O deputado estadual Valdemar Júnior (MDB) usou a tribuna da Assembleia Legislativa, na manhã desta terça-feira, dia 02, para fazer uma crítica ao que ele chama de “casuísmo político”, pelo fato de “quererem discutir a emancipação do Distrito de Luzimangues”, em um momento que segundo ele, o mundo está voltado para deliberar pautas para resolver problemas provocados pela pandemia do novo Coronavírus.

 

Com Assessoria

 

O parlamentar, que afirmou ser favorável a emancipação política do Distrito, foi taxativo ao dizer que não é o momento para se debater o assunto. “Em um momento que estamos juntos unindo esforços para discutir um assunto que está sendo debatido em todo o mundo: combate ao coronavírus, vacinação, isolamento, lockdown, distanciamento social, nós estamos vendo uma iniciativa de casuísmo político no nosso Estado, onde estão falando em emancipação política de distrito”, enfatizou Valdemar Júnior.

 

“Concordo plenamente com a emancipação e respeito o desejo da população do sentimento libertador de Luzimangues, que é de ter o seu próprio CNPJ, de ser um município autônomo. Mas também deixo claro que esse não é o momento político para se discutir o assunto”, explicou Valdemar, reforçando que a emancipação do Distrito tem que ser discutida, mas que no momento a pauta prioritária é outra.

 

“Não podemos dar prioridade a esse assunto neste momento tão grave em que a população brasileira enfrenta uma pandemia que já matou mais de 250 mil pessoas no nosso país. Só em Porto Nacional, na semana passada, em um único dia, foram mais de 60 pessoas infectadas. Palmas, Araguaína e Gurupi nem se fala, estão em situações piores. Goiânia acaba de decretar 7 dias de lockdown, fechando tudo, justamente para tentar conter o problema causado pela situação”, observou o deputado.

 

Mais uma vez o parlamentar reforçou, em sua fala, que as pautas em questão, que são prioridades no momento para discussão, são aquelas que tratam da pandemia. “Dentre os assuntos que temos que priorizar no momento é a questão da imunização geral, auxílio às pessoas que já perderam seus empregos e aquelas que poderão perder, porque o que vamos sentir dos efeitos desta pandemia ainda não chegou a 30% do que estamos sofrendo agora. E daqui quatro, cinco meses ou até um ano é que a nossa economia vai mostrar pra gente, os efeitos negativos que essa pandemia vai trazer ao mundo”, advertiu.

 

Valdemar ainda lembrou que o caminho natural para o Distrito de Luzimangues é a sua emancipação política, destacando que não há como recuar dessa realidade. “É um distrito que cresce a passos largos. Vai chegar o seu momento de cortar-se o cordão umbilical, de ganhar a sua maturidade política para se sonhar com a emancipação, mas volto a repetir assim como disse em uma entrevista a uma rádio em Porto Nacional: me recuso a discutir emancipação política neste momento tão grave que estamos vivenciando. Falar em emancipação política agora é você dar as costas para a Covid 19, é você dar as costas para as pessoas infectadas e as pessoas que estão em tratamento nos hospitais, buscando leitos de UTI. É você dar as costas aos recursos que devem ser aplicados para o tratamento ao combate a pandemia”, criticou.

 

 

Para Valdemar Júnior, em vez de falar em emancipação política de município, deve-se voltar as atenções para discutir a melhoria da saúde, a abertura de leitos clínicos, a instalação de UTIS para atender a população que está enfrentando uma doença grave. “Não discutir divisão territorial do Distrito”, reforçou.

 

Custos altos

 

Segundo Valdemar, uma nova cidade, uma nova prefeitura e uma nova câmara municipal, implicam em uma nova máquina burocrática a serviço da população e consequentemente gastos com custos altos, gerando aumento das despesas públicas e despesas para serem sustentadas.

