médico, pelas escolas fechadas e pela economia estagnada.
Não temos dúvidas, caso seja mesmo declarada greve geral no próximo dia 9 de agosto, que os candidatos a prefeitos apoiados pelo governo do Estado estão fritos, desamparados e sem palanque. Ficará difícil para o governador Marcelo Miranda participar de qualquer palanque, caminhada, reunião política, tudo isso por causa da péssima comunicação governamental junto à população.
Por outro lado, os políticos que apoiarem a greve poderão dar adeus à sua credibilidade, pois quem torce pelo pior não pode governar ou legislar, pois não coloca o povo em primeiro lugar e, sim, seus interesses partidários e pessoais.
O governo precisa mostrar pulso firme, assim como os sindicatos consciência e compromisso com o futuro.
O presidente interino Michel Temer foi taxativo: “não darei, este ano, nenhum aumento ao funcionalismo público”.
Nós também seremos: “não é hora de greve geral. É hora de somar forças para vermos nossos filhos e nossos familiares com alguma esperança de futuro pela frente. A greve é uma insensatez e não resolverá nada. Apenas aprofundara a crise e afastará a possibilidade do Estado recuperar sua economia”.
Conclamamos ao povo tocantinense que se posicione contra essa greve, pressione os sindicatos e ajude o governo do Estado a vencer essa batalha. A hora é de reflexão e de união!
Por Edson Rodrigues
Apesar de não parecer, e de as convenções só se realizarem de 20 de julho a 05 de agosto a corrida pela sucessão municipal começou há meses. Na capital, por exemplo, o clima está a todo vapor. Grupos articulam-se, fazem alianças ou desfazem-nas. O fato é que nos bastidores da política os rumores aumentaram, os boatos começaram a surgir, e naqueles pontos onde costumeiramente reúnem-se muitas pessoas, como os de moto-táxi, taxistas, e até funcionários de empresas e públicos, o assunto já é comentado.
Sabe-se então que os senadores Vicentinho Alves, Kátia Abreu e Ataídes Oliveira têm se reunido na calada da noite, discretamente, sem os holofotes da imprensa ou sociedade. Parecem como os reis magos, que percorreram o percurso à noite para não serem encontrados, mas ao que indica, os encontros foram descobertos e agora são especulados por grupos aliados, e adversários.
Segundo o que foi apurado pelo O Paralelo 13, há uma possibilidade de os três senadores unirem-se e apoiarem os mesmos candidatos, não só apenas na Capital, mas em diversos municípios. Ao que tudo indica, em Palmas, os três poderão apoiar o ex-prefeito Raul Filho, mas esta colcha de retalho terá uma extensão bem maior com a junção de outros partidos com representação política na câmara municipal, Assembléia Legislativa e Congresso Nacional.
Este final de semana haverá várias rodadas de convenções, porém ultra secretas. Ao que tudo indica, a possível união dos senadores neste momento é um trabalho conjunto visando o macro, neste caso a campanha de 2018. E um sonho que se sonha juntos tem maior chance de tornar-se realidade. Os políticos que conseguirem eleger o maior número de prefeitos e vereadores, em tese, têm uma chance a mais de eleger-se daqui a dois anos, afinal serão duas vagas para o senado, uma para o Palácio Araguaia, no caso governador, vice-governador, oito deputados federais e 24 estaduais.
Governistas
Até onde sabemos, a vice-governadora Claudia Lélis é candidata a prefeitura de Palmas pelo PV. No entanto, em momento algum, até hoje o Palácio manifestou-se em seu apoio. O governador Marcelo Miranda e a deputada federal e primeira dama, Dulce Miranda não se manifestaram ou tampouco participaram de qualquer evento político realizado pelo grupo da vice-governadora.
Uma coisa não há o que esconder. Especula-se nos bastidores que a candidatura da vice-governadora não tem nenhuma simpatia pela família real, nem pelos caciques peemedebistas, muito pelo contrário, não conta com o apoio da cúpula. O balde de gelo foi jogado pelo presidente da legenda Derval Paiva. E se fizermos uma análise um pouco mais minuciosa, os fatos podem ser verdadeiros.
Há ainda a falácia que junto ao eleitorado palmense, nem o pai do governador, o Dr. Brito Miranda, que goza de prestígio, as lideranças classistas partidárias, religiosas, nenhuma do partido reagiu em apoio a candidatura da esposa do ex-deputado Marcelo Lélis, inelegível até 2022, considerado ficha suja pela justiça.
Segundo observadores, caso a vice, pré-candidata ínsita com sua candidatura que é um projeto familiar, corre grande risco de um péssimo desempenho e uma derrota fatídica.
