Apesar de ser segundo tesoureiro do Aliança pelo Brasil, o trabalho do coronel do Exército é desconhecido por seus colegas de legenda
Por Thiago Bronzatto
Além de ser responsável pela inteligência pessoal do presidente da República, o coronel do Exército Marcelo Costa Câmara ocupa outro cargo estratégico. No fim do ano passado, o militar foi nomeado para ser o segundo tesoureiro do Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro tenta tirar do papel.
Designado para a função pelo próprio presidente, coronel Câmara é desconhecido até mesmo por seus colegas de partido. VEJA questionou os advogados Karina Kufa e Admar Gonzaga, responsáveis por coordenar a criação do Aliança pelo Brasil, sobre o trabalho do militar. Ninguém soube responder. “Não sei qual é a função dele aqui”, confessa Karina Kufa, que, além de dirigente da sigla, é advogada pessoal de Bolsonaro.
O papel misterioso do coronel do Exército se concentra em duas frentes: ajudar a manter o partido longe de falcatruas e vasculhar a ficha de voluntários. Essa missão faz parte do trabalho de “compliance” realizado no Palácio do Planalto pelo espião de Bolsonaro. “A gente trata de assuntos de referência ao presidente”, justificou Câmara, sem detalhar o seu trabalho.
VEJA revelou em sua atual edição que Bolsonaro nomeou em fevereiro do ano passado um militar para coordenar a sua inteligência pessoal. Como o presidente não confia em órgãos oficiais, porque acha que têm infiltrados, cabe ao coronel Câmara realizar missões pessoais.
A Abihpec (associação da indústria de cosméticos) afirmou que decisão de sair do manifesto de apoio ao ministério foi unânime após fala de Salles sobre “passar a boiada”
Com O Tempo
Após a divulgação do vídeo da reunião ministerial com o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ), onde o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirma que o governo deveria aproveitar o momento da pandemia para “passar a boiada”, a Abihpec (associação da indústria de cosméticos) decidiu, nesta quarta-feira (27), sair do manifesto em apoio ao Ministério do Meio Ambiente elaborado por entidades.
O pavio foi aceso quando associadas da Abihpec, como Grupo Boticário, Natura e L’Occitane divulgaram em suas redes sociais que não aprovaram a fala. Procurada, a entidade diz que a decisão de deixar o manifesto foi unânime em seu conselho.
Escândalo internacional
Salles virou escândalo internacional por conta da sua fala na reunião. Até a ativista sueca Greta Thunberg se manifestou sobre a fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na reunião ministerial do governo Bolsonaro, que foi divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Greta cita trecho da declaração de Salles, onde ele defende “fazer um esforço enquanto estamos neste momento calmo em termos de cobertura da imprensa, porque eles estão falando apenas do Covid-19″. E completa:”Imagine as coisas que foram ditas fora da câmera… nosso futuro comum é apenas um jogo para eles. #SalvemAAmazônia”.
Transferências milionárias
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) quebrou o sigilo do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, e descobriu transferências milionárias entre contas controladas por ele. As informações são da Revista Crusoé. A reportagem afirma ainda que as investigações do MP agora tentam avançar nas suspeitas de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
De acordo com as informações, Salles repassou R$ 2,75 milhões da conta de seu escritório de advocacia para a sua conta pessoal em 54 transferências, feitas entre 2014 e 2017.
De acordo com as informações, Salles repassou R$ 2,75 milhões da conta de seu escritório de advocacia para a sua conta pessoal em 54 transferências, feitas entre 2014 e 2017
Por Redação via email
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) quebrou o sigilo do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e descobriu transferências milionárias entre contas controladas por ele. As informações são da Revista Crusoé. A reportagem afirma ainda que as investigações do MP agora tentam avançar nas suspeitas de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
De acordo com as informações, Salles repassou R$ 2,75 milhões da conta de seu escritório de advocacia para a sua conta pessoal em 54 transferências, feitas entre 2014 e 2017
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No período, Salles exerceu dois cargos públicos na gestão do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), secretário particular do governador e secretário do Meio Ambiente, além de atuar como advogado na iniciativa privada.
Deve ter mais
O inquérito foi aberto pelo MP em agosto do ano passado para investigar a suspeita de enriquecimento ilícito de Ricardo Salles. A investigação ainda não acabou e deve aparecer mais por aí. O período todo a ser analisado pelo MP é de 2012 a 2017, quando Salles deixou de atuar como advogado para ocupar cargos no governo paulista. O ministro teria acumulado R$ 7,4 milhões em cinco anos.
Com base na declaração de bens que o ministro prestou à Justiça Eleitoral em 2012, quando foi candidato a vereador pelo PSDB, Salles declarou possuir R$ 1,4 milhão em bens. A maior parte era em aplicações financeiras, 10% de um apartamento, um carro e uma moto. Porém, em 2018, quando saiu a deputado federal pelo Novo, foram R$ 8,8 milhões, sendo dois apartamentos de R$ 3 milhões cada, R$ 2,3 milhões em aplicações e um barco de R$ 500 mil, correspondendo a uma alta de 335% em cinco anos, corrigindo o valor pela inflação.
Salles nega
O ministro do governo do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) rebateu as acusações, na manhã desta sexta-feira (29), na sua conta do Twitter. Segundo ele, a matéria é mentirosa. “Todos os meus rendimentos ditos ‘repassados’ são honorários declarados e decorrentes da minha atividade privada como advogado, fora do Governo, a qual muito me orgulho. Não tenho nada a esconder, de ninguém”, afirmou.
