Ao contrário do segundo mandato, Lula terá de buscar apoio na centro-direita, avalia cientista política

 

Por Camila Costa

  Ao contrário do que ocorreu em seu segundo mandato, iniciado em 2007, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao seu terceiro mandato sem ter maioria no Congresso Nacional. A base aliada do governo é composta por 262 cadeiras na Câmara.

 

O número garante o quórum para a aprovação de matérias e assuntos que dependem apenas da maioria absoluta, mas é insuficiente para a aprovação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC), que exige maioria qualificada – três quintos dos votos dos deputados (308) e dos senadores (49).

 

No Senado, os números "flutuam" em torno de 26 votos. Assim , como na Câmara, o número de senadores de partidos que em tese apoiam o governo é influenciado por outras questões. O União Brasil, por exemplo, tem ministérios no atual governo, mas a senadora Soraya Thronicke (MS), candidata derrotada à Presidência, se declara independente, e o ex-juiz Sergio Moro, eleito pelo Paraná, faz oposição ao presidente.

 

A primeira prova de fogo do governo nesses 100 dias de gestão foi a chamada PEC do Estouro, qur permitiu ao governo furar o teto de gastos e assim manter promessas de campanha, como o pagamento do Bolsa Família. A matéria passou no Congresso após o apoio do governo à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara e de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à do Senado.

Levantamento do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB), ligado ao Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), mostra que, no primeiro mandato, Lula formou uma coalizão minoritária. No segundo, o presidente, logo que eleito, construiu uma maioria mais do que suficiente para a aprovação de PECs.

 

Agora, Lula tem um número menor de cadeiras ocupadas pelos partidos que fazem parte do governo (veja vídeo acima). O presidente conta com o apoio de oito partidos ocupando pastas ministeriais e que são responsáveis por garantir um apoio mais estável no Congresso. Isso foi refletido no aumento de pastas, que saltou de 23, no governo Bolsonaro, para 37, no de Lula.

 

Ainda assim, o governo gerá de negociar apoio no parlamento. “Lula terá que negociar considerando os pontos de vista não só da esquerda, mas também de partidos que estão situados mais à centro-direita. O União Brasil, por exemplo, é o segundo maior partido da coalizão, com 59 cadeiras na Câmara, e o MDB, terceiro maior partido da base, tem 42 assentos”, avalia a cientista política da OLB Joyce Luz.

 

Recursos

A relação com o Congresso passa pela distribuição de recursos e cargos – quem apoia quer ter o poder de influenciar nas políticas públicas defendendo projetos apoiados pelo eleitorado da base do parlamentar, o que é natural nas democracias.

 

Sobre os recursos, o governo redistribuiu as emendas parlamentares, diluindo emendas de relator e aumentando emendas individuais, além de manter os valores de emendas para as comissões do Congresso.

 

“Esses são os dois fatores fundamentais nessa relação entre governo e Congresso. Esse linguajar existe já há muitos anos. Pode ser considerado promíscuo, mas no regime político brasileiro foi como todos os governos se relacionaram. É uma construção, não é de imediato e demora um tempo, mas agrada à base”, explica Gil Castello Branco, economista e secretário-geral da entidade Contas Abertas .

 

 

Posted On Segunda, 10 Abril 2023 06:06 Escrito por

Com : Estadão Conteúdo

 

Após ficar fora do grupo durante todo o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o Brasil voltou a integrar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, publicou um decreto em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), na quinta-feira, 6, estabelecendo o retorno do País ao fórum multilateral a partir de 6 de maio.

 

O grupo foi criado em 2008, no segundo governo do atual presidente. Em 2010, o grupo chegou a contar com todos os 12 países do continente, mas foi desidratado ao longo da última década após a saída de partidos de esquerda do comando de diversas nações na região.

 

Além do retorno do Brasil sob Lula, a Argentina do peronista Alberto Fernandez também já anunciou que irá voltar a integrar a Unasul.

 

Atualmente, o bloco conta apenas com Bolívia, Guiana, Suriname e Venezuela. O Peru se encontra suspenso desde a última crise política do país.

 

Em nota, o Palácio do Planalto destacou que o objetivo da Unasul é "fomentar a integração entre os países sul-americanos, em um modelo que busca integrar as duas uniões aduaneiras do continente, o Mercosul (Mercado Comum do Sul) e a CAN (Comunidade Andina), mas indo além da esfera econômica, para atingir outras áreas de interesse, como social, cultural, científico-tecnológica e política".

 

 

Posted On Sábado, 08 Abril 2023 05:16 Escrito por

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), articula a formação de um bloco partidário com União Brasil, PSB e PDT, legendas que integram a base do governo, além do PP, que hoje se declara independente do Palácio do Planalto. Caso seja sacramentado, o grupo vai abrigar 173 deputados, tonando-se o maior da Casa, e isolar o PL, agremiação do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliada histórica do PP.

