O atual ministro da Casa Civil e ex-aliado do petista Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Nogueira, criticou nesta quinta-feira (13) as últimas pesquisas eleitorais em que Lula aparece à frente de Jair Bolsonaro. Segundo Nogueira, a moderação do discurso do petista, consubstanciada, por exemplo, na formulação de uma possível aliança com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, é “ilusão de ótica”.
POR SANDY MENDES
“A pesquisa eleitoral desta semana mostra a disputa entre uma ilusão de ótica e o presidente Bolsonaro. Hoje parece que o Lula está mais próximo à democracia cristã alemã do que à presidente Dilma; ao Macron do que ao José Dirceu; até ao Geraldo Alckmin do que ao João Vaccari. E isso a gente sabe que não é verdade. Na campanha eleitoral, a ilusão de ótica vai deixar de existir e nós vamos ver a realidade. Isso vai facilitar muito a reeleição do presidente Bolsonaro”, disse à CNN.
As recentes pesquisas sobre o cenário brasileiro em outubro deste ano apontam Lula com uma vantagem de 22% sobre o atual presidente. Assim, os números mostram o candidato do PT com chance de vencer as eleições ainda no primeiro turno.
Houve um tempo em que o atual ministro da Casa Civil também aderia ao que hoje chama de “ilusão de ótica”. Ciro Nogueira, em 2018, elegeu-se com a imagem do ex-presidente Lula, apoio ao PT no Piauí, estado ao qual pertence, e com críticas a Bolsonaro. Ele era o candidato a senador na chapa que elegeu o atual governador do Piauí, o petista Wellington Dias.
Nogueira entrou no governo em agosto do ano passado para assumir o Ministério da Casa Civil e substituir o general Luiz Eduardo Ramos, hoje na Secretaria-Geral da Presidência da República.
Pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes é apontado por entrevistados como a segunda opção favorita para as eleições
Por Gustavo Zucchi
Pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes é o nome favorito dos eleitores como “segunda opção” de voto, de acordo com a pesquisa realizada pela Quaest e pela Genial Investimentos, a primeira realizada em 2022. No levantamento, o pedetista aparece como segunda opção de voto de 18% dos entrevistados.
A pesquisa mostra que a maioria dos eleitores do ex-presidente Lula (PT) migrariam para Ciro no cenário apresentado. Segundo o levantamento, dentre entrevistados que prometem votar no petista, 28% têm o presidenciável do PDT como alternativa.
No ranking de “segunda opção” de voto, o segundo colocado é Sergio Moro (Podemos). No geral, o ex-juiz é apontado como plano B de 14% dos entrevistados. Esse percentual vai para 24% entre os entrevistados que têm o presidente Jair Bolsonaro (PL) como primeira opção.
Lula, por sua vez, aparece na terceira colocação dentre as “segundas opções”. O petista é apontado como escolha secundária de 8% dos entrevistados. Na pesquisa estimulada, o ex-presidente aparece com 45% das intenções de voto, o que, em tese, poderia lhe dar vitória ainda no primeiro turno.
João Doria (PSDB) e Bolsonaro são indicados como segunda opção de 6% dos eleitores, segundo o levantamento da Quest e da Genial Investimentos. Simone Tebet (MDB) é a segunda opção preferida de 4% dos entrevistados. Rodrigo Pacheco (PSD) de 2% e Felipe D’Ávila (Novo) de 1%.
A pesquisa mostra ainda que a maior parcela dos entrevistados (33%) respondeu que votará em branco/nulo ou não votará, caso sua primeira opção não seja candidato. O levantamento entrevistou 2 mil pessoas em 123 municípios localizados em todas as unidades da Federação. O nível de confiança na consulta é de 95%.
Ministro da Casa Civil, no entanto, afirmou não ver 'nenhuma possibilidade' de Bolsonaro e Lula não estarem no segundo turno
Por Daniel Gullino
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou nesta terça-feira que a chamada terceira via "poderia até ter uma viabilidade" se houvesse uma união entre os candidatos, mas disse que devido à "fragmentação" nesse campo não vê "nenhuma possibilidade" do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não estarem no segundo turno das eleições presidenciais.
A terceira via reúne candidatos que rejeitam tanto Lula quanto Bolsonaro, nomes que lideram todas as pesquisas de intenção de votos. Estão nesse grupo Sergio Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB) e Simone Tebet (MDB), entre outros pré-candidatos.
