Caciques do PSB discutiram priorizar a filiação de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) para que ele seja candidato a vice-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva desde que o PT apoie a legenda em cinco estados prioritários nas eleições de 2022.
POR JULIA CHAIB
Alckmin, que tem conversado com uma série de partidos, procurou integrantes do PSB nos últimos dias e sinalizou que toparia entrar na sigla para ser vice de Lula.
Dirigentes do PSB e de outras siglas, porém, dizem acreditar que Alckmin só baterá o martelo sobre seu futuro partidário após as prévias do PSDB, no domingo (21). No cálculo, o tucano poderia até ficar onde está a depender de quem vencer a disputa interna: João Doria (SP) ou Eduardo Leite (RS).
Segundo integrantes do PSB, a reunião realizada na noite quarta-feira (17) serviu para os dirigentes debaterem pessoalmente os cenários com Alckmin e reforçarem as condições para dar apoio aos petistas nacionalmente: querem que o PT respalde candidatos do PSB a governador em São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Acre e Rio de Janeiro.
No encontro, dirigentes também decidiram frear conversas para formar uma federação com o PT no próximo ano.
Líderes do PSB vão discutir o tema com Alckmin e também procurar Lula para debater pessoalmente a aliança.
O ex-presidente quer o partido como aliado em 2022. Os principais entraves, porém, são regionais, sobretudo no estado de São Paulo.
Segundo integrantes de ambos os partidos, as articulações para que o PT apoie o PSB no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco e Acre estão avançadas.
No Rio de Janeiro, por exemplo, Lula jé declarou que apoiará Marcelo Freixo, mas no PSB há o temor de que ele volte atrás. Freixo deixou recentemente o PSOL e se filiou à sigla.
Em São Paulo, porém, segue o impasse porque o ex-presidente não quer deixar de lançar um nome próprio da sigla.
O nome colocado hoje para a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes é o do ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad, derrotado em 2018 por Jair Bolsonaro na briga pelo Palácio do Planalto.
A reunião no PSB foi chamada pelo presidente do partido, Carlos Siqueira, e teve a participação de dirigentes como os governadores Paulo Câmara (PE) e Renato Casagrande (ES), o ex-governador Márcio França (SP) e o ex-deputado Beto Albuquerque (RS).
O acordo vislumbrado pelo PSB beneficiaria sobretudo França e Albuquerque, que querem disputar os governos de seus respectivos estados.
A constatação de líderes do PT e também do PSB é que, hoje, os pessebistas não têm um nome forte que agregue à candidatura de Lula e seja capaz de obrigar o PT a redefinir estratégias estaduais a fim de atrai-los no plano nacional.
O governador Flávio Dino (PSB-MA), por exemplo, muito lembrado nas conversas para ser vice de Lula, é originário do PC do B e visto no PT como um candidato que não ampliaria a chapa para além do campo da esquerda.
Já Alckmin, que foi quatro vezes governador pelo PSDB em São Paulo e duas vezes candidato a presidente da República, tem um viés mais à direita e ajudaria a acalmar setores mais conservadores da sociedade, reeditando o que Lula fez em 2002 com o empresário José Alencar como vice.
A intenção do PSB é fortalecer a legenda nas negociações a ponto de forçar o PT a abrir mão da cabeça de chapa em disputas estaduais consideradas essenciais para os pessebistas.
O partido aposta que nesses cinco estados prioritários há chance de vencer a eleição em 2022. Com o apoio dos petistas, o PSB poderia consolidar essas candidaturas.
Em São Paulo, a preferência de Lula é por Haddad, considerado mais viável eleitoralmente que França.
O ex-presidente indicou a correligionários próximos que estaria disposto a ceder caso forme a aliança com o tucano. Já Alckmin, com quem conversou nos últimos dias, não nega nem confirma o desejo de integrar a chapa com Lula.
