Apresentador deve trocar o PSL pelo PSD; plano inclui Alckmin, de saída do PSDB para ser candidato ao Governo de SP
Por Eduardo Gayer
O apresentador de TV José Luiz Datena decidiu se filiar ao PSD, partido de Gilberto Kassab, com a intenção de construir uma candidatura ao Senado. Quatro meses após ter entrado no PSL do deputado Luciano Bivar (PE) com a intenção de concorrer à sucessão do presidente Jair Bolsonaro, Datena saiu do partido e está migrando para o PSD.
O apresentador confirmou a informação nesta terça-feira, 2, em seu programa na TV Bandeirantes: "Vou deixar o PSL e vou para o PSD, que é o partido do Kassab. Isso já está definido", disse Datena. "O Kassab deve me lançar candidato ao Senado", acrescentou.
Na prática, o apresentador resolveu trocar de legenda por estar insatisfeito com os rumos tomados pelo PSL na fusão com o DEM. As siglas aguardam aval da Justiça para formar o União Brasil e Datena não "engoliu" recentes declarações de Bivar, presidente do PSL, de que consideraria outros nomes para o Palácio do Planalto, como o ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro.
Pelo desenho do PSD para o Estado de São Paulo, Datena será lançado ao Senado e o ex-governador Geraldo Alckmin, de saída do PSDB, ao Palácio dos Bandeirantes. Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), recém-filiado ao PSD, deve concorrer à Presidência. Todas as articulações políticas do partido em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, estão sendo feitas para vitaminar a candidatura de Pacheco ao Planalto.
A cúpula do partido comandado por Kassab considera, no entanto, a possibilidade de Datena desistir mais uma vez de disputar a eleição, como fez em 2016, 2018 e 2020. De qualquer forma, agrada à legenda ter um nome popular entre seus quadros, como o apresentador.
É novidade a ansiedade dos chefes do agrupamento, esteio parlamentar do governo, em fixar limite de pista para decolagem da candidatura à reeleição
Por José Casado
O balão de ensaio lançado pelos líderes do Centrão no governo e no Congresso sobre uma futura emenda constitucional para criar vagas de senador vitalício aos ex-presidentes.
Não é ideia nova. Novidade é a ansiedade dos chefes do agrupamento, esteio parlamentar do governo, em fixar limite de pista para decolagem da candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição. Empenharam-se em três avisos, com uma fatura bilionária anexada.
Começaram o mês dizendo-lhe que precisa recuperar poder de competição nas pesquisas até o final do primeiro trimestre de 2022.
No virada da quinzena alertaram sobre a dependência de sua popularidade de uma rápida recuperação da economia, com queda no desemprego, redução da inflação e dos juros.
Fecharam outubro acenando com um salvo-conduto, a vaga de senador vitalício, com garantia de foro privilegiado e imunidade parlamentar até o fim da vida.
Como Bolsonaro e os tapetes verde e azul do Congresso sabem que isso é inviável, restou no Palácio do Planalto o pragmatismo dos líderes do Centrão: seguem a bordo, mas a pista da candidatura à reeleição é curta.
Ela tem a medida do pagamento das verbas previstas no Orçamento do próximo ano. Numa conta de padaria, somam R$ 22 bilhões — equivalente a 62% do custo do Bolsa Família, em vias de extinção. Dividem-se em R$ 16 bilhões em emendas (RP-9), R$ 5 bilhões em fundo eleitoral e R$ 1 bilhão em fundo partidário.
O ponto de desembarque foi sinalizado, caso as chances de decolagem do candidato não melhorem.
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A bancada do Podemos no Senado, formada por nove senadores, defendeu nesta segunda-feira, 1º, o afastamento imediato do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) da Presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Por Hugo Marques
O pedido é feito com base na reportagem de VEJA na qual seis ex-assessoras acusam o parlamentar de embolsar parte do salário delas e benefícios como auxílio-alimentação e gratificações. A cobrança de rachadinha de Alcolumbre rendeu pelo menos 2 milhões de reais ao senador.
As ex-assessoras eram contratadas para não trabalhar. Elas eram orientadas a ceder seus nomes e dados bancários para que funcionários do gabinete recolhessem mensalmente de suas contas os valores a serem destinados ilegalmente ao parlamentar. Algumas delas chegavam a ganhar, na folha de pagamento, salários de até 14.000 reais, mas só recebiam de fato entre 800 e 1.350 reais - o restante ficava com Alcolumbre.
“A medida tem dois propósitos: permitir ao senador se defender de maneira plena e, ao mesmo tempo, não prejudicar o regular andamento dos trabalhos da mais importante comissão da Casa”, diz nota assinada pelos senadores Alvaro Dias (PR), Eduardo Girão (CE), Flavio Arns (PR), Jorge Kajuru (GO), Lasier Martins (RS), Marcos do Val (ES), Oriovisto Guimarães (PR), Reguffe (DF) e Styvenson Valentim (RN). Ex-presidente do Senado, o senador amapaense comanda a comissão responsável, entre outros temas, por sabatinar autoridades indicadas pelo presidente Jair Bolsonaro. Uma delas, que aguarda há mais de três meses um sinal verde da CCJ, é o ex-ministro da Justiça André Mendonça, escolhido pelo chefe do Executivo para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
“As denúncias, que já são objeto de notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal, devem também ser investigadas pelo Conselho de Ética do Senado Federal, colegiado cuja composição atual está com mandato vencido e cuja eleição dos novos membros está pendente”, completa o partido.
Em uma entrevista à emissora italiana Sky TG24 divulgada neste domingo (31), o presidente Jair Bolsonaro voltou a mentir e a distorcer fatos sobre a pandemia de covid-19, sobre o desmatamento da Amazônia e sobre a economia brasileira. Segundo o mandatário, seu governo "foi um milagre que salvou o Brasil".