 

Com O Globo 

 

 

O movimento de Lira se dá para fazer frente a um outro bloco partidário, recém-formado por MDB, PSD, Republicanos e Podemos, que conta com 142 parlamentares, o mais numeroso do momento. Nesse aliança, 70% dos deputados são apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com o líder do grupo, deputado Fábio Macedo (Podemos-MA).

 

Se o presidente da Câmara conseguir unir PP, PDT, União e PSB nas mesmas fileiras, os dois maiores blocos da Casa serão formados, majoritariamente, por governistas, o que beneficia o Palácio do Planalto. Passados quatro meses de gestão, Lula ainda não conseguiu arregimentar uma base sólida no Congresso. Juntos, os partidos que negociam a aliança proposta por Lira controlam sete ministérios.

 

O líder do PSB, Felipe Carreras (PE), correligionário do vice-presidente, Geraldo Alckmin, afirma que o governo só tem a ganhar com as movimentações recentes na Casa.

 

– É bom para o governo. Tem o PSB, um partido super da base do governo, tem vice-presidente e ministros, somos aliados de primeira hora. Tem o PDT, que é do nosso campo. Tem o União Brasil que é um partido que foi muito importante, tem dois ministros de Estado – avaliou o líder do PSB na Câmara, Felipe Carreras (PE). – Tem o MDB, já indo para outro lado (outro bloco), que é um aliado importante, que está junto com Republicanos e PSD – completou.

 

A formação de blocos é determinante para os partidos ocuparem os postos de destaque na Congresso. Quanto maior a aliança, mais capacidade de barganha ela tem para assumir relatorias de projetos importantes. Além disso, garante musculatura nas negociações com o Planalto.

 

PL isolado

Ao passo que as articulações beneficiam o governo, esvaziam a direita, pois dividem em três o Centrão, o grupo formado por PP, PL e Republicanos, que dava sustentação à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na configuração que se desenha, PP e Republicanos se aliaram a legendas fieis a Lula e isolaram o PL, sigla do ex-presidente.

 

Ainda assim, o líder do PL, Altineu Cortes (RJ), diz que o partido não cogita aderir à base de Lula. O deputado afirma que a aliança com o PP vai ruir, caso a legenda integre o bloco negociado por Arthur Lira.

 

– Se o PP decidir ficar na oposição ao governo, possivelmente poderia fazer um bloco com a gente. Não tem (chance de ir para o bloco articulado por Lira) porque o PSB e o PDT são governistas e nós somos oposição – disse Altineu Cortes.

 

A decisão de formar o bloco ainda não está sacramentada e um acordo só deve ser fechado na semana que vem, quando os líderes partidários vão debater o assunto

 

Impasses na esquerda

 

O segundo maior partido da Câmara, atrás do PL, o PT tende a não participar de nenhum dos blocos. Já o PDT ainda não formou consenso sobre a possibilidade de se unir a PP, União e PSB. Há uma negociação paralela dos pedetistas para formar um bloco apenas com Solidariedade e PSB. O martelo ainda não foi batido.

 

O líder do Solidariedade na Câmara, Áureo Ribeiro (RJ), disse que é mais interessante para seu partido ficar em um bloco amplo com o PP. Apesar disso, ele reconhece que há dificuldades em atrair o PDT.

 

– É discussão de espaço, como é que vai conduzir o bloco. Tem entendimento do rodízio de liderança, estamos conversando, declarou.

 

O deputado André Figueiredo, líder do PDT na Câmara e presidente interino do partido, adotou outro tom e disse que não há acordo ainda para o bloco com o PP.

 

– Não tem nada conversado, muito menos resolvido. Conversamos na próxima semana – disse.

 

Apesar disso, há integrantes do PDT que buscam o entendimento com Lira.

 

– Se quisermos ter um mínimo de protagonismo na Câmara teremos que fazer bloco. Foi cogitado um com PSB e Solidariedade. Como não andou ainda… – afirmou o deputado Mário Heringer (PDT-MG).

 

Posted On Sexta, 07 Abril 2023 05:32 Escrito por

Presidente também afirmou que os novos diretores do Banco Central vão ser indicados 'de acordo com os interesses do governo'.

POR CATIA SEABRA, BRUNO BOGHOSSIAN E MARIANNA HOLANDA

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a mencionar a possibilidade de mudar a meta de inflação, com o objetivo de segurar a taxa de juros no Brasil.

 

Lula fez a declaração em um café da manhã com jornalistas nesta quinta-feira (6). Ao fim da conversa, porém, ele disse que apenas discutia uma fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e que não pretende brigar com o chefe da instituição.