 

“Falar em uma emancipação política neste momento é você pensar em uma Prefeitura nova, com orçamento, com contratação de no mínimo 12 secretários, com a instalação de uma Câmara Municipal, com no mínimo nove vereadores em seus gabinetes. É falar em se contratar uma série de servidores públicos municipais, e porque não dizer, a contratação via concurso público deste servidores. Então Luzimangues nasceria não sei com que tamanho de índice de percentual de FPM, mas não ficaria em menos de 0.6, o que dá em torno de meio milhão de reais todos os meses saindo dos cofres de uma nova prefeitura, de uma nova cidade”, pontuou.

 

Hora de bom senso

 

“Temos que ter bom senso”, sustentou. “Não é hora para discutir a emancipação de Luzimangues. É hora sim, de discutir com o prefeito de Porto Nacional, Ronivon Maciel, a melhoria no atendimento aos moradores do Distrito de Luzimangues. A melhoria de suas estradas, a melhoria da saúde e da educação feitas pela prefeitura de Porto Nacional. É dar assistência e o atendimento necessário que o povo precisa, para não desviar o foco e desviar os recursos para a emancipação, em vez de combater a Covid-19”, considerou.

 

Prerrogativa

 

Valdemar ainda lembrou aos deputados, que a prerrogativa de discutir a autonomia dos municípios não é das Assembleias Legislativas, mas sim de competência da Câmara dos Deputados. “Estamos proibidos há muito tempo de fazer esse trabalho, que é de responsabilidade da Câmara Federal”, ressaltou o deputado reforçando que tudo deve ser discutido ao seu tempo e a sua hora. “É hora de concentrar esforços junto ao governo do estado e as prefeituras para que possamos atravessar esse mar de dificuldades chamado Covid-19, para podermos minimizar as perdas e os impactos neste período” concluiu.

 

Apoio

 

Valdemar encontrou apoio em seu posicionamento. O presidente da Assembleia, deputado Antônio Andrade (PTB) disse que a emancipação é muito importante para o desenvolvimento de Luzimangues, mas que concorda com o deputado Valdemar de que o momento é de discutir a situação da saúde. “Temos que discutir é a situação da saúde do nosso Estado, do Brasil e do mundo. É preocupante. A gente já perdeu muitos amigos que se foram sendo que ainda não estava na hora de partir. infelizmente essa Covid-19 não escolhe pessoas, todo mundo está sujeito a pegar esse vírus”, observou. Segundo ele, o governador Mauro Carlesse (DEM) foi a Goiânia-GO, junto com vários governadores para tentar comprar a vacina, para agilizar o atendimento o mais rápido no Estado.

 

O deputado Jair Farias (MDB) parabenizou o pronunciamento do deputado Valdemar, ressaltando ser oportuno a sua fala. “Essa matéria de divisão, fusão e incorporação de novos municípios, da redivisão territorial, as Assembleias já estão impedidas de fazerem ela, desde o dia 19 de janeiro de 1996, quando teve uma lei federal que passou essa prerrogativa das Assembleias Legislativas para o Congresso Nacional”, destacou o parlamentar, se posicionando favorável a criação de novos municípios, para que possam chegar ao seu desenvolvimento. Mas também, lembrando que o momento não é oportuno para a discussão de divisão territorial, mas sim, para a união de forças em torno da imunização das pessoas. “Estou pronto para fazer emenda de minha autoria, para ajudar na compra das vacinas, para que o governo do estado possa imunizar as famílias”, finalizou.

 

Posted On Terça, 02 Março 2021 20:36 Escrito por O Paralelo 13

Decreto será publicado na edição desta sexta do DOE

 

Por Jesuino Santana Jr.

 

Em razão do avanço da Covid-19 no Tocantins, o governador do Estado, Mauro Carlesse, resolveu, nesta sexta-feira, 26, manter a redução da jornada de trabalho dos servidores públicos do Executivo Estadual em 6 horas, das 8 às 14 horas, ou no horário alternativo, das 14 às 20 horas, até o dia 31 de março deste ano. A medida não se aplica às unidades do É Pra Já, uma vez que os servidores já cumprem a jornada laboral em turnos, de segunda a sexta-feira, das 7 às 13 horas, e das 13 às 19 horas, e aos sábados, das 8 às 12 horas.