Reeleição de Amastha
O prefeito Carlos Amastha que lidera várias pesquisas de intenção de voto foi denunciado pelo Ministério Público por vários de seus adversários. Até o momento, não é réu em nenhum processo, e tem-se trabalhado sua candidatura a reeleição com muito profissionalismo e utilizado das diversas ferramentas do marketing.
Apesar de ser um agente político, o prefeito é um empresário, tanto que considerado mais empresário do que político de fato. Sua administração é considerada boa, mas ainda assim, acumula um percentual de rejeição recorde.
Ao que indica, até o momento Amastha não aceitou nenhuma imposição de ter que engolir um candidato a vice-prefeito goela abaixo nem do PSDB, nem indicação da família Abreu. O prefeito, que usa a comunicação midiática como ninguém, acompanha semanalmente via pesquisas qualitativas, o seu desempenho e de adversários políticos, pré-candidatos a prefeitura da Capital.
O prefeito tem acompanhado a tentativa de todos que estão unindo-se para derrotá-lo nas urnas. Por incrível que possa parecer o atual prefeito não tem demonstrado incômodo algum com tais denúncias e atitudes, garante ainda que a sociedade tenha uma surpresa com a composição de sua chapa e o nome que será indicado para vice-prefeito.
Eleições
Segundo os dados do IBGE, o Estado do Tocantins possui uma população de 1.496.880 habitantes e a Capital é constituída com uma população de 265.409 habitantes, destes mais de 150 mil são eleitores.
Diante destes dados, nota-se que Palmas é a única Capital da federação brasileira no qual não possuirá segundo turno, e isso explica a antecipação na disputa eleitoral e nas articulações partidárias, além da união de vários atores políticos já conhecidos pela sociedade.
De fato, a campanha tem início a partir do dia 05 de agosto, e em outubro será definido, no dia da eleição, quem serão os novos representantes sociais. Ainda assim, quem mora na capital, não precisa participar ativamente de partidos, ou da campanha para notar que a corrida pelo paço já começou há muito tempo.
VEJA E ÉPOCATRAZEM O ATENTATO EM NICE NA CAPA, MAS FALAM DO OCASO DE LULA E DA VOLTA DO DEM AO PODER. ISTOÉ É MAIS ENFÁTICA E FALA SOBRE MORDOMIAS ILEGAIS DA FAMÍLIA DA PRESIDENTE AFASTADA DILMA, E DA “CARAVANA DA MENTIRA” DE LULA
O terrorismo está na capa, mas é a política interna que volta às páginas principais. Veja e Istoé enfocam o péssimo momento político de Lula, que faz mini-comícios pelo interior com pouca audiência e muitas mentiras. Época ressalta que o governo Temer ganha com a eleição de Rodrigo Maia para a presidência da Câmara Federal e a volta do DEM ao poder
ISTOÉ
MORDOMIAS ILEGAIS DE DILMA
Como tantas outras Paulas filhas deste País, Paula levanta cedo da cama com o tilintar do despertador. Não raro, o marido, Rafael, já está de olhos abertos. Pela manhã, ela mantém uma rotina nada estranha à maioria das pessoas de classe média. Vai ao cabelereiro, faz compras para abastecer a despensa de casa, reserva uns minutos para o pilates e uma ida rápida à clínica de estética, e, eventualmente, dá uma passadinha no pet shop. Depois de almoçar, leva o filho à escola. À tarde, dirige-se ao trabalho, obrigação já cumprida pelo marido de manhã. Como tantas outras Paulas filhas deste País, Paula seria apenas mais uma brasileira se não carregasse em sua assinatura o sobrenome Rousseff.
Perante a lei, filhos de presidente da República são iguais a todos. Ombreiam-se aos demais cidadãos. Não deveriam merecer distinção ou receber tratamento especial, salvo em alguns casos de excepcionalidade. Mas a filha de Dilma, que hoje se encontra afastada, ou seja, nem o mandato de presidente exerce mais, não se constrange em cultivar uma mordomia ilegal. Diariamente, Paula Rousseff Araújo desfruta de uma regalia. A máquina do Estado a serve, bem como ao seu marido e filhos. As atividades narradas acima, como uma frugal ida ao cabelereiro, ao pilates e ao pet shop, são realizadas a bordo de um carro oficial blindado com motorista e segurança. Em geral, um Ford Fusion. Acompanha-os invariavelmente como escolta um Ford Edge blindado com dois servidores em seu interior, um deles um agente de segurança armado. O mesmo se aplica ao genro de Dilma, Rafael Covolo, e aos dois netos. No total, oito carros e dezesseis pessoas integram o aparato responsável pela condução e proteção da família da presidente afastada. Trata-se de um serviço VIP.
