A cinco meses das convenções partidárias, que definem as candidaturas das legendas, os principais presidenciáveis da “terceira via” enfrentam resistência de suas respectivas bancadas no Congresso. Parlamentares das siglas dos ex-ministros Sérgio Moro (Podemos) e Ciro Gomes (PDT) e do governador João Doria (PSDB) avaliam que as candidaturas ao Palácio do Planalto vão drenar recursos do fundo eleitoral em uma disputa polarizada entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Por Lauriberto Pompeu, Pedro Venceslau e Gustavo Queiroz
Diante desse cenário, no qual os nomes do centro político ainda não alcançaram dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto, congressistas do Podemos, do PDT e do PSDB pressionam o comando das legendas a reduzir o valor do fundo eleitoral destinado às campanhas ao Planalto e a aumentar os recursos para as disputas na Câmara. No MDB, que lançou a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MS) à Presidência, o debate interno não começou oficialmente e deve ficar para junho. Mas prevalece na legenda a tese de que a prioridade neste ano será eleger o maior número de deputados federais. Se Simone Tebet permanecer estacionada nas pesquisas, a candidatura não será confirmada na convenção.
O custeio da campanha de Moro também ganhou contornos de crise. A bancada do Podemos reivindica prioridade sobre os R$ 228,9 milhões do fundo para as disputas à Câmara, sob o argumento de que, sem recursos, candidatos a deputado podem ser derrotados nas urnas e a sigla corre o risco de não sobreviver. Este ano, a cláusula de barreira estabelece que os partidos devem obter um mínimo de 2% dos votos válidos para a Câmara, ou eleger ao menos 11 deputados em nove Estados. O Podemos tem 11 deputados federais e acesso a um fundo eleitoral menor que o de concorrentes como PL, PT, PSDB, MDB e PDT. O tamanho da bancada também tem impacto no tempo de propaganda de rádio e TV.
Moro no Ceará, onde recebeu título de cidadão de Juazeiro do Norte. © Reprodução Twitter/Sérgio Moro Moro no Ceará, onde recebeu título de cidadão de Juazeiro do Norte.
‘Cobertor curto’
Líder do Podemos na Câmara, o deputado Igor Timo (MG) disse que não faz sentido focar os recursos do partido na campanha presidencial em detrimento da eleição no Congresso. “A gente sabe que é um cobertor curto. Não tem como fazer mágica, mas não adianta também custear integralmente uma campanha presidencial e o partido deixar de existir. Se não tiver deputado, como vai se manter?”, questionou.
A possibilidade de Moro deixar o Podemos e migrar para o União Brasil vem sendo discutida, mas enfrenta dificuldades. A legenda que será resultado da fusão PSL-DEM resiste à ideia de dividir com a campanha presidencial recursos que seriam para candidaturas à Câmara.
Tucanos
No PSDB, a disputa por dinheiro do fundo eleitoral deve levar a uma debandada de parlamentares. Pelos cálculos de líderes tucanos, entre 6 e 10 dos 32 deputados devem deixar a sigla. Pressionado, o presidente do partido, Bruno Araújo, que também é coordenador da pré-campanha de Doria, promoveu ontem uma reunião da Executiva para tratar do tema. Ficou definido que no próximo dia 15 será apresentado um “plano de investimento”.
“O PSDB não vai entrar em leilão. Quem ficar no partido será por convicção”, disse o tesoureiro da legenda, César Gontijo. Os tucanos devem receber R$ 314 milhões para dividir entre seus candidatos deste ano. Em 2018, quando o então candidato à Presidência, Geraldo Alckmin, conseguiu apoio dos partidos do Centrão e era visto como competitivo, o PSDB recebeu R$ 210 milhões. A campanha presidencial ficou com 1/4 deste valor. A meta era fazer 60 deputados, mas o partido elegeu pouco mais da metade.
Divergência
No PDT, parte da bancada sustenta o discurso de apoio à disputa nacional e diz que o nome de Ciro pode alavancar candidaturas nos Estados. Mas outra ala contesta a divisão dos fundos eleitoral e partidário com uma candidatura própria à Presidência.