 

O trabalho de forma remota segue assegurado aos idosos, com idade igual ou superior a 60 anos; gestantes e lactantes, considerando-se para estas o lactente de até um ano de vida; aqueles que mantenham sob sua guarda criança com idade inferior a seis meses de vida; e aos portadores de doenças respiratórias crônicas, cardiopatias, diabetes, hipertensão ou outras afecções que deprimam o sistema imunológico.

 

O decreto também mantém vetado, por tempo indeterminado, a realização de eventos e de reuniões de qualquer natureza, de caráter público ou privado, incluídas excursões, em que ocorra a aglomeração de pessoas, excetuando-se os casos expressamente autorizados por ato do Chefe do Poder Executivo Municipal, respeitados os respectivos planos de contingência e as regras para enfrentamento do novo Coronavírus.

 

O governador Carlesse afirmou que as medidas contidas no decreto reforçam o compromisso da Gestão Estadual em conter a proliferação da Covid-19 no Estado. “Temos visto que a nova variante do vírus é mais contagiosa. Precisamos continuar seguindo todas as recomendações dos órgãos de Saúde para conter a proliferação do vírus, senão nosso sistema de saúde irá entrar em colapso. Estamos fazendo a nossa parte, mas é necessário que as pessoas também estejam comprometidas e tomando todos os cuidados necessários”, frisou.

 

O decreto com as medidas será publicado na edição desta sexta-feira, 26, do Diário Oficial do Estado (DOE).

 

Regra para transporte

O decreto também veda, até 31 de março de 2020, em todo o território do Tocantins, a prestação de serviço de transporte coletivo urbano e rural, bem como o de transporte coletivo intermunicipal de passageiros, público e privado, que exceda à metade da capacidade de usuários sentados.

 

Mais leitos de UTIs Covid

Além das medidas que visam conter a proliferação da Covid-19 no Tocantins, o Governo do Tocantins segue trabalhando para aumentar a capacidade de atendimento dos hospitais do Estado às vítimas do novo Coronavírus. Na última terça-feira, 23, o governador Carlesse determinou que a Secretaria de Estado da Saúde (SES) tome todas as providências necessárias para a instalação de 16 novos leitos de UTI Covid no Hospital Geral de Palmas (HGP) e outros 20 no Hospital Geral de Gurupi (HGG).

 

Já na quarta-feira, 24, o Governador determinou que a SES adote as providências necessárias para a contratação de novos 90 leitos de UTI Covid-19 na rede privada do Estado, de forma a complementar a oferta existente no Sistema Único de Saúde (SUS). A SES já trabalha no credenciamento de instituições privadas com ou sem fins lucrativos para oferta destes leitos no âmbito do SUS.

 

Desde o início da pandemia, em março de 2020, o Governo do Tocantins implantou 365 leitos Covid nos hospitais estaduais e também por meio de contratação de leitos na rede privada, todos atendendo pacientes do SUS. Destes, 138 leitos são de UTI. Assim que os 16 leitos do HGP e os 20 leitos do HGG estiverem em operação, o Tocantins chegará a 174 leitos de UTI exclusivos para o tratamento da Covid-19, todos sob a gestão estadual.

 

Vacinação

Dados da Saúde apontam que o Tocantins recebeu, até o momento, 112.400 doses de vacinas contra a Covid-19, sendo 97.400 CoronaVac e 15.000 AstraZeneca. Destas 69.013 já foram entregues aos 139 municípios. 43.646 pessoas receberam a primeira dose e 8.156 a segunda. As últimas remessas recebidas pelo Tocantins, na última semana, serão entregues aos 139 municípios, a partir de segunda-feira, 1º de março.