Quem banca essa estrutura é o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência. Ou seja, o contribuinte. Nas últimas semanas, reportagem de ISTOÉ flagrou os carros oficiais entrando e saindo do condomínio Vila de Leon, zona sul de Porto Alegre, onde moram os familiares de Dilma, para levá-los a compromissos do dia a dia. A rotina dos Rousseff segue um padrão. O 6 de julho dos descendentes da presidente afastada não foi muito diferente dos dias anteriores. Às 18h30, uma quarta-feira, o Fusion blindado escoltado pelo Ford Edge também à prova de balas trouxe a família de volta ao lar, depois de transportá-la para uma série de atividades pessoais. No dia seguinte, às 9h da manhã, os mesmos carros já estavam de prontidão na porta da casa da filha de Dilma para mais uma jornada por Porto Alegre. No dia 12/07 às 13h40, Rafael Covolo, marido de Paula, foi buscar um dos filhos na escola. Como de praxe, com o carro oficial. Um automóvel pago com dinheiro público os escoltou até o retorno para casa. O Fusion levava a placa IVF – 3267 (normalmente é esta ou a IVG – 1376) e o Edge IUF – 3085. Se consultados nos registros do DETRAN, os prefixos figurarão como “inexistentes”. Sim, são placas frias ou vinculadas, inerentes aos chamados carros oficiais de representação.
A CARAVANA DA MENTIRA
Antes de se eleger presidente pela primeira vez, em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva percorreu o País nas chamadas Caravanas da Cidadania. Na semana passada, Lula novamente colocou os pés na estrada. Bem no estilo populista, vestiu um chapéu de couro e percorreu cinco cidades da Bahia e de Pernambuco. O problema é que depois de 13 anos no poder e de protagonizar ao lado do PT o maior escândalo de corrupção já registrado em nossa história, a versão moderna das romarias de Lula nada mais é do que uma caravana de mentiras. Procurando impor um clima de comícios eleitorais em suas paragens, o ex-presidente desfiou um rosário de inverdades para defender a afilhada apeada do Planalto, Dilma Rousseff, chegou a admitir o que chamou de “pequenos erros administrativos” de sua sucessora, mas em nenhum momento fez menção aos desvios de dinheiro público que já levou para a cadeia alguns dos principais líderes de seu partido. E, para se fazer de vítima, insistiu na irresponsável tese do “nós contra eles”. Na tarde da quinta-feira 14, um dos principais líderes do PT no Rio Grande do Sul foi taxativo ao analisar o périplo de Lula: “Desse jeito ele só irá afastar ainda mais o PT de seu antigo eleitor”.
As primeiras mentiras da caravana de Lula foram proferidas em Juazeiro (BA), na segunda-feira 11, e tiveram como alvo o presidente Michel Temer. “Temer quer privatizar porque não sabe governar”, afirmou Lula, tentando bater a velha tecla de que ele seria o único líder capaz de preservar o patrimônio nacional e os demais seriam entreguistas de nossas riquezas. Uma bobagem que pode até ter surtido algum efeito eleitoral no passado, mas que hoje certamente não encontra ressonância. O que o ex-presidente não disse é que nos últimos 13 anos, sob a nomenclatura de “concessões” ou “PPPs”, as gestões comandadas por ele e Dilma não cansaram de passar para o controle da iniciativa privada uma série de rodovias, portos, ferrovias, aeroportos etc. A maior parte das obras do PAC são privatizadas e em 2004 o próprio Lula fez força para aprovar uma lei que garante uma espécie de seguro para que o empresário seja ressarcido caso seu investimento nas “concessões” não tenha o retorno previsto. Na prática, Lula não só promoveu uma série de privatizações, como instituiu no País uma espécie de capitalismo sem risco. Sob seu comando, o lucro é privado, mas o prejuízo, se houver, é público. Ainda em Juazeiro, o ex-presidente afirmou: “Agora eles (governo Temer) estão tentando desmontar os programas sociais”. Outra bravata que não encontrou ressonância. Boa parte dos que ouviam Lula sabiam que em 29 de junho o presidente Michel Temer reajustou em 12,5% o valor do Bolsa Família, aumento superior aos 9% que Dilma havia anunciado em março.
