Integrantes do Palácio do Planalto admitem que os dois nomes dos paciente com testes positivos para o novo coronavírus sonegados à Justiça pelo Hospital das Forças Armadas (HFA) podem ser os do presidente Jair Bolsonaro e da primeira-dama, Michele
Por Vicente Nunes do Correio Brasileiense
Esses servidores dizem que a lista do HFA virou tabu dentro do Planalto. A ordem é não passar qualquer informação sobre os exames do presidente e da mulher dele “por questão de segurança nacional”. Mas o incômodo é grande, uma vez que o Palácio de tornou uma das principais fontes de contaminação pelo coronavírus em Brasília.
O último a ser contaminado foi um dos motoristas que atendem o presidente da República. Ele deu entrada em um hospital de Brasília alegando estar com problemas respiratórios, sintomas característicos da Covid-19.
O HFA sonegou os dois nomes à Secretaria de Saúde do Saúde do Distrito Federal, apesar de a Justiça ter determinado o repasse de todos os registros de pessoas que foram testados positivamente para o coronovírus. Do total de 17 pessoas confirmadas com a Covid-19, somente 15 tiveram os nomes revelados à Justiça.
Proteção à intimidade
A sonegação dos dois nomes foi ressaltada em ofício encaminhado à Justiça pelo comandante logístico do Hospital das Forças Armadas, general Rui Yutaka Matsuda.
“Deixo de informar à V Exa. (juíza Raquel Soares Chiarelli), neste documento, os nomes dos pacientes com sorologia positiva para a Covid-19, a fim de evitar a exposição dos pacientes e em virtude do direito constitucional de proteção à intimidade, vida privada, honra e imagem do cidadão”, escreveu Matsusa.
Curiosamente, diante da insistência dos jornalistas em ter acesso aos resultados dos exames de Bolsonaro, o governo restringiu o acesso a dados públicos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). A Medida Provisória tratando do tema foi editada na calada da noite.
Essa postura do governo ocorre mesmo depois de 23 pessoas que integraram a comitiva presidencial para os Estados Unidos no início de março terem testado positivo para o coronavírus.
A decisão de Bolsonaro de não dar transparência a seus exames para a Covid-19 foi fechada com os filhos. O deputado Eduardo Bolsonaro é o defensor mais enfático para que o governo esconda as informações.
Remédios são usados para controlar sintomas; pesquisadores testam tratamentos
Por: FolhaPress
O caminho percorrido por cientistas que buscam uma vacina ou medicamento eficaz é o mesmo que se aplica a outras doenças virais.
No caso da vacina, com base no material genético do Sars-CoV-2, nome oficial do novo vírus, os cientistas pesquisam formas de estimular a produção de anticorpos. Já para criar um medicamento antiviral é preciso atingir a parte específica responsável pela reprodução do vírus e destruí-lo sem matar as células infectadas no corpo humano.
O desafio é lidar com patógenos adaptáveis, que se reproduzem rapidamente, com alterações genéticas que podem tornar a droga desenvolvida ineficaz.
Nos Estados Unidos, voluntários sadios começaram a testar uma vacina experimental para o novo coronavírus produzida pela equipe do Instituto de Pesquisa em Saúde Kaiser Permanente, em Seattle.
Trata-se de uma vacina de mRNA (RNA mensageiro), molécula "prima" do DNA que costuma carregar as informações necessárias para a produção de uma proteína até as "fábricas" da célula.
Com base no material genético do novo coronavírus, os pesquisadores fabricaram moléculas de mRNA que contêm a receita para a produção da proteína da espícula do parasita -o "espinho" ou "arpão" que ele usa para se fixar nas células humanas.
A ideia é fazer com que o organismo dos pacientes produza apenas essa proteína, com base no mRNA da vacina.
Com isso, o sistema de defesa das células reagiria como se tivesse sido invadido pelo vírus real, produzindo anticorpos -moléculas defensoras- com "design" específico para o combate ao Sars-CoV-2. Diante do patógeno verdadeiro, essas pessoas estariam imunes.
No campo dos tratamentos, testes preliminares feitos com um pequeno grupo de pacientes na China sugerem que um medicamento desenvolvido para combater outras doenças virais também poderia ter efeitos positivos contra a atual pandemia de Covid-19.
Trata-se do favipiravir, produzido comercialmente no Japão com o nome de Avigan. O fármaco ainda não tem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), não podendo, portanto, ser vendido no Brasil. Hoje, ele é produzido apenas sob demanda no país onde foi desenvolvido.
Na quinta-feira (19), o presidente americano Donald Trump e Stephen Hahn, da Food and Drug Administration (FDA), disseram que a agência americana de fiscalização e regulamentação de alimentos e remédios havia aprovado o uso em pacientes do coronavírus dos medicamentos cloroquina e hidroxicloroquina, vendidos sob receita para o tratamento de malária, lúpus e artrite reumatoide.
Não houve testes clínicos para determinar se esses medicamentos de fato funcionam contra a doença, e Hahn não explicou por que a FDA decidiu apoiar seu uso; tampouco explicou se a medida anunciada representava aprovação formal de um novo uso para os medicamentos.
