“Rachadinha” de Alcolumbre: seis ex-funcionárias denunciam esquema. Com salários que variavam de R$ 4.000 a R$ 14.000 por mês, o valor da fraude é calculado em pelo menos R$ 2 milhões

 

Por Julinho Bittencourt

 

Seis mulheres revelaram que foram empregadas durante muito tempo no gabinete do ex-presidente do Senado e atual da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre (DEM-AP), mas nunca receberam. Elas tinham salários que variavam de R$ 4.000 a R$ 14.000 por mês, mas recebiam em troca apenas uma pequena gratificação. Elas eram instrumentos do que se conhece popularmente como “rachadinha”.

 

Assim que eram contratadas, Marina, Lilian, Erica, Larissa, Jessyca e Adriana abriam uma conta no banco, entregavam o cartão e a senha a uma pessoa da confiança do senador. Salários, benefícios e verbas rescisórias a que elas teriam direito não ficavam com elas. O valor da fraude é calculado em pelo menos R$ 2 milhões.

 

“O senador me disse assim: ‘Eu te ajudo e você me ajuda’. Estava desempregada. Meu salário era mais de R$ 14.000, mas topei receber apenas R$ 1.350. A única orientação era para que eu não dissesse para ninguém que tinha sido contratada no Senado”, revelou a diarista Marina Ramos Brito dos Santos, de 33 anos.

 

O esquema de Alcolumbre funcionou de janeiro de 2016 até março deste ano. Cada senador tem direito a uma verba de R$ 280.000 reais por mês para contratar auxiliares. O uso desse recurso tem pouca ou quase nenhuma fiscalização.

 

Todas elas, que agora admitem a prática, são pessoas humildes, sem curso superior nem qualquer tipo de experiência legislativa. Bastava a elas emprestar o nome, o CPF, a carteira de trabalho e manter tudo sob o mais absoluto sigilo.

 

“Meu salário era acima dos R$ 14.000 reais, mas eu só recebia R$ 900. Eles ficavam até com a gratificação natalina. Na época, eu precisava muito desse dinheiro. Hoje tenho vergonha disso”, disse a estudante Erica Almeida Castro, de 31 anos.

 

O que diz Alcolumbre

Alcolumbre disse sobre o caso que se concentra nas atividades legislativas e que questões administrativas, como a contratação de funcionários, ficavam a cargo de seu então chefe de gabinete, Paulo Boudens. Ele disse ainda que não se lembra das ex-funcionárias citadas na reportagem e garante que ninguém estava autorizado a ficar com os salários das servidoras. Boudens foi exonerado em 2020 e não foi localizado até o fechamento da edição.

 

Com informações da Veja

 

 

Posted On Sexta, 29 Outubro 2021 08:56 Escrito por

Pesquisa PoderData indica que fim do confronto com o STF fez presidente parar de cair

 

Com Data Poder

 

Apesquisa PoderData de outubro sobre a eleição presidencial de 2022 revela que Jair Bolsonaro pode estar saindo do fundo do poço e que a entrada do ex-juiz Sergio Moro na disputa não altera a polarização. O levantamento sugere ainda que Luiz Inácio Lula da Silva pode ter encontrado o teto das suas intenções de voto, fato que ainda precisa ser confirmado por novas pesquisas.

 

A sondagem feita de 25 a 27 de outubro indica que o silêncio do presidente Bolsonaro vale ouro. Desde que interrompeu a escalada de ameaças e confrontos com o Supremo Tribunal Federal no Sete de Setembro, a diferença de Bolsonaro para o ex-presidente Lula diminuiu 10 pontos percentuais num eventual 2º turno. Lula vencia 55% a 30% em setembro e agora o placar é de 52% a 37%, o que ainda é uma diferença brutal pró-PT de 15 milhões de votos.

 

 

Em 13 de outubro o PoderData já havia mostrado uma ligeira recuperação da avaliação do governo Bolsonaro, com a desaprovação caindo para 58% e a aprovação indo para 33% –índices péssimos, mas melhores do que em setembro. O quadro sugere que Bolsonaro bateu no piso da impopularidade.

 

Com Bolsonaro parando de cair, a entrada do ex-juiz Sergio Moro na disputa eleitoral embaralha as opções da turma do nem-Bolsonaro-nem-Lula, mas não altera a tendência da polarização. Prestes a se filiar ao Podemos, Moro varia de 7% a 8% das intenções de voto, marcando um distante 3º lugar. Ele toma o lugar de Ciro Gomes, que varia na margem de erro de 5% a 7% dos votos. Neste momento, a busca de um candidato viável para a direita liberal é um exercício de canibalismo.

 

Lula segue vencendo todos os cenários de 2º turno. O seu pior quadro nas sondagens do 1º turno é com Sergio Moro e Eduardo Leite como candidatos, quando ele chega 34% ante 30% de Bolsonaro. Não é surpresa. Desde 1994, o PT sempre teve um núcleo duro de 1/3 dos votos. De junho a setembro deste ano, Lula navegou em mares excepcionalmente tranquilos, com a alta nos preços da comida e combustíveis, as acusações de corrupção na compra de vacinas e a ameaça de golpe militar desgastando Bolsonaro.

 

Até agora, Lula não precisou fazer nada para crescer nas pesquisas, mas essa boa vida tem limite. O presidente parou, ao menos momentaneamente de arranjar um conflito por dia, e lançou um programa para reajustar o Bolsa Família para R$ 400, enquanto Lula se ocupou de fazer acordos para formar palanques nos Estados.

 

Em breve, a máquina digital bolsonarista vai ressuscitar o antipetismo hidrófobo de 2018 e formar seus palanques estaduais para bater no PT. Como não tem uma máquina de comunicação como a de Bolsonaro, Lula pode ficar na defensiva e esperar novos erros dos adversários como tem feito nos últimos meses ou antecipar o lançamento de um programa de governo que confronte com o bolsonarismo.

