Por Amanda Pupo e Marlla Sabino
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 17, que o resultado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) veio “como o esperado” diante do patamar “muito elevado” do juro real. Na avaliação de Haddad, que se disse preocupado com a situação, a “pretendida” desaceleração da economia pelo Banco Central, que controla a taxa Selic, “chegou forte”.
De acordo com a divulgação feita nesta segunda-feira, 17, pelo BC, a economia brasileira apresentou forte contração em maio. O IBC-Br, conhecido como uma prévia do PIB, do mês caiu 2%.
“É como o esperado, né. Muito tempo juro real muito elevado, nós estamos preocupados”, respondeu Haddad, segundo quem a pasta tem recebido “muito retorno” de prefeitos e governadores sobre arrecadação. “A nossa mesmo aqui”, disse.
“Então, a pretendida desaceleração da economia pelo Banco Central chegou forte e a gente precisa ter muita cautela com o que pode acontecer se as taxas forem mantidas na casa de dez, é muito pesado para a economia, tá muito pesado para a economia”, disse.
De abril para maio, o índice de atividade calculado pelo BC passou de 148,56 pontos para 145,59 pontos na série dessazonalizada. O resultado é o menor desde janeiro deste ano, quando pontuou 143,50.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado a prévia do PIB do Brasil, registrou queda de 2% em maio
Por Por Victor Borges
Em abril, a prévia do PIB tinha indicado um crescimento de 0,56% na economia. De janeiro a maio de 2023, houve avanço acumulado de 3,61%, conforme os dados sem ajuste sazonal.
O IBC-Br de maio veio como esperado, disse nesta segunda-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, embora o dado tenha frustrado as expectativas do mercado com uma forte contração.
"É como esperado. Muito tempo com juro real muito elevado. Nós estamos preocupados, estamos recebendo muito retorno de prefeitos e governadores sobre arrecadação", afirmou Haddad em entrevista a jornalistas no ministério.
O Índice de Atividade Econômica do BC recuou 2,0% em maio em relação ao mês anterior, mostrou dado dessazonalizado do indicador que é um sinalizador do Produto Interno Bruto. A queda no mês foi a mais intensa desde março de 2021 (-3,5%) e também foi bem pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de estagnação.
O dado de abril foi revisado para mostrar crescimento de 0,8%, depois de uma expansão de 0,56% informada anteriormente. Na comparação com maio do ano passado, o IBC-Br teve alta de 2,15%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 3,43%, de acordo com números observados.
Segundo o ministro, o atual nível da taxa de juros real em torno de 10% é motivo de cautela e seus efeitos podem intensificar uma desaceleração da economia que já é forte.
"A pretendida desaceleração da economia pelo Banco Central chegou forte e a gente precisa ter muita cautela com o que pode acontecer se as taxas forem mantidas na casa de 10% o juro real ao ano. É muito pesada para a economia", afirmou.
Presidente afirmou que pretende concluir proposta de pacto ainda neste ano; ele participa de fórum entre UE e América Latina
Por Hellen Leite
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (17), em reunião do fórum empresarial União Europeia (UE)-América Latina, que o Brasil pretende concluir um acordo "equilibrado" entre a UE e o Mercosul ainda neste ano. A declaração do chefe do Executivo ocorreu em Bruxelas, na Bélgica, onde ele participa da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com o bloco europeu.
"Um acordo entre Mercosul e União Europeia equilibrado, que pretendemos concluir ainda neste ano, abrirá novos horizontes. Queremos um acordo que preserve a capacidade das partes de responder aos desafios presentes e futuros", afirmou o presidente.
Antes do discurso de Lula, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que tem a intenção de concluir o pacto "o mais rápido possível", em meio às divergências que travam as negociações, que se iniciaram em 1999.
Atualmente, o acordo está em fase de revisão, mas há entraves na questão ambiental e sobre compras governamentais. Recentemente, os europeus propuseram um documento adicional, chamado de side letter, que impõe sanções em caso de descumprimento — mas só para o lado sul-americano.
Os países da Europa também querem a garantia de que a intensificação do comércio entre os blocos não vá resultar no aumento da destruição ambiental no Brasil e nas demais nações do Mercosul — Argentina, Paraguai e Uruguai. Em contrapartida, o lado brasileiro é a favor de que não haja distinção na aplicação de eventuais sanções, ou seja, que ambos os lados sejam penalizados da mesma forma em caso de descumprimento.
Questões climáticas
O presidente também afirmou que o Brasil fará a sua parte para enfrentar as questões de mudanças no clima e que as transições energética e climática são prioridades do país. "O Brasil, todo mundo sabe, vai cumprir com sua parte na questão do clima. Temos um compromisso com o desmatamento zero na Amazônia até 2030. Esse é um compromisso assumido antes, durante e depois de uma campanha política", disse.
A expectativa é que a União Europeia aproveite a ocasião para apresentar uma nova agenda de investimentos para a América Latina com foco na área de transição verde e digital. O evento também tem a participação de representantes do setor privado e bancos de financiamento. Eles debatem as oportunidades de investimento em áreas prioritárias, como energias renováveis, transporte, infraestrutura, digitalização e conectividade.
Foram convidados para a cúpula em Bruxelas todos os 33 presidentes de países da América Latina e do Caribe e os líderes das 27 nações que compõem a União Europeia, totalizando 60 países. Os dois blocos não se reuniam desde 2015. O Brasil havia saído da Celac em 2019, na gestão de Jair Bolsonaro (PL), mas retornou ao grupo no início deste ano.