Ainda assim, a declaração gerou uma corrida às farmácias americanas.
Replicada nas redes sociais pelo presidente Jair Bolsonaro, a menção teve efeito semelhante aqui, deixando pacientes com artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária sem o medicamento.
Na sexta-feira, a operadora Prevent Senior e o Hospital Israelita Albert Einstein informaram que começariam a usar, em caráter experimental, a hidroxicloroquina em seus pacientes atingidos pelo coronavírus.
Como ainda não há medicamento para a Covid-19, o tratamento de quem está doente inclui o uso de analgésicos e antitérmicos, como paracetamol e dipirona, para tratar os sintomas, assim como hidratação e repouso. A OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda automedicação.
A OMS frisa que antibióticos não devem ser usados para prevenir ou tratar infecção por coronavírus. Os antibióticos funcionam apenas contra bactérias. Esse tipo de medicamento, porém, pode ser utilizado em caso de eventuais infecções decorrentes da doença.
Na quinta-feira (19) a organização voltou atrás na restrição que havia feito ao uso do anti-inflamatório ibuprofeno para controlar os sintomas de coronavírus. Entre os medicamentos cujo princípio ativo é o ibuprofeno estão o Buscofem, indicado para cólicas menstruais, o Artril, para artrite, e o antitérmico Advil.
Segundo a OMS, a maioria das pessoas (80%) com Covid-19 se recupera sem precisar de tratamento especial. Uma análise estatística publicada pela revista especializada Science indica que na China quase 90% das pessoas doentes passaram despercebidas quando ainda não havia restrições de viagens em território chinês.
Algumas fake news que circularam na internet falavam que era possível tratar o coronavírus com vitamina C, chá de ervas, "shots" de imunidade, ozonoterapia ou mesmo água quente, informações que não procedem. No Irã, pessoas morreram envenenadas após tomarem álcool puro, acreditando ser essa uma forma de evitar o vírus.
Em entrevista à reportagem, a médica curitibana Mariângela Simão, diretora-assistente da OMS, recomendou que informações que circulam na internet sobre tratamento sejam checadas.
"Ainda que haja 200 ensaios clínicos sendo implementados, não existe conclusão sobre nenhum deles", disse Simão.
Também impôs multa de R$ 50 mil ao diretor do hospital por cada paciente que tiver a informação sonegada
Com Estadão Conteúdo
A Justiça Federal do Distrito Federal determinou nesta sexta-feira, 20, que o Hospital das Forças Armadas (HFA) informe imediatamente ao governo do Distrito Federal a relação completa dos pacientes infectados pelo novo coronavírus. Segundo o presidente Jair Bolsonaro postou em suas redes sociais, um exame feito no HFA atestou que ele não foi infectado pela covid-19.
Em sua decisão, a juíza Raquel Soares Chiarelli também impôs uma multa de R$ 50 mil ao diretor do hospital por cada paciente que tiver a informação sonegada. Além de Bolsonaro, integrantes da comitiva presidencial que acompanharam o presidente da República em viagem aos Estados Unidos também fizeram exames no HFA.
"Já é notório que a devida identificação dos casos com sorologia positiva para a covid-19 é fundamental para a definição de políticas públicas para o enfrentamento urgente e inadiável da pandemia, a fim de garantir a preservação do sistema de saúde e o atendimento da população", escreveu a juíza em sua decisão.
"De modo que não se justifica, sob nenhuma perspectiva, a negativa da União em fornecer essas informações ao Distrito Federal, que tem competência constitucional para coordenar e executar as ações e serviços de vigilância epidemiológica em seu território."
Nesta sexta-feira, Bolsonaro voltou a minimizar pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 10 mil pessoas no mundo, e tratou a doença como uma "gripezinha". "Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar", disse o presidente após o Estado questioná-lo, em entrevista no Palácio do Planalto, a razão de ele não tornar público os resultados dos seus exames.
O jornal O Estado de S. Paulo pede há uma semana a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) que apresente os resultados do exames já feitos pelo presidente, mas até esta sexta-feira não obteve resposta.
Ao todo, 22 pessoas que acompanharam Bolsonaro na viagem que fez aos Estados Unidos, na semana passada, contraíram o coronavírus. Entre eles, assessores próximos e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, que se reuniu três vezes com Bolsonaro no dia anterior a ser diagnosticado com a doença.
Bolsonaro teve contato com auxiliares que já foram diagnosticados com o coronavírus nos últimos dias, como o secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. Segundo divulgou em suas redes sociais, porém, os dois primeiros testes feitos pelo ele deram negativo.
O presidente voltou a afirmar que, caso receba orientação médica, poderá fazer um novo exame. Mais cedo, ele afirmou que pode já ter contraído o vírus. "Fiz dois testes, talvez faça mais um até, talvez, porque sou uma pessoa que tem contato com muita gente. Recebo orientação médica", disse ele ao deixar o Palácio da Alvorada pela manhã. "Toda família deu negativo aqui em casa. Talvez eu tenha sido infectado lá atrás e nem fiquei sabendo. Talvez. E tô com anticorpo."