 

Posted On Sexta, 29 Outubro 2021 06:50 Escrito por

Ex-presidente recebeu a equipe do jornal O TEMPO e rádio Super 91,7 FM em seu escirtório em São Paulo. Na entrevista, ele falou sobre a terceira via, frisou que os integrantes do centrão foram eleitos pelo voto democrático e admitiu não ser possível governar sem maioria no Legislativo

 

Por MARINA SCHETTINI E RICARDO SAPIA / O Tempo

 

Foi em escritório amplo, de decoração sóbria e elegante, no sofisticado bairro Itaim Bibi, em São Paulo, que o ex-presidente Michel Temer (MDB) recebeu a equipe do jornal O TEMPO e da rádio Super 91,7 FM. Entusiasmado com sua volta ao cenário político, Temer se disse surpreso com a repercussão, inclusive econômica, de sua intervenção na crise institucional entre Planalto e Supremo. Falou sobre a terceira via e relembrou momentos polêmicos, como o impedimento de Dilma e o vídeo em que supostamente discutia pagamento de propina. O ex-presidente ainda frisou que é preciso respeitar o fato de os integrantes do centrão terem sido eleitos pelo voto democrático e admitiu ser impossível governar sem maioria no Legislativo. Confira abaixo a entrevista:

 

Presidente, vamos começar falando sobre o retorno do senhor à cena política, como um apaziguador. Ao longo da minha vida, eu sempre preguei a pacificação nacional. O que não significa que não possa haver divergência doutrinária, programática, administrativa e até ideológica, mas não pode haver o que há nos dias atuais, que é uma divergência quase física. Muitas vezes, as pessoas vêm me consultar, trocar ideias. E, quando posso, dou alguns palpites. Mas o interessante, na sexta-feira que antecedeu o 7 de Setembro, foi que recebi muitos pleitos no sentido de dizer, “olha, Temer, você poderia colaborar um pouco por essa distensão no país”. Eu disse “o que eu posso fazer?”. Absolutamente nada, mas veja que interessante como roda o universo. Na quarta-feira, dia 8, às 20h, o presidente me liga gentilmente para perguntar o que eu achei do movimento nas ruas. Eu disse: “o senhor levou muita gente para as ruas, agora seu discurso, se me permite dizer, não foi apropriado para um presidente da República, porque agredir um ministro do Supremo publicamente é muito equivocado, até para o país”. Ele disse que queria paz: “O senhor sabe que eu estou querendo paz, tranquilidade. E o senhor é muito amigo do ministro Alexandre (de Moraes), e eu queria transmitir essa mensagem de pacificação”. Naquela noite, eu converso com o Alexandre e digo: “olha, o presidente me ligou”. E o ministro disse: “você sabe que eu só decido juridicamente, eu não tenho nada contra o presidente, nem contra a família dele, nem contra os amigos”.

 

O senhor acredita que o recuo de Bolsonaro será duradouro ou foi apenas uma estratégia diante da repercussão ruim dos atos de 7 de Setembro? O que ele falou com Moraes na conversa que o senhor intermediou? Só me lembro de uma primeira parte, e é até aqui que posso contar, sobre uma brincadeira que ele fez com o ministro Alexandre. Ouvi-o (Bolsonaro) dizendo: “o ministro é corintiano, e eu sou palmeirense. É sobre a única coisa que vamos brigar”. Eu senti que a conversa foi cordial e que distensionou. Mas (a repercussão) veio logo, pois quando saí me mostraram já a reação da bolsa com um pico para cima e o dólar caindo. Acho que vai perdurar (a mudança de postura). Dias depois, ele (Bolsonaro) fez uma fala no Planalto sobre a união dos Três Poderes. E eu torço até para que isso perdure.

 

Por que a terceira via não deslancha? Tem algum nome com viabilidade? Essa história da terceira via, muito mais que homenagem ao eventual candidato, é uma homenagem ao eleitorado. O eleitorado entre dois polos, se ele não quiser um desses dois polos, ele tem opção. E eu percebo é que os pré-candidatos hoje estão se lançando como candidatos. A significar, portanto, que a chamada terceira via vai espalhar muitos votos. O que vai enfatizar a ideia da polarização. Digo e reitero: seria extremamente útil se tivesse outra opção. O povo pode escolher entre um dos polos. Foi eleito, pronto, acabou. Agora, para dizer quais dos nomes, são tantos que eu não sei quem poderia ser bem-sucedido.

 

O senhor acredita que ainda há tempo para construir uma aliança e apresentá-la ao eleitor para 2022? Tem tempo de sobra. A campanha eleitoral tem 45 dias, significando, portanto, que os candidatos a presidente serão lançados lá pelo fim de agosto, começo de setembro. Estamos a um ano das eleições. E, na política, isso eu aprendi com os mineiros, as coisas podem mudar de um dia para o outro. Você tem muito tempo para escolher um candidato. Volto a dizer: pelo cenário atual, acho difícil a escolha de um único nome. Mas, para ser coerente, eu preciso dizer que nada do que eu digo aqui está definido. Muita coisa está por acontecer.

 

A pesquisa mais recente do Instituto DataTempo mostra que o brasileiro quer mudanças na forma de conduzir o país. E um terço da população quer a chamada terceira via. Uma possibilidade de uma terceira via é uma vontade do eleitorado. Há alguns meses, eu percebi que partidos estavam conversando sobre pré-candidaturas a fim de ver, mais na frente, quem estaria mais bem colocado. Só que esses nomes já são conhecidos. Eu reitero que seria extremamente útil que tivesse outra opção. São tanto nomes que eu não sei quem poderia ser bem-sucedido. Tem outra coisa também: estamos há um ano da eleição, e isso não deve se concretizar.

 

O senhor aceitaria ser esse nome da terceira via para 2022? Isso não está no meu horizonte e acho difícil acontecer. Já fui três vezes presidente da Câmara dos Deputados, secretário, vice e presidente da República. Evidentemente, se um dia o Brasil inteiro viesse e dissesse “vamos colocar você lá”, aí muito bem, eu vou para o sacrifício, mas não está no meu horizonte.