Devedores com débitos de até R$ 100 poderão financiar dívidas com os bancos e quitar contas atrasadas
Com Agências
O governo federal começa nesta segunda-feira (17) as operações do Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas que pode beneficiar até 70 milhões de pessoas.
As renegociações poderão ser feitas diretamente entre os clientes e as instituições financeiras onde os débitos existem. Com o nome limpo, é possível voltar a comprar a prazo, pegar empréstimos ou mesmo fechar contratos de aluguel.
Como participar
A renegociação das dívidas será feita por meio da plataforma do programa. Para participar, é preciso se cadastrar no site do governo federal (www.gov.br) e seguir as instruções para obter o nível de certificação "Prata" ou "Ouro". Na plataforma, os cidadãos terão acesso à lista de dívidas que poderão ser negociadas no programa e a situação de cada uma delas.
Os beneficiários serão incentivados a realizar um curso de Educação Financeira, que estará disponível no momento da habilitação ao programa. A iniciativa atenderá devedores em três faixas. A terceira será iniciada em setembro.
Faixa 1
Na faixa 1, serão enquadradas pessoas físicas com renda bruta mensal de até dois salários mínimos, o equivalente a R$ 2.640, ou que estejam inscritas no Cadastro Único para programas sociais do governo federal (CadÚnico). Poderão ser renegociadas dívidas financeiras e de consumo, como contas de água, luz, telefone ou varejo, negativadas entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2022 e que não ultrapassem o valor total de R$ 5.000.
Nesta faixa, não podem ser financiadas:
• dívidas de crédito rural;
• financiamento imobiliário;
• créditos com garantia real; e
• operações com funding ou risco de terceiros.
As dívidas renegociadas poderão ser quitadas à vista ou parceladas em até 60 vezes, com parcela mínima de R$ 50,00 e juros de até 1,99% ao mês.
Faixa 2
Na faixa 2, podem participar pessoas físicas com renda mensal de até R$ 20.000 e que tenham dívidas em cadastros de inadimplentes até 31 de dezembro de 2022. Nesse caso, a renegociação dos débitos pode ser feita de forma direta entre os devedores e as instituições financeiras, por meio de seus próprios canais de atendimento, com um prazo mínimo de 12 meses para o pagamento.
Nesta faixa, não podem ser financiadas:
• dívidas de crédito rural;
• que possuam garantia da União ou de entidade pública;
• que não tenham o risco de crédito integralmente assumido pelos agentes financeiros;
• que tenham qualquer tipo de previsão de aporte de recursos públicos;
• ou que tenham qualquer equalização de taxa de juros por parte da União.
Com o início do recesso parlamentar no Congresso e a segunda semana de recesso forense no Supremo Tribunal Federal (STF), as atenções no mundo da política estão voltadas para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que participa a partir desta segunda-feira, 17, da cúpula CELAC-União Europeia, em Bruxelas, na Bélgica. Na volta ao Brasil, Lula fará anúncios sobre controle de armas de fogo e medidas para conter o crime na Amazônia. As negociações para acomodar o Centrão também deverão voltar à mesa.
Por Weslley Galzo e Isabella Alonso Panho
O evento no exterior reúne os líderes políticos dos blocos latino-americano e europeu. Lula participa como um dos representantes da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Ele desembarcou neste domingo, 16, na capital belga. A cúpula volta a ser realizada após oito anos e deve tratar de diversos temas de interesse internacional, dentre eles o acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
Lula realizará diversas reuniões bilaterais durante os dois dias em que a cúpula acontecerá, de 17 a 18 de julho. Estão confirmados encontros com a presidenta da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e com a presidenta do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.
O presidente deve participar também da Cúpula dos Povos, organizada pela sociedade civil europeia. Lula, porém, não decidiu se participará na noite de segunda ou no encerramento da cúpula, na terça à noite. Veja abaixo outras reuniões bilaterais do presidente:
Ainda com Lula na Bélgica, o governo lançará nesta segunda-feira, 17, a plataforma Desenrola de renegociação de dívidas. O Ministério da Fazenda vai anistiar até 1,5 milhão de pessoas que devem até R$ 100 já na primeira semana do programa. No mesmo dia deve ser divulgada a prévia do Produto Interno Bruto (PIB).
O último compromisso do presidente na Europa é na noite de terça-feira. Há uma série de compromissos já programados no retorno ao Brasil. Ele vai anunciar um pacote de medidas na área da segurança pública, envolvendo alguns temas centrais do programa de governo e caros ao petismo, como posse de armas, fronteiras da Amazônia e repasse de recursos para os Estados. A informação foi divulgada neste domingo pelo ministro da Justiça, Flávio Dino.
Na volta ao País, o petista também conduzirá reuniões para atender a interesses do Centrão. Lula ainda precisa decidir se entregará a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) ao grupo e se ela ficará no Ministério da Saúde, pasta que concentra o maior orçamento da Esplanada e que é alvo de cobiça de aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
As discussões sobre o destino da Funasa também devem aquecer as negociações de Lula com o Centrão para formatar uma reforma ministerial. Após o presidente deixar claro que o Ministério da Saúde permanecerá sob controle da ministra Nísia Trindade, o grupo de Arthur Lira agora mira o Ministério do Desenvolvimento Social, que gerencia o Bolsa Família, principal programa do governo.
A permanência de Wellington Dias (PT) no comando da pasta é defendida por setores petistas e pela primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, mas os políticos já começam a aventar a possibilidade de fatiar o Ministério para acomodar parlamentares do Progressistas e do Republicanos.