 

De acordo com o Consórcio de Veículos de Imprensa do Brasil, o Tocantins encerra esta semana como o 12º ente da Federação em imunização de pessoas contra a Covid-19. Até esta sexta-feira, 26, 51.802 doses da 1ª e 2ª fase já foram aplicadas e a Secretaria Estadual da Saúde (SES) segue orientando a vacinação e a alimentação do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização.

 

Posted On Sábado, 27 Fevereiro 2021 04:59 Escrito por O Paralelo 13

Deputado foi preso em flagrante por ordem do STF porque divulgou vídeo no qual defendeu o AI-5, mais duro ato da ditadura militar, e atacou com ofensas e ameaças ministros do tribunal

 

Com Agência Câmara

 

A Câmara dos Deputados decidiu nesta sexta-feira (19) manter a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), preso por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Foram 364 votos a favor da manutenção da prisão, 130 contra e 3 abstenções.

 

O placar superou em 107 votos o mínimo exigido para a aprovação do parecer da relatora, deputada Magda Mofatto (PP-GO), que recomendou manter preso o parlamentar — eram necessários pelo menos 257 votos (maioria absoluta; metade mais um) dos 513 deputados.

 

A Câmara dos Deputados decidiu manter a prisão em flagrante e sem fiança do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), detido desde terça-feira (16) no âmbito de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga notícias falsas (fake news), calúnias, ameaças e infrações contra o tribunal e seus membros. A decisão foi transformada em resolução promulgada na própria sessão.

 

No parecer da relatora pela Comissão de Constituição e Justiça, deputada Magda Mofatto (PL-GO), que recomendou a manutenção da prisão considerando “gravíssimas” as acusações imputadas ao parlamentar. Foram 130 votos contra e 3 abstenções.

 

Daniel Silveira gravou e divulgou vídeo em que faz críticas aos ministros do Supremo, defende o Ato Institucional nº 5 (AI-5) e a substituição imediata de seus integrantes.

 

Após a prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes e referendada pelo Supremo, coube à Câmara decidir se ele continua preso ou não, conforme determina a Constituição.

Defesa

Em sua defesa, Daniel Silveira pediu desculpas pelo ato diversas vezes e afirmou estar arrependido.

 

"Já disse que me arrependi. E me arrependi, de fato. Não estou sendo demagogo ou hipócrita. Já solicitei aos pares a desculpa, a quem se sentiu ofendido. E também pedi desculpas a todo o povo brasileiro, que assim se sentiu ofendido", disse o deputado por vídeo da prisão onde se encontra, no Rio de Janeiro.

 

Ele também apelou aos colegas que "não relativizem" a imunidade parlamentar. "Pode abrir precedências catastróficas", disse Silveira.

 

Pró e contra

Durante a sessão, vários deputados se manifestaram sobre a situação de Daniel Silveira.

 

Fernanda Melchionna (PSOL-RS) defendeu a manutenção da prisão do deputado.

 

“Eu acho que o relatório da deputada Magda apontou bem vários ataques às liberdades democráticas cometidos pelo Daniel Silveira. Portanto, nós do PSOL votaremos e lutaremos pela manutenção da prisão desse criminoso delinquente. Votaremos também no Conselho de Ética. Aliás, representamos já pela cassação do seu mandato”, disse a parlamentar gaúcha.

Bibo Nunes (PSL-RS) discursou favoravelmente à soltura do colega de partido.

 

“Não estamos julgando o que ele falou. Ele mesmo disse que errou. Estamos aqui para dizer se a prisão é certa ou errada. Na minha opinião, essa prisão é totalmente despótica, autoritária”, disse Nunes.

 

Posted On Sexta, 19 Fevereiro 2021 18:34 Escrito por O Paralelo 13

Por Luciano Moreira

 

Após dez anos, foi encerrada uma ação da na qual um promotor do Ministério Público requeria ao jornalista Allan de Abreu– e depois a toda a redação do seu jornal – a revelação da fonte de reportagens sobre um inquérito da Polícia Federal em andamento.

