Por Daniel Weterman
Em meio à movimentação antecipada de pré-candidatos à Presidência em 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece com 43% das intenções de voto e o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem a preferência de 26% dos eleitores. Os dados são da pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNT) em parceria com o Instituto MDA, realizada de 9 a 11 de dezembro de 2021 e divulgada nesta quinta-feira, 16. Foram realizadas 2.002 entrevistas presenciais, com margem de erro de 2 pontos porcentuais e 95% de nível de confiança.
O ex-ministro Sérgio Moro (Podemos) aparece com 9% das intenções de voto na pesquisa estimulada, enquanto Ciro Gomes (PDT) tem 5% da preferência e João Doria (PSDB), 2%. Os demais candidatos, entre eles Rodrigo Pacheco (PSD) e Luiz Felipe D'Avila (Novo) não alcançaram 1%.
O resultado não mostra diferenças significativas com o levantamento anterior, publicado em julho, quando Lula tinha 41% e Bolsonaro aparecia com 27%. Moro, por sua vez, teve um avanço após ser lançado pelo Podemos na pré-campanha: cresceu de 6% para 9%.
A nova pesquisa traz um componente diferente: o plano B dos eleitores. Sérgio Moro é a segunda opção de voto para 22% dos eleitores de Bolsonaro. Ciro, por sua vez, tem o potencial de conquistar 25% dos votos de Lula, nesse quesito.
Em um eventual segundo turno entre Bolsonaro e Lula, o petista teria 53% dos votos, enquanto o atual presidente tem a preferência de 31% dos eleitores se a eleição fosse hoje. Se Lula enfrentasse Sérgio Moro, o ex-presidente venceria com 51% dos votos, com 25% para o ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça.
Com a prerrogativa de indicar o próximo ministro do Tribunal de Contas da União, o Senado Federal colocou em pauta, na noite da última terça-feira (14), um processo eletivo em que concorriam à indicação os senadores Fernando Bezerra, líder do governo Bolsonaro no Senado, Antonio Anastasia e a tocantinense Kátia Abreu.
Por Edson Rodrigues
Os senadores concorrentes chegaram a fazer campanha pelos votos dos colegas e o quadro inicial apontava Kátia Abreu como favorita, apoiada, inclusive, pelo Palácio do Planalto, muito por conta da presença do presidente do seu partido, o PP, como ministro da Casa Civel, muito próximo a Bolsonaro, e o senador mineiro Antonio Anastasia, apoiado pelo presidente do próprio Senado, Rodrigo Pacheco, na segunda posição.
Mas, eis que surge o nome de Fernando Bezerra, líder do governo no Congresso, que assume a preferência do presidente Jair Bolsonaro. O problema foi que a candidatura de Bezerra gerou conflitos, e até um questionamento à Justiça quanto à inelegibilidade do líder do governo, por conta de processos contra si.
Senador Antonio Anastasia é cumprimentado pelos senadores apos eleição
Os bastidores indicaram que a reação contra a candidatura de Bezerra teria partido da senadora Kátia Abreu, antes a “preferida do Planalto”, e o resultado desse imbróglio apareceu no painel do plenário do Senado, na noite de terça-feira: nem Fernando Bezerra nem Kátia Abreu. O senador eleito para a vaga no TCU foi Antônio Anastasia, com 52 votos, contra 19 de Kátia e apenas sete de Bezerra.
O desempenho pífio de Bezerra foi lido pelos analistas políticos como resultado de uma manobra do Palácio do Planalto que preteriu seus dois ex-favoritos brigões por um “plano B”, acordo com o candidato do presidente do Senador, Rodrigo Pacheco, que rendeu a vitória esmagadora de Anastasia.
Dessa forma, Jair Bolsonaro cumpre mais uma missão de seu governo, que era não perder a indicação da vaga do Senado para ministro do TCU, uma tarefa cumprida com discrição e efetividade por seus aliados no Senado.
BASTIDORES
O Observatório Político de O Paralelo 13 acompanhou toda a movimentação para a indicação do Senado para o TCU desde o início, inclusive apontando o favoritismo inicial de Kátia Abreu, que chegou a se reunir com o presidente Jair Bolsonaro e o paulatino esvaziamento da sua candidatura, sendo, inclusive, aventada pela imprensa nacional que Kátia estaria “enfrentando dificuldades para uma reeleição ao Senado pelo Tocantins”.
Kátia reagiu, lutou, se empenhou, pode ser até que tenha sido, mesmo, ela, a provocar a Justiça quanto à inelegibilidade de Fernando Bezerra (afinal, ele estava “furando a fila” ao se apresentar como candidato do Palácio do Planalto).
Na segunda-feira, véspera da votação no Senado, Kátia reuniu, em sua residência, em Brasília, mais de 40 senadores e lideranças políticas nacionais para um jantar. Muito articulada e combativa, com passagens pela presidência da Comissão de Relações Exteriores do Senado, pelo ministério da Agricultura no governo Dilma Rousseff, pela presidência da Confederação Nacional da Agricultura entre outros cargos importantes, em que sempre se saiu muito bem, tinha totais condições de conseguir os votos necessários.
Mas, na madrugada de segunda para terça-feira, ou seja, logo depois do jantar na casa de Kátia Abreu, a força-tarefa do Palácio do Planalto saiu a campo para colocar em desenvolvimento seu “plano B”, o que rendeu reuniões e reuniões, que se somara a incontáveis cafés da manhã, e acabou resultando em pactos e acordos.
Com e eleição de Anastasia para o TCU o primeiro suplente, Alexandre Silveira fica no cargo até o fim do ano que vem
Quando o painel eletrônico do Senado anunciou o resultado da votação, a surpresa foi geral. Kátia e Bezerra, os favoritos, foram derrotados pelo “azarão” Anastasia, por uma grande margem de votos. Mesmo assim, Kátia Abreu ainda teve quase o triplo dos votos recebidos por Bezerra que, inclusive, sentindo-se traído pelo Planalto, entregou o cargo de líder do governo no Senado.
“LEI DO RETORNO”
Esta primeira derrota política de Kátia Abreu traz no seu bojo uma espécie de “lei do retorno”. Mesmo sendo a favorita durante a maior parte do pleito e tendo se mobilizado para ser eleita, ela foi derrotada, assim como aconteceu em 2011 com o então senador tocantinense Leomar Quintanilha, que também era favorito para a vaga, mas que teve em Kátia Abreu uma das principais mobilizadoras de votos contrários à sua eleição. Ou seja, Kátia trabalhou, nos bastidores, pela derrota do colega tocantinense.
Briga entre senadores e Kátia Abreu (ao centro, de branco) tentou impedir a continuação da votação para eleição de mesa Diretora do Senado
Vale ressaltar, nesse revés da senadora que, caso ela saísse vitoriosa e assumisse a vaga no TCU, assumiria em seu lugar seu suplente, Donizete Nogueira, um dos fundadores do PT, do qual foi presidente do diretório estadual e defensor ferrenho da candidatura do ex-presidente Lula.
Apesar de hipotética, essa pode, sim, ter sido uma das razões do esvaziamento do favoritismo de Kátia Abreu junto ao Palácio do Planalto.
Sem sombra de dúvida, uma lição dada pela vida política, da pior forma, à Kátia Abreu.
REELEIÇÃO É O ÚNICO CAMINHO
Resta à Kátia, agora, voltar suas baterias para o Tocantins e intensificar as articulações para sua reeleição ao Senado. Por enquanto, tudo indica que o caminho escolhido será o da aliança política com o governador em exercício, Wanderlei Barbosa, que concorrerá, também, à reeleição em 2022.
Kátia, presidente do PP tocantinense, e Irajá Abreu, presidente do PSD tocantinense, têm tudo para construir duas fortes chapas de candidatos a deputados federal e estadual, tendo, ainda, a possibilidade do empresário Edson Tabocão, com chances de ser candidato a vice-governador ou a primeiro suplente de Kátia Abreu.
De agora, até o início de 2022, a qualquer momento o governador em exercício Wanderlei Barbosa pode anunciar por qual partido irá disputar a reeleição e com quem irá se unir, sempre analisando o momento de instabilidade que a tala da Federação Partidária vem criando, com a possibilidade das cúpulas nacionais dos partidos empurrarem “goela abaixo” dos estados as suas decisões.