O tucano, no entanto, tem tateado e chamou caciques do PSB para encontros. Em um deles, um jantar em São Paulo, nos últimos dias, segundo relatos no partido, Alckmin teria sido cortejado por quem estava no restaurante pela possibilidade de ser vice. Isso, segundo pessebistas, animou o tucano.
A costura por uma chapa Lula-Alckmin foi revelada pela coluna Mônica Bergamo. Desde então, o tucano e o petista têm trocado afagos públicos.
"Tenho uma extraordinária relação de respeito com Alckmin. Fui presidente quando ele foi governador. Conversamos muito. Não há nada que aconteceu entre mim e o Alckmin que não possa, sabe, ser reconciliado. Não há", afirmou Lula na segunda-feira (15) durante viagem à Europa.
Já Alckmin, na semana passada, também não rechaçou a possibilidade de compor chapa com o petista.
"Já disseram que eu vou ser candidato a senador, a governador, a vice-presidente. Vamos ouvir. Fico muito honrado com a lembrança do meu nome", disse o ex-governador paulista, que foi derrotado por Lula em 2006 na corrida pela Presidência da República.
Até então, Alckmin vinha discutindo seu futuro político principalmente com siglas alinhadas mais ao centro e centro-direita e trabalhado com a hipótese de se candidatar ao Governo de São Paulo mais uma vez.
Alckmin, que está de saída do PSDB, também é cortejado pelo PSD, de Gilberto Kassab, e pela União Brasil, que será resultado da fusão do DEM com PSL.
O senador Jorginho Mello teria sido autorizado pelo presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, a anunciar apoio ao ingresso de Bolsonaro
Por Mariana Costa
O vice-líder do governo no Senado Federal e no Congresso Nacional, senador Jorginho Mello (PL-SC), disse em entrevista coletiva, na tarde desta quarta-feira (17/11), que, mesmo antes do fim da reunião de presidentes dos diretórios estaduais do partido, ficou acertado que os líderes deixarão suas diferenças de lado e irão ceder às exigências do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para ingressar na legenda.
“O partido está dando ao presidente Valdemar [Costa Neto] carta branca para acertar com o presidente Bolsonaro todas as arestas de possibilidades que tenha em qualquer canto do Brasil. O PL sai unido. Evidentemente, todos os estados falaram, um por um. Alguns não eram originários, não tinha no estado algum tipo de dificuldade. Com a liderança do presidente Valdemar, isso tudo está sendo equacionado”, disse o parlamentar a jornalistas.
“O partido unanimemente entrega uma procuração ao presidente Valdemar pra que ele trate com o presidente Bolsonaro e todo mundo vai receber o presidente de braços abertos”, completou Mello, que foi “autorizado”, segundo a assessoria de comunicação da sigla, a dar uma prévia das decisões acertadas entre os diretórios estaduais.
O imbróglio partidário gira em torno de questões relacionadas a acordos políticos, como coligações e direções do partido em alguns estados. Tudo teria começado após discussão sobre o diretório do partido em São Paulo, que o presidente da República estaria decidido a deixar sob comando do filho 03, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/SP).
Para presidente, filiação só vai adiante se sigla rever apoio a adversários políticos do Planalto os Estados
Por Felipe Frazão, enviado especial a Dubai
Um dia depois de suspender a cerimônia de filiação ao Partido Liberal (PL), o presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (15), que existe a possibilidade de ingressar em outro partido do Centrão. Bolsonaro relatou manter ainda conversas paralelas e que segue vivo o interesse do Progressistas e do Republicanos em filiá-lo. O presidente indicou estar disposto a esperar "pouquíssimas semanas" para concluir as negociações com o PL, comandado pelo ex-deputado mensaleiro Valdemar Costa Neto.
"Eu tenho um limite. Espero, em pouquíssimas semanas, duas ou três no máximo, casar ou desfazer o noivado. Mas acho que tem tudo para a gente casar e ser feliz", disse o presidente, durante entrevista na Expo Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Segundo Bolsonaro, a conclusão das conversas somente irá adiante se o PL desistir de apoiar partidos de adversários políticos dele, principalmente na esquerda, e de participar de palanques estaduais que possam beneficiar rivais como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e João Doria (PSDB).
