Integrantes da legenda estavam incomodados com custo previsto para a campaha presidencial do ex-juiz
Por Agência O Globo
O Podemos estima ter desembolsado cerca de R$ 3 milhões com a pré-candidatura do ex-ministro Sergio Moro , que decidiu na quinta-feira migrar para o União Brasil . Integrantes da legenda alegam ter sofrido um "prejuízo milionário", além da perda de correligionários que saíram durante a janela partidária contrariados com a presença de Moro.
Desde dezembro do ano passado, Moro recebeu um salário no valor mensal bruto de R$ 22 mil. No total, considerando o período em que ele ficou no Podemos, o ex-ministro da Justiça ganhou cerca de R$ 80 mil.
Além disso, está no cálculo feito pela sigla gastos como os R$ 210 mil usados no evento filiação de Moro, R$ 248 mil em segurança privada para o ex-ministro, R$ 110 mil em passagens e hospedagens para ele se deslocar pelo país, R$ 600 mil em pesquisas de intenção de voto, R$ 60 mil na equipe jurídica e R$ 70 mil com fotografia.
Outros pré-candidatos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT), também recebem salários de suas legendas. Além de serem remunerados para exercer funções partidárias, eles recebem ainda orientação jurídica e de marketing pagos pelas siglas para viabilizar as suas candidaturas.
Ao deixar o Podemos, Moro e aliados alegaram que a legenda não tinha estrutura para sustentar uma campanha presidencial e que objetivo da presidente da sigla, Renata Abreu, era priorizar a eleição das bancadas no Congresso.
A campanha de Moro drenaria boa parte dos recursos do partido destinados a eleições deste ano. O Podemos dispõe de cerca de R$ 200 milhões para este ano, sendo que quase metade desse valor ficaria à disposição de Moro, enquanto o União Brasil, novo partido do ex-ministro, tem o maior caixa do país, estimado em mais de R$ 1 bilhão.
Outro ponto que causou desconforto no Podemos foi o fato de Moro ter decidido se desfiliar nos últimos dias da janela partidária. Não era segredo que havia um incômodo na bancada do partido na Câmara com a pré-candidatura do ex-ministro e alguns parlamentares deixaram a sigla por causa disso. Um deles foi o deputado Bacelar (BA), que estava há duas décadas na legenda.
Em nota, Moro disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que "o Fundo Partidário serve para o financiamento de atividades da legenda e seus filiados, seguindo a legislação em vigor, o que foi feito em relação às despesas de pré-campanha".
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O apresentador de TV José Luiz Datena filiou-se ao PSC para disputar o Senado. Como mostrou o Painel, Datena reagiu com indignação à possibilidade de João Doria (PSDB) desistir da candidatura presidencial e permanecer no comando do estado
POR FÁBIO ZANINI
Antes da ruptura, Datena tinha o projeto de ser candidato ao Senado na chapa de Doria e de Rodrigo Garcia (PSDB), que concorrerá ao Governo de São Paulo.
Seu novo partido, o PSC, apoiará o candidato de Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (ministro da Infraestrutura). Datena estava no União Brasil e confirmou a troca partidária ao Painel.
"Comunicamos a filiação do jornalista e apresentador José Luís Datena ao Partido Social Cristão (PSC), que em nome do seu presidente estadual, deputado federal Gilberto Nascimento, já declarou apoio à pré-candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo de São Paulo. Datena coloca seu nome à disposição da coligação para concorrer ao Senado Federal", diz o PSC, em nota.
Antes que Doria anunciasse que manteria sua candidatura presidencial nesta quinta-feira (31), Datena criticou a ideia do tucano de continuar no Governo de São Paulo.
"Acho um movimento completamente equivocado do Doria se ele fizer isso, porque passa de traído a traidor do [Rodrigo] Garcia. Implode a candidatura dele [a governador]", afirmou ao Painel.
"Doria fazendo esse movimento, não tenho mais nenhum compromisso com essa chapa. Porque aí quem se sente traído sou eu", diz ele, que disse não ter recebido nenhuma mensagem do então governador.
"Fiquei sabendo disso às 5h da manhã. Que aliados são esses?".
Em 17 de março, Doria entrou no ar no programa "Brasil Urgente" (Band), apresentado por Datena, para anunciar o fim do uso obrigatório de máscaras em ambientes fechados no estado de São Paulo.
Nesta quinta, Doria disse que houve planejamento de sua parte na discussão de que poderia desistir da candidatura. Ele disse que a intenção era a de conseguir um apoio explícito do PSDB ao resultado das prévias, que definiu seu nome como candidato do partido à Presidência.
"Eu diria que é um comportamento estratégico, isso faz parte da vida política, você ter estratégia para poder construir caminhos e solidificar esses caminhos", disse.