— São duas candidaturas já consolidadas, isso dá um certo desespero de candidaturas que não estão se viabilizando para tentar essa situação da terceira via. Terceira via poderia até ter uma viabilidade no nosso país se houvesse uma união, mas com essa fragmentação que acontece hoje e com dois candidatos que têm um piso de um terço do eleitorado, não vejo possibilidade nenhuma de não termos Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula no segundo turno — disse Nogueira, em entrevista à Jovem Pan News.
Eleições 2022: Bolsonaro decide não interferir nos conflitos entre aliados que têm mesma pretensão eleitoral
Na mesma entrevista, o ministro afirmou que o companheiro de chapa na campanha à reeleição de Bolsonaro precisa ser alguém de "extrema-confiança":
— Eu defendo que a pessoa que seja escolhida pelo presidente, seja uma pessoa de extrema-confiança, que dê tranquilidade para o presidente e não seja uma pessoa que venha trazer insegurança e conflitos no futuro governo.
Questionado sobre os nomes dos ministros Walter Braga Netto (Defesa) e Tereza Cristina (Agricultura), cotados para o posto de vice, e do dele próprio, Nogueira afirmou que seus colegas são "grandes nomes", mas que até hoje não houve convite e que a definição só deve ocorrer em abril.
— Esses nomes que você citou são grandes nomes. Mas até hoje o presidente em momento nenhum ou fez algum convite ou fez sondagem, acho que essa escolha nós iremos fazer lá para o mês de abril.
Ministério Público dá aval à fusão de DEM e PSL, e processo agora depende de decisão de Fachin; preocupação é com janela partidária, que abre em 3 de março
Da Redação com Agências
O processo de fusão de DEM e PSL, que resultará no União Brasil, avançou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos últimos dias, mas a criação do maior e mais rico partido brasileiro vai depender de uma angustiante corrida contra o tempo nos próximos dias.
A análise da fusão está pronta para decisão do relator, o ministro Edson Fachin, desde 7 de dezembro, quando o Ministério Público Eleitoral deu sinal verde para a criação da sigla. Segundo parecer do vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco, o processo seguiu o que determinam os estatutos das duas agremiações e a legislação eleitoral e a denominação e sigla escolhidas “não apresentam risco de induzimento a erro ou confusão”.
Cabe agora a Fachin dar o seu voto e liberar o processo para julgamento pelo plenário do TSE. Ocorre que o tribunal está em recesso até o dia 1º de fevereiro. Após a decisão do ministro, caberá ao presidente da Corte eleitoral, Luís Roberto Barroso, pautar o julgamento.
O prazo final para o registro é o dia 2 de abril, mas a expectativa dos integrantes das duas legendas é que ela seja autorizada pelo TSE ainda em fevereiro. Isso porque no dia 3 de março abre a janela partidária, quando é permitido a deputados trocar de partido sem perderem o mandato por infidelidade — sem o partido estar oficialmente criado, pode aumentar a insegurança dos parlamentares que estarão se movimentando no mercado partidário.
DESUNIDOS - União Brasil: três pré-candidatos à Presidência da República e uma bancada que ainda não se entende -
PRIMEIRO PASSO - Convenção conjunta do DEM e do PSL em outubro de 2020 que aprovou a criação do União Brasil: à espera da ratificação pelo TSE Toninho Barbosa/DEM/.
Se for aprovada a fusão, a legenda terá a maior bancada da Câmara, com 82 deputados – embora seja esperada a debandada de ao menos duas dezenas de bolsonaristas que hoje estão no PSL. A sigla terá ainda quatro governadores, oito senadores e, o principal: os maiores quinhões dos Fundos Eleitoral e Partidário. Estimativa feita por VEJA aponta que o valor para este ano deve superar 927 milhões de reais.
Sem candidato à Presidência e com tanto dinheiro em caixa, o União Brasil já é cobiçado por outros presidenciáveis, como Sergio Moro (Podemos), João Doria (PSDB) e Ciro Gomes (PDT).
