Quem não conhece aquela velha tradição que manda que a noiva tenha um dote financeiro para oferecer ao seu cônjuge ao casar? Hoje em dia, adaptadas às relações sociais modernas, o dote foi trocado pela festa de casamento, geralmente paga pelo pai da noiva.
Por Edson Rodrigues
Pois bem. A política tocantinense, sempre cheia de peculiaridades, está revivendo essa tradição só que em uma metáfora nada agradável ao governador Mauro Carlesse.
Explica-se.
Os “noivos” ou os companheiros deputados estaduais de Mauro Carlesse que incentivaram o presidente da Assembleia Legislativa a se candidatar ao governo na eleição suplementar, assim que ele assumiu o Palácio Araguaia após a saída de Marcelo Miranda, quando “a nubente” tinha em suas mãos o poder da caneta e da palavra, não mediam esforços – nem cutucões e empurrões – para aparecer nas fotos junto com o novo governador, na assinatura da sua posse e na sua entrada triunfal no Palácio Araguaia.
Mas, eis que, de repente, após o casamento,uma decisão do poder Judiciário “confiscou a beleza da noiva”, tirando das mãos de Mauro Carlesse a possibilidade de demitir, nomear ou ordenar despesas, colocando o seu atual governo dentro da função que deve exercer, que é a de manter a estabilidade política e o comando do Estado, mas sem a prerrogativa de decisões que possam beneficiar esse ou aquele grupo político ou município.
SURTO EPIDÊMICO
Ao que parece, bastou que a “beleza” sumisse para que os “noivos” fossem acometidos por um surto epidêmico de problemas de saúde pessoais e de parentes ou de qualquer desculpa que servisse para afastara as suas “dignas” imagens da “nova esposa”. Ou seja, bastou os Poderes de Carlesse serem limitados, de acordo com a Lei, para que a maioria dos deputados estaduais que apoiaram a sua guinada política deixarem de aparecer ao seu lado nas aparições públicas e eventos cobertos pela imprensa.
Passaram da convivência estreita ao afastamento estratégico, agindo como noivos que assumem um casamento, mas não andam com a esposa em público por causa dos casos extraconjugais, ou como Judas, que mesmo apóstolo, negou Jesus Cristo três vezes em troca de trinta dinheiros.
REINCIDÊNCIA
Vale ressaltar que muitos dos “noivos” de Carlesse também já foram “noivos” de Marcelo Miranda, frequentavam sua casa e tinham convívio com seus familiares, mantinham mais de 200, 300 contratados em suas “cotas”, de esposas a cunhados, passando por primos distantes, com salários de “marajá” sem sequer trabalhar, mas, na hora que o ex-governador mais precisou, coincidentemente também foram acometidos por surtos epidêmicos oportunos e sumiram do mapa.
E, quando afirmamos isso, não o fazemos de forma leviana. Temos provas em mãos para quem quiser “assuntar”. O pessoal de Araguaína, Paraíso, Porto Nacional e tantos outros municípios sabem do que estamos falando...
MESMA VALA
Um membro da cúpula da campanha de Mauro Carlesse foi taxativo ao afirmar que “todos iremos para a mesma vala se os deputados que nos apoiaram no começo não assumirem a candidatura de Carlesse. E não basta assumir apoio. Tem que ir pra rua, trabalhar, dar a cara a tapa, junto com todos nós”.
O distanciamento que esse membro da cúpula de campanha de Carlesse cita está claramente estampado nos resultados das pesquisas de intenção de voto tornadas públicas, com registro no TRE.
Não se vê nas cidades onde os deputados que se dizem apoiadores de Carlesse uma vírgula de proselitismo, uma palavra sobre a campanha, uma divulgação, muito menos a provocação de fatos que gerem notícias positivas na imprensa, mesmo faltando menos de 23 dias para a eleição.
Sem dúvida é notória a omissão dos deputados que “atiçaram” Carlesse a se jogar de cabeça nessa campanha e que agora encontram todo e qualquer subterfúgio para se afastarem da imagem do governador em exercício.
É sabido que muitos desses deputados acreditam que estão com os custos de suas campanhas de novembro garantidos, e deixam de lado as obrigações da uma aliança política, sem se dar conta de que o principal componente dessa aliança, o governador Mauro Carlesse, só pode fazer campanha depois das 18h, ou quando se encerra seu dia de trabalho como governador, nos fins de semana e feriado, um detalhe que aumenta consideravelmente o poder destrutivo dessa omissão. Mas, o membro da cúpula da campanha de Carlesse adverte que esses deputados devem tomar muito cuidado para que não “morram abraçados na praia”
“Somente quatro deputados estão realmente incorporados à campanha e, o mais grave, dos deputados que estão sendo contestados, está entre eles a maioria dos que fizeram pressões para que o governador demitisse milhares de servidores, impondo um enorme desgaste à imagem de Carlesse e agora, na hora do ônus, escondem a cabeça no buraco”, afirmou um dos homens fortes da elite de conselheiros de Carlesse, adiantando que as injustiças em relação ás demissões já foram revertidas na área da Saúde e estão em andamento na Educação.
ÁS CUSTAS DO POVO
Para dar mais força às palavras e aos conselhos da nossa fonte, ela revelou que justamente hoje, oito de maio, apenas cinco parlamentares compareceram à Assembleia Legislativa para abrir a sessão. De 12 a 15 deputados estão no Sul do país, participando de um encontro da UNALE, com passagens aéreas e diárias, muito provavelmente, pagas com dinheiro dos contribuintes. “É legal, mas é imoral, em um momento em que o Tocantins enfrenta, além dos problemas internos, uma eleição suplementar”, ressaltou nossa fonte.
Segundo ele, a pergunta que fica no ar é “será que esses deputados estão preocupados com o sucesso eleitoral do seu candidato ao governo do Estado”?
Esperemos, “de camarote”, para identificar os “Judas” de Mauro Carlesse. Algo nos diz que será uma tarefa fácil...
Marcelo de Carvalho Miranda sabe bem o que é isso!
Até o próximo capítulo!