Parlamentares pedetistas ouvidos pela reportagem disseram que há um questionamento sobre a divisão da verba. A ideia é que candidatos ao Congresso fiquem com uma fatia de 1/3 dos recursos (cerca de R$ 100 milhões). Procurado, o presidente da sigla, Carlos Lupi, não quis se manifestar.
Em postagem publicada no final de semana, um morador da cidade de Caicó sugeriu que a alimentação de Jair Bolsonaro fosse envenenada em visita do presidente da República ao Rio Grande do Norte
Por Natália Santos
A Polícia Federal esteve na residência de um morador de Caicó (RN) nesta segunda-feira, 7, para buscar esclarecimentos sobre ameaças ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Identificado como Bismarck Victor Diniz, o publicitário sugeriu em redes sociais que alguém deveria aproveitar a estadia de Bolsonaro no município para envenená-lo.
"Quem será que vai fazer o serviço de colocar veneno? Faz falta alguma. É até um serviço de bem pra sociedade", escreveu Bismarck na publicação que deu origem ao caso.
"Hoje, pela manhã, duas viaturas da Polícia Federal foram até a residência dele [Bismarck] obter informações a respeito e saber o fundo de verdade dos comentários. Essa visita durou em torno de 3 a 5 minutos", disse Navde Rafael, advogado de defesa do publicitário. O advogado também declarou que os policiais foram "cordiais e educados" e sugeriram que o publicitário evitasse fazer comentários desse tipo. O caso foi revelado pela Tribuna do Norte e confirmado pelo Estadão.
As publicações foram feitas neste domingo e, logo, prints foram veiculados em grupos de WhatsApp. Navde Rafael acredita que essa movimentação fez com que o instagram de Bismarck fosse derrubado por meio de denúncias dos próprios usuários. "O meu cliente foi notificado pelo próprio Instagram para que justifique o motivo pelo qual ele deve voltar para a rede", disse.
"Foi um ato impensado. Motivado pelo próprio ódio que circula nas redes sociais hoje, ele fez esse comentário infeliz sem nenhuma pretensão de atentar contra a vida do presidente", disse o advogado.
Bolsonaro estará terça e quarta-feira na região Nordeste para participar do evento de chegada das águas de transposição do rio São Francisco ao Rio Grande do Norte. A viagem deve contar também com a presença do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
Procurada, a Polícia Federal não respondeu até o fechamento desta reportagem.
Segundo o partido, o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) recusou o convite para ser líder do governo no Senado Federal
Por Douglas Porto
O presidente do Partido Social Democrático (PSD), Gilberto Kassab, declarou, nesta sexta-feira (4), em entrevista à CNN, que não irá apoiar a candidatura à reeleição do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
A fala acontece após o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) ter sido convidado para ser líder do governo no Senado Federal e recusado, segundo o partido. Kassab diz que “não conhece nenhuma manifestação pública” de Silveira sobre essa questão e que seria “natural se ele recusar esse convite”.
“O PSD é independente em relação a esse governo. Sempre que existe um projeto que nós considerados que são bons para o país, eles têm tido nosso apoio. Mas em um ano eleitoral, um senador assumir esse cargo daria a impressão de que o partido é governo, e o partido não é governo. Tanto que não vamos apoiar a reeleição do presidente Bolsonaro”, afirma Kassab.
Kassab explica que será entre março e abril a definição do nome do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), para concorrer ao Palácio do Planalto.
“Com toda serenidade, tenho certeza que ele vai discutir com o partido, ele irá definir se será candidato ou não.” argumenta. “Ele terá todo direito de dizer não, mas há uma forte expectativa que ele possa dizer sim”, continua.
O plano da legenda é ter candidatura própria. “Tendo candidato, fica impossível avançar nas tratativas de uma aliança de primeiro turno”.
De acordo com o presidente do PSD, “a conversa com o PT em nenhum momento tratou de aliança com o primeiro turno”, após diálogos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por todas as plataformas digitais.