Com Agências
Bolsonaro foi questionado pelo repórter sobre as mais de 600 mil mortes pela covid-19 e sobre o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado, que acusou o presidente de nove crimes, inclusive de crime contra a humanidade. O jornalista ainda lembrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o chamou de "genocida" e então o questionou se ele "acha que errou em algo ou se são ataques políticos".
Dizendo que a CPI é composta "por partidos de esquerda na oposição ao meu governo" e que os sete senadores de oposição que lideraram os trabalhos "não fizeram nada durante a pandemia", Bolsonaro voltou a repetir que o Supremo determinou que as cidades e os estados tomassem as medidas necessárias e chamou Lula de "oportunista".
"Nós gastamos cerca de US$ 100 bilhões. Demos fundos, meios e também profissionais para combater a pandemia, além de medicamentos", disse sem citar que os remédios incentivados pelo governo tem ineficácia comprovada contra a doença. Então, o presidente citou a Petrobras no meio da resposta e disse que Lula "quase fez nossa maior empresa petrolífera falir". "Um milagre salvou o Brasil: a nossa chegada em 2018", pontuou ainda.
O jornalista também pergunta sobre o G20, que abordou a crise climática, a pandemia e a retomada econômica. Bolsonaro disse que o a reunião do grupo, da qual ele participou apenas no primeiro dia, "se concentrou sobretudo na pandemia" e que vários países disseram que produzirão e doarão vacinas.
Citando que a campanha de vacinação no Brasil está "andando bem", Bolsonaro ainda falou que seu governo "sempre foi a favor da vacina". Mais uma vez, o presidente omitiu a demora na compra dos imunizantes em 2020 e suas recorrentes declarações contra os imunizantes - ele inclusive está banido do YouTube por ter falado em vídeo que as fórmulas "causam Aids". Também não disse que ainda não se vacinou - e nem pretende se proteger -, mas voltou a defender remédios ineficazes.
"Todavia acredito que os médicos devam ter autonomia sobre como tratar os pacientes e sobre quais os remédios devem escolher ou para cuidar", reafirmou, sendo que, até hoje, não há remédios que previnem a doença.
Na mesma resposta, o mandatário voltou a distorcer os números sobre o desmatamento da Amazônia. Dizendo que o Brasil emite "só 7%" dos gases poluentes, Bolsonaro disse que "infelizmente, há uma posição muito crítica contra mim sobre a Amazônia" e voltou a repetir o que disse na Assembleia das Nações Unidas em 2019.
"A Amazônia não pega fogo porque é uma floresta úmida. O que pega fogo são as áreas periféricas, onde há desmatamento ilegal que nós combatemos. Fazemos tão bem isso que a imprensa não fala mais nada sobre isso", disse ao repórter.
No entanto, na última quinta-feira (28), um relatório do Observatório do Clima com dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) mostrou que, em 2020, o Brasil teve uma alta de 9,5% em suas emissões. O mundo, por conta da pandemia, teve uma queda de 7% nos índices.
Conforme o documento, amplamente divulgado na mídia, a alta foi causada pelas queimadas na Amazônia e no Cerrado. O texto ressalta que o "desmonte da fiscalização ambiental e de descontrole sobre crimes como grilagem, garimpo e extração ilegal de madeira no governo Bolsonaro" provocou uma alta expressiva no desmatamento da Amazônia, atingindo 10.851 quilômetros quadrados de área.
A última pergunta foi sobre a crise econômica e sobre a atual quantidade de desempregados no Brasil. O repórter questionou qual seria a mensagem do Brasil para os outros grandes do planeta e quais as soluções para "um novo começo".
"Acredito que fui o único chefe de Estado do mundo contra ao lockdown e ao confinamento", disse orgulhoso. Conforme Bolsonaro, a decisão dos governadores e prefeitos de determinar fechamentos - o Brasil nunca teve lockdown como o realizado em países europeus - "piorou a situação" e "as consequências a gente vê agora". E terminou com mais uma frase deturpada. "Quero dizer que o Brasil enfrentou a crise pandêmica e é o país que mais está crescendo na fase pós-pandemia", finalizou.
Segundo um estudo divulgado no início do mês pelo Banco Mundial, a economia brasileira deve crescer 5,3% este ano, um ponto percentual a menos do que a média dos países latino-americanos e caribenhos para o mesmo período. Para 2022 e 2023, a instituição estima que o Brasil deve crescer 1,7% e 2,5%, respectivamente, contra 2,8% e 2,6% na América Latina e Caribe.
Processo ainda está no cartório de títulos e documentos, só depois é encaminhado ao tribunal
COM FOLHAPRESS
O PSL e o DEM ainda não apresentaram oficialmente ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o pedido para fundirem as siglas e criarem a União Brasil.
A razão, segundo a cúpula das legendas, é que o processo ainda está no cartório de títulos e documentos, só depois é encaminhado ao tribunal.
Uma vez que chegue à corte, a expectativa é a de que a fusão seja homologada até dezembro.
Deputados de ambos os partidos aguardam o momento para conseguirem migrar para outras siglas de interesse.
Em Mato Grosso, há discordância por parte de membros dos dois partidos com a fusão. No lado do DEM, o ex-senador Júlio Campos disse não concordar, pois os dois partidos são “muito diferentes”.
Já no lado do PSL, alguns deputados ligados ao bolsonarismo devem migrar para uma nova sigla, na intenção de seguir o presidente Jair Bolsonaro, que deve tentar a reeleição.
Entretanto, as maiores lideranças dos dois partidos concordam com a junção, como é o caso do governador Mauro Mendes (DEM) e do ex-senador Cidinho Santos (PSL).