 

Em outubro de 2020 a segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu o direito do jornalista em preservar a identidade de quem forneceu a informação. Os ministros também determinaram a retirada dos diálogos telefônicos pedidos pelo MP. Agora, a decisão transitou em julgado, ou seja, não cabe mais recurso.

 

O sigilo da fonte jornalística é uma garantia constitucional prevista no art. 5º, inciso XIV, in fine, da Constituição Federal. Se algum fato chegou até o profissional da imprensa, por meio de uma fonte, e aquele, após checagem prévia, verifica que se trata de notícia verdadeira e de interesse público, é esperada a divulgação da informação.

 

E, por expressa determinação da Constituição, o jornalista não é obrigado a revelar a sua fonte, mesmo que o material entregue seja objeto de crime.

 

Não pode, também, por via indireta, quebrar-se o sigilo telefônico do jornalista e nem haver a busca e apreensão de seus instrumentos de trabalhos. Ora, se a autoridade policial quer saber quem é a fonte sigilosa, que investigue os fatos por outros meios lícitos, respeitando-se, assim, a garantia constitucional do sigilo da fonte jornalística.

 

No entanto, a responsabilidade pela veracidade do que for divulgado passa a ser do jornalista, que assume que seu conteúdo é verdadeiro e, por sua vez, exerce o dever ético para com a sua fonte, de não divulgar o seu nome.

 

FAKE NEWS

De outra forma, se as autoridades policiais conseguirem indícios de prova de que os jornalistas estavam mancomunados com a sua fonte (possível hacker) na produção das chamadas fake news, a garantia do sigilo da fonte é inaplicável e tais profissionais de imprensa devem também ser investigados.

 

E a razão é simples: nenhuma garantia constitucional deve ser utilizada como escudo para cometimento de atos ilícitos. É um pressuposto básico de direito constitucional que é esquecido nos debates ideológicos radicais de hoje em dia. Logo, se os referidos jornalistas usarem a garantia do sigilo da fonte para cometer crimes, a Constituição não vai protegê-los.

 

Finalmente, ao contrário do que se possa parecer, o sigilo da fonte jornalística não se trata de privilégio da imprensa. A Constituição, ao proteger o trabalho do jornalista sério, garante, na verdade, o direito à informação e a preservação da liberdade de imprensa, a qual é oxigênio para a própria democracia, pois significa a existência de uma população bem informada sobre qualquer assunto de interesse público e verdadeiro.

 

A preservação da liberdade de expressão e de imprensa constitui pilar do sistema democrático, garantidos não só pela Constituição brasileira, mas por instrumentos de proteção internacional de direitos humanos, dos quais o Brasil é signatário. Entre eles, a Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana e o Pacto de San José da Costa Rica.

 

Enfim, "não há jornalismo e nem liberdade de imprensa sem sigilo da fonte, pressuposto para o pleno exercício do direito à informação" como já predizia Ruy Barbosa e reverberaram a ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), a ABERT (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) e a ANJ (Associação Nacional de Jornais).

 

Não se combate ao crime cometendo outro crime!

Posted On Quarta, 10 Fevereiro 2021 05:30 Escrito por O Paralelo 13

“Numa negociação muito delicada, não se deve apresentar de uma só vez as condições ou exigências estabelecidas por cada parte” 

 

TANCREDO NEVES

 

Por Edson Rodrigues

 

Apesar de seu comportamento explosivo, natural da sua personalidade, falando sempre o que pensa, sem meias-palavras, o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro sabia que precisaria fazer o que pudesse, ao extremo, para evitar que o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) fosse eleito presidente do Congresso, como queria o ex-presidente, Rodrigo Maia, pois a vitória de candidato “oposicionista” significaria caminho aberto para a instalação de processo de impeachment.