Da Bahia, Lula seguiu para Pernambuco e levou na bagagem novas mentiras . É difícil afirmar qual delas é a mais descarada. Em Petrolina e no Recife, o ex-presidente afirmou que o impeachment de Dilma “só evoluiu por uma vingança do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha” e que “as pedaladas fiscais foram uma invenção”. O ex-presidente não explicou a seus ouvintes que o processo de impeachment no Congresso foi acompanhado passo a passo e referendado pelo STF. Ele também não disse que as pedaladas fiscais foram reveladas e condenadas pelo Tribunal de Contas de União e também apontadas pelo Judiciário como crimes de responsabilidade. Mas, de todas as mentiras proferidas pelo ex-presidente na semana passada, há duas que chamam a atenção pelo cinismo contido nelas. Na terça-feira 12 em Carpina (PE), disse: “estão me investigando há dois anos e duvido que se ache um empresário a quem eu pedi R$ 10”. Na verdade, o juiz Sérgio Moro tem diversos indícios de que empresários tenham favorecido Lula com milhões de reais. O dinheiro teria sido repassado como pagamento de palestras fictícias. Nesse sentido, há inclusive delações premiadas de ex-diretores da Andrade Gutierrez e a Odebrecht. Existem ainda as suspeitas de que Lula tenha ocultado patrimônio através do tríplex no Guarujá e do sítio em Atibaia. Em delação premiada, o empreiteiro Leo Pinheiro, da OAS, afirmou que Lula solicitou e recebeu as melhorias nos imóveis em troca de tráfico de influência a favor da construtora no Exterior. Em seu último evento, no Recife, Lula disse que “só existe apuração de corrupção porque o PT permitiu e não interferiu na escolha do procurador-geral da República”. Mais uma bravata. Na semana passada, o procurador geral, Rodrigo Janot, acusou Lula e Dilma de tentarem barrar as investigações da Lava Jato, não só tentando comprar o silêncio de testemunhas como nomeando para o Superior Tribunal de Justiça ministros que teriam a tarefa de tirar da cadeia os empresários que pudessem aderir às delações. Isso sem mencionar a tentativa do Planalto de fazer de Lula ministro apenas para lhe garantir foro privilegiado. Com tantas mentiras, Lula pode até se iludir. Mas para ser um candidato forte em 2018 precisará encontrar outro discurso, além de escapar da Justiça.
VEJA
O OCASO DE LULA
Às 7h50 da última quarta-feira, um segurança do ex-presidente Lula chegou ao Aeroporto Oscar Laranjeira, em Caruaru, no agreste de Pernambuco. Diligente, comunicou que um Gulfstream G200, avião executivo de luxo e alta performance, estava a caminho da cidade. Minutos depois, dois representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o vice-prefeito Jorge Gomes (PSB) estacionaram seus carros no local. Estavam apreensivos, porque não havia militantes para oferecer uma recepção calorosa a Lula. “Eles vão chegar. Pode ficar tranquilo”, disse um dos líderes do MST ao segurança, tentando amenizar a tensão. Uma hora mais tarde, só oito pessoas aguardavam o ex-presidente. “Vamos partir para o plano B. Acho melhor receber o Lula no hotel. Manda o pessoal para lá”, ordenou o guarda-costas. Em seguida, ele trancou a porta de entrada do saguão do aeroporto, que é público, para evitar que alguém fotografasse o deserto que aguardava Lula, aquele que já foi um dos políticos mais populares do mundo. “O cara”, como disse o presidente americano Barack Obama, numa ocasião em que se encontraram. Lula desembarcou às 9h13 acompanhado do senador Humberto Costa (PT-PE). Driblou as poucas pessoas curiosas que o aguardavam e deixou o aeroporto pelos fundos. “Pensei que ele fosse ao menos pegar na minha mão e me cumprimentar”, reclamou Augusto Feitosa, funcionário do aeroporto.
Os tempos são outros. A popularidade e o prestígio de Lula também. Caruaru é testemunha dessa transformação. Em 27 de agosto de 2010, o então presidente desembarcou no mesmo Oscar Laranjeira ao som de uma orquestra formada por estudantes de uma escola pública. O saguão estava lotado. Sorridente, Lula abraçou eleitores e posou para fotos ao lado de autoridades como Fernando Haddad, então ministro da Educação, hoje prefeito de São Paulo, e a então primeira-dama do Estado de Pernambuco, Renata Campos. Em seu último ano de mandato, Lula beneficiava-se do crescimento econômico, que atingiu 7,5% em 2010. Nem o céu parecia lhe servir de limite. “Se a gente continuar mais dez anos do jeito que está, daqui a pouco chega a Caruaru e pensa que está em Paris, em Madri, de tão chique.” Caruaru continua Caruaru.
ÉPOCA
A AJUDA QUE A ELEIÇÃO DE RODRIGO MAIA DÁ AO GOVERNO
Menos de 12 horas depois da aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, o gabinete da Presidência da Casa estava lotado de deputados a festejar com o então presidente, Eduardo Cunha. O clima era de júbilo. Rodrigo Maia, do DEM, estava imediatamente à direita de Cunha na mesa, composta ainda de deputados do PSC, de Lúcio Vieira Lima e Osmar Terra, do PMDB, e Rogério Rosso, do PSD. “A organização foi impecável”, disse Rosso. Osmar Serraglio chegou com mais elogios a Cunha. “Se não fosse você, não haveria impeachment”, disse. Havia espaço também para caçoarem de Silvio Costa, do PTdoB, o Quixote que gritara na votação e chorara ao final com a derrota cantada de Dilma. Único representante do DEM, Rodrigo Maia dispensava a Cunha o tratamento de “presidente”. Rodrigo era o único na mesa não identificado com o centrão, mas parecia à vontade entre o bloco de parlamentares de pequenos e médios partidos que Cunha agregou e controlava.