 

Assim como o ex-presidente João Batista Figueiredo, o senhor disse, em outras palavras: “vocês vão sentir a minha falta”, e reapareceu agora, mais uma vez, em um momento difícil economicamente. Quando o senhor assumiu lá atrás, a esquerda chamava o senhor de “golpista”. O que foi mais difícil para o senhor: a prisão ou ser chamado de “golpista” durante o impeachment? Não foi uma prisão, foi um sequestro praticado pelo poder público, sem que houvesse um processo sequer formatado. Foi filmado, um espetáculo. Hoje eu dou risada disso, mas foi muito difícil. Quanto à oposição depois que eu assumi, achei natural. Quem perde o poder fica na oposição. Não há um protesto meu contra os protestos. Meu pensamento era o seguinte: se eu ficar me envolvendo com os acontecimentos (críticas), eles vão se agravar. Eu pensava que tinha pouco tempo para governar e queria trabalhar, e o brasileiro sabe o que eu fiz: teto de gastos públicos, reforma do ensino médio, modernização trabalhista, queda da inflação, queda dos juros. A oposição às vezes te indica até um caminho, ela é importante na democracia.

 

E o senhor acha que a população agora sente sua falta? Não sei dizer. Tem muita brincadeira, muitos memes, como “volta, Temer”. De fora, gente que acha que posso ser candidato, etc. Eu tomo isso como um reconhecimento ao meu governo. E era um reconhecimento que eu esperava que viesse historicamente, só daqui a dez anos, e que começou logo depois que eu saí do governo.

 

O senhor tem participado da costura para 2022 dentro do MDB? E como tem visto essa conversa com o ex-presidente Lula depois de tantos ataques relacionados ao impeachment da Dilma? O MDB sempre foi uma federação de líderes, mas não é de hoje, desde o começo foi assim. E há alguns deles que eram adeptos do ex-presidente Lula e que pelo jeito assim continuam. E outros não, outros são inimigos.

 

Em qual ala do partido o senhor se encaixa: na a favor ou na contra ligações com o ex-presidente Lula? Vocês conversaram depois do impeachment? Nós não conversamos. Eu conversava muito com ele antes, bem antes, mas depois não tivemos oportunidade de nos encontrar nem de conversar. Em nenhum momento. E eu espero que o MDB tenha candidato (à Presidência). E se me perguntarem de qual lado estou, vou responder que estou com o MDB.

 

O centrão é o maior inimigo do Brasil? Quem está no centrão não chegou lá por uma centelha divina, chegou lá por conta da única autoridade que tem poder no Brasil, que se chama povo. Então quem está no chamado centrão chegou lé por conta do voto popular. Portanto tem que ter respeito pela mensagem popular. Agora, o que se pode dizer é o seguinte: “mas quem está lá não deveria estar”. Se não devia estar, faça-se campanha para modificar. Esta é a fórmula. É a democracia.

 

Como o senhor enxerga essa forma de operar do centrão, esta troca por cargos em uma negociação quase que por projeto? O senhor acredita que isso traz benefícios para o país? Muita gente diz que o governo não deveria acolher indicações do chamado centrão. Mas no presidencialismo você precisa ter maioria parlamentar, senão você não governa. Você manda projetos de emenda constitucional, você manda projetos de lei, você edita medidas provisórias que têm que ser convertidas em lei. Quem é que faz tudo isso? É o Legislativo. Se você não tiver maioria parlamentar, você não governa. Ora bem, se você disser. E se você disse que esse pessoal do centrão não pode indicar ninguém, nem pode ter nenhum palpite, você, coerentemente, como presidente da República, teria que dizer o seguinte “eu não quero o voto dessa gente, essa gente não serve para nada”. E daí você começa já como presidente da República perdendo 120, 130 votos no Parlamento. Você acha que é possível uma coisa dessas? Não tem jeito, a não ser que você mude o sistema, “democracia não vale nada, só vale para mim. Eu sou autoridade suprema e ponto final”.

 

Não chegou a hora de o país mudar de rumo e virar um parlamentarismo? Essa é a grande reforma política que o Brasil precisa. Não necessariamente o parlamentarismo puro, nem o presidencialismo puro, eu prego o semipresidencialismo, que significa que a figura do presidente é significativa e que tenha funções relevantes, uma cópia do sistema português, no qual o presidente tem direito de veto e sanção. O governo praticamente se descola para o Parlamento, e a função de governar o país passa a ser do Legislativo. As vantagens são: acabar com os traumas dos impeachments, o Legislativo passar a ser executor e termos só dois partidos: oposição e situação.

 

O senhor viveu o momento do impeachment da Dilma, em 2016, e ajudou a impedir que isso acontecesse com Bolsonaro há pouco. Em que os dois casos se assemelham e em que eles se diferenciam? Eu não fiz isso, não tentei evitar o pedido de impeachment (de Bolsonaro). Nem estava na minha pauta. Se o Congresso quisesse, teria aberto o processo de impeachment, e eu não poderia mudar isso. Não me arrependi de nada, eu só cumpri a Constituição, que diz o seguinte “se o presidente da República renuncia, falece, qualquer coisa assim, se o cargo fica vago, quem ocupa o cargo é o vice. É que nós aqui, no Brasil, temos um absoluto desprezo pela figura do presidente da República. E a figura do vice é sempre muito desprestigiada, historicamente. E eu não sei se Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ou não. O julgamento do impeachment é político, de conveniência e de oportunidade. E são coisas diferentes. No caso da senhora ex-presidente, foram pedaladas fiscais, e milhões de pessoas estavam nas ruas. Quem derruba presidente é o povo na rua.

 

Um dos momentos mais tensos do senhor enquanto presidente da República foi a divulgação do vídeo por Joesley Batista em que o senhor dizia ‘tem que manter isso’ em uma suposta alusão a pagamento de propina. O que o senhor quis dizer com essa frase? O senhor pensou em renunciar? Não pensei nisso um segundo sequer, pois, se tivesse falado ou se pensasse, provaria que eu teria culpa no cartório. Mas você não falou da frase antecedente, que cinco dias depois verificou-se que não existia. A frase era: “estou dando dinheiro para fulano de tal para manter o silêncio dele”. Daí eu disse “mantenha isso, viu”. Mas não era isso. A frase era “eu sou muito amigo de fulano, sabe que eu tenho longa amizade, eu estou de bem com ele”. Eu digo “mantenha isso”, o estar de bem com ele, não dar dinheiro. Isso foi descoberto. Cinco dias depois, quando foi divulgada a gravação. E tem mais uma coisa. A certa altura, a gravação foi desmoralizada pela Justiça. O procurador apresenta uma denúncia de cem páginas, e o juiz de primeiro grau, em oito ou dez páginas, diz que é absolutamente imprestável, não precisa ouvir ninguém. Não precisa ouvir acusado, não precisa ouvir testemunha. Não precisa mais nada. Eu absolvo sumariamente porque não há o que fazer neste caso. E essa decisão já foi até convalidada pelo Tribunal Superior. Isso só serviu para tentar destruir o país naquele momento e, mais, para uma coisa que eles obtiveram, que foi não deixar votar a reforma da Previdência, que eu iria votar em duas semanas. Foi uma coisa montada e até para tentar derrubar meu governo. Mas eu resisti, continuei a governar, continuei evitando a queda da inflação, dos juros. Continuei a ter um PIB positivo. Foi uma barbaridade cívica.