O calendário apertado
– 01/02 – TSE volta do recesso. Ministro Edson Fachin, relator do caso, pode dar o seu voto e liberar o processo para julgamento no plenário
– 03/03 – Abre a janela partidária, quando deve haver uma intensa troca de legendas por parlamentares
– 02/04 – Último dia para um partido, coligação ou federação partidária estar registrado no TSE para disputar as eleições deste ano
Escolher por qual partido político se filiar para concorrer à eleição de outubro próximo é muito mais complicado do que se vem apregoando por aí
Por Edson Rodrigues
Em uma matéria esclarecedora, Antônio Augusto de Queiroz, jornalista, mestre em Políticas Públicas e Governo pela FGV. ex-diretor de Documentação do Diap, analista e consultor político em Brasília, e Neuriberg Dias Rego, analista político, diretor de documentação licenciado do Diap e Sócio da Contatos Assessoria Política, publicada no site Congresso em foco, explicam pormenorizadamente como a mini-reforma política criadas em 2021 e aprovada no Congresso vai afetar diretamente os partidos nanicos e quem estiver candidatado a qualquer cargo por um deles.
As revelações colocam em dúvida a formação das chamada “chapinhas”, o que levará muitos pré-candidatos a deputado federal e estadual a procurar profissionais da área do direito eleitoral para orientá-los, antes de se filiarem a um partido.
A matéria explica, sobretudo, que muitos líderes de partidos nanicos podem usar os componentes de suas chapas em benefício próprio (quando também são candidatos) e recomenda que os pré-candidatos optem por partidos tradicionais, mesmo que isso signifique mais dificuldade para se eleger.
O Paralelo 13 traz, aqui, um resumo da matéria:
As eleições gerais deste ano se darão sob novas regras para a conversão de votos em vagas para a Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativa, especialmente na distribuição das chamadas “sobras”. As mudanças decorrem, de um lado, do fim das coligações nas eleições proporcionais, que poderão ser substituídas pela federação de partidos, e, de outro, do aumento do percentual da cláusula de desempenho e da criação de limites mínimos de votos para concorrer às “sobras” quando os partidos não atingirem o quociente eleitoral. Elas serão um desafio adicional aos candidatos dos pequenos partidos que não fizerem parte de federação partidária.
A cláusula de barreira ou de desempenho, instituída pela Emenda à Constituição nº 97, de 2017 − que também pôs fim às coligações nas eleições proporcionais − condiciona o acesso dos partidos aos recursos do fundo partidário e o acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão ao atingimento de metas de votos. No pleito de 2018, os partidos precisavam alcançar 1,5% dos votos válidos, distribuído em pelo menos um terço das unidades da federação (nove estados) com um mínimo de 1% em cada uma delas ou eleger nove deputados federais distribuído em pelo menos um terço das unidades da federação para ter acesso a esses benefícios. Em 2022, essas exigências serão aumentadas respectivamente para 2% ou onze deputados federais, ambas em pelo menos um terço dos estados.
A federação de partidos, instituída pela Lei nº 14.208, de 2021, autoriza que dois ou mais partidos políticos possam se reunir em federação e atuar como se fossem uma única agremiação partidária, após sua constituição e registro perante o Tribunal Superior Eleitoral. Ela permite a contagem de votos dos partidos que a integram para efeito de atingimento do quociente eleitoral e da cláusula de barreira. A diferença entre a federação e a coligação na eleição proporcional, é que a federação exige que os partidos fiquem unidos até a eleição seguinte, forçando um mínimo de identidade ideológica e programática, enquanto a coligação era um arranjo só para a eleição e era dissolvida logo após o pleito eleitoral.
A Lei 14.211, de 2021, por sua vez, instituiu novas exigências para a conversão dos votos em mandatos, especialmente na parte relativa às “sobras”. Na eleição de 2018, conforme previa a Lei 13.488, de 2017, as vagas na Câmara dos Deputados e nas Assembleias Legislativas eram distribuídas, inicialmente, aos partidos ou coligações que atingissem o quociente eleitoral e tivessem candidatos com pelo menos 10% do quociente eleitoral, e, após não haver mais partidos que preenchessem essas duas condições, as “sobras” eram distribuídas entre todos os partidos, de acordo com a ordem de votação dos candidatos. Para 2022, foi mantida a primeira distribuição com a exigência dos dois requisitos (quociente eleitoral e candidatos com 10% do quociente), mas só participam das “sobras” os partidos ou federações que alcançarem 80% do quociente eleitoral e tiverem candidatos com votos correspondentes a pelo menos 20% do quociente eleitoral, regra que limitará drasticamente a eleição de candidatos de partidos ou federações que não atingiram o quociente eleitoral. Se nenhum partido alcançar o quociente citado, serão considerados eleitos os mais votados na ordem de votação.