Da Assessoria
Em meio aos acontecimentos políticos gerados pela janela partidária, o Partido Social Cristão (PSC) de Damaso conseguiu arrebanhar grandes nomes. Entre eles está Artur Ribeiro, líder da região sudeste do Tocantins. Ribeiro é de Natividade e assinou ficha de filiação na tarde desta quinta-feira, 31.
Para o deputado federal Osires Damaso, "a chegada de Artur é motivo de esperança para quem deseja ver bons nomes representando a população na Assembleia do Tocantins. É político direito e que tem grandes chances de ser eleito pelo Sudeste do estado".
O nativitano de origem já disputou eleições na sua cidade natal. Foi presidente da Câmara Municipal e candidato a prefeito. Depois mudou-se para Palmas e assessora atualmente o ex-senador Ataídes de Oliveira, seu grande apoiador e incentivador na disputa de 2022. Pela primeira vez vai colocar o seu nome para disputa de uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins (ALETO).
No momento de filiação, ao lado do deputado federal Damaso, Ribeiro disse que "uma eleição se ganha com trabalho prestado e principalmente com novas ideias e respeito aos cidadãos". Também manifestou sua vontade de representar a região que considera estar "há muito tempo precisando de um deputado comprometido com o desenvolvimento e a qualidade de vida da população".
A expectativa é que nos próximos dias o PSC anuncie uma chapa competitiva e formada por bons nomes como o do deputado Júnior Geo e o do ex-prefeito de Porto Nacional, Otoniel Andrade.
O deputado Luis Miranda (Republicanos-DF), que envolveu o ex-presidente Jair Bolsonaro em denúncias de irregularidades feitas à CPI da Covid, alugou o triplex do Guarujá atribuído pela Lava Jato ao ex-presidente Lula para celebrar o seu aniversário.
POR MÔNICA BERGAMO
Ele completou 42 anos no domingo (27). Mas a festa será no próximo sábado (2).
"Aniversário de gente polêmica tem que ser comemorado com polêmica", diz Miranda, dando risada.
Ele afirma ainda que a festa servirá para dar visibilidade à sua candidatura a deputado federal por São Paulo.
O parlamentar foi eleito pelo Distrito Federal em 2018, mas mudou seu domicílio eleitoral.
"Vai gerar um engajamento maior para eu dar o meu recado para bastante gente", diz ele, sem revelar o valor do aluguel. "Assinei contrato de confidencialidade. Posso apenas dizer que foi um preço extremamente ridículo, igual ao de qualquer outro apartamento equivalente na cidade", completa.
Ele diz ter convidado cinquenta pessoas, entre "influenciadores e cantores famosos, de samba", para a celebração.
A festa começará no fim de tarde. "Mas quem quiser pode chegar bem cedo para curtir a praia", diz.
Ele afirma também que pretende passar a mensagem de que não é bom, "para um político, se envolver com triplex, Fiat Elba [referindo-se a um carro comprado por PC Farias para o então presidente Fernando Collor de Mello com dinheiro de caixa dois]".
No ano passado, Luis Miranda deu um depoimento à CPI da Covid e disse aos senadores que avisou Bolsonaro sobre irregularidades nas negociações para a compra da vacina Covaxin. O irmão dele, Luis Ricardo Miranda, trabalhava no Ministério da Saúde e tinha denunciado os problemas à Polícia Federal.
"Apresentamos provas, documentos", afirma ele. Como Bolsonaro não tomou providência sobre o assunto, foi acusado pela CPI de prevaricação.
O apartamento do Guarujá foi o centro de um processo movido por procuradores da Operação Lava Jato contra Lula, e que resultou em sua condenação pelo ex-juiz Sergio Moro, a 9 anos e seis meses de prisão.
O ex-presidente sempre negou que tivesse sequer a intenção de adquirir o imóvel.
O processo contra ele terminou anulado depois que Moro foi considerado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O escândalo da Vaza-Jato, em que mensagens do ex-juiz com procuradores viram a público, mostrou que ele chegou até a indicar testemunhas contra Lula para o Ministério Público Federal, desconsiderando, por outro lado, argumentos da defesa do petista.
Da Assessoria
Mulheres: Após trabalho e comprometimento da deputada federal Professora Dorinha (União/TO), a Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 30 de março, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 18/2021), que determina que os partidos apliquem recursos do fundo partidário na promoção e difusão da participação política das mulheres.
“Uma vitória para nós mulheres, que sempre lutamos para ocupar espaços de poder e que muitas vezes não tínhamos como competir em grau de igualdade”, celebrou Dorinha.
Segundo o texto, também há a previsão da aplicação de recursos desse fundo e do fundo de financiamento de campanha, bem como a divisão do tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão com o mínimo de 30% para candidaturas femininas.
A proposição prevê ainda anistia dos partidos políticos, caso eles não seguiram a cota mínima de recursos para as campanhas seguindo os critérios de sexo e raça em eleições ocorridas antes da promulgação da futura emenda constitucional. A partir de agora, a PEC segue para promulgação.