 

 

Posted On Sexta, 29 Outubro 2021 06:42 Escrito por

Programa vai beneficiar mais de 28 mil famílias tocantinenses em situação de vulnerabilidade

 

Por Lara Cavalcante

 

O governador em exercício do Estado do Tocantins, Wanderlei Barbosa, assinou nesta quinta-feira, 28, o decreto nº 6.332, que traz as diretrizes sobre a execução do programa social Vale-Gás. Trata-se de um benefício público de caráter temporário, destinado a pessoas inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (Cadúnico), que não sejam beneficiárias do Bolsa Família e que tenham renda per capita de até R$ 178,00.

 

O programa consiste no fornecimento de recarga de botijão de gás de cozinha (GLP 13 kg) em três etapas e vai beneficiar mais de 28 mil famílias tocantinenses em situação de vulnerabilidade que foram impactadas com a pandemia do novo coronavírus.

 

O governador Wanderlei Barbosa afirmou que o programa representa um alívio para as famílias mais vulneráveis, impactadas pela pandemia. “O objetivo do Governo é beneficiar essas famílias que sofreram o impacto da pandemia e que tem mais dificuldade de ter uma renda”, ressaltou.

 

Segundo o Decreto, o acesso ao Vale-Gás se dará por meio de sistema virtual desenvolvido pela Agência de Tecnologia da Informação do Tocantins (ATI) e operacionalizado pela Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas). O secretário do Trabalho e Desenvolvimento Social, José Messias Araújo, afirmou que toda a sua equipe está trabalhando incansavelmente para que a população tenha acesso, o quanto antes, ao benefício.

 

“Nossos servidores unidos à Agência de Tecnologia da Informação estão empenhados para elaborar o sistema onde as pessoas poderão se inscrever para receber o benefício, assim como todos os outros trâmites necessários para que o programa seja executado com segurança e transparência”, assegurou o gestor.

 

O Decreto, que também é assinado pelo titular da Setas, José Messias Araújo, e pelo secretário-chefe da Casa Civil (respondendo), Sebastião Pereira Neuzin Neto, foi publicado na edição desta quinta-feira, 28, do Diário Oficial do Estado.

 

Quem terá o direito?

 

O público-alvo do programa Vale-Gás está fundamentado no CadÚnico. Segundo dados aferidos em junho de 2021, o Estado do Tocantins tem 298.164 famílias inscritas nesse instrumento de identificação e caracterização socioeconômica. Desse número, extrai-se um total de 143.595 unidades familiares com renda per capita de até R$ 178,00, dentre as quais 115.220 são beneficiárias do programa Bolsa Família e, de certo modo, já são assistidas pelo Governo Federal.

 

Assim, as 28.375 famílias remanescentes desse quantitativo são consideradas em situação de pobreza, conforme a definição constante do artigo 18, do Decreto Federal nº 5.209, de 17 de setembro de 2004 e serão atendidas pelo programa.

 

Como vai funcionar?

 

Enquanto gestora do programa, a Setas destinará o valor de R$ 110,00 por botijão de gás, em três etapas de entrega, para atender as mais de 28 mil famílias. O recurso estimado de R$ 9.365.070,00 é oriundo do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep-TO).

 

O Decreto dispõe que cada família beneficiária do programa Vale-Gás receberá até três códigos de validação de recarga de gás. Esse código equivale a uma recarga em botijão de 13 quilos por mês. Caso o código não seja utilizado no período de validade correspondente, não poderá ser transferido para uso no mês seguinte.

 

Outra diretriz se refere à responsabilidade da família beneficiária de apresentar o botijão à distribuidora a fim de que se proceda à sua recarga. Caso o código de validação não seja utilizado no prazo determinado, não poderá ser exigida a recarga extemporânea nem do Poder Público nem da distribuidora contratada.

 

Posted On Sexta, 29 Outubro 2021 06:39 Escrito por

O ex-ministro dos governos Dilma e Temer defendeu a escolha de Rodrigo Pacheco como candidato ao Planalto e fez duras críticas ao governo de Jair Bolsonaro

 

Por RICARDO CORRÊA E LUCYENNE LANDIM

 

A redação de O TEMPO Brasília recebeu, para a primeira entrevista na capital federal, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. O ex-ministro dos governos Dilma e Temer não escondeu a paixão no sonho de lançar Rodrigo Pacheco ao Palácio do Planalto e disse que ele é o plano A, B e C do partido. Confirmou que Alexandre Kalil será o candidato ao governo de Minas Gerais, que apoiará Geraldo Alckmin em São Paulo e que vê Felipe Santa Cruz como nome no Rio de Janeiro. Sobre Jair Bolsonaro, afirmou que faz um mau governo. Ele ressalta que já defendeu o impeachment do presidente, mas que não se pode banalizar o processo. Economista, Kassab pontua que a manobra do governo federal para furar o teto de gastos e pagar o Auxílio Brasil, novo Bolsa Família, beira a irresponsabilidade fiscal e terá impacto negativo no futuro.

 

A gente não pode deixar de começar perguntando sobre o projeto presidencial do PSD. O PSD ontem filiou o presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que é colocado, o senhor já disse isso várias vezes, como candidato à Presidência da República. Como é esse projeto do PSD, o que esperar desse projeto para Rodrigo Pacheco?