Todo cuidado é pouco na hora de se filiar a um partido, neste momento, principalmente se a meta for um cargo eletivo em 2022, por conta do grande troca-troca esperado no comando, senão de todas, mas das principais legendas partidárias no Estado.
Fica a dica!
Por hoje é só.
A turbulência no voo rumo à sucessão eleitoral de 2022 se dará com requintes de periculosidade, com muitos ventos, trovoadas e “sacudidas”, a ponto de fazer cair as “máscaras de pressurização”, aquelas que a aeromoça orienta a “colocar primeiro em si mesmo, depois, em pessoas que precisem da sua ajuda”.
Por Edson Rodrigues
Essa metáfora é perfeita para o que vem acontecendo em Brasília com os dirigentes partidários e com o Palácio do Planalto, pois, as últimas movimentações mostram que políticos não têm amigos – com raríssimas exceções – e, principalmente quando estão em jogo os interesses da cúpula nacional dos partidos, a governabilidade e a formação das Federações Partidárias.
Cada um ostenta sua “máscara”, pensando primeiro em si, depois nos seus “companheiros”.
FRATURAS PROFUNDAS
Os efeitos colaterais do “tratoraço” exercido pelo Palácio do Planalto na disputa pela vaga de ministro no Tribunal de Contas da União deixaram o ex-líder do governo no Senado, Fernando Bezerra e a senadora Kátia Abreu totalmente expostos e fragilizados politicamente e, o pior, com a total ciência do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, que tem gabinete ao lado do presidente Jair Bolsonaro, e que é presidente nacional do PP, o mesmo partido da senadora tocantinense.
As “fraturas profundas” deixadas após a eleição no Senado, Fernando Bezerra entregou o cargo de líder do governo no Senado, após ser “tratorado”, mas o que fará Kátia Abreu? Seu partido, o PP, é aliado do presidente Jair Bolsonaro, tendo seu presidente nacional, Ciro Nogueira “no coração do Palácio do Planalto”.
Pelo fato de Kátia Abreu sempre ter demonstrado seu uma pessoa de caráter forte, opinião própria, determinada e combativa, acreditamos que, dificilmente, ela continuará no PP, pois correria o risco de, em abril de 2022, ver o comando do partido no Tocantins ser tirado de suas mãos e entregue a um aliado do Planalto, uma vez que já está claro que o candidato a vice-presidente em 2022, na chapa de Jair Bolsonaro, sairá dos quadros do PP.
INSEGURANÇA POLITICA
A derrota (a primeira na história política da senadora) de Kátia Abreu para a vaga no TCU, deixa um rastro de muita insegurança política no Tocantins, aonde ela é representante de diversas lideranças, prefeitos, vereadores e, principalmente, está próxima do governador em exercício, Wanderlei Barbosa, com quem Kátia deve cerrar fileira na disputa pelos cargos de governador, senador, deputado federal e estadual, de acordo com as chapas que formarem.
Senador Ciro Nogueira e o presidente Jair Bolsonaro ambos do PP
Com a derrota imposta pelo Palácio do Planalto à Kátia Abreu, qual será a garantia dos pré-candidatos filiados ao PP? Essa questão, depois da votação de terça-feira, se transformou no grande questionamento no grupo político: qual a segurança política que Kátia Abreu poderá transmitir aos seus aliados e correligionários?
Como ainda há um tempo enorme para que cada postulante a um cargo eletivo em 2022 defina por qual partido buscará seu intento, como é o caso do próprio governador Wanderlei Barbosa, todos terão que avaliar com muita paciência e critério os caminhos que seguirão, sob o risco de jogar suas carreiras políticas por água abaixo, dependendo das suas escolhas.
Para tudo existe um tempo. Até um tempo para que se concentre o tempo necessário.
Que se dê tempo ao tempo!
Por hoje, é só!