Ao comentar a formalização da aliança entre o PSD e o PDT para as eleições estaduais no Rio, fechada na última quarta-feira, 2, o pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “despolitizar” o debate eleitoral e de “destruir” partidos aliados, como PSOL e PSB, na formação de palanques regionais para as eleições gerais de outubro.
Por Vinicius Neder
O pré-candidato, que veio ao Rio se encontrar com o prefeito Eduardo Paes (PSD), disse que gostaria de ter o apoio do partido no plano nacional, mas esperará por uma decisão.
“O Brasil está vivendo um plebiscito, em que a força dominante, na proporção de 70% a 80%, é contra (o presidente Jair) Bolsonaro. E o Lula está tentando que a questão seja só essa, quando a questão não é só essa. Derrotar o Bolsonaro é uma questão gravíssima, urgente, imediata, mas mais grave do que ela é o que pretendemos colocar no lugar da terra arrasada que vai ficar. Nesse sentido, o Lula tem despolitizado o debate de forma muito perigosa”, afirmou Ciro, após participar de reunião do secretariado da Prefeitura do Rio, na manhã deste domingo, 6.
Segundo Ciro, Lula tem despolitizado o debate 'de forma muito perigosa'. © Dida Sampaio/ ESTADÃO Segundo Ciro, Lula tem despolitizado o debate 'de forma muito perigosa'.
Segundo o pré-candidato do PDT, o PT errou porque, ao longo de quatro mandatos, não mudou instituições nem ofereceu uma estratégia para fazer o País voltar ao crescimento econômico e ao desenvolvimento.
A aliança entre PDT e PSD no palanque fluminense foi tramada por Paes e pelo presidente nacional do PDT, o ex-ministro Carlos Lupi. A aliança se dá em torno dos nomes do ex-prefeito de Niterói (RJ) Rodrigo Neves (PDT) e do ex-presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz (PSD). A definição de quem encabeçará a candidatura a governador ficará para depois.
Ciro acusou Lula de “destruir” partidos aliados na formação dos palanques regionais ao ser questionado sobre como ficará a divisão do palanque no Rio entre a sua candidatura e a do PSD, já que o presidente do partido, Gilberto Kassab, tem repetido publicamente que terá candidato próprio a presidente – por enquanto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), é o mais cotado para sair candidato. Paes deixou a reunião de seu secretariado sem falar com a imprensa, ao lado de Ciro.
“No Rio, fizemos um entendimento que é local, não tem a ver com a questão nacional, ainda”, afirmou Ciro, que minimizou o fato de Paes, de quem se disse amigo, não ter acompanhado a entrevista ao seu lado. “Hoje, ele (Paes) tem uma delicadeza que eu respeito muito. Ele pertence a um partido que tem candidato (a presidente). Não sou como Lula, que está destruindo os partidos, o PSOL, o PCdoB, o PSB, porque, para o Lula, tem que ficar o PT sozinho. O único partido progressista que resiste a esse assédio é o PDT, já desde antes, com o Brizola. Mas eu, não. Eu respeito muito e quero que o PSD tenha o tempo dele. Gostaria muito de ter esse apoio, mas respeito o tempo deles”, afirmou Ciro.
Na quarta-feira, Paes ignorou o plano nacional, ao comentar a aliança regional com o PDT nas redes sociais. “Os desafios do Rio são muito grandes. Felipe (Santa Cruz) e Rodrigo (Neves) representam um projeto consistente e maduro para fazer nosso Estado voltar a dar certo. Lembrem-se do ex-juiz em 2018. Não temos mais como errar”, escreveu Paes no Twitter, numa referência a eleição de Wilson Witzel (PSC) em 2018.
Sobre as articulações no plano nacional, Ciro disse também que é preciso “paciência, paciência e paciência”. Segundo o pré-candidato, as articulações são conduzidas por Lupi. Ao lado de Ciro neste domingo, 6, o presidente do PDT afirmou que, no momento, “todo mundo conversa com todo mundo” e garantiu que Ciro será candidato em outubro. A definição de apoios dependerá do desempenho nas pesquisas de intenção de voto. Março, prazo final para as filiações a partidos políticos dos candidatos, e julho, prazo para a formalização das coligações partidárias, são datas importante, disse Ciro.