Salles virou escândalo internacional recentemente. Até a ativista sueca Greta Thunberg se manifestou sobre a fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na reunião ministerial do governo Bolsonaro, que foi divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Greta cita trecho da declaração de Salles, onde ele defende “fazer um esforço enquanto estamos neste momento calmo em termos de cobertura da imprensa, porque eles estão falando apenas do Covid-19″. E completa:”Imagine as coisas que foram ditas fora da câmera… nosso futuro comum é apenas um jogo para eles. #SalvemAAmazônia”.
O parlamentar, que já tem histórico de ataques ao STF, disse que uma ruptura institucional "não é mais uma opinião de se, mas de quando"
Por Alessandra Azevedo
Maia disse ter considerado “grave” a fala do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, que também atacou o Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta. O parlamentar, que já tem histórico de ataques ao STF, disse que uma ruptura institucional “não é mais uma opinião de se, mas de quando”.
Para o presidente da Câmara, a fala “é muito ruim, é muito grave”. “Frases como essa apenas criam um ambiente de maior radicalismo entre as instituições, e isso é ruim”, afirmou. Ele assegurou que o Supremo "vai continuar tendo o apoio do Legislativo para tomar suas decisões de forma independente".
"Se algum partido entender que há um crime na frase dele, pode representar no Conselho de Ética”, orientou Maia. O Conselho não tem trabalhado nos últimos meses, durante a pandemia, mas pode ser acionado. O deputado Marcelo Freixo (PSol-RJ) anunciou pouco depois, em sessão remota do plenário, que entrará com representação contra o deputado.
Eduardo Bolsonaro acusa ministros do STF de interferência no governo
Parlamentares de vários partidos também rechaçaram as falas do presidente e dos filhos, classificadas como autoritárias. “Não ficaremos inertes a qualquer ataque ao poder Judiciário”, disse Alessandro Molon (PSB-RJ), líder do partido na Câmara. “O que está em jogo é a nossa democracia e nós vamos defendê-la”, disse.
Deputados também lembraram que, desde a campanha eleitoral em 2018, Eduardo dizia que, para derrubar a Corte, bastariam “um cabo e um soldado”. “Ele está afirmando isso de novo, que só não sabe quando, mas que vai haver fechamento, golpe de Estado”, disse Ivan Valente (PSol-SP). Ele cobrou posicionamento mais enfático de Maia. “Tem que dizer que isso não e tolerável, é ditadura”, afirmou.
O filho do presidente Jair Bolsonaro fala em ‘começar a tomar algumas atitudes’ contra STF
Com Carta Capital
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) criticou, nesta quarta-feira 27, o inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga bolsonaristas sobre fake news. O filho do presidente defendeu reagir energeticamente contra a corte. “Temos de pontuar, diagnosticar o problema e depois começar a tomar algumas atitudes”, afirmou o deputado.
A fala foi feita em uma live no canal Terça Livre, do blogueiro Allan dos Santos, um dos investigados no inquérito, Ao lado deles estavam também a deputada federal Bia Kices, também investigada no caso, o guru do governo, Olavo de Carvalho e o médico bolsonarista, Italo Marsili.
Eduardo Bolsonaro falou claramente: a ruptura (com a democracia) não é uma questão de “se”, é uma questão de “quando”. O cenário está sendo formado para o fechamento do STF e do Congresso Nacional. Eu não sei mais o que dizer.pic.twitter.com/bY5eoFi65R
— Felipe Neto ??? (@felipeneto) May 28, 2020“Até entendo quem tem uma postura moderada para não chegar num momento de ruptura, de cisão ainda maior, de conflito ainda maior. Eu entendo essas pessoas que querem evitar esse momento de caos, mas falando abertamente, opinião de Eduardo Bolsonaro, não é mais uma opinião de se, mas de quando isso vai ocorrer. Essas reuniões aqui que o Allan está falando de altas autoridades, até mesmo de dentro de setores políticos, a gente discute esse tipo de coisa”, afirmou.
O deputado criticou a posição ‘democrática’ dos ministros palacianos, ou seja, os generais que estão em volta do presidente Jair Bolsonaro. “Falaram que conduziriam os generais ministros debaixo de vara. Qual foi a agressão que os generais fizeram ao STF? Bem, até agora não está adiantando nada uma postura, vamos dizer assim, democrática, vamos ser eufemista”, disse. Ele afirmou também que “quando chegar ao ponto que o presidente não tiver mais saída e for necessário uma medida enérgica ele é que será taxado como ditador”.
Durante a discussão, o escritor Olavo de Carvalho e o médico Ítalo Marsili criticaram os militares e o STF. “Esse Alexandre de Moraes não tem de ter direito de falar. Eu sou a favor da pena de morte para esses caras”, afirmou Olavo.
Em seguida, o filho do presidente afirmou que “tem certeza” que o inquérito das fake news vai chegar na sua casa no futuro, caso mantenha uma postura colaborativa. “Não se engane, as pessoas discutem isso. Essas reuniões que o Allan está falando, entre altas autoridades, até a própria reunião dentro de setores políticos, eu, Bia, etc. A gente discute esse tipo de coisa, porque a gente estuda história, a gente sabe que a história vai apenas se repetindo. Não foi de uma hora para outra que chegou a ditadura na Venezuela”, afirmou.