Ex-juiz se aproxima do ex-presidente para tentar diminuir resistência entre partidos que foram alvo da Lava Jato
Por Pedro Venceslau
Pré-candidato à Presidência pelo Podemos, o ex-juiz Sérgio Moro se aproximou do ex-presidente Michel Temer em uma tentativa de criar pontes com o MDB para a disputa em 2022. Moro, que tem a Lava Jato como bandeira, enfrenta resistência para avançar em conversas com partidos e lideranças que foram alvo da operação. Temer foi preso, em 2019, em ação da Lava Jato do Rio de Janeiro por decisão do juiz Marcelo Bretas.
Moro e Temer já conversam por telefone e um encontro entre os dois chegou a ser marcado, mas foi adiado por problemas de agenda. Os dois devem se encontrar até o final deste ano ou no início de 2022.
Desde que se filiou ao Podemos para disputar a Presidência, Moro já se encontrou com dois pré-candidatos da "terceira via": o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o cientista político Luís Felipe d'Ávila (Novo). Não se reuniu, porém, com a senadora Simone Tebet (MS), pré-candidata do MDB, nem com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, nome do PSD ao Planalto.
Quando Moro assinou a ficha de filiação ao Podemos, em novembro, o partido convidou o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi, e a senadora Simone Tebet, mas nenhum dos dois compareceu. Rossi enviou como seu representante o deputado federal Herculano Passos (MDB-SP).
Em caráter reservado, lideranças emedebistas, tucanas e de partidos do Centrão avaliam que Moro terá dificuldade em montar uma base partidária de apoio em 2022.
Entre os aliados de Moro também prevalece o ceticismo quanto a aproximação com políticos e partidos que foram alvo Lava Jato, mas o ex-ministro tem dado sinais que pretende modelar o discurso em 2022 de forma pragmática em vez de negar a política tradicional como fez Jair Bolsonaro em 2018.
No MDB há uma ala pró-Lava Jato que não resiste ao diálogo com o ex-ministro. "Neste momento, o quadro é de muitas conversas e de mandar mensagens para fora. Moro procura estabelecer pontes. Se ele concordar em ser vice da Simone Tebet, seria uma boa chapa", disse o deputado Alceu Moreira, presidente do MDB-RS.
Em suas falas, Moro tem dito que o jogo político exige "diálogo no limite ético" e que o combate à corrupção segue na agenda, mas não será seu foco principal. Quando foi questionado a respeito de suas decisões como juiz, ele disse que a campanha de 2022 terá "um competente sobre o passado".
"Algumas pessoas são críticas em relação à algumas decisões que eu tomei, mas tenho tranquilidade, tanto no caso da Lava Jato como no governo. Às vezes foram decisões difíceis, mas estou pronto para defendê-las", disse Moro em um debate organizado pela iniciativa do grupo 'Derrubando Muros' na segunda-feira.
A narrativa pragmática agradou os apoiadores lavajatistas. "Moro tem conversar com todo mundo. A terceira via precisa se destacar. Conversar com agentes políticos não é crime. Ele não pode ser um negacionista político", disse Adelaide Oliveira, porta voz do Movimento Brasil Livre (MBL).
Cotado a vice de Lula, Alckmin deixa o PSDB após 33 anos
Por Vicente Nunes
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin se desfiliou do PSDB nesta quarta-feira (15/10), depois de 33 anos de partido, para sedimentar sua candidatura a vice-presidente na chapa do ex-presidente Lula, do PT. Alckmin deve se filiar ao PSB.
No acerto fechado nos últimos dias, além de Alckmin como vice de Lula, Fernando Haddad tende a disputar uma vaga para o Senado por São Paulo e Márcio França concorrerá ao governo paulista. Foi uma exigência do PSB para apoiar a aliança Alckmin e Lula. O acordo será detalhado aos poucos.
Congressistas garantem que, ainda que o PT não seja muito afeito a concessões, o objetivo desse acerto é levar Lula de volta ao poder. O inimigo a ser batido, dizem parlamentares, é o presidente Jair Bolsonaro. Lula a Alckmin estão dispostos a isso.
A aliança entre o agora ex-tucano e o petista agrada outros partidos de esquerda e de centro-direita. “É preciso ter uma chapa de equilíbrio”, afirma um congressista. A aliança entre Lula e Alckmin ainda passa pela criação de uma federação de partidos de esquerda. “Isso indica que os 26 estados e o Distrito Federal estarão coligados. Isso resolve muita coisa”, acrescenta.