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que acompanhava Bolsonaro na entrevista no Planalto, defendeu o sigilo sobre os resultados dos exames. "Os exames do paciente são do paciente. São da sua intimidade. A gente não faz divulgação nem do seu, nem do meu, nem do de ninguém", disse Mandetta.
O contato com uma pessoa infectada é uma das formas de transmissão do coronavírus. O presidente foi criticado por infectologistas e até por aliados por expor os manifestantes ao risco de contaminação pela covid-19.
Comitiva
Mesmo assim, o presidente disse que pretende manter sua rotina de trabalho. Bolsonaro disse que fará uma festa de aniversário em casa, restrita a familiares, para comemorar os 65 anos completados neste sábado.
Valor seria usado para compensar perdas de arrecadação e ampliar ações emergenciais; União avalia solicitação
Por Agência O Globo
Para enfrentar a crise do novo coronavírus, estados pediram nesta quinta-feira (19) uma ajuda mensal de R$ 15,6 bilhões ao governo federal. O pedido foi encaminhado ao ministro da Economia, Paulo Guedes, por meio do Comsefaz, comitê que reúne todos os secretários de Fazenda do país.
Do total de recursos pedidos, R$ 14 bilhões seriam para cobrir as perdas de arrecadação causadas pela pandemia . Uma parcela de R$ 1,6 bilhão por mês seria destinada ao financiamento de ações emergenciais relacionadas à crise, como ampliação de gastos com Saúde.
No ofício a Guedes , os secretários estaduais destacam que a arrecadação nos governos regionais é fortemente ligada à economia real. "Mesmo em estágio muito inicial da quarentena dos cidadãos, os estados já começaram a registrar o reflexo esperado da redução da demanda que é queda na arrecadação tributária atual", afirma o documento. A solicitação foi assinada por representantes de todas as 27 unidades da federação.
A carta desta quinta é um detalhamento de um pedido feito na véspera, quando estados alertaram para a necessidade de reforço no caixa. Na quarta-feira, durante entrevista coletiva à imprensa, o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, afirmou que a União analisaria todos os pedidos dos estados e não descartou nenhuma possibilidade.
No novo documento, os estados reforçam outros pedidos, como a suspensão por 12 meses do pagamento das parcelas da dívida com a União e a aprovação imediata do Plano Mansueto , que facilita condições para obter crédito junto a instituições financeiras.
O Supremo Tribunal Federal pretende adquirir 4 mil doses; nem Câmara nem Senado, com casos confirmados de coronavírus, adotaram a iniciativa
Com Revista Oeste
O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu processo licitatório para a aquisição de 4 mil vacinas contra a gripe que serão destinadas a seus ministros, servidores e a filhos dos integrantes da Suprema Corte. Ou seja, em um momento em que o Ministério da Saúde faz de tudo para captar recursos visando a reduzir a pandemia do coronavírus no país, o Judiciário ignora que o Brasil vive em pleno desequilíbrio fiscal e vai custear com dinheiro público a imunização dos integrantes do tribunal.
Segundo o processo licitatório, a despesa com as vacinas para a gripe pode chegar a 140 mil reais. O certame foi aberto na quarta-feira última, 18, e a concorrência acontecerá no próximo dia 30 de março. Oeste obteve a íntegra da licitação (vide documento abaixo – Pregão Eletrônico nº 16/2020), que ainda não havia sido divulgada pelo Portal da Transparência do STF até a publicação desta matéria. Apesar de já terem casos confirmados de coronavírus, nem a Câmara, nem o Senado, nem o Planalto abriram pregões para a aquisição de vacinas contra gripe em 2020.
Vacinas de gripe para o STF: padrão Anvisa
De acordo com o processo de compra, o Supremo pretende adquirir vacinas para imunização contra o vírus influenza regulamentadas pela resolução nº 2.735/2019, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na prática, essa vacina é suficiente para garantir a prevenção ao vírus H1N1 (mais conhecido como Gripe A) e H3N3, por exemplo. As marcas de referência das vacinas solicitadas pelo STF são Sanofi Aventis, GSK, Abbott ou equivalente.
Aviso de licitação das vacinas contra a gripe publicado no DOU
Outra observação do processo de compras ministerial é a de que as vacinas possam ser aplicadas a crianças a partir de 6 meses e também para adultos de qualquer idade. As doses devem ser entregues em lotes. Primeiramente um lote de mil unidades, e os demais, lotes de 100 unidades cada um.
Além de adquirirem vacinas para a gripe, os ministros também anunciaram nesta quarta-feira outras medidas como a redução das reuniões plenárias. Antes, os ministros se reuniam duas vezes por semana. Agora as plenárias se realizarão a cada 15 dias. Também foi aprovada uma resolução interna que determina a ampliação dos chamados “julgamentos virtuais”, nos quais os 11 ministros podem votar a distância.