Na semana passada, uma turma distante do centrão se uniu por Rodrigo. Na noite da terça-feira, o ministro da Educação, Mendonça Filho, do DEM, promoveu um jantar em um restaurante no Lago Sul, em Brasília, para comemorar seus 50 anos e a formação de uma nova coalizão do governo Michel Temer. Eram 22 horas, e os presidentes do DEM e do PSDB, senadores Agripino Maia e Aécio Neves, aguardavam o terceiro elemento do concílio que selaria o acordo em torno de Rodrigo para presidente da Câmara. A chegada do presidente interino, Michel Temer, deslocou Aécio e Agripino para o deck do lado de fora do restaurante. Os três, embora falassem discretamente, não se afastaram mais de 5 metros dos outros convidados. Rodrigo só chegou às 23h15, quando o jantar já fora servido e Aécio, Agripino e Temer haviam deixado o local. Foi acarinhado pelos deputados que ali se encontravam com o tratamento de “presidente”. Vinte e quatro horas depois, Rodrigo tornou-se efetivamente presidente.
O encontro público de Temer com Aécio e Agripino foi para mostrar que tratavam ali mais do que da sucessão da Câmara. Estava em curso uma aliança do PMDB com PSDB e DEM, um trio que se afastou um pouco durante os 13 anos de hegemonia do PT no poder. A união pode ser o início de uma mudança de eixo da política partidária do país. Nos gabinetes do Palácio do Planalto, o movimento é tratado como um plano de médio prazo de retomada de poder da trinca. Enquanto o PMDB, a seu estilo, conseguiu dividir o poder com o PT, o DEM e o PSDB, aliados durante o governo Fernando Henrique (1994-2002), passaram maus bocados nos últimos 13 anos. O DEM, que encolheu e lutou para sobreviver, ressuscita. Com o apoio dado na eleição de Rodrigo, o PSDB fica em boa posição para concorrer à presidência da Câmara em fevereiro. Ambos, é claro, terão mais cargos públicos, como manda a regra do fisiologismo nacional.
Nada será como antes para o governador Marcelo Miranda. Com oposicionistas e dissidentes no controle, todo cuidado é pouco
Por Edson Rodrigues
A eleição do deputado estadual Carlos Carlesse para a presidência da Assembleia Legislativa do Tocantins, por 17 votos contra sete, constituiu-se em uma derrota significativa para o Palácio Araguaia e em uma vitória cheia de significados para a oposição.
Já em seu discurso de vencedor, Carlesse foi firme e taxativo ao afirmar que buscará uma convivência harmônica com os demais poderes, mas que buscaria a independência – palavra que usou por diversas vezes em seu discurso – nas ações da Casa de Leis e um diálogo constante com a sociedade.
O certo é que, a partir de primeiro de janeiro de 2017, a Assembleia Legislativa do Tocantins terá um presidente eleito por uma maioria formada por deputados de oposição e dissidentes e descontentes com o Palácio Araguaia, o que, por si só, já é um sinal de alerta para o governo do Estado.
Nos bastidores, é dada como certa a liderança do deputado estadual Eduardo Siqueira Campos na formação do grupo que elegeu Carlos Carlesse. Vale ressaltar que, durante o período eleitoral, Eduardo manteve-se bem distante dos holofotes, mas, na última sexta-feira, após o resultado do pleito, foi visto em esfuziante alegria, pois o grupo que elegeu Carlesse, mesmo ainda não empossado, passa a dar as cartas no plenário em todas as votações, com folga para aprovar o que quiser, inclusive nas comissões.
Ou seja, a vitória e Carlesse não foi obra do acaso e, sim, fruto de uma muito bem urgida estratégia política, nos moldes dos grandes planejamentos, de um pacto à moda antiga que, neste momento delicado que antecede as eleições municipais e que o governo vem sofrendo constantes pressões dos movimentos classistas por conta dos aumentos salariais, promoções e progressões, a Saúde Pública em estado de coma e a Segurança em níveis alarmantes, numa configuração em que tanto as polícias Civil quanto Militar ameaçam entrar em greve, pode significar uma trava permanente e um obstáculo intransponível para as pretensões do Palácio Araguaia.