O pré-candidato do PDT e o ex-prefeito Neves aproveitaram também para criticar o pré-candidato do PSB ao governo fluminense, o deputado federal Marcelo Freixo, que terá o apoio do PT. Para Ciro, Freixo se rendeu ao “jogo de Lula”.
À CNN, Carlos Lupi também falou sobre a aliança do partido firmada com o PSD para a disputa do governo do Rio de Janeiro
Por João Pedro Malarda
O presidente nacional do Partido Democrático Trabalhista (PDT) afirmou em entrevista à CNN neste sábado (5) que a candidatura do ex-governador e ex-senador pelo Ceará Ciro Gomes à Presidência em 2022 é “irremovível”.
“A candidatura do Ciro vai ter um grande veredito popular no dia da eleição. É irremovível. Não retiramos a candidatura, não há hipótese. Porque é projeto, e projeto tem que ter começo, meio e fim. Vamos deixar a sociedade julgar, mas é óbvio que estamos abertos ao diálogo com as forças políticas que queiram construir essa nova via”, afirmou.
Lupi disse que o partido já planeja inserções de propaganda na televisão com o projeto apresentado por Ciro, e que acredita em uma “crescida” da candidatura, algo que segundo ele já tem sido indicado pelas pesquisas de intenção de voto, com Gomes próximo ao patamar alcançado nas eleições de 2018, em torno de 12% dos votos.
“Se nós acertamos esse projeto, em uma linguagem que seja fácil de entender, os aliados virão. Os aliados vêm quando tem perspectiva de vitória, e eu acredito que eles virão antes de junho desse ano”, diz.
Lupi afirmou que o PDT quer todos os eleitores que “não acreditem nesse profeta da ignorância chamado Bolsonaro, e que não querem andar para trás”, se referindo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que Ciro Gomes tem “chances reais” de ganhar as eleições de 2022.
O presidente do PDT também avaliou que as alianças são sempre possíveis, e citou conversas em andamento com o partido Rede Sustentabilidade, que lançou Marina Silva como candidata em 2018, e com o Cidadania, além de conversas com os políticos ACM Neto (DEM), que deve se candidatar ao governo da Bahia, e Eduardo Paes (PSD), atual prefeito do Rio de Janeiro.
No caso do Rio de Janeiro, Lupi afirmou que a aliança com o PSD para a eleição ao governo estadual já está fechada. O PDT apoia o nome do ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, enquanto o partido de Paes apresentou o nome de Felipe Santa Cruz, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O objetivo é “formar uma chapa competitiva para ganhar a eleição”.
“Nós do PDT vamos lutar para que seja o Rodrigo Neves, mas temos que lembrar que tem o nome também do Felipe. Nós temos que trabalhar com equilíbrio, respeito à autonomia de cada partido, para permanecer a aliança. Nosso objetivo principal, meu, do Eduardo, é ampliá-la, e se nós ampliarmos com outros nomes, nós também teremos que compor nessa chapa, governador, vice e senador”, afirma.
Lupi também avaliou que a realidade de alianças estaduais varia de acordo com cada região, e citou apoios em estágio avançado aos nomes para governador do União Brasil na Bahia, Mato Grosso e Goiás, além de alianças para composição de chapa com o PT no Ceará, Paraíba, Sergipe e Maranhão, com conversas em andamento no Piauí e no Rio Grande do Norte.
Na opinião dele, porém, a formação de uma federação partidária pelo PDT é “difícil de acontecer”. “Tem realidades diferentes nas alianças regionais. Você unir durante quatro anos os partidos que têm disputas diferentes, realidades diferentes, lideranças diferentes e já comprometer para a eleição municipal que será daqui a dois anos é muito difícil”.
“Essa fotografia de federação é muito difícil. Eu sou a favor da regra anterior, sem coligação e federação, em que cada partido tinha que trabalhar para mostrar o seu valor, a sua importância, a sua capacidade de voto e deixa o povo julgar”.
A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por todas as plataformas digitais.