 

Rodrigo Maia e Baleia Rossi

Mais que isso, mesmo sem o impeachment, seriam mais dois anos tendo seu governo “amarrado” como foi nos dois anos com Rodrigo Maia comandando o parlamento.
E, conhecendo Jair Bolsonaro como passamos a conhecer depois de eleito presidente da República, as chances de as rusgas com o Congresso virarem uma justificativa para uma tentativa de ditadura, o que não seria bom para absolutamente ninguém no País.

CENTRÃO X CORRUPÇÃO

Para um especialista em política muito respeitado, que conhece a convivência dos poderes e acompanha diariamente os fatos políticos em Brasília, ao contrário do que muitos vêm falando, o ”renascimento” do centrão com a chegada de Arthur Lira à presidência da Câmara Federal, pode significar, até, um governo mais tranquilo para Jair Bolsonaro, mas pode ser, também, uma faca de dois gumes, uma vez que o próprio Lira não terá condições de cumprir as promessas que ele, pessoalmente, fez, para angariar os votos que necessitava, logo, se por um lado o presidente da República pode endurecer o jogo com os parlamentares do centrão em relação à voracidade por cargos e recursos, por outro, o próprio presidente da Casa, Arthur Lira vai precisar do auxílio do Planalto para manter seus compromissos.

 

Pensando dessa forma, não há uma relação direta entre a aproximação com o centrão e um hipotético relaxamento no combate à corrupção, aquela relação “toma-lá-dá-cá” que a grande mídia tanto alardeia ao lembrar frases do ministro Paulo Guedes, associando, claramente, o centrão à corrupção.

Neste caso, precisaremos esperar para ver como cada lado vai agir, até podermos suscitar um posicionamento ou tecer análises.

DESEJO X NECESSIDADE

Esse mesmo especialista faz uma análise precisa do que vem sendo a “era Bolsonaro”. Segundo ele, logo depois que o presidente assumiu, o Brasil vinha muito bem, obrigado, em termos de desenvolvimento, com a economia equilibrada, a corrupção sendo combatida quase que em tempo real, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES registrando lucros, estatais, com9o a Petrobras, se recuperando da era PT de governo, privatizações em curso dos aeroportos, ferrovias, empregos em crescimento, investimentos internacionais chegando a todo momento, preços dos combustíveis sob controle e, principalmente a inflação controlada, com o Real mantendo uma valorização constante, oxigenando e fazendo a economia crescer.

Era o desejo de todo brasileiro, o governo com que todos contavam.

De repente, aconteceu a pandemia, e tudo o que era desejo, virou necessidade.

Junto com a Covid-19, veio a saída conturbada do ministro Sérgio Moro, que caiu atirando para todos os lados, atiçando os poderosos no Congresso Nacional a pressionar o governo, a Justiça Federal e o STF por conta das operações e prisões da Polícia Federal, mas nada que fosse mais pesado e urgente que o avanço do coronavírus no País.

 

Bolsonaro não teve uma visão perfeita da situação acerca da pandemia, talvez influenciado pelas ações de seu “espelho”, o ex-presidente americano Donald Trump. Primeiro veio o negacionismo, depois, a aposta na cloroquina, os embates com o ex-ministro da Saúde que via a pandemia com olhos diferentes e apresentava bons resultados e, por isso, acabou demitido e substituído por outro, que nem chegou a “esquentar a cadeira”.

O resultado disso foi um aumento exponencial no número de mortes, a entrada no Brasil em um vergonhoso grupo de países que não tomaram medidas nem a tempo nem necessárias para o combate ao inimigo invisível, e um isolamento do País pela comunidade internacional.

A partir desse momento, a pandemia saiu do controle, a crise de saúde tomou grandes proporções, com reflexos imediatos na economia, com a necessidade do pagamento do auxílio emergencial aos que foram proibidos de sair às ruas para trabalhar, o que acabou com as reservas monetárias do País e foi iniciada uma guerra entre os que defendiam a permanência dos cidadãos em casa e os que queriam comércio e indústrias funcionando.