"Nosso partido não pode estar flertando com a esquerda num ou outro Estado, se resolvermos isso aí eu assino essa filiação que me satisfaz e satisfaz em grande parte o nosso eleitorado, que quer a continuidade da minha política", afirmou o presidente.
O presidente tem um time de conselheiros para tratar da filiação. Ele afirmou ter conversado nos últimos dias sobre a escolha do partido com os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas), das Comunicações, Fábio Faria (PSD), e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho (sem partido).
O clã Bolsonaro se desentendeu com o mandachuva do PL por causa das composições políticas em São Paulo, Bahia, Pernambuco e Piauí. Na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, a ideia do Planalto é forçar o PL a desfazer o acordo para apoiar a virtual candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB).
"Tem alguns Estados que para mim, a possível reeleição, se eu vier candidato, são vitais, como São Paulo. Ele (Valdemar) tem um compromisso com um candidato que vai apoiar o atual governador (Doria) se ele tiver o espaço lá no partido dele (para concorrer a presidente)."
Bolsonaro disse que vai precisar lançar candidatos em quase todos os Estados, em especial São Paulo, por causa do eleitorado de 30 milhões de pessoas. "É isso que está pegando. Valdemar é uma pessoa de palavra. Ele disse que está buscando a negociação e não conseguiu ainda a garantia de que possa desfazer o que fez no passado. Então resolvemos simplesmente adiar (a cerimônia de filiação, antes prevista para 22 de novembro)", justificou.
Bolsonaro disse que não considera ter voltado atrás porque, em sua perspectiva, "na política as coisas só acontecem quando você assina". "Eu falei que estava 99% acertado", argumentou.
Bolsonaro voltou a dizer que ele e Valdemar devem estar afinados e que ambos devem falar abertamente dos compromissos firmados, sem pendências. "Tem tudo para dar certo. Depende do Valdemar com sua habilidade que todo mundo conhece conduzir esses acordos que fez no passado. Ele nunca desonrou a palavra dele. Nós temos isso aí num alto valor", reconheceu o presidente.
Ele também afirma que será capaz de formar uma bancada na Câmara com cerca de 90 integrantes, impactando partidos do Centrão. "Eu acertando um partido bem ajustadinho, com certeza uns 30 do então PSL virão, se for o PL. Vem gente do antigo DEM também. A gente pode chegar a uns 90 parlamentares com propósito de tocar o Brasil e votar matérias importantes. Temos dificuldade nas aprovações", disse.
Tarcísio poder ser candidato ao governo São Paulo
O presidente também disse ter conversado com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e que ele aceitou discutir uma possível candidatura ao governo de São Paulo. Em público, o ministro tem desconversado sobre o tema, mas em particular já admite aceitar o pedido de Bolsonaro.
"Eu tenho um sentimento: se ele vier candidato, tem tudo para levar. Podem falar que ele não é paulista. Eu fui eleito pelo Rio sem ser carioca. Ele é um tocador de obras, um gestor, conhece muito do Brasil e tem como rapidamente se inteirar do que acontece em São Paulo", disse o presidente.
Moro responde a Gleisi e diz que Petrobras foi saqueada no governo PT
Com Estadão
O ex-juiz Sergio Moro respondeu, nas redes sociais, à provocação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que culpou o ex-ministro por problemas na Petrobras e atribuiu a ele culpa pela alta nos combustíveis.
Ao Painel, no domingo (14), Gleisi afirmou que quer travar um debate econômico com Moro e disse que ele foi responsável por entregar a Petrobras a interesses norte-americanos.
"Ele fragilizou a Petrobras e mudaram com essa ação dele a política de preço e desestruturam o marco regulatório do pré-sal", disse a petista.
Nesta segunda (15), Moro compartilhou a notícia nas redes sociais e afirmou que a Petrobras foi saqueada durante "foi saqueada durante o governo do PT com bilhões de dólares em prejuízo".
