Pernambuco: nenhum interesse: 48%; Rio de Janeiro: nenhum interesse : 50%; Distrito Federal: nenhum interesse: 45%; Minas Gerais: nenhum interesse: 48%.
Esses são os primeiros dados de uma pesquisa nacional que está sendo feita pelo instituto Datafolha, e divulgados pelas Organizações Globo, sobre o interesse dos eleitores no Horário Eleitoral Gratuito de Rádio e TV, até então considerado como o bem mais valioso em uma campanha política, que vinha – e veio nestas eleições – suscitando inúmeras “coligações improváveis”, para aumentar o tempo de exposição nessa ferramenta eleitoral.
O levantamento, que foi encomendado pela TV Globo e pelo jornal Folha de São Paulo. O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro.
Com nove dias de exibição, o levantamento mostra que, nas campanhas de “tiro curto”, como serão todas, a partir de agora, a importância do Horário Eleitoral Gratuito de Rádio e TV, passa a ser diminuta, para não dizer insignificante, enquanto a utilização desse tempo for feita da forma como vem sendo, ou seja, enquanto uns mal podem dizer o nome, outros repetem a mesma ladainha, com tempo de sobra.
JORNALISMO ONLINE
Com os dados da pesquisa em mãos, os especialistas políticos de todo o Brasil já apontam uma corrida dos marqueteiros das principais candidatura para outros tipos de veículo, a fim de divulgar os planos de governos e as plataformas de seus clientes.
Todos apontam o jornalismo online e impresso como a saída mais viável, mesmo que, ao contrário do Horário eleitoral de Rádio e TV, não sejam gratuitos.
A maior prova de que o jornalismo continua sendo o grande meio de comunicação com a sociedade é o atentado ao candidato à presidência Jair Bolsonaro que, por pior que sejam as circunstâncias, vem fazendo seu nome ser repetido nos telejornais de todas as emissoras, jornais impressos, blogs e grupos de whatsapp com uma frequência jamais alcançada por qualquer outro político na história do País: a cada 3,9 segundos, o nome de Bolsonaro é digitado ou lido no Brasil.
Ou seja, o velho e bom jornalismo de credibilidade, seja impresso, seja online, continua sendo o meio mais fácil e rápido de comunicação com os cidadãos.
CONSEQUÊNCIAS DO ATENTADO
Para especialistas, Jair Bolsonaro tende a ser visto como vítima, reduzindo sua alta taxa de rejeição. Mas os dividendos eleitorais também vão depender da atitude dos oponentes, que precisam evitar que lhes seja atribuída culpa moral pelo atentado
Líder nas pesquisas de intenção de voto sem o petista Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial, Jair Bolsonaro (PSL) tem mais chances de subir a rampa do Planalto depois do atentado sofrido em Juiz de Fora (MG), afirmam analistas. “Simbolicamente, ele fica fortalecido, e os ataques a ele podem se reduzir”, diz Maria Tereza Sadek, professora de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP).
“Ele ganha votos por simpatia e pena”, explica David Fleischer, professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB). Na avaliação do professor, as chances que aumentam são de vitória no segundo turno, pois a possibilidade de Bolsonaro chegar à etapa final era praticamente certa antes da agressão, segundo as pesquisas. “A rejeição dele agora tende a diminuir”, ressalta. Encabeçando a lista na intenção de voto, o candidato do PSL também está no topo do ranking quando a pergunta é em quem o eleitor não pretende votar de jeito nenhum. Assim é nos levantamentos conhecidos, o que pode mudar, porém, nos próximos, diz Fleischer. Pelo levantamento do Ibope, por exemplo, o mais recente, Bolsonaro perderia no segundo turno para Marina Silva (Rede) ou Ciro Gomes (PDT). Ficaria à frente apenas de Fernando Haddad (PT), mesmo assim, numericamente empatado.
Os outros candidatos, a partir do ataque, não devem se sentir à vontade para explorar a contradição de que Bolsonaro, agora vitimado, fazia apologia da defesa das pessoas por meios próprios contra o crime, incluindo o uso de armas. “Esse discurso é perigoso, pois pode se voltar contra quem usar”, alerta Fleischer. Roberto Romano, professor de filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), alerta para o risco oposto. “Se ficarem na defensiva, como estão, os adversários de Bolsonaro vão se tornar vulneráveis a ataques dos correligionários dele, como se admitissem que são os responsáveis pelo que aconteceu”, afirma.
O coordenador político da campanha de Jair Bolsonaro, o deputado federal Delegado Francischini (PSL-PR), disse à reportagem que vai entrar com representação na Polícia Federal para que seja investigada a possibilidade de o atentado contra o candidato do PSL ser um “crime político”. “Queremos saber se tem um autor intelectual (do atentado). Para nós, é um crime político, ele (autor da agressão) foi filiado ao PSol. Queremos saber se tem alguém acima desse cara, alguém que o induziu”, disse. Francischini disse que Bolsonaro “vinha falando sempre” sobre a possibilidade de ser atacado por alguém contrário à sua candidatura.