Para captar o impacto dessas novas regras para a composição da Câmara dos Deputados, o DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), com base nos votos efetivamente obtidos por cada partido no pleito de 2018, fez uma simulação de como seria o desempenho dos partidos sem as coligações e caso essas regras estivessem em vigor naquele pleito eleitoral. O resultado da simulação indica algumas mudanças relevantes na composição partidária, conforme as tendências a seguir apontadas.
A primeira e talvez principal tendência com essas regras será a redução de número de partidos com representação na Câmara dos Deputados. Se nas eleições municipais de 2020, nas Câmaras de Vereadores, isso ocorreu de forma sensível apenas com a vigência do fim das coligações, nas eleições para a Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas essa tendência tende a se reproduzir com maior intensidade, porque além do fim das coligações também passará a ser exigido desempenho mínimo para a distribuição das sobras das vagas não preenchidas com os dois requisitos (quociente eleitoral e candidato com votos correspondentes a pelo menos 10% do quociente eleitoral).
Na última eleição municipal, como citado anteriormente, foi observado que nas cidades com até cinco mil habitantes as câmaras tinham, em média, mais de cinco partidos após a eleição de 2016. Em 2020, essas cidades, em média, elegeram vereadores de menos de quatro partidos. Nos municípios com população entre cinco mil e dez mil habitantes, o número médio de partidos representados no Legislativo caiu de seis para quatro. O mesmo movimento de queda aconteceu nas cidades com entre dez mil e 20 mil, assim como aquelas com entre 20 mil e 50 mil habitantes. Já nas cidades maiores, onde vivem 70% dos brasileiros, o número de partidos representados nas câmaras não variou muito.
A segunda tendência será de favorecimento dos grandes partidos e das federações em contraposição aos pequenos e médios. Os pequenos, para sobreviver, terão que ou se fundir ou criar federação, sob pena de perder o acesso ao fundo partidário e ao horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão. Um fenômeno provável, na hipótese de os pequenos não se fundirem ou criarem federação, é que seus parlamentares aproveitem a janela partidária entre março e abril e migrem para partidos grandes ou médios.
De acordo com a simulação, se já estivesse em vigor o fim das coligações e a exigência de desempenho para participar das “sobras nas eleições de 2018, pelo menos 249 das 513 seriam distribuídas pelo sistema de sobras já exigindo 80% do quociente eleitoral e 20% do quociente dos candidatos individualmente, fato que teria excluído muitos dos eleitos pelo critério anterior. Ou seja, em lugar de 33 partidos participando da distribuição das sobras em cada estado, haveria apenas seis, em média.
A terceira tendência será a redução do número de partidos que atingem a cláusula de desempenho −que passa de 1,5% para 2% do eleitorado – resultando na exclusão deles do acesso aos recursos do fundo partidário e ao horário eleitoral gratuito. Se tomarmos como exemplo o desempenho dos partidos na eleição municipal de 2020, dos 33 partidos que lançaram candidaturas, apenas 18 partidos, considerando esse parâmetro, teriam atingido 2% dos votos válidos, somados os votos nominais e de legenda obtidos. Isso significa que 15 partidos, por essa lógica, não teriam atingido a cláusula desempenho eleitoral mínima. São eles: PROS, PV, PSOL, PCdoB, PRTB, PTC, PMN, DC, Rede, Novo, PMB, UP, PSTU, PCB e PCO.
Por fim, como tendência mais geral, em face do fim das coligações, do aumento do percentual da cláusula de barreira, das novas exigências para fins de distribuição de “sobras” e da polarização do ambiente político, podemos antever: 1) vantagens para os partidos grandes e médios situados à direita e à esquerda do espectro político; 2) perda de espaço dos partidos sem nitidez ideológica ou situados mais ao centro do espectro políticos; e, independentemente de sua visão ideológica, 3) inviabilidade dos pequenos partidos. A salvação dos pequenos será a federação de partidos.