"A empresa quase quebrou. Transformar bandidos em heróis e atribuir culpa a quem combateu o crime é estratégia para se alterar a verdade e inverter valores. Não vão enganar o povo brasileiro", escreveu o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.
Embora não tenha confirmado oficialmente que será candidato à Presidência em 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não descartou nesta segunda-feira (15) que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) possa vir a ser candidato a vice na sua eventual chapa ao Palácio do Planalto.
POR LUCIANA AMARAL
"Tenho uma extraordinária relação de respeito com o Alckmin. Fui presidente quando ele foi governador. Conversamos muito. Não há nada que aconteceu entre mim e o Alckmin que não possa, sabe, ser reconciliado. Não há", afirmou Lula.
O petista foi questionado sobre a possível parceria por uma jornalista em entrevista coletiva no Parlamento Europeu, em Bruxelas, na Bélgica, onde participa da Conferência de Alto Nível da América Latina, promovida pelo bloco social-democrata.
A presidente do grupo social-democrata no Parlamento, Iratxe García Pérez, também estava na coletiva, mas não tratou de assuntos políticos internos do Brasil.
"O vice é uma pessoa que tem que ser levada muito a sério na relação com o presidente, porque o vice pode ser presidente. Podem acontecer muitas coisas. E, depois, o vice tem que ser uma pessoa que soma com o presidente, e não que diverge com o presidente", disse o ex-presidente.
Na sexta-feira (12), Alckmin não rechaçou a ideia de ser vice de Lula, ao ser questionado sobre o assunto após participar de uma gravação em São Paulo. Ele elogiou o "apreço pela democracia" do ex-presidente e disse ficar "muito honrado com a lembrança" de seu nome para disputar esse e outros cargos.
Lula ainda não confirmou a própria candidatura. Ele disse que tomará uma decisão em fevereiro ou março. No entanto, nos bastidores, sua entrada na disputa ao Planalto no ano que vem é dada como certo por aliados e adversários.
Nesta segunda, ele disse estar "preparado, motivado, com saúde", se for o escolhido pelo PT. Afirmou ainda que pode se casar antes das eleições. "Para demonstrar a confiança que tenho no futuro do Brasil", justificou.
"Meu partido vai ter candidato a presidente da República. Eu, possivelmente em fevereiro ou março, vá decidir se sou candidato ou não. Se o partido quer que eu seja candidato ou não. Se vamos construir aliança política, se vamos juntar outros partidos políticos, porque precisamos disputar, precisamos ganhar as eleições e, ao mesmo tempo, reconstruir o Brasil."
Lula chegou a dizer já ter "22 vices, oito ministros da Economia", embora nem tenha decidido se será candidato. "Não estou discutindo vice ainda, porque não discuti a minha candidatura. Quando eu definir ser candidato, aí, sim, vou sair a campo para procurar alguém para ser vice", afirmou.
"Política às vezes é como um jogo de futebol, você dá uma botinada no cara, o cara cai chorando de dor, mas, depois que termina o jogo, eles se encontram, se abraçam e vão tomar uma cerveja e discutir o próximo jogo", comparou o petista.
"Quando não há ofensa moral, quando não há ofensa pessoal, acho que nas divergências políticas todo mundo joga bruto, porque todo mundo quer ganhar. Disputei as eleições de 2006 com o Alckmin, mas quero lhe dizer que tenho profundo respeito pelo Alckmin", completou sobre o ex-governador.
Nas declarações de sexta, Alckmin também adotou tom respeitoso e sinalizou que divergências do passado não seriam obstáculo para uma conversa com o PT. O ex-governador está de saída do PSDB, partido que ajudou a fundar. Ele negocia ingressar no PSD, no PSB ou no União Brasil.
Lula também voltou a criticar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e medidas tomadas pelo atual governo, como a tentativa de privatização de estatais.
Na sua avaliação, Bolsonaro representa hoje uma "peça importante na extrema direita, fascista, nazista" e é uma "cópia malfeita" do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump.