Três grandes executivos que firmaram acordo de colaboração premiada no auge da Lava Jato estão preocupados com o baculejo em Sergio Moro. Um deles era dono de empreiteira; outro era diretor-presidente.

 

Por Diego Escosteguy

 
Reservadamente, eles dizem que pode dar ruim a tentativa de gente influente em Brasília de reexaminar o teor das delações, sob o pretexto de buscar ilegalidades atribuídas ao então juiz de Curitiba e hoje pré-candidato à Presidência.

 

Esses colaboradores, assim como outros dois (um ex-doleiro e um ex-marqueteiro), não temem a análise da regularidade dos acordos. Reafirmam que não houve constrangimento indireto, perante Moro, ou direto, perante Teori e, em seguida, Fachin - os juízes que homologaram os acordos deles. Apenas um firmou colaboração em Curitiba; os demais, como a maioria dos que fecharam delações relevantes, negociaram os termos na PGR, com a posterior chancela do Supremo. Implicavam autoridades com foro.

 

Há duas razões para a apreensão entre os colaboradores. A primeira é mais simples: todos querem prosseguir com vida. Seguem ajudando com depoimentos. Tentam reerguer-se após os acordos. Temem que a luz de um escrutínio político e eleitoral acerca de um negócio eminentemente jurídico (as delações) queime relações e projetos recém-criados.

 

A segunda razão gela os ossos de alguns deles - sobretudo dos executivos das grandes empresas, como Odebrecht e Andrade Gutierrez. Com o passar do tempo e do furor por mais investigações, especialmente após casos serem quicados país afora até a prescrição, os anexos mais pesados foram esquecidos. Não houve avanço: investigações foram inviabilizadas no Judiciário ou até mesmo antes disso, na própria PGR.

 

Com a morte da Lava Jato e a asfixia dos esforços mais amplos de combate aos crimes de colarinho branco, os delatores aprenderam o valor do silêncio que haviam quebrado. Os cinco ouvidos sob reserva dizem - e não é de hoje - que prevalece um acordo tácito para que não causem maiores encrencas. "Nunca fui chamado a depor (sobre alguns dos anexos mais pesados)", diz um deles. "Você (refere-se a ele) logo entende por quê. Não precisa dizer nada. Está tudo subentendido."

 

São executivos, ex-empresários e figuras célebres do mundo político. Colaboraram porque avaliaram que era o melhor movimento de defesa, em face do volume e da força das provas contra eles. O resto é narrativa a serviço de campanha eleitoral.

 

Hoje, eles preferem ficar em silêncio. Têm aversão ao risco de se expor novamente e contar, após anos, coisas que ninguém (ou quase ninguém) quer ouvir. Um deles, talvez o mais ladino, resume, com a escatologia que lhe é habitual: "Eu não mexeria em bosta seca".

 

 

Posted On Quarta, 09 Fevereiro 2022 13:27 Escrito por

Editorial do jornal O Estado de São Paulo - Notas & Informações

 

A história do PT produziu muitos fatos que jogam contra o partido e seus candidatos. Em toda eleição, há muita coisa a esconder e a tergiversar. Mas seria empequenecer a trajetória petista pensar que, na categoria de temas a serem evitados, estariam “apenas” os escândalos de corrupção do mensalão e do petrolão. Há também aparelhamento do Estado, apoio entusiasmado a ditaduras e governos que violam direitos humanos, tolerância a corporativismos e privilégios, confusão entre o público e o privado, sabotagem de políticas públicas responsáveis (apenas porque outros as propuseram), negligência com malfeitos internos do partido, campanhas de difamação contra adversários políticos, abundante difusão de desinformação e várias outras práticas que contrariam o discurso original da legenda, em defesa da ética e da renovação da política.

 

Trata-se de um longo passivo, que não surgiu agora e não está apenas relacionado à Lava Jato. Mas há um item, em toda essa longa lista, que se sobressai. É um assunto que Luiz Inácio Lula da Silva tem especial dificuldade de lidar. O líder petista pode até falar do apartamento triplex no Guarujá ou do sítio de Atibaia – temas naturalmente desconfortáveis, que escancararam ao País o modo como o ex-sindicalista, que sempre bradou contra os patrões, lida de fato com os empreiteiros camaradas –, mas não faz ideia de como abordar este assunto: Dilma Rousseff e seu trevoso governo.

 

É um tema difícil, tanto pela evidência do desastre que foi o período de Dilma Rousseff no Palácio do Planalto como pela responsabilidade direta de Lula no caso. O líder petista decidiu que Dilma Rousseff seria a candidata do PT à Presidência da República em 2010. Afinal, esta é a divisão de tarefas na legenda que se diz democrática: Lula decide, os outros obedecem. Segundo palavras do próprio Lula, a relação entre os dois é de criador e criatura.

 

O líder petista pode não ter nenhum interesse em lembrar, mas ainda estão frescos na memória do País os resultados produzidos pela criatura lulista: recessão econômica, crise social, inflação, desemprego, desorganização da economia, manipulação de preços e irresponsabilidade fiscal, que incluiu, entre outras manobras, as famosas “pedaladas”. Tudo isso não se deu ao acaso. Foi obra do voluntarismo de Dilma Rousseff, mas foi muito mais do que simples equívoco individual. Sem nenhum exagero, o governo de Dilma foi a gestão dos sonhos dos petistas, com a aplicação – sem freios, sem limites e sem diálogo – de todas as teorias, ultrapassadas e equivocadas, que o PT sempre defendeu e, pasmem, ainda defende.

 

O resultado ficou evidente para o País. Tão presente nas eleições de 2018, o sentimento antipetista não foi mera consequência de decisões da Justiça Federal de Curitiba. O problema foi muito mais profundo. Com Dilma Rousseff, a população experimentou o que é um governo com o PT pondo em prática suas teses e ideias. Pouquíssima gente quer isso de volta e, por saber bem a dimensão dessa rejeição, Lula deseja de todas as formas esconder Dilma Rousseff e seu governo.

 

A quem queira diminuir ou relativizar a ojeriza do eleitorado com a gestão de Dilma no Palácio do Planalto, basta lembrar o resultado das eleições de 2018 para o Senado em Minas Gerais. Mesmo com toda a militância do PT dizendo que Dilma Rousseff tinha sofrido um golpe – assim os petistas qualificam atos constitucionais do Congresso, quando não lhes agradam – e com a legenda investindo muitos recursos financeiros na campanha, a ex-presidente obteve dos mineiros um humilhante quarto lugar. Portanto, Dilma é um óbvio fardo eleitoral, mesmo para um veterano prestidigitador como Lula.

 

Questionado nessa semana sobre o papel de Dilma em um eventual novo governo do PT, Lula não teve dó de sua criatura, atribuindo-lhe a mais cabal irrelevância. “O tempo passou. Tem muita gente nova no pedaço”, disse, em entrevista à Rádio CBN Vale. Se o tempo passou para Dilma, passou também para Lula. O País precisa de gente com outra estatura moral, que não tenha de esconder seu passado nem suas criaturas.

 

Posted On Domingo, 30 Janeiro 2022 05:41 Escrito por

Estamos no primeiro mês de um ano eleitoral e desde já não se fala em outra coisa a não ser a sucessão estadual. Os pré-candidatos aos cargos eletivos são incontáveis, inúmeros e a maioria destes ainda nem chegaram à campanha e já estão tratorando candidaturas, humilhando e demonstrando que dinheiro não será um problema. Aquele velho ditado que têm bala na agulha tanto para chegar ao primeiro mandato, quanto a reeleição.

 

 Por Edson Rodrigues

 

Mas todo mundo sabe que dinheiro não é o principal elemento para vencer uma disputa eleitoral, e sim o eleitor. Não podemos esquecer do funcionalismo público uma classe que contribui significativamente no resultado de um processo eleitoral, além disso vale lembrar que a população tocantinense está em busca de conhecer os projetos dos candidatos, principalmente aqueles que tragam resultados efetivos e, na lista de prioridades a geração de emprego ocupa o topo. Mais de 56% das famílias estão abaixo da linha da pobreza, em total situação de vulnerabilidade, com membros desempregados e passando fome.

 

Nos últimos dois anos, foram muitos que ficaram em suas casas dia após dia sofrendo com a falta de trabalho ou aqueles esporádicos, os bicos. Estes principalmente se muniram de informações seja por rádio, tv, blogs ou portais de notícias, mas se informaram por meio dos veículos que levam conhecimento e apresenta os fatos de forma gratuita à população tocantinense.

 

Os próximos 90 dias serão importantes para o eleitor tocantinense que já começa a formar sua opinião sobre os tais pré-candidatos. Os desfechos dos processos, oriundos das dezenas de operações da Polícia Federal, Ministério Público Federal, delações em segredo de justiça também irão interferir nesta perspectiva do tocantinense sobre os candidatos.

 

O observatório político de O Paralelo 13, em Brasília, teve acesso há informação de que em breve delações em poder das autoridades federais em estaduais, destas muitos processos envolvem detentores de mandato e pré-candidatos.

 

Devido a ética e profissionalismo deste veículo de comunicação, a divulgação de nomes, assim como a emissão de opinião sobre tais processos só serão realizados após decisão judicial e posicionamento dos órgãos competentes, pois cabe a eles condenar ou absolver os envolvidos. Estamos totalmente comprometidos com a verdade e buscaremos o mais breve possível ouvir tanto os envolvidos quanto os representantes dos órgãos que neste momento passam por um recesso. Só após este procedimento tornaremos públicas as análises de cada caso.

 

Vale lembrar que o eleitor é o mais apto a julgar aqueles políticos que se desviaram de condutas éticas e por isso fazemos questão de mantê-lo sempre bem informado.

 

Aguardem!

 

Posted On Quarta, 26 Janeiro 2022 07:13 Escrito por

Editorial publicado no domingo pelo Estadão 

 

De Notas&Informações

 

Considerando tudo o que o PT fez e deixou de fazer ao longo de seus 40 anos de existência – muito especialmente, no período em que Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff estiveram no Palácio do Planalto –, uma nova candidatura petista à Presidência da República não deveria suscitar entusiasmo na população. A legenda que supostamente seria progressista, ética e renovadora da política percorreu um caminho muito diferente, colecionando casos de corrupção, aparelhamento do Estado, apropriação do público para fins privados e políticas econômicas desastradas.

 

No entanto, apesar de todo esse passivo, Luiz Inácio Lula da Silva tem aparecido em primeiro lugar nas sondagens de intenção de voto para presidente da República. Às vezes, com margem de vantagem suficiente para a vitória em primeiro turno. Sabe-se que as eleições ainda estão distantes no tempo e na cabeça do eleitor. As pesquisas de agora não se prestam a prever o que vai ocorrer em outubro nas urnas. Há tempo para muitas mudanças. De toda forma, as sondagens revelam um dado importantíssimo: parte do eleitorado está se esquecendo de quem é Lula. Convém, portanto, resgatar essa memória.

 

Para começar, o líder petista não tem nenhuma credencial para se apresentar como o salvador da democracia. Antes de assumir o governo federal, o PT notabilizou-se por uma oposição absolutamente irresponsável, numa lógica de quanto pior para o País, melhor para Lula. Sem base jurídica, apenas para criar instabilidade, o partido apresentou pedidos de impeachment contra Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Sabotou sistematicamente os projetos apresentados pelo Executivo. Fechada ao diálogo, a legenda de Lula tratava tudo o que viesse do governo federal – rigorosamente tudo: Plano Real, modernização do sistema de telefonia, criação das agências reguladoras ou mesmo propostas de melhoria para a educação pública – como ocasião para criar desgaste.

 

Depois de chegar ao Palácio do Planalto, o PT continuou sua tradição antidemocrática. Apenas mudou de lado na mesa. São famosos e variados os escândalos de fisiologismo do partido de Lula. O mensalão é caso paradigmático de perversão do regime democrático, com uso de dinheiro público para manipular a representação política.

 

O petrolão foi ainda mais perverso, ao colocar toda a estrutura do Estado, incluindo estatais e empresas de capital misto, a serviço do interesse eleitoral do partido. Não foi apenas um conjunto de ações para desviar uma enorme quantidade de dinheiro público e privado. Todo o esquema estava orientado a alimentar a máquina eleitoral de Lula.

 

Também nas relações com os grupos políticos divergentes, Lula manteve, uma vez no poder, a mesma trilha antidemocrática. Passou a deslegitimar toda e qualquer oposição ao seu governo, criando uma das mais infames campanhas de incivilidade, intolerância e autoritarismo da história nacional: a do “nós” (os virtuosos petistas) contra “eles” (todos os que não aceitam Lula como seu salvador). O País segue ainda padecendo diariamente dessa irresponsável divisão social, da qual, não por acaso, Lula pretende extrair os votos para voltar à Presidência.

 

A atuação antidemocrática de Lula continuou após a saída do PT do governo federal. Nos últimos anos, o líder petista dedicou-se a desmoralizar, perante o mundo, o Estado Democrático de Direito brasileiro. Em vez de uma defesa técnica nas várias ações penais em que se viu envolvido, Lula promoveu verdadeira campanha difamatória contra o Judiciário, sugerindo que, por trás de cada condenação, mesmo colegiada e amplamente baseada em provas, havia uma conspiração (internacional!) para prejudicá-lo. A decisão do Supremo sobre a incompetência de determinado juízo, que libertou Lula, não torna menos grave o comportamento do ex-presidente e do PT. Ao se apresentar como perseguido político, Lula deixa claro que não acredita nas instituições democráticas do País.

 

Depois do ambiente de ameaças e de ataques à democracia criado pelo bolsonarismo – a exigir uma resposta responsável dos partidos e dos eleitores –, parece piada de mau gosto com o País pensar no PT como eventual solução. Lula nunca tratou bem a democracia brasileira.

 

 

 

Posted On Segunda, 24 Janeiro 2022 15:44 Escrito por

Ao ser nomeado em 2018, o primeiro presidente de Cuba de fora da família Castro, Miguel Díaz-Canel, tinha duas opções: endurecer o regime, agravando a sua condição de pária, como uma Coreia do Norte caribenha, ou abri-lo a mais iniciativa privada e liberdade cultural. A decisão foi inequívoca.

 

Notas&Informações da coluna  Estadão

 

Em julho, milhares de cubanos protestaram nas ruas contra a escassez de energia, comida e medicamentos. Díaz-Canel acusou-os de servirem o “imperialismo americano” e conclamou: “Revolucionários, às ruas!”. Brigadas pesadamente armadas espancaram os cidadãos. Pelo menos um foi morto com um tiro pelas costas. Jornalistas tiveram suas credenciais suspensas. A internet foi derrubada. Agentes de inteligência rastrearam dissidentes, invadiram suas casas e intimidaram suas famílias.

 

Mais de 1,3 mil cidadãos foram presos – entre os quais 45 menores de idade – e lançados nos calabouços cubanos – onde a visita de observadores neutros é vetada. Agora, dezenas deles estão sendo condenados a décadas de prisão. A maioria não tem participação em grupos organizados, muitos protestaram pela primeira vez. Alguns foram condenados simplesmente por filmar os protestos.

 

Além de violar qualquer padrão internacional, as sentenças são discriminatórias e covardes. Elas começaram a ser dadas durante as festividades de dezembro, quando a imprensa e as autoridades internacionais estavam distraídas. A maioria dos condenados é de jovens e negros, de bairros marginalizados, onde o acesso à educação é limitado e a sociedade civil é frágil. “Isso faz com que seja mais fácil ao governo trancafiá-los sem que nada aconteça”, disse Erik Jennische, da Civil Rights Defenders.

 

Muitos familiares perderam seus empregos. Mães que ensaiaram campanhas foram ameaçadas de responder por ações “contrarrevolucionárias”. A repressão em massa em Cuba, a maior e mais brutal desde que os irmãos Castro tomaram o poder, há 60 anos, deixou claro que, se havia alguma esperança de democracia, era mera ilusão.

 

Organizações civis estão conclamando autoridades internacionais. Em contraste constrangedor, o ex-presidente Lula da Silva, entusiasta da ditadura cubana, contemporizou numa entrevista em novembro: “Essas coisas não acontecem só em Cuba, mas no mundo inteiro”. E, claro, fez o que faz de melhor, que é transferir responsabilidades: “Precisamos parar de condenar Cuba e condenar um pouco mais o bloqueio dos EUA”. Ao comentar as prisões ordenadas pelo ditador nicaraguense Daniel Ortega, outro camarada dos petistas, aproveitou para, numa tacada, insinuar a culpa das vítimas, lavar as mãos para seus amigos autocratas e se vitimizar: “Eu fui preso no Brasil. Não sei o que essas pessoas fizeram. Só sei que eu não fiz nada”.

 

Ou seja, se o favoritismo do PT nas eleições presidenciais se confirmar, os ditadores de Cuba, da Nicarágua e da Venezuela podem dormir sossegados porque o Brasil, de quem sempre se espera liderança na defesa dos direitos humanos no continente, vai relativizar os crimes dos compadres de Lula.

 

Posted On Quarta, 19 Janeiro 2022 06:42 Escrito por
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