OPORTUNISMO NEFASTO

Os gatos com o auxílio emergencial já chegam a mais de 400 bilhões de reais, saídos dos cofres públicos sem que houvesse um fundo prévio para isso, beneficiando mais de 70 milhões de brasileiros. Mas, o dinheiro acabou, os repasses foram diminuindo, filtrando cada vez mais as pessoas que teriam direito, sofreu fraudes, deixou muita gente que precisava, legitimamente, dessa ajuda, de fora do programa de pagamentos e, com isso, a popularidade do presidente Bolsonaro que já vinha cambaleando, caiu drasticamente, colocando seus atos e ações do governo sob os holofotes mais críticos da mídia.

O dinheiro que o governo destinou, paralelamente, ao combate da pandemia, foi desviado por gestores que agiram sob um oportunismo nefasto, ignorando as milhares de vidas que se iam a cada centavo desviado. Foram mais de 200 bilhões de reais enviados a estados e municípios. Um terço disso, desapareceu nas mãos de corruptos da pior espécie, aquela que joga com vidas humanas em benefício dos próprios bolsos.

Esse descontrole quanto aos gastos das verbas federais levou os políticos a outro tipo de oportunismo perverso, que foi usar a bandidagem de seus pares, gestores, contra o governo que se via sem outra opção, senão a de enviar recursos na tentativa de salvar vidas.

Se o prefeito ou o governador desviou recursos, para esses políticos da oposição, a culpa era do presidente Bolsonaro, que lhes enviou dinheiro.

A explosão no número de mortos pela Covid chegou à casa do milhar, por dia, no Brasil. A paralização econômica gerou desemprego, falências e protestos e as eleições na Câmara Federal e no Senado estavam próximas de acontecer. Assim, o governo se viu de mãos atadas, tendo apenas um caminho a seguir: cooptar votos do chamado centrão, para garantir que as presidências do senado e da Câmara fossem, ao menos, neutras em relação ás ações da presidência da República.

Com toda essa conjectura socioeconômica e política, Jair Bolsonaro não teve alternativa, senão colocar seu time de líderes no Congresso e no Senado, e seus principais auxiliares, para mobilizar os aliados e convencer parlamentares de que ou seus candidatos venciam as eleições nas duas Casas de Lei, o seu governo estaria à mercê de um impeachment, e o Brasil à beira do caos e do retrocesso.

A tarefa foi cumprida com louvor por políticos como o senador tocantinense Eduardo Gomes, líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara Federal, pelos demais líderes e vice-líderes na Câmara Federal, ministros e os próprios candidatos, coordenados pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro, e tanto Eduardo Pacheco, no Senado e Arthur Lira, na Câmara dos Deputados, foram eleitos com sobras.

Mas, Bolsonaro sabe dos riscos que essa aproximação forçada com o centrão podem acarretar ao seu governo.

Senador Eduardo Gomes e o presidente Jair Bolsonaro

Como já foi explanado acima, essa aproximação não significa portas abertas à corrupção ou à satisfação dos desejos dos componentes do centrão. Algumas concessões terão que ser feitas, mas tudo dentro do aceitável, da constituição, da moral e da ética.

Bolsonaro se livrou do risco do impeachment, mas tomou para si o compromisso de não se deixar cair em tentação, fazendo aprovar as reformas tributária, fiscal e trabalhista, passar as privatizações, ao mesmo tempo em que terá que fazer o Brasil avançar na vacinação contra a Covid-19 de forma rápida e eficaz, o que permitirá a volta da vida normal, o aquecimento econômico e o desenvolvimento do País.

Do contrário, todo o trabalho e desgaste para vencer as eleições na Câmara e no Senado terão sido apenas um adiamento de um fim que nem Bolsonaro nem seu grupo político, muito menos a população brasileira, querem.

Por hoje é só!

 

Posted On Sexta, 05 Fevereiro 2021 15:18 Escrito por O Paralelo 13
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