Enfim, a chegada do deputado Carlos Carlesse à presidência da Assembleia Legislativa pelas mãos dos oposicionistas e dos dissidentes que, como se diz popularmente, fizeram “barba, cabelo e bigode”, e separa, definitivamente, o joio do trigo na política estadual, colocando o governo do Estado como minoria simples na Casa de Leis e significando que Marcelo Miranda terá muito mais trabalho do que já tem para levar os interesses do Estado à frente.
MUDANÇAS A VISTA
Um grão-mestre do Palácio Araguaia nos confidenciou, após a vitória de Carlesse, que o governador Marcelo Miranda deve anunciar, ainda neste mês de julho, mudanças nos primeiro, segundo e terceiro escalões de sua administração. Uma troca por pessoas e gestores capazes de dialogar com o “centrão” que domina a Assembleia Legislativa, dirimindo os efeitos dessa grande derrota, pois o atual presidente, Osires Damaso, passa a ser figura meramente decorativa e apenas “estará” presidente até 31 de dezembro e, aprovar qualquer projeto, qualquer intenção, será mais difícil que jamais foi para Marcelo Miranda.
MPE TEM QUE INVESTIGAR
Por outro lado, é necessário que o Ministério Público Estadual investigue a denúncia do deputado estadual Paulo Mourão, do PT, ex-líder do governo de Marcelo Miranda na AL e escrutinador (contador) dos votos na eleição da mesa diretora, de que havia “sinais” nas cédulas eleitorais para a eleição do novo presidente da Casa de Leis, o que significaria fraude.
Mourão questionou, durante a apuração dos votos, a forma como alguns deputados marcaram suas cédulas na hora de votar, com símbolos que personalizam os votos. A primeira constatação ocorreu na votação para presidente da Casa, e mesmo diante do questionamento do parlamentar, as votações seguintes para os cargos de 1º e 2º vice-presidentes, bem como 1º, 2º, 3º e 4º secretários, continuaram recebendo votos personalizados. “Isso fere a constituição e o regimento interno que diz em seu artigo 13 e 239 a 243 que o voto tem que ser secreto, o voto não pode indicar o autor do voto e o que vimos foi desenho feito com muita competência, de forma muito treinada”, explicou.
“Tudo que essa Casa faz reverbera lá fora, temos que dar bons exemplos”, defendeu. Para o parlamentar, a transparência do processo ficou comprometida com a personalização dos votos nas cédulas.
Em nosso ponto de vista, no caso de uma denúncia real, o Ministério Público deve entrar em cena para não deixar dúvidas sobre a lisura ou não do processo eleitoral, pois, caso seja comprovada, seria caso de anulação do pleito e de convocação de novas eleições, com a devida punição dos responsáveis, pois, além de representar o Poder Legislativo, a Assembleia Legislativa deve dar o exemplo de ações impolutas e sérias, mostrando que nossos políticos agem pelo bem dos cidadãos e, não de si mesmos.
O nosso Ministério Público, que tanto tem feito pelo bem das instituições estaduais e nacionais, caso se comprovem as denúncias, deve agir de pronto, sem dar espaço para que alianças espúrias ou manobras impeçam que se chegue à verdade sobre os fatos.
Paulo Mourão entrou com requerimento pedindo a instauração do processo para apurar as marcações das cédulas. Ao ser contestado pelos deputados sobre o requerimento, Mourão foi enfático ao firmar que “não devemos ter receio de colocar esse assunto para discussão da sociedade e da imprensa para averiguação, pois, talvez, essa seja a última eleição em que o ato de personalização do voto na cédula ocorra”, avaliou. “O Brasil de hoje não permite isso”, frisou. Após encerrado o processo eleitoral, a mesa diretora se reuniu para avaliar o requerimento do deputado Paulo Mourão e decidiu não dar prosseguimento, considerando que a chapa vencedora teve a maioria dos votos.
O deputado fez uma acusação pública. É dele a responsabilidade pela denúncia, mas é do Ministério Público a responsabilidade pela apuração dos fatos ocorridos durante a votação. Em caso de comprovação das irregularidades, que novas eleições sejam convocadas. Caso não seja constatada nenhuma irregularidade, que sejam apurados os fatos que levaram à denúncia.
O que não pode é o Ministério Público não se manifestar a respeito do caso.
Principais revistas do Brasil traçam uma cenário escabroso do País, com a Dilma envolvida no Petrolão, Cunha enfraquecido e o aumento da violência no Rio de Janeiro às vésperas da Olimpíada
Por Edson Rodrigues
ISTOÉ
No dia 20 de abril, a ministra Maria Thereza de Assis Moura, corregedora-geral da Justiça Eleitoral, autorizou a apuração das suspeitas de que a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, em 2014, havia utilizado gráficas para lavar dinheiro do Petrolão. Na última semana, o relatório entrou em fase final de redação e uma perícia deverá ser oficialmente divulgada no próximo mês. ISTOÉ apurou que as evidências de lavagem de recursos desviados da Petrobras se confirmaram.
As empresas VTPB, Focal e Red Seg não conseguiram comprovar que prestaram os serviços declarados durante as últimas eleições, o que reforçam os indícios de que eram mesmo de fachada e serviram de ponte para o pagamento de propinas do Petrolão. Juntas, elas receberam uma fábula da campanha de Dilma em 2014: R$ 52 milhões.
A Focal foi a segunda que mais recebeu recursos do PT, só ficando atrás do marqueteiro João Santana. Um total de R$ 24 milhões. Mas a gráfica, assim como a VTPB e a Red Seg, simplesmente não apresentou notas fiscais, comprovantes de pagamento, ordens de serviço, contratos trabalhistas ou de subcontratação de terceiros, além de extratos de transferências bancárias que justificassem as atividades exercidas para a campanha de Dilma a um custo milionário. Esses documentos eram fundamentais para provar que as gráficas não foram usadas como laranjas pelo PT para esquentar dinheiro ilegal. A ausência da papelada compromete a campanha de Dilma e incrementa o caldo político que pode levar ao seu afastamento definitivo em agosto, no derradeiro julgamento do impeachment. “A ausência da devida comprovação de gastos eleitorais, principalmente quando envolver altos valores, pode indicar a ocorrência de graves fraudes e até lavagem de dinheiro, com sérias consequências”, afirmou o presidente do TSE, Gilmar Mendes.
Os peritos do TSE visitaram as três gráficas entre maio e junho. Seus donos contaram histórias mirabolantes na tentativa de atestar que colocaram seu maquinário a serviço da petista em 2014. Por isso, teriam sido aquinhoadas com os R$ 52 milhões declarados pela campanha de Dilma. As versões, repetidas também à ISTOÉ, não param em pé. Para comprová-las, as empresas tinham até o dia 24 de junho para entregar a farta documentação exigida pela Justiça Eleitoral. O não fornecimento das provas exigidas pela Justiça Eleitoral torna muito difícil a absolvição das gráficas pela perícia do TSE.
As suspeitas de que o montante repassado à Focal, VTPB e Red Seg era oriundo do esquema do Petrolão foram levantadas a partir da delação premiada de donos de empreiteiras presos em decorrência dos desdobramentos da operação Lava Jato. O mandatário da UTC, Ricardo Pessoa, que assinou a colaboração com o Ministério Público, afirmou que repassou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma Rousseff (PT). E que o dinheiro teve origem no Petrolão. O mesmo empresário contou que realizou três repasses de R$ 2,5 milhões. Ao que tudo indica, uma dessas parcelas serviu para saldar notas fiscais da VTPB e Focal. O repasse ocorreu em 27 de agosto ao tesoureiro Edinho Silva, ex-ministro das Comunicações, que realizou quatro depósitos na conta da VTPB no total de R$ 1,7 milhão. Outros R$ 672,6 mil irrigaram os cofres da Focal. Aproximadamente R$ 1,8 milhão teve como destino a gráfica Red Seg. Esses não foram os únicos repasses feitos pela campanha de Dilma às fornecedoras suspeitas de lavagem de dinheiro. Os maiores montantes destinados à Focal e à VTPB também são de 2014 e da ordem de R$ 24 milhões e R$ 23 milhões, respectivamente.
ÉPOCA
A renúncia de Eduardo Cunha à presidência da Câmara era questão de tempo. No domingo, 3 de julho, Cunha finalmente concebeu que seu tempo se esgotara. Afastado do cargo há dois meses por decisão do Supremo Tribunal Federal, e perto de ser cassado por quebra de decoro parlamentar, ele não só não tinha mais saída, como o arranjo de um interino em seu posto começava a incomodar o Palácio do Planalto.
A pressão da família, em especial da esposa, Cláudia Cruz, ré na Lava Jato, de seus advogados e de aliados políticos o fez dar um passo definitivo. Naquele domingo, Cunha começou a escrever sua carta de renúncia. A data escolhida para tornar o documento público era a terça-feira, dia 5, quando se completavam exatamente dois meses de seu afastamento. O dia chegou, e Cunha, que nunca quis perder poder, hesitou. Deixou para o dia seguinte, quarta-feira. Adiou de novo, para não misturar o fato negativo com o aniversário de uma das filhas. Foi quando o deputado Osmar Serraglio, seu colega de PMDB, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, anunciou que o recurso apresentado pela defesa de Cunha contra a cassação seria analisado nesta segunda-feira, dia 11. A derrota era quase certa. Não dava mais para esperar.