 

Lula se referia a uma hipótese levantada pelo presidente do BC. Na semana passada, Campos Neto afirmou que, para cumprir a meta de inflação atual, os juros deveriam estar em 26,5% ao ano –bem acima dos atuais 13,75%. Campos Neto ponderou que aquilo seria impossível.

 

O petista criticou a hipótese e a política de juros do BC. Em seguida, afirmou: "Se a meta [de inflação] está errada, muda-se a meta".

 

"Esses dias, eu li uma frase que eu não sei se foi dita pelo presidente do Banco Central que, para atingir a meta de 3%, precisaria de juro de 20% [Campos Neto falou em 26,5%]. Não sei se foi verdade isso, mas no mínimo é uma coisa não razoável. Porque se a meta [de inflação] está errada, muda-se a meta", disse.

 

O centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25% e, para 2024, de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

 

Ao fim do café, Lula disse que se referia a uma hipótese e que não quer discutir a meta.

 

"Eu disse que não ia discutir meta, porque esse é um problema da autonomia do Banco Central e do Senado, que aprovou a autonomia do Banco Central. Ele [Campos Neto] que tenha a sua autonomia, e o povo brasileiro que fique analisando", disse.

 

A meta de inflação, no entanto, não é determinada apenas pelo presidente do Banco Central. Quem define o percentual é o CMN (Conselho Monetário Nacional), composto pelo presidente do BC e por dois ministros: Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento). O governo, se quisesse, teria maioria para fazer uma mudança.

 

Lula já havia mencionado essa possibilidade em janeiro, numa entrevista à GloboNews. Pouco depois, no entanto, Haddad afirmou que a meta permaneceria como está. O CMN referendou a decisão.

 

No café com os jornalistas, o presidente lembrou ter estabelecido e cumprido metas em seus governos passados, mantendo uma boa relação com o Banco Central.

 

"Eu já fui presidente da República. Já discuti com o Banco Central. Já estabeleci meta neste país. Já cumprimos a meta. Se você estabelecer uma meta para a sua vida e não cumprir, então você está mentindo para si mesmo", declarou.

 

Lula afirmou que não pretende "ficar brigando" com o presidente do BC. "Quem indicou ele foi o Senado. Daqui a dois anos, vai-se discutir um novo presidente do Banco Central."

 

 

Posted On Quinta, 06 Abril 2023 14:34 Escrito por

Presidente quer apresentação de ações durante os 100 primeiros dias da sua gestão

 

Por iG Último Segundo

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ( PT ) conversou com ministros na manhã da última segunda-feira (3) e ordenou que todos apresentem resultados. Faltando poucos dias para os 100 dias de governo , ele quer que os integrantes do seu primeiro escalão façam mais entregas de projetos e melhorem a divulgação dos feitos de cada ministério.

O petista quer que todos os ministros mostrem quais novas medidas irão adotar a partir de agora. E sua maior reclamação gira em torno da comunicação. Na avaliação do mandatário, os trabalhos realizados pela sua gestão não estão chegando em todos os brasileiros.

 

Lula tem dito para auxiliares que seu governo tem reconstruído antigos programas sociais porque o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) fez um desmonte em uma série de projetos. Ele tem citado que precisou reorganizar o Minha Casa Minha Vida, o Bolsa Família e o Mais Médicos.

 

"Na próxima segunda-feira [10], ao fazer avaliação dos cem dias, vamos ter que anunciar o que a gente vai fazer para frente, porque os cem dias vão fazer parte do passado. A gente vai ter que discutir o que fazer do ponto de vista do investimento na área industrial agrícola, o que a gente vai fazer na área de ciência e tecnologia", falou o mandatário no começo da reunião. O discurso foi exibido pela TV Brasil.

 

Na próxima terça (11), Lula fará uma nova reunião ministerial. Seus 37 ministros estarão no local para apresentar tudo que foi feito nos 100 primeiros dias. Eles também precisarão apresentar as propostas que vão realizar até o final deste ano.

 

O governo Lula revelará, por exemplo, o retorno do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas com outro nome. A ideia é parecer que a nova gestão federal está trazendo “novidades” ao país, segundo informações da Folha de S.Paulo.

 

O presidente acendeu o sinal de alerta com a pesquisa Datafolha. Ele considerou alto o número de pessoas que tratam seu governo apenas como regular. O petista avaliou que os 38% que apoiam sua gestão não mudarão de lado, assim como os 29% que reprovam fazem parte do grupo de bolsonaristas.

 

Então ele quer conquistar os 30% que enxergam seu governo apenas como “médio”. Para isso, Lula tem pedido que a Secom melhore a comunicação do Planalto para atingir todos os brasileiros.

 

 

Posted On Quarta, 05 Abril 2023 05:17 Escrito por
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