 

O PSD é um jovem partido. Fez 10 anos nesse ano. Está fazendo 10 anos. Porém, 10 anos já foram suficientes para que nós nos organizássemos em todo o país com bons quadros, com lideranças importantes, algumas um pouco mais experientes, outras com esse sentimento de renovação que os brasileiros tanto aspiram, e amadureceu a ideia do partido lançar uma candidatura à Presidência da República. É uma decisão partidária, nós vamos lançar um candidato a presidente e, algum tempo atrás, nós fizemos esse convite ao presidente Rodrigo Pacheco, para que ele se filiasse ao partido e fosse o nosso candidato a presidente. Evidentemente que é uma decisão muito difícil, primeiro, se filiar a um partido e, depois, disputar um cargo, em especial um cargo de tanta relevância, o principal cargo do país que é o de presidente da República. Felizmente, para a alegria nossa, eu acho que de todo o Brasil, ele já aceitou parte da missão ao se filiar. Eu acho que é uma sinalização importante essa filiação, ele agora vai aprofundar a sua avaliação. Mas com a experiência que eu tenho, mais de 30 anos de vida pública, tenho uma confiança muito grande de que ele vai atender esse chamamento, porque no fundo é um chamamento. Chamamento para uma pessoa muito qualificada, que mostrou já, ao longo da sua vida, que é inteligente, que é bem preparado. O Rodrigo, ainda jovem como advogado, se tornou um dos principais advogados de Minas Gerais e do Brasil. Uma carreira como advogado exemplar e, há sete anos, ele resolve abraçar a vida pública. E nesses sete anos ele teve muito êxito.

 

Um crescimento rápido...

 

É, rápido, com qualidade, se elegeu deputado federal. Eu fui deputado federal por duas vezes e sei que é uma eleição muito difícil. A pessoa precisa ter vocação para se relacionar, se comunicar com o eleitor, para apresentar proposta. Ele não apenas se elegeu, mas, chegando à Câmara dos Deputados, se torna presidente da Comissão de Constituição e Justiça, que é a principal comissão da Casa, e vai muito bem, teve um excelente desempenho. Tal foi de qualidade o seu desempenho que ele acabou entendendo estar habilitado para disputar o Senado por Minas Gerais e se elege a um cargo majoritário, um dos cargos mais difíceis do país, o de senador por Minas Gerais. Não apenas se elegeu como foi o mais votado do Estado. E, chegando ao Senado, ele se torna presidente do Senado. Portanto, chefe de Poder, presidente do Congresso Nacional. Todas essas transformações, esses sete anos de muita intensidade na sua vida pública, o credenciam para, inquestionavelmente, ser um bom candidato. Ele tem o que apresentar já, ele mostrou que é da política, ele é conciliador, ele é bem preparado, ele sabe compreender os problemas do país, rapidamente consegue constituir equipe e apresentar soluções. Portanto, eu, e não apenas eu, mas os principais líderes do partido, entendiam, e cada vez entendemos mais, que ele tem tudo para ser um excelente candidato para vencer as eleições e, caso isso aconteça, será um bom presidente da República.

 

No ato de filiação o senhor foi bem categórico: disse que o Pacheco vai ser o candidato do PSD à Presidência da República e que ele será o presidente. Ele foi mais contido no discurso, não falou diretamente sobre esse assunto. Qual resposta ele tem dado ao PSD, ao senhor mesmo, sobre essa proposta de candidatura à Presidência?

 

Eu sempre tomo muito cuidado para ser muito respeitoso em relação ao Rodrigo. Você percebe que nas minhas manifestações eu digo que eu entendo que ele será, a minha experiência diz que ele será, e ele diz que está avaliando. Estava avaliando a filiação, agora está avaliando a candidatura, e eu tenho certeza que ele vai avaliar, vai refletir, não é uma decisão tomada. Mas volto a dizer: eu tenho certeza que ele será. Tenho certeza porque tem o perfil que o Brasil precisa. Ele já é experiente, afinal de contas é um advogado bem sucedido, um deputado federal, um presidente da CCJ da Câmara dos Deputados, senador, presidente do Senado, já conhece o Brasil. O Rodrigo Pacheco conhece o Brasil melhor do que qualquer um desses ministros que estão aí. Eu tenho convivido bastante com ele e posso lhe afirmar isso. Eu me considero uma pessoa com bastante experiência na vida pública, eu tenho uma peculiaridade que tenho uma boa formação técnica, meus pais me deram uma boa educação, me formei em engenharia em uma universidade boa, na USP em São Paulo, depois em economia na mesma USP, e logo depois eu ingressei na vida pública fazendo política na maior cidade do país, São Paulo. Então, não é qualquer um falando. A minha intuição eu acredito que seja uma boa intuição. No campo da política eu fui parlamentar, na maior cidade de São Paulo eu fui vereador, no maior Estado São Paulo eu fui deputado estadual, como você lembrou aqui eu fui duas vezes deputado federal, fui duas vezes ministro, já fui duas vezes prefeito de São Paulo. Então, eu posso afirmar a vocês que eu tenho plena convicção que eu não estou errado de que o Rodrigo é o perfil adequado que o Brasil precisa. E com uma vantagem: o PSD não está colocando uma única condição. A única condição que a gente pede a ele é que ele seja um bom presidente da República. Em nenhum momento vamos colocar condição de loteamento de cargos, de fisiologia, de indicação, para que ele tenha condição de chegar ao Palácio do Planalto como presidente eleito e possa constituir a melhor equipe que um presidente já teve no país. Essa é a única condição que a gente coloca.

 

Para crescer nas pesquisas, obviamente, quando chegar o momento das eleições, pela experiência, pela observação política que o senhor tem, o senhor vê esse espaço em uma desidratação do presidente Jair Bolsonaro, uma desidratação do ex-presidente Lula ou um espaço próprio da terceira via de conseguir juntar esses votos de tanta gente que tem na terceira via hoje, dentro de uma candidatura só?

 

Hoje, com a eficiência dos meios de comunicação, das redes sociais, é muito fácil a pessoa se apresentar. O Rodrigo não é nem pré-candidato ainda e ele já aparece nas pesquisas. Apareceu em uma pesquisa com 3%. Na maior parte delas está aparecendo com 2%, sem se apresentar como candidato. Em Minas Gerais, o seu Estado, várias pesquisas já estão colocando o seu nome com quase 10% para presidente da República. Eu sinto, em São Paulo, que é o meu Estado - eu tenho procurado acompanhar sempre que possível as suas reuniões -, que ele conquista as pessoas com a maneira com que ele se apresenta, o seu conhecimento. Então, o seu crescimento será orgânico. Não vamos aí sair gastando dinheiro, não. Nós vamos fazer o que a gente está fazendo aqui, falando dele, mostrando as suas qualidades, mostrando que o Brasil precisa dessa transformação. Nós não podemos mais conviver com esse ódio entre as pessoas, onde as pessoas não se respeitam mais, elas odeiam quem pensa diferente. O Rodrigo ele é justamente isso. Ele passa essa certeza de que ele vai promover o fim do ódio, vai acabar com o ódio.

 

Esse é o foco, a mensagem vai ser essa?

 

Não apenas essa. Eu acho que essa é uma mensagem importante, mudar mas com tranquilidade, com serenidade. Temos que acabar com essa história de que quem perde a eleição vai torcer para o quanto pior melhor. Imagina! Somos brasileiros, a democracia engloba a eleição. Quem perde a eleição, vamos fiscalizar, mas vamos trabalhar para o Brasil dar certo. E quem ganha a eleição, deixa de lado essa história de querer massacrar os vencidos, vamos chamar para conversar, vamos ter uma boa convivência, vamos respeitar governo e oposição, porque dá para trabalhar junto, mesmo você tendo aqui e uma oposição. Até porque a democracia precisa da oposição para fiscalizar, para ser uma alternativa. Então, a candidatura do Rodrigo Pacheco vai representar tudo isso.

 

Tem-se comentado também sobre uma possível aliança do PSD com o PT na eleição presidencial, talvez encabeçando o ex-presidente Lula e o PSD entrando na candidatura do vice a presidente. Tem alguma chance de isso acontecer e talvez o Pacheco ir, por exemplo, para o governo de Minas. Há alguma chance de o PSD abrir mão da candidatura ao Palácio do Planalto?

 

Deixa eu lhe falar: eu posso primeiro falar pelo partido. Modéstia à parte, eu sou fundado do partido, sou presidente do PSD e eu posso lhe afirmar aqui, qualquer um pode me cobrar, o PSD terá candidatura própria à Presidência da República. Isso é irreversível, é uma decisão tomada. Agora, falo por mim, não posso falar pelo Rodrigo. Eu acho que será o Rodrigo, porque só não será se ele não quiser.

 

Se ele não quiser terá um outro candidato?

 

O PSD vai ter candidato à Presidência da República. É uma decisão tomada, é importante para a democracia, os partidos têm que ter candidatura. Eu trabalhei muito para aprovar o projeto em 2017 que acabou com a coligação nas eleições proporcionais de vereador, de deputado estadual, deputado federal. Para quem não sabe, são as eleições proporcionais. Felizmente, vencemos e mantivemos a lei. A partir da próxima legislatura eu vou trabalhar também com a coligação nas eleições majoritárias. Não tem nenhum sentido um partido existir para apoiar o candidato de outro partido, ainda mais em uma eleição de dois turnos. Então, para que existir? Então, o PSD terá candidatura. Em Minas Gerais, quem fala por Minas é o diretório estadual, mas eu posso lhe afirmar também meu sentimento: o nosso candidato será o Alexandre Kalil, que fez uma extraordinária gestão, está fazendo à frente da Prefeitura de Belo Horizonte, com aprovação de quase 80%. Ele se elegeu no primeiro turno e tem todas as condições para se apresentar como um bom candidato. Porque um bom prefeito de Belo Horizonte, ele está sendo um bom prefeito, com certeza será um bom governador. Ele não começou a campanha ainda, todos sabem, mas no momento que começar e se definir mesmo publicamente como candidato, ele terá todas as condições de mostrar por que é importante para Minas Gerais tê-lo como governador.

 

O senhor disse que o Pacheco só não vai ser o candidato do PSD se ele não quiser. Caso ele não queira, o partido tem um plano B para o Palácio do Planalto?

 

O plano A, B e C do partido é Rodrigo Pacheco.

 

Falando um pouco das disputas estaduais, o partido está se estruturando para ter candidatos em vários lugares. O senhor inclusive citou em Minas Gerais o nome do Kalil, embora também o senador Carlos Viana, que é do PSD, muitas vezes diz que é interesse ser candidato ao governo...

 

O senador Carlos Viana, hoje, é um dos senadores mais respeitados do Congresso Nacional. Em pouco tempo ele conquistou a todos por sua cultura, sua seriedade, sua transparência. Ele tem a legítima aspiração de postular uma candidatura a governador, assim como o Alexandre Kalil. Eu tenho plena convicção de que haverá um entendimento maior em Minas Gerais envolvendo o Rodrigo Pacheco, o Carlos Viana, (Antonio) Anastasia, Alexandre Silveira, Alexandre Kalil, que vai levar rumo a Minas Gerais a ter um projeto com muita unidade para o bem de Minas Gerais e para o bem do Brasil.

 

Uma situação que parece ainda não estar muito clara é a de São Paulo. O PSD fala do apoio ao Geraldo Alckmin, independente dele ir para o PSD ou para o União Brasil, já estão falando que ele pode ir para o União Brasil. Mas a gente vê muitas discussões a respeito das conversas do Alckmin com o próprio Márcio França, que quer ser candidato, com o próprio José Luiz Datena, o próprio PDT do Ciro Gomes, com quem você tem uma boa relação. Como está em São Paulo essa estruturação de uma candidatura do Alckmin em São Paulo? É esse o caminho mesmo do PSD? E com quem se conversa nesse sentido?