Na noite da quarta-feira, Cunha chamou um grupo de amigos, advogados e os deputados mais próximos para conversar. Deixou de fora aqueles aliados que pudessem vazar que sua renúncia era iminente, como os deputados Paulinho da Força, do Solidariedade de São Paulo, e Lúcio Vieira Lima, do PMDB baiano. Ao Palácio do Planalto, mandou um recado pelo ex-deputado Sandro Mabel, que ocupa informalmente o cargo de assessor especial do presidente interino, Michel Temer, para a Câmara. Cuidadoso, evitou usar menções diretas; só avisou a Temer que “faria um pronunciamento na manhã seguinte”. Oficialmente, o Palácio do Planalto diz que Temer soube sobre a renúncia “pela imprensa” durante uma reunião e assistiu ao pronunciamento de Cunha pela televisão, ao lado dos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Cunha chegou com aparente normalidade à Câmara na tarde de quinta-feira. Foi à Secretaria-Geral da Mesa e protocolou a carta de renúncia, como manda a regra. Apesar da postura decidida, estava claramente constrangido – o rubor que tomava conta do seu rosto sinalizava o desconforto. Há uma década, outro presidente da Câmara, o folclórico Severino Cavalcante, fizera o mesmo que Cunha. Severino, entretanto, teve o privilégio de renunciar de seu lugar devido, seu assento na mesa diretora, diante do plenário. Apanhado por uma vergonhosa e reles cobrança de propina de um dono de restaurante – caiu por um cheque de R$ 10 mil –, Severino subiu ao seu lugar e leu um discurso, ouvido pelos deputados que lotavam o local em um silêncio sepulcral.
Impedido pelo Supremo até mesmo de entrar no plenário, Eduardo Cunha teve de se contentar com bem menos formalidade e liturgia. Caminhou para o Salão Nobre e renunciou para jornalistas e uns poucos colegas. Fez isso tentando aparentar bom humor, ao dizer que estava com saudades de falar com a imprensa. Quando começou a ler a carta, o tom mudou: ao fazer agradecimentos, a voz embargou e uma lágrima escorreu quando mencionou a esposa e a filha Danielle Dytz, ambas investigadas na Lava Jato e sob a jurisdição do juiz Sergio Moro, a partir de investigações sobre o deputado. Ninguém esperava testemunhar o dia em que o frio Eduardo Cunha, aquele que se mantém impassível quando xingado por manifestantes ou atacado por algum adversário a seu lado, choraria em público. Quem convive com Cunha jura que as lágrimas foram sinceras. Quem descarta a possibilidade de Cunha estar abalado e estudar a possibilidade de colaborar com a Lava Jato ouve: “Você já teve uma filha investigada sob os cuidados do Moro?”.
VEJA
A previsão constava de um estudo do Ipea feito em 2010: em 2016, dizia, a miséria daria traço no Brasil - a pobreza extrema estaria "praticamente superada" e se transformaria em uma insignificância estatística. Havia razão para tanto otimismo. Naquele ano, o último do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o crescimento do PIB havia fechado em 7,5%, o maior desde 1986. Mais de 13 milhões de brasileiros já tinham desembarcado da extrema pobreza, e o poder de compra do salário mínimo havia aumentado quase 10% ao ano, no período compreendido entre 1995 e 2008. Passados seis anos, no entanto, o Brasil anda de marcha a ré. Novos estudos, estes coordenados por Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), indicam que os miseráveis - aqueles que não deveriam mais existir em 2016 - estão, na verdade, prestes a aumentar.
Um dos dados que mostram a iminência desse fenômeno é a queda inédita e simultânea de dois índices importantes no último trimestre de 2015: o da renda da população e o da "taxa de equidade", que mede quanto o país está mais igual - e, portanto, menos desigual. Ambos compõem o índice de bem-estar social da FGV. As duas quedas, da renda e da equidade, decorrem dos mesmos fatores, afirma Neri: "A inflação leva dois terços da culpa e a falta de emprego, incluindo o informal, é responsável pelo outro terço".
Até o fim de 2016, a renda per capita dos brasileiros deve recuar quase 10% em relação a 2014, aponta outro estudo da FGV. Será a segunda maior queda em 116 anos. Pior que esse tombo, apenas o do triênio 1981-1983, também marcado por uma crise econômica grave. Segundo um estudo da consultoria Tendências, a derrocada vai levar 7,8 milhões de brasileiros de volta à pobreza e seu entorno. Se o país não voltar a crescer até 2018, haverá mais pessoas nessa situação do que em 2005, ainda nos primeiros anos do governo Lula, prevê a consultoria.
No mês passado, VEJA percorreu cidades do Ceará, Bahia e Minas Gerais para revisitar brasileiros que em 2010 falaram à revista sobre seus planos e esperanças. O título da reportagem era "A vida melhorou". Nesta apuração, no entanto, o que se viu foi a confirmação, na vida real, daquilo que registram os indicadores econômicos. Para todos os entrevistados, a vida piorou.