 

O caminho do PSD em São Paulo é apoiar o Geraldo Alckmin. Ele é um quadro da vida pública, dos melhores, muito bem preparado. O Geraldo, na sua vida pública, só fez coisa boa, pessoa admirada e respeitada por todos. O PSD o convidou para se filiar, nós temos uma esperança e um sentimento muito positivo em relação à vinda dele. A decisão será dele, evidentemente, então vamos aguardar. Será o nosso candidato. O Datena tem o nosso compromisso que, se ele quiser ser candidato ao Senado, ele terá a legenda do partido. Tem o compromisso. Temos também o querido amigo Paulo Skaf, que está examinando a possibilidade, também muito qualificado, ambos preparadíssimos para ser candidato a senador e representar São Paulo no Senado. Portanto, nós vamos aguardar um pouco para as definições que devem estar para acontecer, mas a gente caminha sim para ter esses quadros juntos em uma eleição no Estado de São Paulo e em harmonia com o Rodrigo Pacheco, candidato a presidente da República.

 

E no Rio de Janeiro? Tem o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, e o atual prefeito Eduardo Paes. Como vai ficar o Rio de Janeiro nas eleições do ano que vem?

 

A condução do processo sucessório no Rio de Janeiro estará aos cuidados, sob a responsabilidade do diretório local presidido pelo prefeito Eduardo Paes. Ele tem manifestado a vontade de que o partido lance o Felipe Santa Cruz, presidente da OAB Nacional, uma pessoa muito respeitada, como candidato a governador. E eu percebi, em um evento com uma dimensão muito grande que aconteceu nos últimos dias no Rio de Janeiro sob o comando do Eduardo Paes, com lideranças do Estado inteiro e muito peso político, uma sinergia muito grande do Felipe Santa Cruz com o eleitor carioca. Eu percebo uma vontade do eleitor carioca muito, mas muito forte de mudar as coisas lá. E a mudança lá é o apoio do Eduardo Paes para o Felipe Santa Cruz. Então, eu acredito que lá no Rio de Janeiro nós queremos sim uma base bastante consolidada sob o comando do Eduardo Paes a favor da candidatura do Felipe Santa Cruz.

 

Do ponto de vista do cenário nacional, além do Rio, São Paulo e Minas, o partido está imaginando que pode competir com condições de ganhar em quantos estados?

 

Não há candidato que dispute as eleições pensando em derrota. Então, todos os candidatos que saem para governador... Hoje nós temos bem encaminhado um processo de construção de 14 candidaturas a governador, 14 Estados. Eu acredito que a gente possa chegar até a 20, o que vai mostrar uma presença do partido no cenário nacional importante. Enquanto os outros partidos ficam discutindo dinheiro, tempo de televisão, nós estamos mostrando para o Brasil que a gente está preocupado em ter bons quadros e boas propostas. Porque as campanhas hoje são muito mais baratas e o tempo de televisão continua sendo muito importante, mas as redes sociais têm um custo muito baixo, elas têm uma importante igual hoje.

 

Voltando um pouco para essa coisa do cenário nacional, o senhor já descolou ali do governo do presidente Jair Bolsonaro...

 

Posso corrigir? Descolou não. Nunca colamos.

 

Mas o partido dentro do Congresso Nacional os parlamentares são bem alinhados com o governo federal. Ao menos uma parcela.

 

Não. Também não. Qual a nossa história com esse governo? O PSD apoiou nas eleições de 2018 a candidatura do Geraldo Alckmin. Apoiamos e fizemos campanha. No segundo turno, o Geraldo Alckmin não foi. No segundo turno o partido liberou. Cada militante, cada filiado, cada parlamentar, ex-parlamentar, dirigente votou de acordo com as suas convicções. Eleito o presidente Bolsonaro, o partido se declarou independente. E é independente até hoje. E como o partido é independente, o parlamentar pode estar mais próximo ou mais distante. O partido é independente. Não vamos colocar camisa de força. O que tem acontecido com nossos parlamentares, sejam os deputados federais, sejam os senadores, é que os projetos que eles acreditam que sejam bons para o Brasil eles estão votando. E eu acho que eles estão corretos. A gente não pode fazer como fazem alguns partidos: torcer e trabalhar pelo quanto pior, melhor. Se a gente acredita que é um projeto bom, se eles acreditam, eles votam a favor. Se eles entendem que não é bom, eles votam contra.

 

E fazendo uma avaliação geral sobre o governo hoje. O PSD teve um momento de maior tensão com a discussão do impeachment quando houve o evento do 7 de Setembro. De lá para cá, o presidente deu uma diminuída no tom, fez aquela carta e tudo. Como o senhor avalia hoje a situação do governo federal do ponto de vista das chances efetivas que o presidente Jair Bolsonaro pode, a partir desse governo, ter nas eleições de 2022?

 

Vamos ser claros: é um mau governo. Primeiro, o problema do planeta ao longo dos últimos anos foi essa pandemia, e o presidente não teve uma postura adequada. É o líder maior do país, quem deveria nos conduzir. E (ficou) dando sinalizações erradas, equivocadas, incentivando aglomerações, recusando vacinas. Uma postura negacionista. No início dessa pandemia, a Pfizer, que reconhecidamente era a melhor vacina, ofereceu 100 milhões de doses para que o Brasil pudesse aqui ser um importante avalizador da vacina. O governo recusou. Quantas dessas 605 mil pessoas que morreram não teriam morrido se tivessem tomado essas 100 milhões de doses? Eu lembro de um episódio que o presidente tirou a máscara de uma menina. Há três dias ele associou a vacina à possibilidade de a pessoa ter Aids. Quer dizer, não tem noção das coisas. Postura ruim. Agora, a inflação. A inflação média brasileira é de 10% hoje. mas é média, porque a inflação na alimentação é quase 25%. Dos combustíveis, muito maior. E a grande parte da população, que está nas classes C, D e E, ela tem então uma inflação alta, porque o seu poder aquisitivo é todo concentrado na alimentação e combustível basicamente. Então, a carne, o arroz, o feijão, o combustível, estão com uma taxa de 23%. O que significa isso? Se a pessoa em janeiro ganhava R$ 1.000, ela em dezembro vai estar ganhando o equivalente a R$ 750. Então, o que ela comprava em janeiro ela vai comprar 25% a menos em dezembro. Então, não tem como eu avaliar de uma maneira positiva esse governo. É importante ser apresentada uma alternativa.

 

Mas o senhor entende isso como uma solução que se dá na eleição. O senhor não é a favor hoje de um processo de impeachment?

 

No dia 7 de Setembro, as manifestações dele levavam ao impeachment. Eu mesmo publicamente defendi a abertura de um processo. Porque ele disse que iria enfrentar o Judiciário, não ia atender as suas decisões, não é? No momento em que ele se desculpou e disse que não iria acontecer, perdeu a razão. E acho que ele teve um desgaste muito grande, pois gerou uma instabilidade. O voto é um negócio muito sério. Nós temos que conviver com processo de impeachment, É importante que exista na democracia essa alternativa, mas tem que ser adotado numa situação necessária e que se justifique. Nós não podemos banalizar o impeachment, senão você está desvalorizando o voto.

 

E o trabalho da CPI da Covid no Senado, que citou crimes relacionados ao presidente Jair Bolsonaro, que agora vão ser avaliados pela Procuradoria Geral da República, o que o senhor avaliou desses crimes apontados pelo Renan Calheiros no relatório da CPI da Covid ao presidente Jair Bolsonaro?

 

Eu vi com muita tristeza, sinceramente. É muito triste, não é? Esses indiciamentos, essas acusações, agora o encaminhamento será feito para que possa ser deflagrado o processo, mas vejo com muita tristeza. Essa CPI nos revelou coisas inimagináveis. Corrupção na compra de vacinas, corrupção no Ministério da Saúde. Eu não imaginava que a atuação, só para ficar no campo da pandemia, fosse tão desastrada.

 

O senhor falou da questão inflacionária, da dificuldade, do poder de compra das pessoas que vai se enfraquecendo com a inflação em alta. A gente tem vivido um debate muito grande hoje acerca do Auxílio Brasil, de como financiar esse Auxílio Brasil, e aí esse debate sobre fura o teto ou não fura o teto. Como o senhor está vendo esse debate hoje, essa solução que até agora o governo está tentando apresentar, por meio da PEC dos Precatórios, e mudando o reajuste do teto?

 

Vamos começar pelo final: eu defendo o Auxílio Brasil. Ele é fundamental para atender a necessidade do brasileiro e, em especial, dos menos favorecidos. Ponto. Questão resolvida. Agora, eu também defendo a responsabilidade fiscal. Num Orçamento de trilhões, não é possível que não se separe R$ 25 bilhões, R$ 30 bilhões, R$ 35 bilhões para Auxílio e não consiga resolver o resto do Orçamento dentro do teto de gastos. É inadmissível. Algo impensável. Então, eu defendo esse Auxílio, vou continuar defendendo, como sempre defendi o Bolsa Família, vou continuar defendendo, mas eu sou daqueles que defende a responsabilidade fiscal. Me estranha muito o Ministério da Economia, a essa altura, estar se esquecendo da importância, para qualquer país, da responsabilidade fiscal. Não há investidor que acredite em um país que não tem responsabilidade fiscal. E quando um investidor, seja brasileiro seja o de fora, passa a não acreditar no país, aí você começa a ter um desemprego maior, que já é muito alto. Se eles não acreditam, vão para outro país. Se não investem não há novas empresas. Essa postura do governo, que beira a irresponsabilidade no campo fiscal, ela vai atrapalhar muito o nosso futuro.

 

O senhor falou sobre inflação, teto de gastos, Auxílio Brasil, o senhor é economista. Como o senhor avalia que a condução da equipe econômica do governo federal em geral vai impactar nas urnas no ano que vem?

 

Já está impactando, não é? A avaliação do governo é ruim. O presidente vai ter uma dificuldade muito grande na sua reeleição, porque a prioridade, nas discussões, será no campo da economia. E na economia, tendo a inflação como carro-chefe das discussões, vai trazer para o governo um desgaste muito grande e isso vai contribuir para que ele não tenha um bom desempenho nas eleições.

 

No fim das contas, o senhor considera que esse tema da economia, da inflação, é o grande tema das eleições, o senhor acha que o debate da pandemia vai estar resistindo até as eleições, ou esse debate sobre o Brasil estar unido ou não estar... qual o principal tema que vai ser tratado em 2022?

 

Essa pandemia mostrou com muita clareza o quanto é importante a gente ter um ensino público de qualidade. O quanto é injusta a situação no Brasil, comparando-se àqueles que têm poder aquisitivo com aqueles que não têm. O quanto foi flagrante essa diferença acompanhando as pessoas nas escolas particulares, que tinham nas suas casas muito mais instrumentos de continuar tendo acesso à educação, com aquelas que estavam no ensino público, que não tinham esses instrumentos. O quanto ficou claro essa defasagem nesse período, e nós precisamos corrigir. Eu fui prefeito de São Paulo durante dois mandatos e dei prioridade absoluta à educação. Então, nós temos que cobrar de todos os candidatos a presidente que tenham e deixem com muita clareza essa prioridade e eu espero que o Rodrigo Pacheco também deixe. E tenho certeza de que deixará. Essa pandemia também deixou clara a importância do SUS. Se não fosse o SUS, com seus problemas, nós não teríamos os resultados que nós viemos tendo agora no campo da vacinação, do tratamento das pessoas. Então nós temos que melhorar, investir mais no SUS. O SUS tirou a dúvida de qualquer brasileiro que questionava a sua existência. Hoje, ele passou a ser uma unanimidade no país. Então, vamos, deixando de lado saúde e educação, que devem ser as absolutas prioridades de qualquer governo, deixar claro que a economia terá um papel fundamental nas discussões e nos debates porque, hoje, no dia a dia dos brasileiros, a inflação é o principal problema. As pessoas, muitas delas, em especial as mais pobres, não comem mais carne, têm dificuldade de comprar arroz, comprar feijão no mesmo volume que compravam. Têm dificuldade de abastecer o carro, seja para trabalhar, seja para passear no fim de semana. E isso tudo vai ter um peso grande. E o governo não está conseguindo dar respostas. Muito pelo contrário. A situação se agrava a cada dia, a cada semana, a cada mês. Portanto, deixando claro que a prioridade deve ser saúde e educação, a principal discussão vai ser no campo da economia, principalmente na inflação, e a ineficiência desse governo para resolver esses problemas.

 

 

 

Posted On Sexta, 29 Outubro 2021 06:34 Escrito por